segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sobre a tal "mítica gay" de San Francisco

Já recebi dois comentários de leitores dizendo que tinham vontade de conhecer San Francisco por conta de sua "mítica gay" ou "referência gay", para fugir da cacofonia. Eu quis voltar - e passar tanto tempo lá - por conta da sua beleza ímpar, da geografia de desníveis dramáticos que encerram vistas maravilhosas. Mas é claro que também estava nos meus planos dar uma boa conferida na cena gay, coisa que nem passava pela minha cabeça em 1995. Não faltavam razões para criar expectativa: além de um pólo de vanguarda na pavimentação dos direitos civis LGBT no país (vide a história do ativista Harvey Milk, que rendeu aquele filme belíssimo), a cidade é sede de boa parte das produtoras de filme pornô gay que importam. Isso me fazia imaginar uma cena agitadíssima, de formato comparável ao das capitais européias, com doses cavalares de diversão, além de uma aura de fetiche, com homens gostosos esbanjando atitude e safadeza.

Vamos por partes: a parte da vanguarda é mesmo tudo o que imaginei e mais um pouco. A inserção social dos gays e lésbicas é total e irrestrita. Além de ter todas as lojas e serviços voltados ao nosso gosto, de roupas a sex shops, Castro, o "bairro gay", tem um espírito e um sentido de comunidade fantástico, do qual nós não temos sequer dimensão. E os gays não se encerram nesse gueto: moram, frequentam e ocupam todas as partes da cidade com a mesma desenvoltura e igualdade de tratamento, com direito a andar de mãos dadas e trocar selinhos de despedida sem o menor constrangimento. Em uma palavra, cidadania. Nesse sentido, San Francisco é sim um paraíso gay - e por isso continua recebendo a imigração de bilus de outros países, e mesmo de estados americanos menos arejados, especialmente os do centro-sul.

Por outro lado, em se tratando de ferveção... quem desembarcar ali com expectativas parecidas com as minhas pode cair do cavalo. As perspectivas de diversão gay estão mais para Porto Alegre do que para Londres. Para começar, não há clubes gays propriamente ditos, onde se possa dançar a noite toda, mas apenas umas poucas festas bem esporádicas. No dia-a-dia, o são-franciscano se relaciona sobretudo em bares. Em alguns deles, como o The Cafe e o Badlands, a música é mais alta e há até uma pistinha, mas boa parte das pessoas prefere apenas beber e conversar, e os que dançam arriscam passos tão desajeitados que a gente se sente num daqueles seriados da Sony dos anos 80, em que os figurantes pareciam Lango-Langos na pista de dança.

Leva algum tempo para assimilarmos a diferença de horários: tudo começa e termina muito mais cedo. Os bares abrem já no fim da tarde, e o movimento acontece em dois turnos. No primeiro, até umas 21h, a frequência é basicamente de moradores da cidade. Aí acontece uma espécie de "troca da guarda": os nativos vão embora para jantar em casa e, depois das 22h, começam a chegar os turistas, além dos moradores que já comeram e querem ir para o segundo round. À 1h15 rola a last call de bebidas e, à 1h30 em ponto, eles tiram o som da tomada, acendem as luzes e só não começam a jogar Sapólio no chão porque esse produto não existe por lá. Tchau amiguinhos, até amanhã.

Mas é na atitude geral que os brasileiros enfrentam o maior choque cultural. As pessoas mal se olham e dificilmente abordam umas às outras - se você gostou do cara, tome a iniciativa ou espere sentado. Se a conversa não fluir, não jogue a culpa no seu charme - o clima é meio travado mesmo, todos agem como se fossem garotos de 15 anos que estão entrando de penetras em uma festa de alguém que não conhecem. Se a conversa fluir e ambos se gostarem, é só chegar perto e partir pro abraço, certo? Errado. Em 95% dos casos, os americanos não se tocam em público, nem mesmo dentro de um bar gay - você vai ter que arrastar o cara para fora dali. Se você vir um casal se beijando, pode apostar que os caras são estrangeiros. E se você for um desses e beijar ali dentro, saiba que não poderá ficar com mais ninguém, pois essa atitude micareteira dos brasileiros é queimação de filme na certa (por isso, escolha muito bem quem terá a honra de receber o seu selinho do dia! depois, você terá que esperar pelo menos 24 horas!).

A coisa só rola um pouco mais solta no Powerhouse, o único bar que tem um back room. Não se trata de um quarto escuro, mas um aposento claro, nos fundos da casa e separado por uma porta, onde as pessoas vão para, digamos, se bolinar. Enquanto os demais bares apostam em música pop de videoclipe (sim, você ouviu, videoclipe, com telão e tudo! igualzinho ao TV Bar de Copacabana! no próximo post eu contarei qual foi o "hit" da viagem!), o som no Powerhouse é um pouco mais sexy, com temperinho progressive, que ajuda a criar uma atmosfera menos alegrinha e ligeiramente mais dark. Mesmo assim, à 1h30 é hora de ir para casa - ou então, se gozar é realmente preciso, fazer a xepa no Blow Buddies, um sex club que tem uma estrutura incrível (foi todinho concebido para amantes do sexo oral, vejam só que maravilha!), mas... nunca fica cheio.

Não discuto que há várias maneiras saudáveis e gratificantes de levar uma vida gay que não passam por dentro de uma boate. Eu mesmo me basto bem com uma ida por mês. Dito isso, considerando a tal mítica que envolve a cidade, achei a vida noturna de San Francisco surpreendentemente provinciana. A coisa só muda de figura (para melhor) durante sete dias do ano, na semana que termina no último domingo de setembro. É quando acontece a célebre Folsom Street Fair, que nasceu como um encontro dos amantes da cultura leather e passou a mobilizar toda a cena gay. A cidade fica em polvorosa, o clima ajuda (por incrível que pareça, é nessa época que se registram as maiores temperaturas, e não no verão, num fenômeno conhecido como indian summer) e pipocam festas e fervos, embalados pelo espírito de confraternização trazido pelo pessoal de fora. Se você sonha com uma experiência mais picante, anote essa data na agenda. Fora disso, renda-se aos encantos infinitos da cidade (infinitos!), mas não vá com muita sede ao pote. São Paulo tem uma noite bem mais agitada.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

The Society: para moços de fino trato

O empresário que pretende trabalhar com noite precisa conhecer bem seu público e ficar sempre ligado nos seus desejos, que mudam. Deve estar atento para detectar lacunas e nichos ainda não explorados, e transformá-los em oportunidades. E, acima de tudo, não pode se acomodar, sobretudo se estamos falando de uma cidade ávida por novidades como São Paulo. Enquanto em San Francisco os lugares que acontecem na cena gay já existiam há 15 anos, e provavelmente viverão outros quinze [vou falar sobre esse assunto no próximo post, que continuará minha série sobre os Estados Unidos], aqui é preciso se esforçar para manter o interesse do cliente, cuja fidelidade muitas vezes só vai até a página três.

Dono de um tino empresarial admirável, André Almada não veio ao mundo a passeio. A The Week fez dele o principal nome da noite gay do país e virou uma marca de projeção internacional. Sete anos depois, a joia está cada vez mais lapidada, e a lotação das duas pistas do clube em um sábado comum é a maior prova de seu sucesso. No entanto, depois de tanto tempo, certa parte da freguesia - o gay bonito e de melhor poder aquisitivo, que sempre foi o público-alvo da casa - já vinha dando sinais de cansaço: alguns passaram a aparecer somente nas festas especiais. Existia uma demanda por um formato de diversão menos hardcore e mais intimista, como eu já havia comentado aqui. Além disso, para quem busca a sensação de exclusividade, a chegada de pessoas sem o mesmo pedigree, fruto das listas de desconto que passaram a formar longas filas na entrada lateral antes da 1 da manhã, foi um balde de água fria. Esperto, e sabendo que precisava evitar a perda de sua melhor clientela, Almada concebeu um novo clube, uma alternativa para aqueles que estavam cansados da The Week.

A nova empreitada atende pelo nome de The Society e veio ao mundo nesta semana, em três noites de inauguração. A localização é estratégica, na esquina da Augusta com a Marquês de Paranaguá, a uma quadra da Frei Caneca. O casarão, tombado, tem dois andares e o projeto de decoração, assinado por Sig Bergamin, recria "a residência de um aristocrata boêmio do século XIX, que recebe os amigos para festas", segundo li por aí. No térreo fica a pista, com o DJ tocando em um palco emoldurado por luzinhas amarelas de camarim, numa referência meio Moulin Rouge. Não é permitido ficar sem camisa, nem mesmo usar regata: a proposta aqui é outra, sem a jogação pesada do galpão da Lapa. Uma escadaria leva ao piso superior, um lounge com muitos tapetes, quadros, cortinas de veludo e móveis de época. Como sempre, o capricho nos detalhes é visível - a cereja do bolo é o aposento onde ficam os caixas, lindamente decorado como um escritório-biblioteca. No terraço que serve de fumódromo, uma bandeja de prata com bem-casados não destoaria em nada do estilo, que tem algo de bufê. Até os barmen-cafuçus do staff ganharam borrifos de nobreza, com camisa e gravata.

Na minha opinião, é justamente no andar de cima que está o maior potencial da casa. Nossa cena tem diversas boates que chovem no molhado, com a mesma proposta de sempre, mas não tinha bons lugares para sentar e conversar. O finado Café com Vodka foi uma iniciativa válida, mas no Sonique as pessoas ficavam em pé o tempo todo e o ambiente, claro e com concreto aparente, não propiciava o aconchego necessário. No The Society, o conforto e a luz baixa do lounge convidam a uma noite regada a bons drink, sempre sem desarrumar o penteado, suar a camisa ou perder o celular. Os preços - R$8 por um suco e R$22 por um drinque com aguardente nacional - filtram um público mais sofisticado, assim como a decisão de não aproveitar o sistema de cartões White e Black da TW.

Num primeiro momento, quando voltei ao Brasil e os amigos me contaram da novidade, pensei que a ideia era revidar o ataque do Lions, que vinha roubando parte dos polo boys da TW. Depois de conhecer o novo clube, entendo que são propostas diferentes, ainda que possam atingir o mesmo público. Ambas as casas têm algumas referências estéticas parecidas, mas o Lions é mais clube e o The Society, mais lounge. A imponência rococó da casa de André Almada contrasta com o clima mais informal da varandona do Lions. Os cardápios sonoros também não se confundem, já que a pegada do Lions é mais eletrônica, enquanto o próprio Almada me contou que seus DJs não vão fugir do padrão usual na nova casa. Por fim, o The Society funcionará na quinta, na sexta e no domingo, dando ao público inúmeras possibilidades - inclusive a de também continuar frequentando o Lions e a The Week.

[Foto: Alê Macedo/Vipado - Ayltom, se você quiser eu removo a imagem do blog, ok?]

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sobe-e-desce: american life

AWESOME (UAU!) É só você botar o pezinho na faixa de pedestres que os carros magicamente param para você atravessar a rua (dá até vontade de fazer um aceno de miss em agradecimento). Os restaurantes servem água de graça e à vontade. Walgreens e similares, que se autodenominam pharmacy mas vendem diumtudo, de Red Bull a máscara para dormir, em gôndolas que vão até o teto. Liquidação é coisa séria, com descontos de verdade, 50%, 70%, 90%, não essa nossa palhaçada de primeiro dobrar o preço e depois tirar 15%. A fila é respeitada, e quem tenta furá-la não é posto para dentro, e sim para fora do lugar. Eles tem acesso a todos os gadgets que importam muito antes da gente. E por muito menos. E também a suplementos incríveis para a academia. O serviço é excelente, com vendedores bem treinados, atenciosos e que conhecem muito bem aquilo que vendem. Sai barato passar férias no Caribe, ou em paraísos tropicais da América Central. Mesmo a Europa é mais possível do que para nós. Agora entendi por que os banheiros dos restaurantes de Ipanema têm avisos em inglês para não jogar papel no vaso: nos States, a descarga é tão poderosa que você pode desovar um cadáver por ela. E pode ligar pra celular de outras cidades ou estados sem esse papo de DDD ser carésimo. Aliás, pra quem estiver indo, fikadika: leve seu aparelho do Brasil e coloque nele um chip da T-Mobile (a única operadora compatível com a nossa tecnologia). Por módicos US$30, você tem 1500 minutos para falar com o país inteiro. E o mais absolutamente sensacional: você pode simplesmente voltar à loja, dizer "tó, não curti o produto" e pegar seu dinheiro de volta. Sem perguntas, sem cara feia, sem enrolação. É seu direito como consumidor.

AWFUL (UÓ!) A maldição anglo-saxônica: não importa onde você coma, as opções de acompanhamento se limitam a batata (frita, assada ou purê) e legumes (tudo no vapor, sem manteiga, sem tempero algum). Gelo, muito gelo. O bartender enche seu copo com gelo até a boca, completa o pouco espaço disponível com 10ml de bebida, e você ainda tem que deixar uma gorjeta a cada novo drinque pedido. E o pior que os drinques são hor-rí-veis! A pedida mais segura (e também a preferência de 9 entre 10 bilus) é a vodka cranberry. Que tem gosto de remédio, pois eles não usam suco, e sim um xarope sinistro que sai de uma mangueira do balcão. Se você arriscar variar, pode ser pior: periga terminar com um copo de Pato Purific na mão. O primeiro brasileiro que ensiná-los a amassar fruta com açúcar e fazer caipiroska vai ficar milionário. Os horários de jantar são bizarros: começam às 17h30, e tem lugar que às 21h30 já está fechado. E estamos falando de cidades grandes, como San Francisco. E se faltar pouco para fechar, eles simplesmente recusam a sua entrada. A televisão deles influencia o resto do mundo - só que num esquema "Marcia Goldschmidt feelings". Dia desses, o debate era sobre uma menina de 8 anos que recebia aplicações de botox. A paranoia com terrorismo nos aeroportos submete todo mundo a procedimentos policialescos: tirar agasalhos, ficar descalço, colher digitais, ser fotografado em vários ângulos, ter que responder "what brings you here?" mesmo se você já tem o visto, não poder levar líquidos na sacola de mão... A vida noturna é caída. Em geral o que existe são bares, e tudo fecha à 1h30 - são poucos os lugares que têm licença para funcionar de madrugada, como clubes propriamente ditos. Quinze minutos antes, eles anunciam a last call for alcohol, última chance para você pedir seu trago. Mesmo num clube que continue aberto, não se vende bebida depois desse horário, e seguranças ficam abordando você na pista para tomar o copo da sua mão (porque você não pode nem acabar de consumir o que foi comprou antes). Os americanos não têm contato físico: não se abraçam, não se beijam, não se tocam. Num bar ou balada, você não pode nem relar o dedo em ninguém, que eles acham awkward. E na hora da cama, jesoos! Dificilmente chegam aos pés dos latinos, porque não sabem nem mesmo beijar, que é o mais básico. Last but not least, o pior de tudo: não passa uma porra de um táxi livre quando você precisa! Tanto em SF como em NY, eu e minha mãe - que anda de bengala - chegávamos a ficar 20, 30, 40 minutos nos descabelando na rua. E era assim o tempo todo e em qualquer lugar. Que saudades de Copacabana! Fora de cogitação chamar um radiotáxi (você liga e eles não mandam ninguém) ou mesmo alugar carro (em ambas as cidades, não há lugar para estacionar e o trânsito é crítico). Temço.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Fazendo as pazes com o Tio Sam

Voltei aos Estados Unidos depois de um jejum de 16 anos. Minha visita anterior tinha sido em julho de 1995, auge da euforia da classe média com a paridade cambial trazida pelo Plano Real. Eu e minha mãe fizemos uma excursão de 14 dias pela Califórnia, depois passamos uma semana em Las Vegas, outra em Nova York, pegamos um avião para Rhode Island, minúsculo estado em que parte da família calabresa da minha avó fixou residência, e fomos conhecer Boston. Eu estava no terceiro colegial, tinha 17 anos, nenhuma sexualidade, e essa foi até hoje a viagem mais marcante da minha vida. Depois eu conheceria outros lugares até mais interessantes, mas essa foi a viagem mais esperada, mais sonhada, e por isso vivida mais intensamente. Costumo dizer que ela durou quase um ano, porque começou nos quatro meses antecedentes e continuou por mais uns três meses depois que voltamos para o Brasil.

No ano seguinte, descobri a Europa, e então passei a ir para lá nas oportunidades seguintes que tive para fazer viagens maiores ao Exterior (considerando que Buenos Aires já é meio que um prolongamento da minha casa, junto com São Paulo e Rio). Eu vi no Velho Mundo uma riqueza de histórias, culinárias, arquiteturas, pessoas e mentalidades que eu não havia encontrado nos EUA, onde todos pareciam viver olhando apenas o próprio umbigo, sem o menor interesse por outras culturas, mantendo com os outros povos uma relação que oscilava entre o desinteresse e o puro desprezo. Pelo menos era isso que eu sentia.

Desta vez, já mais maduro, pude ver os Estados Unidos com outros olhos. Percebi que a minha percepção de um país raso e culturalmente pobre tinha muito a ver com o meu próprio filtro. Afinal, aos 17 anos eu mesmo estava muito mais preocupado em colecionar moletons e camisetas do Hard Rock Cafe e Planet Hollywood do que qualquer outra coisa. Claro que me esbaldei novamente nas compras, e continuo achando que o consumo é um dos, digamos, três principais atrativos que os Estados Unidos oferecem aos visitantes. Mas consegui ir um pouco além nas minhas observações sobre o país e os norte-americanos. Difícil fazer um julgamento sobre um povo tão numeroso e heterogêneo. Nem todos são narrow-minded, existe gente bacana sim, e bolsões de rednecks reacionários convivem com verdadeiros oásis de pensamento liberal e vanguardista, como a Califórnia. Além disso, em 2011 o país me pareceu muito mais multicultural do que em 1995; se os imigrantes muitas vezes ainda permanecem às margens da sociedade, nos subempregos que os norte-americanos não acham dignos, eles já deixam marcas bem maiores na própria identidade do país, influenciando até mesmo o processo eleitoral.

Só posso dizer que foi uma viagem deliciosa, e que serviu para eu fazer as pazes com aquele país. Minha primeira escolha para morar no Exterior continua sendo a Espanha, mas vi reacender meu entusiasmo e interesse pelos States, especialmente por San Francisco, que já era uma das minhas cinco cidades favoritas no mundo e continua apaixonante, mágica, simplesmente única. Desta vez, comecei minha viagem por ela e fiquei onze dias inteiros, para poder matar a vontade e aprofundar um pouco o olhar rápido da excursão. Depois, passei uma semana em Nova York, e ainda peguei o trem para um reencontro emocionante com a parentada americana em Rhode Island. Nos próximos posts (o seguinte vai ao ar amanhã), vou registrar algumas impressões que colhi dos Estados Unidos, naquele estilo que me é peculiar e faz alguns de vocês continuarem aparecendo aqui de vez em quando :)

terça-feira, 3 de maio de 2011

E o Freddo finalmente chegou

Depois de anos voltando de Buenos Aires com isopores de sorvete na mala, envoltos em muito gelo seco, meus problemas acabaram: a rede Freddo acaba de abrir sua primeira loja em São Paulo, a poucas quadras da minha casa, na rua Normandia (em Moema). Ontem fui conferir a novidade. Os sorvetes chegam da Argentina em caminhões refrigerados, após 2 dias de viagem, e custam aqui bem mais do que na terra natal: o cucurucho de dois sabores sai a R$ 14, o equivalente a AR$36.

Por enquanto, as cubas têm apenas as variações mais clássicas de chocolate e doce de leite, além de alguns sabores cremosos e poucos à base de fruta. Senti falta de vários dos meus favoritos, como crema irlandesa (com licor Bailey's), mousse de chocolate e mousse de limón. Em breve, o leque de opções deve aumentar - haverá, inclusive, alguns sabores desenvolvidos aqui, como brigadeiro e açaí com banana, que serão vendidos também na Argentina. Além dos sorvetes, a loja serve café, sanduíches, pão de queijo, quiches e alguns doces. No início de 2012, a rede abrirá seu primeiro ponto no Rio de Janeiro.

Com a chegada da Freddo, São Paulo fica ainda melhor em matéria de sorvete. Há cinco anos atrás, quando os visitantes perguntavam qual era o nosso melhor sorvete, sorríamos amarelo e respondíamos "Haagen-Dazs", constrangidos. Ou então aquele aguado da Gelateria Parmalat. Agora temos a cremosidade sem igual da Stuzzi, que faz o meu atual sorvete favorito, crostata di mascarpone al limone. A carioquíssima Mil Frutas nos brinda com suas criações sempre surpreendentes. E a Bella Paulista faz um sorvete italiano pra lá de honesto - o de torta de limão quase substitui o da Persicco, a marca argentina que ainda está faltando na nossa vida. Com a Persicco e mais a Itália, do Rio (ah, aquele de torta alemã!), o meu dream team ficaria completo.