terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tropa de Elite: as duras escolhas dos sem-escolha

Estou escrevendo minhas impressões sobre Tropa de Elite com um atraso considerável, é verdade. Já faz um tempão que fui assistir ao longa, no fim de semana de sua estréia. Tá difícil arranjar tempo para o blog. Mas pelo menos pude acompanhar a repercussão do filme. O sucesso está sendo estrondoso (nas salas de exibição e nas bancas dos camelôs), mas também choveram críticas - que o filme é fascista, glorifica a violência policial, faz uma interpretação simplista da questão das drogas. O que não deixa de ser saudável: é um filme que faz pensar, e provoca questionamentos até mesmo naqueles que são os mais acomodados e alienados, a classe média que vive enfurnada em shopping center.

Acho que uma das grandes sacadas de Tropa de Elite é mostrar a violência pela perspectiva do policial. Tudo o que conhecemos, pela nossa experiência cotidiana de cidadãos comuns da metrópole, é a ótica da vítima. Aí veio Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, e contou a história pelo prisma dos bandidos, numa saga meio romântica que, de certa forma, os humanizou. Mas, até hoje, tirando os filmes e seriados norte-americanos (imersos em um contexto social que é bem diferente do brasileiro), ninguém tinha se lembrado de ver o lado do policial.

E o lado do policial, meu chapa, é de lascar. Existe um descompasso gigantesco entre o que se exige e espera dele e o que se oferece em troca. A rotina é massacrante, com uma pressão absurda e um risco de vida constante, enquanto as condições de trabalho e o salário são vergonhosos. Um policial comum ganha 900 reais por mês no Rio, e um do BOPE tira só 500 a mais do que isso. Com isso, as opções que se desenham para ele são três: ou se corromper (não só fazendo associações com os bandidos, como também entrando nos jogos escusos da corrupção interna), ou lavar as mãos e se omitir, ou ir para a guerra - contra os bandidos e contra a própria estrutura do sistema policial. Esses dilemas ficam muito claros no filme, que é narrado em primeira pessoa pelo personagem principal, o Capitão Nascimento (Wagner Moura).

Para dar conta do recado, durante sua formação pelo BOPE o policial sofre uma verdadeira lavagem cerebral - um treinamento desumano, mas que vai prepará-lo para uma vida não menos cruel. Quando finalmente ganha as ruas, o soldado endurecido e lobotomizado traz dentro de si um ódio profundo, típico de um autêntico justiceiro. Na guerra contra os bandidos vale tudo, inclusive se nivelar em barbárie: enquanto os traficantes matam delatores no 'microondas' (amarram em uma pilha de pneus, jogam gasolina e ateiam fogo), os policiais arrancam confissões sufocando pessoas com sacos plásticos ou ameaçando empalá-las em cabos de vassoura. Nessa ciranda de violência e descontrole, perdas e danos se acumulam, inclusive para os próprios policiais, que vêem sua vida pessoal e sua estabilidade emocional degringolarem.

Durante a exibição do filme, uma constatação inquietante: por maior que seja a truculência das ações do BOPE, uma parte considerável do público se realiza com a violência policial e chega a vibrar nas cenas mais fortes. É um sentimento de revanchismo, que parece comungar com a (perigosa) idéia de que violência se resolve com violência. Isso mostra a que ponto chegamos: deixamos de nos chocar com o intolerável e passamos a endossar a violência, porque queremos nos sentir vingados, e esses sanguinários homens de preto farão isso por nós. A própria freqüência com que o BOPE - uma força policial criada para situações excepcionais - é chamado a atuar prova que a situação da segurança pública é da mais pura calamidade.

Se o quadro é desolador e a mensagem é indigesta, Tropa de Elite consegue a proeza de dar seu recado sem deixar o entretenimento de lado. Contundente sem ser deprimente, o filme envolve o espectador num vigoroso mosaico do Rio de Janeiro, com ritmo eletrizante, tomadas aéreas grandiosas, edição esperta, boas atuações do elenco (consegui até gostar do Wagner Moura!!!) e uma trilha que nos faz pulsar no pancadão dessa cidade tão sensual e louca. Em meio a tantos pastiches fajutos de Hollywood, nosso produto nacional desponta como um excelente filme de ação, sem dúvida um dos melhores de 2007.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

The Week Rio, de uma vez por todas


Eu realmente não sabia o que esperar da The Week Rio. Não fui à festa de inauguração porque estava em Buenos Aires; quando perguntei aos meus amigos como a nova casa era, ouvi as opiniões mais conflitantes possíveis. Uns diziam que a The Week Rio era "igualzinha" à The Week São Paulo; outros garantiam que uma não tinha "nada a ver" com a outra. Nesse sábado, que teve como convidado especial o "top DJ" Peter Rauhofer, finalmente fui tirar a prova.

A verdade é que não dá pra falar nem que a TWRJ é igualzinha à TWSP, nem que ela não tem nada a ver com a matriz. A configuração física da nova casa é diferente: enquanto a outra é quase um complexo de entretenimento, com duas pistas de dança e uma grande área externa com lounge e piscina, essa é um galpão, menor e 100% fechado, com uma única grande pista (quadrada, não retangular), dois "queijos" no meio, dois bares nos cantos e os banheiros no fundo, atrás do palco onde fica o DJ. Apesar da diferença de formato, existe um denominador comum: os longos balcões dos bares nas laterais da pista, a organização das cabines dos banheiros e a disposição da sala VIP atrás do DJ deixam claro que existe ali um "estilo The Week" de ser.

As demais diferenças entre as duas casas decorrem justamente do fato de que a TWRJ, hoje, é apenas um galpão. A pista é a única opção que a casa oferece: claro que você não é obrigado a dançar, mas não terá como escapar do ambiente escuro e fechado, onde o pancadão dos falantes eleva espíritos, mas obriga quem quer conversar a gritar. A casa de Sampa é mais versátil: quem não quiser a fritação da pista principal pode ir lá fora e dar um tempo para as pernas e os ouvidos, tomar um ar, bater papo com os amigos ou mesmo paquerar fora do clima de loucura que reina lá dentro.

Não por acaso, isso também interfere na própria freqüência da casa. As diversas possibilidades que o espaço da TWSP oferece atraem, além das barbies, mauricinhos e "pólo boys", meninas, teens que preferem dublar na pista 2 e gente que usa a casa como um lounge onde possa ver gente. Na TWRJ, passadas as primeiras semanas em que o Rio inteiro foi conhecer a novidade (incluindo héteros, globais e curiosos), o foco cada vez mais se especializa nas barbies, cuja única concepção de diversão possível é tirar a camisa, exibir os músculos e esperar o colocón bater. Para quem curte essa proposta, a TWRJ não poderia ser melhor: o sound system é potentíssimo e bem equalizado, a iluminação é escura na medida certa (a superparede de leds luminosos foi montada apenas para aquela noite especial) e os corpos não poderiam ser mais bonitos (Rio é Rio). Já quem não gosta da sensação de se estar numa X-Demente sem fim pode acabar achando a casa pouco atraente. Pelo menos por enquanto.

E eu digo isso porque o que se vê hoje ainda não é a configuração final da TWRJ. Os imóveis vizinhos também foram comprados e darão lugar à expansão da casa que, como na TWSP, promete uma área externa, com direito a lounge, piscina e tudo o mais que avalancou o sucesso da matriz. Se a própria TWSP também começou sendo um simples galpão, e foi crescendo por etapas, nada mais compreensível que nessa nova empreitada a equipe TW também fosse devagar, ao invés de gastar logo uma fortuna com um superclube que eventualmente poderia não vingar.

Na pistona carioca, o time de DJs fixos vai, aos poucos, criando uma identidade sonora para a casa, como Pacheco, João e Cecin fizeram na casa-mãe. Felipe Lira faz um som mais alegre e rebolativo, perfeito para ser o primeiro ou segundo da noite. Já Robix tem a mão bem pesada, e seus sets são mais adequados para pegar uma pista já devidamente aditivada e levá-la até o final da festa. Ao lado deles, a terceira vaga na cabine é alternada entre os paulistanos Morais e Patricinha Tribal, DJs de pegada enérgica e que vêm crescendo na cena, ou ocupada por alguma atração especial convidada - nessa noite, foi Peter Rauhofer; no próximo feriado (2/11) será o nova-iorquino Dave Morales.

Em sua terceira apresentação no Brasil em pouco mais de seis meses, Peter ainda atrai multidões, mas já não surpreende. Na TWRJ, ele tocou por pouco mais de quatro horas. O set começou muito duro e gritado e só ficou gostoso na segunda metade, com mais levada e um pouco de tech house e progressive (e minha faixa predileta dele, uma que fala "release... release...", alguém sabe o nome?). Seu som foi melhor do que o de junho/2007 (TWSP/Parada), mas pior do que o de fevereiro/2007 (E.njoy/Carnaval) e infinitamente inferior ao histórico super long set de junho/2006 na TWSP (um momento mágico de inspiração que, pelo visto, nunca mais se repetirá). Dessa vez, pelo menos ele pareceu mais humano na cabine, chegando a sorrir (!) no final do set, e mostrando que sua cara fechada é mais de timidez e concentração do que por antipatia gratuita.

A TWRJ, hoje, não tem mais o aspecto provisório de obra inacabada apontado por muitos que estiveram em sua inauguração; é uma casa bem amarrada e sem falhas aparentes de acabamento. O staff já aprendeu a tratar os gays com a devida naturalidade, mas ainda precisa ser melhor treinado para situações-limite, especialmente no que diz respeito à organização da entrada. O sábado com Peter foi a primeira grande prova de fogo da TWRJ, e a casa não soube segurar a onda. Todo mundo chegou ao mesmo tempo e os seguranças foram incapazes de separar a enorme multidão em portadores de ingresso, membros da lista vip e pagantes de bilheteria (que tal afixar cartazes BEM GRANDES separando as filas?). O empurra-empurra foi terrível (uma falta de civilidade que infelizmente é parte da cultura carioca, que acha que "pegar fila é coisa de otário") e teve um momento em que a bela hostess não deu conta e se descontrolou (ela ainda vai enfrentar barras muito maiores à frente da TW, então é melhor aprender rápido como a banda toca).

Pelo menos, a casa teve a sensatez de fechar as portas quando atingiu a lotação máxima (2600 pessoas), ao invés de continuar espremendo gente indefinidamente e ameaçar o conforto e a segurança do público. Claro que isso não agradou a todos: muita gente que chegou na hora errada acabou ficando para fora, incluindo alguns vips que tinham nome na lista. Outro ponto para a casa: se a entrada foi encerrada porque a casa está lotada, isso tem que valer para os demais mortais e também para os vips. É assim mesmo que tem que ser - e não deixando claro que algumas pessoas são mais bem-vindas do que outras. A TWRJ foi supercorreta (ainda que isso tenha significado barrar meu querido amigo Tony, que é vip mas sabe que não é melhor do que ninguém).

De qualquer maneira, não dá para esquecer que tudo isso que vimos ainda vai mudar bastante, e em pouco tempo - fontes me revelaram que a área externa está sendo feita a toque de caixa já para o verão. Aí sim poderemos começar a fazer comparações justas entre a TWRJ e a TWSP (inclusive sobre qual casa é mais bonita; na data de hoje, é óbvio que o galpão do RJ não consegue competir em beleza com o complexo de entretenimento de SP). No estado em que se encontra hoje, a TWRJ não deixa de ser um clube gostoso de dançar. E, mesmo sem a área externa, já significa uma baita revolução para a cena carioca, que até então ainda vivia a era do improviso (tipo colocar a pia no meio da pista, por falta de espaço no banheiro, sabe?) e ganhou um banho de profissionalismo, especialmente no jeito de tratar o consumidor. E tudo isso só tende a ficar melhor.

Por fim, em relação ao duelo com outras festas, não creio que, a partir de agora, a TWRJ vá esmagar toda e qualquer festa paralela e monopolizar a cena. A casa de André Almada elevou padrões, mas nada impede que a concorrência aprenda com isso e passe a brigar de igual para igual (é o que se espera, aliás). Assim, cada noite de confronto será decidida pelo público, conforme os atrativos (locação, DJs) que forem oferecidos aqui e ali. No sábado retrasado, sem novidades em relação a suas noites comuns, a TW foi massacrada pela BITCH; já no sábado do Peter, a casa bombou, mas isso não impediu a E.njoy de fazer uma festa bonita e movimentada (embora não tão lotada), e que agradou bastante aos que a prestigiaram. Isso mostra que existe espaço na cena para todos - pelo menos nos feriados, em que o contingente de baladeiros é bastante engrossado por paulistas, mineiros, sulistas e brasilienses.

[Foto: os "queijos", instituições cariocas, não poderiam ficar de fora da pista da TWRJ]

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Vamos pro Rio?

No meu caso, a resposta deveria ser "não". Estava tudo pronto (inclusive eu tinha descolado umas passagens aéreas com preço ótimo), mas aí fiz o favor de ficar doente de um jeito que atrapalha toda a minha viagem. Com febre alta e conjuntivite, nada de pegar sol, muito menos ir à praia; com desarranjo intestinal (intoxicação alimentar?), nada de restaurantes gostosos, até porque meu apetite é zero e tudo me embrulha o estômago; com a garganta atacada, uma semana de antibióticos, então nada de biritinhas na balada (aliás, na quedrabeira muscular em que me encontro, a idéia de dançar por enquanto me parece fora de cogitação).

Mas quem disse que eu consigo dizer "não" ao Rio? Tenho um amigo que diz que sexo é bom até quando é ruim, e acho que posso estender isso a estar no Rio. Vou ter que passar longe das areias bafônicas de Ipanema, vou ter que suspender meu safári gastronômico até eu sentir que melhorei, vou ter que escolher uma única balada para ir, entre tantas bacanas que vão acontecer. E espero chegar inteiro ao domingo, porque será minha primeira Parada carioca, e imagino que 'desfilar' em plena Avenida Atlântica seja uma experiência inesquecível (pelo menos, mais arejada do que a Paulista ela é).

E ontem à noite tive uma notícia que me fez ter mais vontade de arriscar. No sábado da The Week, a dupla inglesa Freemasons não virá mais e será substituída por - adivinhem quem? - meu DJ-de-pista-gay predileto, Peter Rauhofer. Ele é mal-humorado ao extremo? Sim, mas o Rafael Calvente (que toca na E.njoy, a festa rival) também é, pelo menos enquanto está tocando (não o conheço pessoalmente para saber como ele é fora das pickups). E, por incrível que pareça, eu não conheço a TWRJ até hoje... acho que chegou a hora.

Aliás, falando em festas rivais, não pude deixar de notar que, até agora, o Cena Carioca ainda não noticiou a escalação do Peter Rauhofer na TW. O site se limitou a dizer que os Freemasons não tocariam mais e que o sábado da TW era "uma incógnita", já que "conseguir visto de trabalho em 3 dias para outro gringo deve ser muito mais difícil, né?!". André Garça é um dos caras mais bem-informados da cena - não raro, seu site sai na frente dos outros e dá todos os furos em primeira mão. Por que será que desta vez ele não agiu com a rapidez costumeira? O Mix Brasil já deu a nota do Peter há mais de dezoito horas atrás. Italo também, e na blogosfera todo mundo já comenta. Por que o Cena não informou seus leitores, sendo que já aparecem nele três notinhas com a data de hoje? Será por medo de prejudicar a sua própria festa, a E.njoy? Sempre esperei que, enquanto veículo jornalístico e referência de informação sobre a noite carioca, o Cena tivesse um compromisso com a imparcialidade. E pretendo continuar acreditando nisso, porque leio o site diariamente desde 2003. Espero que eu não tenha aqui mais uma desilusão sobre o meio gay...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sim, eu também escuto Madonna

Alguns pensam que minha implicância com o som que toca em boates gays seria por eu não gostar de nenhuma música com vocais femininos. Isso não é verdade: existem várias cantoras que eu curto muito – Annie Lennox, Jewel, Sheryl Crow, Donna Summer, Sade. E Madonna, claro. Não tenho por ela a adoração incondicional que a maioria dos gays têm – acho, inclusive, que ela pariu várias porcarias, como “Justify My Love”, “Human Nature”, “Erotica” e o álbum American Life inteiro, que é sofrível do começo ao fim. Mas ela acumulou um currículo de pérolas que poucos artistas pop podem se dar ao luxo de ter. Aqui vão as minhas 20 faixas prediletas, por ordem de preferência.

1 - SECRET (1994) - Adoro tudo nessa música: a melodia no fundo, a letra, o refrão, o delicioso solinho de guitarra... é madura, chique e sofisticada, sem deixar de ser pop. Uma das poucas faixas da Madonna que caem bem em qualquer momento.

2 - GET TOGETHER (2005) - Depois de mais de vinte anos de carreira, ninguém esperava que em 2005 Maddie fosse criar sua melhor faixa dançante - tão boa que nem precisa de remix (o que é muito raro). Quando eu escuto aquele "solo", me imagino num conversível a 150km/h, pegando o Elevado do Joá sentido Barra-São Conrado, o vento na cara e aquela vista absurda, e chegando a uma day party fictícia na área externa do MAC de Niterói, cheia de gente linda fervendo ensandecida, num clima de comercial de Campari. Pura viagem.

3 - OH FATHER (1989) - Minha balada preferida dela. Acho muito bonita. A letra é meio barra-pesada, um retrospecto de uma filha aos maus-tratos e abusos que sofreu nas mãos do pai (será autobiográfica? não sei, não conheço muito sobre a história pessoal da Madonna). Gosto especialmente da estrofe final: "Maybe someday when I look back I'll be able to say, you didn't mean to be cruel, somebody hurt you too".

4 - RAY OF LIGHT (1998) - Um bom exemplo de como um videoclipe bem-feito pode alavancar uma música e transformá-la. O que seria um roquinho até bem chocho ganhou uma velocidade incrível com o sensacional videoclipe que ela fez - meu predileto dela até hoje - e hoje não consigo dissociar uma coisa da outra. Escuto e aquela correria alucinada já vem à minha cabeça! Ah, entre tantas metamorfoses boas e ruins que ela já fez na própria imagem, o visual dela nesse clipe é o meu predileto também.

5 - BORDERLINE (1983) - Minha segunda baladinha favorita - e eu já gostava dela quando foi lançada, dentro do álbum de estréia de Madonna. Gosto quando ela canta: "Just try to understand, I've given all I can, 'cause you've got the best of me". Imagino ela bem inexperiente, se relacionando com um cara mais velho e dando o melhor de si, dentro da pureza e da inocência dela.

6 - LIVE TO TELL (1986) - Essa música tem uma melodia meio noturna, meio sombria, não tem? Eu lembro que, às vezes, quando escutava essa música à noite, ficava com medo de andar sozinho pela casa no escuro. Gosto muito dela, tem uma aura de mistério.

7 - AMERICAN PIE (2000) - Madonna, que não é muito dada a covers, regravou esse antigo hit de Don McLean para a trilha do filme The Next Best Thing. Ficou superfofa - sem falar que foi uma das músicas que marcaram meu primeiro namoro com outro cara. Ótima para tomar longos banhos quentes no inverno.

8 - LIKE A PRAYER (1989) - Essa é uma música que eu redescobri recentemente. Na época em que tocava no rádio, eu até achava meio chatinho o refrão. Mas depois eu comecei a reparar mais no coral, nos detalhes, e passei a gostar justamente desse lado mais dramático, quase teatral. E o remix que entrou para a coletânea Immaculate Collection não desvirtuou isso.

9 - WHO'S THAT GIRL? (1987) - Não é uma música genial - com o passar dos anos, ficou ainda mais bobinha do que já era. Mas ela faz parte do período dos anos 80 que está mais forte na minha memória afetiva musical: de 1984 a 1987. Eu era bem pequeno nessa época (6-9 anos), mas guardo na memória todos os hits desses anos, que foram uma infância feliz. Adoro cantar junto com o coro: "Quién es esa niña? Señorita más fina!"

10 - CRAZY FOR YOU (1985) - Grudenta, melosa, concordo que já deu o que tinha que dar. Mas não deixo de achar que é uma das músicas mais bonitas que ela já fez.

E, para este post não ficar longo demais, aqui vai o resto do ranking...... 11 - TAKE A BOW (1994; um dos momentos mais românticos e bonitos da carreira de Madonna); 12 - MATERIAL GIRL (1984; outra música que redescobri recentemente: pop, bem-humorada e incrivelmente atual, basta trocar "girl" por "gay"!); 13 - DON'T TELL ME (2000; mas eu gosto do remix que tocava no Ultralounge, alguém sabe qual é?); 14 - CHERISH (1989; bonitinha e alegre; meus amigos juram que uma certa foto minha que ficou famosa foi inspirada no clipe dessa música...); 15 - DON'T CRY FOR ME ARGENTINA (1997, mas curto o Miami Spanglish Mix, que é a versão remixada com o refrão cantado em espanhol); 16 - VOGUE (1990; festeira, divertida, marcou época e gerou muitas coreografias entre a geração que se jogou na noite dos anos 90); 17 - BEAUTIFUL STRANGER (1999; adoro as guitarrinhas sessentistas e o "dadadadada dadadada da-da-da-da!"); 18 - DEEPER AND DEEPER (1992; gosto do astral dessa música, que lembra a minha formatura da 8ª série; eu via aqueles clubbers no clipe e achava tão esquisito...); 19 - WHAT IT FEELS LIKE FOR A GIRL (2000; lembrança de uma fase de descobertas e jogações); 20 - NOBODY'S PERFECT (2000; uma faixa pouco conhecida do álbum que considero o melhor segundo melhor da carreira dela, o Music).

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Adeus, cavalgadas heróicas

Saiu no blog do Junior (não confundir com a nova revista Junior, que eu só vou criticar aqui depois que sair o número 2) uma entrevista com o ator pornô François Sagat, uma das estrelas do estúdio Titan, especializado em caras fortões e rústicos. Como de uns tempos pra cá meu olhar tem estado mais focado nos cafuçus brasileiros, tive que ler um post do Carioca Virtual para saber quem era esse francês. Moreno, saradão, cara de poucos amigos, Sagat é o tipo de homem que eu adoraria que fosse consertar a TV a cabo ou trocar a resistência do chuveiro lá de casa.

Na entrevista, o galã falou sobre sua carreira, desde o começo na indústria pornô até os trabalhos pontuais no mundo da moda. E aproveitou para destruir todas as fantasias dos fãs de filmes eróticos. Perguntado se ele se deixava levar pelo tesão durante as filmagens, François respondeu: "Nunca houve um parceiro que me atraísse 100%. A escolha do parceiro é muito difícil, varia conforme a disponibilidade, a nacionalidade, a orientação sexual e para quem a pessoa trabalha. Sem falar da pressão em torno de você. Não dá para se deixar levar, entende? É um trabalho de verdade, uma verdadeira composição. Nós somos cortados a cada 5 minutos. Não tem prazer, não tem tesão. Muito fatores influenciam: as mudanças na luz, o tempo filmando, a alquimia entre os modelos, o cansaço, a ereção que deve ser mantida. Posso te garantir que é bem difícil. Não há tempo para se divertir, muito menos para 'se empolgar'. E ainda tenho que me levantar super cedo."

Em suma: todo aquele universo de transas tórridas, com corpos suados que se encaixavam perfeitamente e fodiam em sintonia, penetrações macias, cadenciadas e indolores, completamente dominadas pelo tesão, cavalgadas heróicas, gemidos alucinantes e caras sublimes de êxtase, que me faziam acreditar que havia mesmo um sexo melhor e infalível, para o qual era possível se aperfeiçoar... tudo isso, de repente, se esfarelou. Era tudo mentira, Alice! Depois de descobrir que o DJ não tem nenhuma importância, perdi mais uma ilusão dentro do universo gay. Só falta agora eu descobrir que aqueles corpos saradíssimos que enchem meus olhos em Ipanema não são fruto de "genética" e "disciplina" como seus donos sempre me dizem...

[Foto: François Sagat ilustrando o flyer de uma White Party na Suíça]

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Nem só de Buenos Aires vive a cena eletrônica sul-americana


O Sirena, em Maresias (litoral de SP), é um dos clubes que mais investem em música eletrônica no país. A programação é recheada de DJs gringos do primeiro escalão e tem seu ápice no Carnaval, quando a casa superlota suas duas pistas com medalhões como Carl Cox, Deep Dish, Sasha, Fatboy Slim e Steve Lawler. No site deles, saiu uma matéria bem bacana fazendo um raio-X da cena eletrônica na América do Sul.

O texto é resultado de um extenso trabalho de pesquisa que abrangeu todos os países de língua espanhola (ou seja, deixou de fora apenas a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa, "estranhos no ninho" dos hermanos latinos). Como era de se esperar, é na Argentina que está a cena mais solidificada, mas também há bastante movimento em países como Peru, Chile e Venezuela. Muitos deles já viveram a explosão das raves, com direito inclusive à perseguição da polícia por causa do inevitável consumo de drogas.

Nota-se uma certa sintonia com as tendências internacionais (prova disso é a invasão do minimal, gênero que tomou o mundo de assalto e já dá seus primeiros sinais de cansaço na Europa), mas também há espaço para componentes da identidade local. Em vários países, as batidas vêm misturadas a temperos nativos: psytrance com elementos andinos (Bolívia), progressive house com percussões indígenas (Venezuela), chill out com música andina (Peru) e até house com folclore (Colômbia). Isso sem falar no já conhecido "tango eletrônico" que Buenos Aires exportou para os lounges, lobbies de hotel e salas de espera do mundo todo.

A matéria cita os principais clubes (alguns com nomes sonoros, como Traffic, Acqua e Gate One, outros curiosos, como Mandarina, Caracol, Pecado Capital, Mouse Cantina, Blondie, Like Me e Sub-Terráneo), além das festas e festivais mais importantes de cada país (no Equador tem a Piranha Parade, que tal?). Vale como um guia para quem estiver de viagem marcada e quiser experimentar uma autêntica "jogación" latina.

[Foto de um clube no Equador. Não lembra a Concorde em Floripa?]

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Muuuuuuu, mermão! As cowriocas chegaram


E a Cow Parade chegou ao Rio de Janeiro. Criada em Zurique (Suíça) em 1998, a maior exposição de arte de rua do mundo já passou por São Paulo (2005), Belo Horizonte (2006) e Curitiba (2006). A festa de lançamento da versão carioca rolou ontem, no Jockey Club (com direito a selinho de Dercy Gonçalves em Gilberto Braga) e expôs as 92 "cowriocas" que ganham as ruas da Cidade Maravilhosa a partir de hoje.

As vacas coloridas de fibra de vidro estão sendo colocadas em áreas de grande circulação e/ou interesse turístico: no Corcovado, no Centro, no aterro do Flamengo, na orla da Zona Sul e da Barra, na Lagoa, no Jardim Botânico, na rodoviária, nos aeroportos Santos Dumont e Galeão, nos principais shopping centers e em oito estações do metrô carioca. Elas ficarão expostas até 26 de novembro. Depois disso, serão leiloadas e a renda arrecadada será entregue a uma organização social. A edição paulistana rendeu R$ 1,5 milhão.

Veja mapa da cidade com imagens de todas as vacas aqui.

[Foto: vaca-kiwi exposta no Jd. Botânico - Anderson Clayton/G1]