quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Floripa: mini-guia de última hora

Na reta final para o Carnaval, estamos todos nos últimos preparativos, e a bola da vez é mesmo Florianópolis. Por isso, estou passando aqui um mini-guia para os marinheiros de primeira viagem. No post de amanhã, vou dar uma pincelada nas opções do Rio de Janeiro e de São Paulo.

O que fazer. Floripa até tem outras atrações turísticas, mas o que torna a ilha tão bacana e procurada são mesmo suas praias: a Mole para a juventude sarada e os gays, a Galheta para o povo zen, os naturistas e os adeptos da ecopegação, a Joaquina para os farofeiros brasileiros, Canasvieiras para os farofeiros argentinos, Jurerê Internacional para os jetsetters e emergentes em geral... tem para todos os gostos e tribos. Agora, se a previsão de chuva se confirmar, não há passeio que sobreviva. Por isso, trate de ir munido de um bom plano B. Vale trazer um bom livro, um iPod, um baralhinho... ou então se jogar nos vapores libertinos das Thermas Oceano, no Centro. A diversão preferida do paulistano médio também está garantida, com dois shopping centers novinhos em folha, o Iguatemi e o Floripa Shopping, que vieram se juntar ao tradicional Beira-Mar e deram um merecido upgrade na oferta de cinemas da cidade.

Onde comer. A Praia Mole, onde boa parte dos leitores do blog deve passar o dia, não tem confortos de praia urbana (para isso, existe Jurerê Internacional). As melhores opções para comer estão na parte hétero (o canto direito): o Barraco da Mole e o Quiosque da Praia. Neste último (meu favorito na Mole), prove os sucos Paulada, com laranja, açaí, morango, banana e xarope de guaraná, e Baba Baby, com abacaxi, melão, kiwi e xarope de guaraná. Os lanches e salgados também são ótimos. Já na ala gay, o Bar do Deca tem serviço descuidado e cozinha pobre (de lá, só consigo comer o pastel de camarão). À noite, as boas pedidas estão ao redor da Lagoa da Conceição, com lugares despretensiosos que servem massas, crepes e pizzas, e no Centro, nas imediações da Avenida Beira-Mar Norte.

Festas. Mais uma vez, é na The Week que estão depositadas as maiores expectativas: as novas instalações prometem ser deslumbrantes e o clube terá o melhor line up para o público gay, com Offer Nissim, Peter Rauhofer e uma pool party feita pelo experiente grupo Matinée, de Barcelona. Correndo por fora, a festa Sunrise, a bordo de um iate, deve roubar a cena na tarde de domingo (caso o tempo ajude, é claro), rivalizando com a Troy, bem mais barata e que deve receber muitos nativos. Tem ainda a festa E-Joy, na noite de sábado, com Chris Cox, e os clássicos fixos da cidade: a boate Concorde, que costuma ficar impraticável de tão cheia, e o Mix Café, bar que tem uma pistinha no andar superior. Enquanto isso, no circuito hétero de Floripa, o El Divino receberá Fatboy Slim (2/2), David Guetta (3/2) e Tiësto (5/2) - mas não é todo mundo que gosta de dançar com patricinhas de echarpe de oncinha jogando o cabelão na sua cara. Quem gosta de house progressivo e vai ver Deep Dish ou Sasha no Warung deve lembrar que precisa retirar os ingressos comprados online com antecedência, em Balneário Camboriú, nos dias 1, 2 e 3/2 até as 21h.

Conselhos de mãe. Vai de carro? Muito cuidado na estrada: o trecho da BR-116 entre SP e Curitiba é perigoso, e o estado de Santa Catarina só perde para Minas Gerais em número de acidentes fatais. Para evitar engarrafamentos e conseguir estacionar, tente chegar na praia cedo (difícil, se você se jogou na véspera) e ir embora antes da hora do rush (17h30) ou bem mais tarde. Leve sua canga (a Mole não tem cadeiras para todo mundo, muito menos vendedores de canga) e papel higiênico, para usar no único e escabroso banheiro disponível. Se quiser dar um pulo na Galheta, um tênis ou papete são melhores do que um simples chinelo de dedo - a trilha de acesso tem pedras bem escorregadias. Com a lotação da ilha, ou você chega nas festas antes da 1h da manhã, ou só depois das 3 (perigando ficar para fora dos lugares mais concorridos).

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Seis sugestões para a noite de São Paulo

Sou fã do Rraurl.com, um site especializado em música eletrônica que não tem similares no país. Por tratar de um universo que é essencialmente de diversão e baladas, ele tinha tudo para ser frívolo e mal escrito, cheio de gírias toscas e totalmente rendido pelos jabás. Que nada: o site tem uma postura crítica muito legal, pautada pelo embasamento e pela sobriedade, com textos muito bem construídos e colaboradores que transbordam conhecimento sobre o que escrevem. Nota-se que é feito por pessoas adultas, inteligentes e esclarecidas (o que é uma bênção, dada a quantidade de bobagens que circulam pela internet). Minhas únicas ressalvas são o nome impronunciável e o tratamento invariavelmente preconceituoso que todos ali dispensam ao progressive house. Mas procuro relevar esses pontos e prestigiar os acertos.

Para comemorar o aniversário de São Paulo, o Rraurl.com saiu do lugar-comum. Ao invés de fazer mais uma homenagem à cidade (eu mesmo já fiz as minhas, em 2005 e 2006), o site arregaçou as mangas e bolou algumas idéias - sérias - para melhorar a noite da cidade. A matéria, assinada por Jade Augusto Gola, olha para 6 focos de vida noturna e propõe intervenções urbanísticas radicais, com alterações no trânsito, policiamento, paisagismo, zoneamento e até impostos. Eu achei algumas propostas viáveis e outras um pouco românticas demais, mas adorei - e ponho a maior fé - na criação das linhas de ônibus noturnas (um absurdo uma cidade boêmia como SP ficar sem nenhum transporte coletivo entre 0h e 5h!). De qualquer maneira, é uma atitude exemplar deixar as eternas queixas de lado e pensar em soluções, fazer algo para mudar o que está aí. O Rraurl.com está de parabéns.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Naftalinas absurdinhas

Há algumas semanas atrás, o prédio histórico das Casas Franklin, no centro do Rio, fervia com mais uma edição da festa Fase, parceria entre a Moo e os clubes paulistanos D-Edge e Vegas. No som, aqueles cruzamentos inclassificáveis de house, electro, minimal e disco que mantêm a pista do jeito que os muderrrnos gostam: cool e até alegrinha, pero no mucho.

A noite fluía como de costume - um carão básico aqui, uma conversinha acolá, um grupo uniformizado com camisetas da Reserva mais ao fundo - quando, de repente, o gringo convidado Todd Terje colocou uma antiga faixa da Whitney Houston, "Wanna Dance With Somebody", de 1987. Num primeiro momento, as pessoas se entreolharam sem acreditar; logo em seguida, começaram a sorrir, dançar e até cantaram o refrão. Num passe de mágica, o que era uma pista blasé virou uma festa de verdade. Ninguém ali poderia esperar algo tão inusitado.

O resgate das naftalinas está em alta em vários círculos. Ídolo das bibas que curtem house tribal com vocais, o israelense Offer Nissin fez "Happy People" renascer (não, essa música não é dele!) e agora tem ressuscitado "(I Wanna Give You) Devotion", hit dançante do Nomad, de 1991, em seus sets. Enquanto isso, o produtor italiano Benny Benassi anima as pistas comerciais da playboyzada com remixes de "Everybody Everybody" (Black Box, 1991) e até da jurássica "California Dreamin'", gravada originalmente pelo The Mamas & The Papas em 1965.

Colocar a música antiga certa na hora certa é um dos truques que os bons DJs usam para fazer uma pista bombar. Mas não é qualquer música velha que surte o efeito desejado; não vale recorrer a hits previsíveis, manjados. Se, por exemplo, os residentes da B.I.T.C.H. atacam de Darude e Safri Duo, o que público vai comentar no dia seguinte é que "o DJ era bagaceiro" e "a festa só tocava música velha". Não basta ser uma música conhecida, tem que surpreender.

Claro que existem aquelas músicas que se tornaram verdadeiros clássicos de pista e, por mais que sejam tocadas, nunca ficarão datadas. Os modernos sempre vibram ao ouvir "Big Fun" do Inner City, ou "Blue Monday" do New Order - petardos certeiros para conquistar uma pista fria. Já nas pistas gays, um hino que pega bem é "I Feel Love", da Donna Summer - desde que o inglês Steve Lawler revitalizou a música no terraço da Space, em Ibiza, nos idos de 2000-2001, ela virou queridinha nos cases daqueles DJs com som mais "festeiro". Em São Paulo, vez ou outra ela aparece nos sets dos residentes da The Week. É quase uma unanimidade.

Agora, quando o assunto é surpreender, ninguém até hoje me impressionou mais do que a americana Twisted Dee, que tem residência esporádica nas pool parties da Rosane Amaral. A gorducha oxigenada tem a capacidade de sacar da manga as velharias mais improváveis, sempre com ótimos resultados. Na festa histórica de Carnaval na Estação do Corpo em 2006, ela desenterrou "Love Shack", dos B-52's (1989), e fez todo mundo dançar. Na edição de primeiro de janeiro deste ano, ela atacou com "Sunshine of Your Love", pérola imortal do hard rock lançada em 1968 pelo Cream, grupo de Eric Clapton. Mais uma vez, deu supercerto (era até engraçado ver as barbies rebolando com uma música que eu escutava quando era pequeno, no quarto do meu tio roqueiro).

Isso mostra que estar atualizado pode ser importante, mas não é preciso ser escravo das últimas tendências o tempo todo para fazer uma boa apresentação. Quem tem cultura musical e conhece bem sua pista consegue pescar o que importa no passado da música pop e fazer maravilhas. Afinal, como diziam os nossos pais, música boa é atemporal.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Frutaria São Paulo: de whey protein a frango thai

São Paulo demorou um bocado para entrar na onda das casas de sucos e comidinhas saudáveis, até mesmo por questões culturais. Aqui não existe uma praia de onde se sai a pé para tomar um lanche descomplicado, em pé no balcão. Mesmo depois que vieram as academias e a febre do açaí, é raro encontrar uma casa de sucos nos moldes cariocas - as únicas que me vêm à cabeça agora são a Banana Split, na Paulista, e a Bolado's Sucos, na Joaquim Floriano. A maior parte das opções de "alimentação saudável" daqui são lugares com jeitão de restaurante, onde se come sentado num salão: o Qualyfruit, o Desfrutti, o Açaí. Neles, o cardápio oferece um sanduichinho natural aqui, um açaí com granola ali, uma vitamina da casa e olhe lá. Nem sinal daqueles suplementos de marombeiro que qualquer birosca da zona sul do Rio mistura nos sucos.

Pois bem, esse é o primeiro diferencial da nova Frutaria São Paulo em relação às suas concorrentes: ela serve vitaminas feitas sob medida para quem sua a camisa nas academias. Há várias opções feitas com whey protein, maltodextrina, BCAA e um tal repositor energético chamado Endurox R4 (alguém conhece?). Dá também para juntar no suco uma dose (scoop) de vários suplementos, incluindo três sabores do cultuado Myoplex. Além das misturas para malhadores, há dez combinações terapêuticas, além de smoothies bem bolados - gostei muito do República do Líbano, que leva pêssego, maracujá, abacaxi e sorbet de limão.

Na parte de comes, a Frutaria São Paulo também foge do lugar comum. Ao lado de lanches "clássicos", como aqueles com pastas de atum, ricota e galinha, o menu oferece sanduíches incrementados (salmão com cream cheese e limão siciliano confitado, hambúrguer de frango com creme de cogumelo), omeletes de claras com toque gourmet (shiitake com nirá, aspargos com queijo emmenthal e alho-poró) e pratos quentes bastante interessantes. Tive uma agradável surpresa com o guisadinho de frango thai com missô e cogumelos, leve e muito saboroso, acompanhado de arroz integral (nada mais politicamente correto!) e farofinha de amendoim. Na mesa ao lado, a posta de salmão com geléia de laranja e quinua também chamava a atenção.

Como nem tudo são flores, o serviço da casa carece de ajustes urgentes. O garçom, atrapalhado e nada cortês, anotou meu pedido errado e precisou confirmá-lo duas vezes comigo. Depois, fez menção de levar embora o meu guisadinho enquanto eu ainda estava comendo (sem qualquer justificativa, já que os talheres não estavam descansando paralelos sobre o prato). E para terminar, o desastre maior. Pedimos que o estacionamento fosse incluído na conta (conforme o próprio manobrista havia dito ser possível) e não fomos atendidos; quando questionei o garçom, ele simplesmente pegou uma parte do dinheiro que o meu amigo havia deixado na conta e jogou as notas no meu colo (!), dizendo "ó, para você pagar o estacionamento" (!!!).

Feita essa ressalva, é um lugar bastante recomendável, ao qual pretendo voltar. A casa é toda aberta para a rua, o que dá um certo astral praiano ao ambiente, bonito sem ser arrumadinho demais. As mesas andam bastante movimentadas, mas sem a aporrinhação pré-adolescente do Açaí. A proximidade com o Ibirapuera é estratégica - tanto que há um estacionamento para bicicletas na porta e um link para a programação do parque no site da casa. A Frutaria São Paulo é uma ótima opção em Moema para um lanche antes ou depois de um passeio no parque, uma vitamina depois da musculação ou mesmo um jantar leve numa noite de verão (já sabem minha recomendação: guisadinho thai!).

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Rapidinhas da noite 2

JOGAÇÃO ENGAJADA. Vai ficar em São Paulo no aniversário da cidade? Então escolha sua pista preferida e se jogue na noite de sexta: os clubes Astronete, Berlin, CB Bar, D-Edge, Clash, Funhouse, Glória, Inferno, Lov.e, Outs, Royal, SPKZ, Studio SP, Trash 80’s e Vegas se mobilizaram em torno do projeto Noite Viva, por meio do qual, para cada freqüentador que receberem, doarão um quilo de alimento à Prefeitura. Em tempos de hostilidade e perseguição por parte das autoridades, a idéia dos clubes é conquistar o respeito, mostrando que existe uma preocupação social e, especialmente, um impacto econômico por parte da cena.

COITO INTERROMPIDO. Ricky Mastro contou na Página 2 do site Cena Carioca que Florianópolis agora tem uma lei municipal que obriga as festas e clubes a desligar o som entre 6 e 7 da manhã - cortando a onda de todo mundo, que fica sem ter para onde ir. No réveillon, o toque de recolher obrigatório estragou todas as festas. Esperamos que a The Week consiga, pelas vias legais, alguma autorização especial da Prefeitura para evitar que o long set do top Peter Rauhofer não seja abortado na melhor parte da festa...

E.NJOY THE SILENCE.
Depois que a X-Demente soltou as informações da sua festa de réveillon com apenas 9 dias de antecedência, quem vai passar o carnaval no Rio está em dúvida: será que vai surgir mais alguma festa no calendário, aos 44 minutos do segundo tempo? Mais do que da X, o que muitos querem saber é da E.njoy - afinal, essa foi a festa que roubou a cena no ano passado, com aquela edição histórica no Vivo Rio, com Peter Rauhofer. Pois podem tirar o cavalo da chuva: não vai ter E.njoy neste carnaval (decisão sábia, já que a TW deixou o cenário bastante saturado). Mas quem quiser matar as saudades do ar condicionado poderoso do Vivo Rio pode ir lá neste sábado, quando o espaço receberá outro top da cena mundial: Fatboy Slim. (UPDATE: a E.njoy resolveu fazer uma espécie de "matinê", no dia 4, das 19h às 3h, na roda gigante da Skol, dentro do Forte de Copacabana).

DEIXEM A CRIANÇADA BRINCAR. Adivinhem quem escreveu um dos ensaios publicados na página 3 da edição de hoje do jornal Folha de S. Paulo? João Guilherme Estrella, cuja história serviu de base para o filme Meu Nome Não é Johnny, de que falei ontem no blog. Em sua pensata, depois de explicar que sua pena não foi nada branda, ele sustenta que "só quem não sabe nada de criminalidade pode achar que apontar a classe média consumidora de drogas como responsável pela violência nos centros urbanos vai ajudar em alguma coisa". E conclui dizendo: "quem dera nossos maiores problemas fossem os ecstasys [sic] que a rapaziada toma nas festas e que estão na mídia o tempo todo".

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Rapidinhas cinematográficas

CARREIRA METEÓRICA. O cinema nacional está vivendo um duradouro caso de amor com a bandidagem carioca. Depois dos bem-sucedidos Cidade de Deus e Tropa de Elite, a realidade do narcotráfico volta às telas em Meu Nome Não É Johnny. Adaptado de um livro de mesmo nome, o longa conta a história (real) de João Guilherme Estrella, adolescente de classe média que, de inofensivo usuário de maconha, acabou se tornando um dos maiores traficantes de cocaína da Zona Sul carioca na primeira metade da década de 90. Selton Mello (que, nas novelas, eu sempre achei meio insosso) conseguiu imprimir sua marca pessoal no protagonista, ao mesmo tempo malandro, carismático e humano. Ótimas também as atuações de Cássia Kiss (como a juíza que cuida do caso), Eva Tudor (como uma fofíssima fornecedora de, hum, "ambrosias") e Cléo Pires - cada vez menos a filha de Glória e mais uma mulher com luz própria. O filme evita maniqueísmos, sermões e lições de moral, e ainda passa uma mensagem positiva no final.

ISSO SIM QUE É DIVA. Se me perguntarem quem eu acho que merecia ganhar o Oscar de melhor atriz, mesmo sem ter visto o trabalho das outras indicadas, não terei a menor dúvida em responder: a francesa Marion Cotillard. Em Piaf - Um Hino ao Amor, a atriz se entrega de corpo e alma ao papel da cantora Edith Piaf (1915-1963), que não teve uma vida nada fácil: foi criada aos trancos e barrancos, ora pela avó dentro de um bordel, ora pelo pai artista de circo, tinha uma saúde frágil (chegou quase a ficar cega) e foi sucessivamente arrancada de perto das pessoas a quem se apegava. Mas, além de tristonhos olhos azuis, a pobre menina tinha o dom da voz e uma incrível força de vontade, que a ajudou a encarar as dificuldades até se tornar a grande cantora que foi. A narração em vaivéns, intercalando os bons e maus momentos da vida de Edith, ajuda a não deixar a história tão pesada. Mesmo assim, saí do cinema com a cara "dessstamanho" de tanto chorar. A atuação de Marion - intensa, visceral, apaixonada - é simplesmente emocionante. Brrravô!

PARA INGLÊS RIR. A Inglaterra costuma brindar o cinema mundial com comédias leves, inteligentes e absolutamente despretensiosas. Depois de me acabar vendo Piaf, voltei a ter razões para sorrir com Morte no Funeral, do mesmo diretor de Será Que Ele É?. Na fita, uma típica família de classe média-alta inglesa se junta para o funeral de seu patriarca. Na reunião, vêm à tona paixões, rivalidades e, como não poderia deixar de ser, confusões. Alguns dos personagens forçam a barra na tentativa de parecerem divertidos (o que também é tipicamente inglês), mas um deles em especial rouba a cena, depois de ingerir uma potente droga por engano e ficar literalmente alucinado no meio do velório. Antes que essa piada perca a graça, a trama tem outra reviravolta, com a chegada de um misterioso anão, que tem um segredo que pode fazer a família desmoronar. O filme não chega a ser impagável, mas é divertido, ágil e de bom gosto - uma bênção, se pensarmos na baixa qualidade das comédias acéfalas do cinema norte-americano atual.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Freemasons: felicidade até na hora do pé na bunda

Era inevitável: a apenas quinze dias de um Carnaval que veio rápido demais, todo mundo está se descabelando para deixar o corpinho em condições de uso. Como aqui em casa só se come comida tipo haute cuisine (mas em porções tipo "cantina da Nonna"), tenho razões extras para me preocupar: tudo aqui segue a linha engordiet. Minha solução para enfrentar situações-limite, como a Praia Mole em pleno domingo de Carnaval, tem sido a famosa "dieta do MP3": uma dose diária de 60 minutos de música boa no iPobre, servida em cima da esteira da cadjimia, e vamos-que-vamos.

Como sou apaixonado por progressive house, gênero meio boicotado pela cena eletrônica de SP, minha preferência sempre foi por sets de DJs como Hernán Cattáneo, Steve Lawler, Satoshi Tomiie, Sasha etc. O problema é que, na onda de experimentações que vivem os produtores de progressive hoje em dia, muitas faixas atuais desses DJs têm BPM mais baixo - ou seja, são lentas demais para motivar alguém que precisa correr a uma velocidade de 8 ou 9 mph na esteira. Podem ser perfeitas para uma onda introspectiva na pista de dança, de olhos fechados, mas não garantem a bombação necessária para despachar as calorias que estão sobrando.

Resolvi, então, diversificar. E tenho tido bons resultados com o CD duplo Shakedown, da dupla britânica Freemasons (um dos dois, o tiozinho loiro Russell Small, se apresentou na The Week em dezembro passado). Os Freemasons são representantes dignos do funky house europeu: linhas de baixo pulsantes e rebolativas, teclados animados, metais chiquérrimos e vocais (geralmente femininos) que grudam no ouvido. O alto astral dessa fórmula é contagiante: em baladas dedicadas ao gênero - como a saudosa Beyond, em Londres - as pessoas simplesmente cantam e sorriem na pista, pura celebração.

Os dois CDs são muito bons. O primeiro começa com o conhecidíssimo remix de "Déjà Vu", da Beyoncé, um ótimo exemplo de como uma faixa se transforma nas mãos da dupla: o que era um hip hop chatinho (como todos os dessas cantoras que freqüentam a parada de R&B norte-americana) ganhou uma base encorpada, dançante e sofisticada, que transformou a música numa pérola pop. Os remixes de hits como "Right Here Right Now", do Fatboy Slim, a clássica "Love Sensation", da Loleatta Holloway (cujos vocais já foram sampleados por deus-e-o-mundo) e "Shine" de Luther Vandross seguem essa mesma linha: música "pra cima", otimista, ensolarada. A alegria é tamanha que até uma faixa como "Nothing But a Heartache" (que fala sobre a dor de cabeça de gostar de um cafajeste), vira uma ode à felicidade, um arco-íris de frutas, com solos de saxofone que são puro gozo. Nunca foi tão gostoso sofrer por amor.

Os Freemasons fazem música para gente feliz, de bem com a vida, com o espírito divertido. São capazes de salvar uma festinha desinteressante, um dia de praia nublado ou até uma manhã de faxina em casa - se tudo depende dos olhos com que vemos o mundo à nossa volta, os hinos irresistíveis de Shakedown são uma ajudinha providencial para elevar o astral e encarar o que quer que seja. Incluindo sessenta minutos de esteira. Desse jeito, vai ser moleza chegar sequinho em Florianópolis.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Rapidinhas da noite

BISCOITO FINO. A sexta-feira está bem animada nos clubinhos "mudernos". O D-Edge terá apresentação do norueguês Prins Thomas, um dos maiores expoentes da space disco, como convidado na noite Freak Chic (que continua arrasando nos flyers, obra do talentoso Maltchique). Já no Glória, a dupla Alexandre Herchcovitch e Johnny Luxo comanda mais uma Alelux especial Festa do Chapéu, em que recebe o projeto sueco Unai - este vídeo mostra um pedacinho do live dele no fantástico Watergate, em Berlim - um dos clubes mais bacanas do mundo hoje e figurinha fácil como cenário de videoclipes lá fora.

TCHIBUM. No meio do caminho entre o réveillon e o Carnaval, a The Week aproveita o (curto) verão para agitar uma pool party na matriz em São Paulo. Será neste domingo e terá no som Jeff Valle (o novo residente da casa no Rio), Renato Cecin e Vlad [UPDATE: devido ao mau tempo, a festa foi CANCELADA]. E já circulam pela internet fotos da obra do clube em Floripa. Dá um certo desespero ver que, a apenas 15 dias do vamos-ver, a casa ainda é um esqueleto de madeira no meio do mato - mas, com a quantidade de dinheiro envolvida, um milagre deverá acontecer em tempo recorde. Ah, e será que vai ter lounge da TW na praia de novo? Bar do Deca ninguém merece!

REPESCAGEM. Depois do fiasco da noite de inauguração, a Ultradiesel parece finalmente ter encontrado sua vocação: a de afterhours. No fim de semana passado, todo mundo que foi para lá depois da The Week adorou - alguns ficaram até as três da tarde (!). Dizem que a casa deu um tapa nas falhas de acabamento, e o som está agradando até aos que têm algum critério. Desse jeito, vai ser difícil o pessoal do Duplex emplacar seu Chill Out Factory, a ressurreição do after do Ultralounge. Aliás, nas noites de sexta o Duplex já sofre com a concorrência da Bubu; talvez o dia para a casa vingar venha a ser mesmo a quarta-feira - que sempre foi meio carente de opções na cidade.

DE SAN PARA SAN. Às vezes o brasileiro só começa a dar valor ao que é seu depois que recebe o aval do estrangeiro. Pois bem, o trabalho do nosso fortão Sandro "Daddy San" foi reconhecido por ninguém menos do que o gigante da house Roger Sanchez (que se apresentou no Brasil semana passada). Em seu programa semanal de rádio Release Yourself, Sanchez incluiu no seu set a faixa "Tribullus Terrestris", de Daddy San. Que isso sirva de estímulo para produções cada vez melhores.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Rio versus Floripa, versão 2008

Dez dias antes do Carnaval 2007, fiz um post colocando na balança as propostas do Rio de Janeiro e de Florianópolis. Neste ano, faz sentido reescrever o texto: bastante coisa mudou nas duas cidades, especialmente na cena noturna. De repente, o mundo acordou para Floripa, que vive um boom inédito de investimentos, com clubes e festas eletrônicas para gays e héteros (e um mar de turistas interessados em conferir as novidades de perto). O Rio também não é mais o mesmo: elogios e críticas à parte, a chegada da The Week mudou completamente o cenário das festas cariocas. Aqui vão alguns prós e contras das duas opções.

CINCO RAZÕES PORQUE VOCÊ DEVERIA ESCOLHER FLORIPA:

1) AS FESTAS GAYS. A programação pode ser a mesma nas duas cidades, mas o cenário do Praia Mole Eco Village, em meio a uma área verde e com vista para a Lagoa da Conceição, certamente garantirá um astral bem mais leve para as festas da The Week do que o do clube fechado e escuro da Saúde. Para os amantes de Offer Nissim, a mesma TW Floripa promete uma pista bem mais selecionada do que a B.I.T.C.H. carioca (que em 2007 deixou todo mundo espremido na Leopoldina, e desta vez lotará o anfiteatro da Fundição Progresso). Deixando a TW de lado, em Floripa os gays ainda têm a Sunrise, uma festona à bordo de um barco que fará um lindo passeio ao redor da ilha, a E-Joy, com o convidado Chris Cox, e a bagaceira animada do clube Concorde; já o Rio será praticamente um déjà vu do último réveillon, com Rosane Amaral promovendo festas nas mesmas locações, mas com DJs piores, e Le Boy e Cine Ideal na lanterninha fazendo a linha popular.

2) AS PRAIAS DE FLORIPA. Florianópolis tem muita coisa boa a oferecer nesse quesito - e são poucos os turistas que realmente aproveitam. Eterna campeã de freqüência, a Praia Mole é muito maior do que o cantinho onde os gays se concentram em torno do precário Bar do Deca. A linda Galheta é um paraíso de paz e sossego, perfeita para alguns momentos curtindo a própria companhia. Pegando o carro, dá para fazer uma porção de passeios legais: Ribeirão da Ilha, com casinhas açorianas e um ótimo restaurante (Ostradamus) onde os garçons vestem farda de marinheiro, Baía dos Golfinhos, Ilha do Campeche... Enquanto isso, no Rio, nossa amada Ipanema estará cheia de corpos belos, mas mais suja do que nunca, parecendo um cortiço com tanto lixo deixado por cariocas e turistas.

3) O NOVO LUXO PRAIANO DE JURERÊ INTERNACIONAL. As finas que torcem o nariz para a maloca do Bar do Deca encontraram sua salvação no El Divino Beach e no P12, que oferecem um mar de gente bonita e estrutura de praia européia, com limpeza, conforto e comidinhas. Para os jetsetters convictos, o Taikô e o Café de La Musique vão ainda mais fundo na proposta - é comum ver beldades se esbaldando em sushis e entornando garrafas de champagne em plena praia. Parece afetação demais para você? Pois saiba que o número de homens - gays - bonitos que resolveram trocar a Mole por Jurerê cresce a cada ano. E, à noite, o El Divino Club receberá Fatboy Slim, David Guetta e Tiësto.

4) A PRAIA BRAVA DE ITAJAÍ. A apenas 80km de Florianópolis (uma esticada perfeitamente viável, portanto), a Praia Brava de Itajaí não tem nada a ver com a farofada aborrecente da vizinha Balneário Camboriú (e só é acessível de carro, o que ajuda a peneirar os freqüentadores). Se a mauricinha Jurerê Internacional é para quem, em Ibiza, pega praia em Salinas e vai dançar no Pacha, este é o lugar de quem ferve em Playa d'en Bossa e se joga no terraço da Space: gente linda, sorridente e festeira. Aqui estão o superclube Warung, espécie de Sirena em estilo balinês, que deve fazer as noites mais incríveis do carnaval catarinense (é claro que estarei lá!), e o Kiwi, que de dia faz festas bombadas na praia e à noite recebe o público em suas instalações de extremo bom-gosto.

5) TODOS OS AMIGOS LÁ. Mais do que em qualquer outro carnaval, neste ano um monte de gente resolveu apostar suas fichas em Floripa. E, para muitos, o melhor Carnaval é sempre aquele em que os amigos estão. Em São Paulo, a adesão foi maciça; mesmo em outros estados do Sudeste (RJ inclusive), o número de adeptos da idéia de "um carnaval diferente do de sempre" cresceu bastante. Alguns fatores depõem contra o Rio: é perto o suficiente para ir a qualquer hora (não precisa ser Carnaval), muitos acharam que as festas do réveillon carioca ficaram abaixo das expectativas, e o curto espaço de tempo entre os dois feriados (apenas 32 dias) não ajuda as pessoas a "desenjoar" e querer repetir o prato.


CINCO RAZÕES PORQUE VOCÊ DEVERIA ESCOLHER O RIO:

1) FÁCIL ACESSO. A menos que você seja gaúcho ou curitibano, o Rio é muito mais perto e fácil de se chegar do que Florianópolis. Se as festas que mais chamaram a sua atenção foram as da The Week, você pode ver todas as mesmas atrações gastando menos dinheiro com passagem, ou evitando o perrengue que é dirigir até Santa Catarina (especialmente o trecho entre São Paulo e Curitiba). E já que falei em festas, só aqui é que existem pool parties de verdade (as da Rosane Amaral, já que chamar aquele lava-pés da TW Rio de piscina é um pouco demais) e carnaval de verdade (os desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, a Banda de Ipanema, os blocos de rua).

2) ESTRUTURA. Floripa com chuva pifa. Se São Pedro fica de mal da região Sul do País (que é a primeira a receber as frentes frias da Argentina!) e o tempo fecha, não há o que fazer, não há plano B. Para quem está acostumado às comodidades de cidades maiores, Floripa não tem estrutura, não tem gastronomia de ponta, não tem cultura, não tem nada. Até o número de salas de cinema é pífio. Já no Rio... os humores também azedam quando o tempo fecha, mas dá pra escapar do fracasso de diversas maneiras. Restaurantes incríveis, centros de compras completos, um bom circuito cultural e, por que não, duas saunas movimentadas garantem ocupação enquanto as festas da noite não chegam.

3) CIRCULAÇÃO. Em Florianópolis, você precisa de carro para tudo. Como a ilha não foi planejada para receber tantos turistas, o trânsito chega a ser desesperador, especialmente na volta da praia: o engarrafamento começa no final da Mole, dá a volta na Lagoa da Conceição e se prolonga em direção ao Centro. "Bem capaz, tá tudo trancado!", exclamam os gaúchos. Já no Rio, se quiser você pode fazer tudo a pé o tempo todo: ir à praia, almoçar, fazer pegação, quem sabe alguma comprinha de última hora... No máximo, você pega um ônibus (rapidinho) para voltar para casa, se estiver hospedado no começo de Copacabana. Táxi, só na hora de ir para a festa, e sem drama: são muitos (em Floripa, quase não existem) e muito mais baratos.

4) OS MELHORES CORPOS. Com o aumento da procura, Floripa deve receber mais caras sarados - e as barbies gaúchas, habituées de lá, têm a vantagem de combinar corpo bom com rosto bonito. Ainda assim, se seu negócio é corpão acima de tudo, seu lugar é e sempre será o Rio. Quem olha os corpos cariocas tem a impressão de que eles nasceram tomando mamadeira com baixa lactose, cresceram fazendo esportes no calçadão e comendo barrinha de cereal e aprenderam cedo a perder o medo da seringa. Tanta oferta de carne acaba atraindo fortões de todas as partes do Brasil e do mundo, e o que se vê é um festival de músculos de todas as cores e tamanhos: tem corpão galã, corpão camarão, corpão cafuçu, corpão diva, corpão poliglota, corpão michelle.... E o melhor: todos esses corpos já chegam na cidade com vontade de pecar.

5) VERSATILIDADE. A cena gay carioca pode ser focada nas barbies, mas seu Carnaval também tem opções para as outras tribos e é o mais completo para atender a todos. As barbies batem cartão na Farme e na The Week Rio, os modernos evitam o sol e encontram seus pares no ótimo projeto Fase/Moo e nos clubes Dama de Ferro, Fosfobox e 69, e quem prefere uma diversão mais bagaceira se esbalda no pós-praia do Bofetada, na sempre lotada Le Boy e nos babadeiríssimos bailes do Elite, onde rola de tudo (de tudo meeesmo: barba, cabelo e bigode !). E você ainda pode transitar entre esses universos, combinando os ingredientes à sua maneira e montando um roteiro pessoal rico e único - coisa que a cena totalmente mainstream de Floripa jamais poderá te dar.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O adeus ao clubinho do coração

O site Rraurl.com noticiou que o Lov.e, verdadeiro divisor de águas na cena eletrônica do país, vai fechar suas portas definitivamente no final de fevereiro, com uma festa de despedida que reunirá os DJs que ajudaram a fazer a história da casa. A proprietária, Flávia Ceccato, deve abrir outro clube ainda em 2008 (especula-se que na região central).

Quando o Lov.e nasceu, em 1998, o país ainda não tinha clubes especializados, com noites segmentadas, da forma que existe hoje. No começo, o clubinho era freqüentado apenas pela nata do mundinho eletrônico, chegando ao cúmulo de ter uma door policy que barrava quem, aos olhos da hostess, não se encaixasse na proposta da casa. Mais difícil ainda era conseguir entrar na disputada sala VIP - que tinha um quartinho quadrado com paredes de pelúcia e um delicioso camão dourado, onde dava para relaxar a cabeça e engrenar gostosas conversinhas com quem mais estivesse literalmente jogado lá. Para consumir qualquer coisa, era preciso comprar fichinhas em forma de coração - como o pirulito cor-de-rosa que virou hit da casa.

Enquanto o Lov.e foi líder na cena, sua pista de lustres coloridos piscantes atraiu a fauna mais bacana da cidade. A velha guarda do Hell's Club, club kids que estavam descobrindo a música eletrônica, fashionistas, o pessoal das raves. A casa projetou nomes como Renato Cohen e DJ Marky e consagrou a carreira do top Mau Mau. O auge se dava nas manhãs de domingo, no afterhours Lov.e In Paradise, quando vinha gente de todos os lugares para continuar a jogação ali, incluindo até mesmo as barbies descamisadas da Level. A partir das 5 da matina, acontecia uma curiosa "troca da guarda" na pista, com o povo do sábado dando lugar ao povo do after, e tudo ficava deliciosamente ambíguo. As duas únicas cabines do banheiro ferviam com encontros clandestinos dos casais mais improváveis. Nas manhãs mais bombadas, a festa rolava até o meio-dia.

Com a fama, aconteceu o inevitável: começaram a aparecer os leigos, que queriam saber que diabos estava acontecendo ali. Os descolados, que detestam ver seus redutos invadidos, torceram o nariz. O primeiro grande golpe veio em 2003, com a abertura do D-Edge, que roubou do Lov.e o posto de melhor clube eletrônico da cidade. D-Edge, Vegas e Glória fisgaram os modernos e fashionistas, enquanto os afters do Ultralounge e depois a The Week atenderam ao público gay. Mesmo os mauricinhos eletrônicos iniciantes começaram a ter opções melhores no Manga Rosa e, mais tarde, no Pacha. As terças e sextas do Lov.e seguraram a onda por algum tempo, mas aos poucos o clube foi sendo renegado ao esquecimento - hoje sobrevive de noites de techno pesado (Lov.e Express, aos sábados) e black music (Black Lov.e, domingos), já com freqüência bem mais modesta.

O Lov.e é ícone de um tempo que já passou: os rostos que fizeram sua história hoje vão a outros lugares - isso quando já não envelheceram para a noite e sumiram de vez das pistas. Por isso, até surpreende que a casa não tenha fechado as portas antes. Mas a notícia de seu fim deixa uma certa nostalgia em quem acompanhou de perto sua história. Foram momentos especiais dentro do clube (noites históricas com Mau Mau, Marky, Laurent Garnier, Vitalic e tantos outros) e também fora dele (o trio elétrico na saudosa Parada da Paz, o projeto itinerante Lov.e por São Paulo e a Lov.e Tour pelo Brasil afora, com direito a uma festa incrível no Cine Ideal carioca). Não é exagero dizer que o Lov.e foi o responsável pela democratização da música eletrônica no Brasil, comandando a descoberta dessa cultura underground pelo mainstream e influenciando um grande número de outros clubes pelo país. Se hoje temos uma cena altamente diversificada e vibrante, muito disso se deve ao trabalho da equipe que comandou o famoso clubinho do coração.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Post de bêbado não tem dono

Eu amo o Rio de Janeiro com todas as minhas forças. Adoro tudo ali: o sol que nasce deixando a Baía de Guanabara dourada e os prédios da Praia do Flamengo amarelos, e se põe cor-de-rosa entre o Dois Irmãos e o mar; o quilo do Fellini e as saladas do Gula Gula; os ônibus circulares tricolores da São Silvestre (as linhas ímpares vão para o Leblon pelo Jóquei e voltam por Copacabana, as pares fazem o caminho inverso); o BB e o Bibi; o jeito irresistivelmente escroto como os cariocas pegam no pau por cima da calça o tempo inteiro, mesmo que na presença de senhoras e crianças; as placas dos carros dizendo "RJ-Rio de Janeiro"; o flyer que se chama "filipeta"; o sotaque ditongado, putíssimo e altamente excitante ("íasso... goshtôaso... mama a minha piróaca!"); a Urca; a farda da polícia fluminense; os nomes pomposos das ruas da Zona Sul (Marquês de Abrantes! Constante Ramos! Aníbal de Mendonça!); as tiras brancas das Havaianas contrastando com os pés morenos e cheios de veias saltadas; o Guaraviton, o Lulu Santos e o Kid Abelha.

Dito isso, posso dizer sem nenhum tipo de bairrismo, mesmo: a The Week São Paulo é mil vezes melhor e mais legal que a The Week Rio. Ou melhor: 650 mil vezes melhor e mais legal que a The Week Rio. Quer dizer, 1 milhão e 300 mil vezes melhor e mais legal que a The Week Rio! E tenho dito.

Hic!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Barca furada fashion

Sempre tive curiosidade de ir a um desfile da SP Fashion Week. Não especificamente para ver as roupas: tenho bastante interesse em ficar por dentro das novas coleções, mas existem vários bons sites de moda que mostram todos os looks quase que em tempo real, e com ótimos comentários. Eu queria mesmo é acompanhar o oba-oba que se arma em torno do evento - e, claro, ver de perto os modelos que desfilam (será que são tão bonitos mesmo? imagina um desfile da Blue Man, cheio de filés de sunguinha!).

Eu até sei que, de algumas temporadas para cá, o basfond deu uma boa diminuída; com a 'popularização' da SPFW, dizem que o evento estava virando um circo, o que atrapalhava o trabalho dos profissionais da moda, que não estavam ali para badalar. Parece que agora o foco voltou a ser nas roupas em si mais do que na ferveção - a própria redução no número de convidados de cada marca sinaliza isso. Mesmo assim, eu gostaria de ir a um desfile - ainda que seja só para desmistificar a imagem de glamour que, como leigo que sou, eu ainda crio na cabeça quando penso em Fashion Week.

Por algum motivo que eu desconheço, algumas marcas e estilistas resolvem "inventar moda" e mostrar suas coleções fora do prédio da Bienal (no Parque do Ibirapuera, onde acontece a maior parte dos desfiles). A Cavalera é uma delas: já fez desfiles em espaços inusitados como o Museu do Ipiranga e a pista do Autódromo de Interlagos. Dessa vez, conforme eu li no site da Erika, ela radicalizou: vai mostrar suas roupas num passeio de barco pelo rio Tietê (!), sob o sol escaldante que fará no próximo domingo.

Com o calor carioca que está fazendo em São Paulo, alguém imagina o fedor que deve exalar o Rio Tietê durante o desfile? Com que roupa será que as papisas da moda brasileira, como Lilian Pacce, Regina Guerreiro, Glória Kalil e a própria Erika Palomino, irão a um evento como esse, verdadeiro mico que entra para a categoria dos "ossos do ofício"? Ou será que elas vão dar um jeito de contornar o abacaxi e mandar assistentes cobrirem tudo no lugar delas?

Como a Lei de Murphy impera, querem apostar que eu, que nunca descolei convite para desfile nenhum, dessa vez serem agraciado com um envelopinho básico, e com direito a acompanhante? Quem topa ir lá comigo?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Rapidinhas da gula carioca

SEI LÁ, MIL FRUTAS. Adoro quando alguém me faz gostar de ingredientes que normalmente eu não comeria. No Rio, me rendi à ousadia do sorvete de uva roxa com coco verde, estrela entre os novos sabores criados pela Mil Frutas para este verão. Tem pedacinhos das duas frutas misturados à massa, é refrescante e doce na medida. Mas meus prediletos dessa casa - que nunca cansa de inventar novidades - continuam os de sempre: chocolate branco com maracujá, brigadeiro (com brigadeiro mole, hummm), goiabada com queijo (outro milagre, já que eu de-tes-to goiabada) e cheesecake. Sim, é mais caro do que Häagen-Dazs, mas quem disse que produtos brasileiros de qualidade não têm o direito de custar caro?

GUERRA DOS CONES. Nesses dias de sol a pino e pressa para curtir logo a praia, aproveitei para conhecer e comparar as duas temakerias que disputam o público de Ipanema na Rua Farme de Amoedo. A Koni Store chama a atenção primeiro, com seu ambiente moderninho e alaranjado, mas decepciona: o serviço é desastroso (quinze minutos depois, percebi que não haviam sequer anotado meu pedido) e os temakis não empolgam muito. Menor e mais discreta, a concorrente Yiá! é melhor em todos os sentidos: o atendimento é fofíssimo, os recheios são mais fartos, saborosos e criativos - e você pode pedir os cones em dois tamanhos, de acordo com sua fome.

SEGREDINHO DO CENTRO. Quem se permite sair um pouco da Zona Sul e explorar o Centro do Rio encontra boas atrações culturais como o Teatro Municipal, o CCBB (mais antigo e maior que o de SP), a Casa França-Brasil e o Paço Imperial. Para fechar o passeio com chave de ouro, não dá para deixar de ir ao Cais do Oriente, um verdadeiro tesouro escondido na Rua Visconde de Itaboraí. O amplo casarão com pé-direito altíssimo e um gostoso pátio abre para almoço e jantar e investe em culinária contemporânea, com influências brasileiras e asiáticas. Entre tantas boas pedidas, imperdível a sopa de camarões com especiarias, macarrão chinês, leite de coco e broto de soja - e olha que também não sou muito de sopa, ainda mais no verão carioca...

BEST QUICHES FOR THE NEW YEAR. As melhores quiches da cidade sempre foram as do Ateliê Culinário. A base do recheio é tão saborosa quanto o ingrediente principal e desmancha na boca junto com a massa. O café próprio que eles mantinham na Rua Dias Ferreira (com serviço péssimo, diga-se) fechou, mas eles abriram outro, num lugar ainda mais charmoso e próximo para quem vive flanando por Ipanema: a Casa de Cultura Laura Alvim. O café fica nos fundos da casa, num pátio aconchegante, e serve todos os belisquetes e guloseimas que fizeram a fama do Ateliê: as conhecidas quiches e fritatas, boas saladas e sanduíches, a mud cake... Uma ótima idéia para o fim da tarde, se você quiser algo mais intimista que o fervido Cafeína.

NHAM-NHAM-NHAM! Voltei ao Miam Miam - o restaurante da tal "comfort food" em Botafogo - e constatei que a cozinha continua cheia de bossa. Entre os pratos principais, todos os meus preferidos continuam no cardápio (moqueca de peixe e camarão ao molho de curry, risoto de grãos e cogumelos frescos, picadinho de mignon). Já as sobremesas foram todas repaginadas. Perdi minha favorita (terrine de chocolate em sopa de pistache), mas ganhei outras três fortes candidatas: o trés leches (bolinho de baunilha embebido em calda de Bailey's, com chantilly de framboesa, levíssimo), o crumble de banana (compota morna de banana, com farofa crocante de pecan e aveia e sorvete de canela) e os insuspeitos mini-churros (!) com calda de doce de leite. Ainda bem que em Botafogo não tem praia.

TIO SAM NÃO, TIO PEPE. Os turistas da Zona Sul que conhecem pouco a Barra da Tijuca imaginam que tudo ali siga a linha americanizada dos open malls, como o Downtown e o New York City Center (será que o Aldo Rebelo vai mandar demolir aquela Estátua da Liberdade?). Mas ali estão algumas das boas surpresas gastronômicas da cidade. Desta vez fui conhecer o Borsalino, um restaurante italiano escondido numa linda pracinha com chafariz, nas imediações do Jardim Oceânico. O cardápio tem massas, carnes e peixes com acento mediterrâneo - uma das sugestões, o linguini "Dom João de Orleans e Bragança", leva creme, salmão, camarões, cogumelos e abobrinhas ao curry. Uma delícia sentar nas mesas da varanda, tomar um bom vinho branco e deixar a brisa carioca embalar a conversa. Bom para aquele jantarzinho "off-fervo".

E A INVASÃO PAULISTA CONTINUA. Desta vez foi o bistrô francês Le Vin que, depois de três endereços em São Paulo, resolveu abrir sua primeira filial carioca. Honestíssimo, ele passa longe dos preços extorsivos de outros restaurantes de sua especialidade. O steak tartare, o filé ao molho mostarda e as sobremesas valem a visita. No Rio, o bistrô funciona numa simpática casa com fachada de pedra, na Rua Barão da Torre, pouco antes da esquina com a Garcia d'Ávila, considerada por alguns a "Oscar Freire de Ipanema".

domingo, 6 de janeiro de 2008

O sobe-e-desce do réveillon carioca 2007

Foi um réveillon de contrastes. Os dias não poderiam ter sido mais leves: tempo maravilhoso (um milagre para a época), praias cheias, turistas felizes e alto astral em todo lugar. Isso sem falar naquele desfile de corpos dourados que é de enlouquecer (o Ministério da Saúde deveria advertir: o Rio de Janeiro provoca torcicolos). Já as noites foram surpreendentemente pesadas, com lotação além da conta, excesso de colocón e som nem sempre bom - isso sem falar nos furtos. Ao mesmo tempo em que se profissionaliza, o circuitão carioca, que já nos deu noites inesquecíveis, parece estar perdendo uma parte do encanto e do astral de antigamente. Uma pena.

UAU:

1) O VERÃO QUE A GENTE MERECE. Enquanto o réveillon passado teve chuva ininterrupta por quinze dias (e deixou os turistas estrangeiros tiriricas de raiva), desta vez o Rio foi agraciado com dias de sonho: céu de brigadeiro, sem uma nuvem sequer, e um solzão ardido que embelezava os pontos turísticos e mergulhava no mar como uma bola de fogo - um espetáculo que não devia nada aos famosos sunsets de Ibiza, e ainda com direito a aplausos na praia. E mais: em meus oito verões na cidade, eu nunca tinha visto a água tão gostosa e calma para nadar - nem sinal daquele mar gelado e revolto que puxava os banhistas de Ipanema para o fundo e os tragava numa furiosa arrebentação.

2) THE WEEK: OS MELHORES CORPOS. Com apenas seis meses de idade e vivendo seu primeiro verão, a filial carioca do maior clube gay do país já se consagrou como o endereço definitivo dos corpos mais bonitos da cidade, desbancando o posto que, por muito tempo, foi ocupado pela festa X-Demente. A concorrência luta pelo seu espaço, contrata DJs gringos e investe em locações bem mais interessantes, mas nada disso impede o clube de André Almada de bombar sistematicamente em todas as noites (às vezes, até demais). O apreço dos fãs é tanto que eles não deixam de ir à casa nem quando há alguma outra grande festa: não foram poucos os que prestigiaram a R.Evolution nos dias 29 e 31 e, mesmo assim, foram terminar sua noite na TW.

3) ROSANE: A MELHOR VIBE. Com a The Week estabelecendo um novo padrão de qualidade na noite carioca, as festas de Rosane Amaral de repente já não parecem tão bem feitas - e soluções caseiras como usar chuveiro de vestiário como mictório ficam ainda mais toscas. Ainda assim, a produtora tem como trunfo a beleza de suas locações - especialmente o Clube de Remo do Flamengo, à beira da Lagoa, com um visual tão lindo que até compensou a produção com cara de quermesse e o tribal jurássico dos DJs escalados. Além disso, talvez até mesmo por serem ao ar livre, suas festas têm uma vibe muito mais leve e feliz: as pessoas conversam umas com as outras e parecem realmente se divertir. Com todos esses ingredientes (e mais o carinho de seus seguidores), Rosane não deixou de fazer festas bastante movimentadas - sendo que sua Original Pool Party, no dia 1º, foi a mais gostosa de toda a temporada (mesmo enfrentando a concorrência de outra day party abarrotada na TW).

4) RIO G SPA. Finalmente alguém teve a iniciativa de abrir algo que fazia muita falta no Rio: um lugar prático e seguro onde você pode ir transar com aquele gostosão que acabou de conhecer na praia de Ipanema, sem os riscos de trazer um desconhecido para o hotel ou a casa dos seus anfitriões cariocas. Novinho e limpinho, o Rio G Spa tem saunas seca e a vapor, café, internet, tratamentos de beleza e um bom número de cabines, muito melhores que as da sauna 64 (que vai perder os clientes se não investir em reformas rapidinho). O melhor: você pode pedir uma pulseira e voltar quantas vezes quiser no mesmo dia - ideal para os que estão com o diabo no corpo, ou mesmo para aproveitar e fazer uma sauninha e tomar um bom banho depois da praia.

5) O PROJETO FASE E O NOVO CLUBE 69. Com o gongo da festa de réveillon Hotel Carnival, a Fase, projeto conjunto do clã da Moo e dos clubes D-Edge e Vegas (SP), foi o que fez valer o fim de ano dos modernos no Rio. Com uma linda fachada, espaço para dançar em vários andares, bares e banheiros eficientes e uma simpática parede de leds atrás do DJ, as Casas Franklin bombaram até as nove da manhã - e todo mundo que foi saiu satisfeito, seja pelo som, seja pela qualidade do público. Outro destaque da temporada é o 69, novo clubinho eletrônico de Ipanema. Muti Randolph agora inventou uma pista iluminada por um painel de persianas gigantes, que recebem grafismos coloridos emitidos por um retroprojetor e refletidos em um espelho. Simples, barato e muito cool. O clube acertou a mão em tudo: tem o tamanho certo, o clima ideal para festinhas de house e um DNA genuinamente carioca (não, não é um clone do nosso D-Edge).

UÓ:

1) SER ROUBADO NA THE WEEK. Sempre vi a The Week como um clube "de Primeiro Mundo" e confesso que, na época em que circulavam rumores sobre roubos, furtos e extorsões na matriz paulistana, cheguei a pensar que tudo não passava de intriga da oposição. Tanto que mencionei o fator "segurança" ao destacar a TW como uma das melhores opções para o réveillon do Rio. Pois bem, paguei minha língua: levaram exatos R$150 do meu bolso. Eu adoraria ter meu prejuízo ressarcido, mas gostaria mais ainda de saber, um dia, que a casa voltou a ser um clube seguro e recomendável. O incidente foi um grande balde de água fria no meu fim de ano e, confesso, me deixou com um certo bode de voltar na casa do Rio.

2) O ENTERRO DA X-DEMENTE. A X-Demente foi um divisor de águas na minha vida. Foi lá que comecei a ter interesse por música eletrônica e acabei aprendendo a enxergar a noite gay de uma maneira completamente diferente. Um novo mundo se descortinava diante dos meus olhos. Na Fundição Progresso, vivi momentos que me marcaram e vão ficar pra sempre na minha memória: tenho um enorme carinho pelo lugar e pela festa. Por tudo isso, foi com um certo pesar que eu constatei: a X-Demente passou. Depois do sopro de vida na Parada Gay de SP, a produção voltou a dormir no ponto, demorou horrores para bolar tudo e, quando soltou as informações, ninguém mais estava interessado: a festa foi olimpicamente ignorada. Para descobrir alguém que tivesse ido à X e saber como foi, tive que perguntar para o amigo do amigo do amigo.

3) CHRIS COX @ COSMOPOLITAN. Sei que alguns vão discordar: muitos consideraram esta a melhor noite da temporada de réveillon. Saio de casa decidido a me divertir (e não botar defeito em tudo), mas desta vez realmente não consegui. A The Week estava insuportavelmente lotada, tanto que foi obrigada a liberar a circulação na área vip (mas depois, de uma hora para outra, voltou a proibir; com isso, quem estava com os amigos e foi dar uma volta não pôde mais reencontrá-los). O som do Chris Cox era muito chato (não entendi o hype em cima do fofucho). A iluminação excessivamente escura em todos os ambientes e a falta de uma área externa que desse uma aliviada no clima (como em São Paulo) deixaram tudo ainda mais deprê. Enfim, nada a ver com tantas festas bonitas que a The Week já fez em seus mais de três anos.

4) O GONGO DA HOTEL CARNIVAL. Os moradores de Santa Teresa bateram o pé, fizeram abaixo-assinado, chamaram a polícia e a prefeitura e conseguiram impedir a festa que prometia ser o melhor réveillon moderno de todos os tempos. Foi um verdadeiro anti-clímax para algo que estava sendo preparado com carinho e prometia reunir só as pessoas mais legais. Pelo visto não é só em São Paulo que a música eletrônica e a diversão são malvistas por certas camadas da sociedade. E olha que dessa vez nem era uma "festa rave"...

5) O DE SEMPRE. A cidade fica superlotada, com trânsito caótico em todas as principais vias de circulação da Zona Sul, a qualquer hora do dia. Para quem vem de carro, estacionar é desesperador: não há vagas, nem estacionamentos, e quem vai para Ipanema ou Copacabana pode ter que parar o carro em Botafogo e ir de táxi. Os cariocas aumentam artificialmente os preços de tudo para explorar os turistas - o quilo Frontera, por exemplo, passou a cobrar inacreditáveis R$59,90/kg só porque era fim de ano. Isso sem falar que a multidão de banhistas deixa tanto lixo na praia que chega uma hora em que você fica com nojo de pisar na areia. Não tem jeito, todo ano é assim - mas a gente sabe, e não consegue deixar de voltar.