terça-feira, 31 de março de 2009

O sobe-e-desce de Brasília

Minha vivência em Brasília foi bem mais breve do que em outras cidades para as quais escrevi um sobe-e-desce no blog, como Recife, Buenos Aires, Salvador e Florianópolis. Como sempre, tentei aproveitar meu tempo da melhor maneira possível: fiz uma pesquisinha básica antes de viajar e um monte de perguntas para as pessoas que conheci depois. Ainda assim, foram menos de 48 horas, e sei que algumas impressões podem mudar nas minhas visitas seguintes. O que fica registrado aqui é apenas o resultado desse primeiro contato, que foi bastante fugaz.

UAU:

WASHINGTON TUPINIQUIM. É muito legal fazer o chamado "turismo cívico" uma vez na vida e ver de perto os prédios de onde se governa o nosso imenso país, alinhados na Esplanada dos Ministérios. De repente, aquilo que parece distante e inatingível na TV se torna real e palpável. Ao contrário do que muitos imaginam, o astro-rei do pedaço não é o prédio ocupado pelo Presidente da República (o Palácio do Planalto tem a mesma arquitetura caixotesca de vários outros edifícios, e a tal rampa presidencial é pequena e sem glamour), mas a sede do Poder Legislativo: o Congresso Nacional, aquela construção com uma cúpula para cima (Câmara) e outra para baixo (Senado). Para quem tiver tempo e interesse, visitas guiadas mostram o interior da casa.

UMA CIDADE FOTOGÊNICA. Brasília é um destino interessante para quem curte fazer safáris fotográficos. Amantes de arquitetura (estou descobrindo que esse assunto me interessa mais do que eu imaginava) e turistas em geral se encantam com as construções modernistas desenhadas por Oscar Niemeyer - minha preferida é a Catedral Metropolitana. Durante os meses de estiagem, o céu da cidade ganha dramáticos tons de vermelho, laranja e rosa no fim do dia - é comum encontrar cartões postais retratando a capital nessa época. Eu, que não resisto a um bom pôr-do-sol, espero poder presenciar esse espetáculo algum dia.

QUALIDADE DE VIDA. O projeto urbanístico de Lúcio Costa criou uma cidade ampla e arejada, com prédios limitados a apenas seis andares de altura. Como resultado, sobram céu e horizonte, tudo o que falta em São Paulo. O trânsito flui bem, sem congestionamentos, e os motoristas parecem ter sido educados num colégio interno suíço: não passam de 60km/h, não usam a buzina e param para o pedestre atravessar (talvez por ser raro encontrar pedestres por lá). Não há pedintes: a lógica do Plano Piloto varre a miséria para baixo do tapete, confinando os pobres nas cidades-satélite vizinhas. Com isso, muita gente de fora acaba gostando de não encontrar os problemas típicos das metrópoles do Sudeste e resolve ficar de vez por lá, atraída pela remuneração dos concursos públicos.

RESTAURANTES CHARMOSOS. Cargos públicos com salários altos e embaixadas de vários países ajudam Brasília a ter uma gastronomia cosmopolita. Folheando o livrinho Conheça Brasília Gourmet, vi uma porção de restaurantes charmosos e convidativos, que infelizmente não tive chance de conhecer. Entre os poucos lugares que experimentei, recomendo o Bendito Suco, que serve sucos e wraps fantásticos na 413 Norte, e o versátil Quitinete, na 210 Sul, mistura de restaurante, empório e cafeteria que abre 24hs (e faz trufa de brigadeiro). Também vale a pena cruzar o Lago Paranoá e passear no Pontão do Lago Sul - não tanto pelos quatro restaurantes, mas pelo lindo visual da orla (as pheeenas chegam de barco) e a vista da Ponte JK.

AS FESTAS FERVEM. A cena gay de Brasília ainda vive aquele adorável frisson que tomava conta do Rio de Janeiro no passado: a expectativa em torno das festas. As duas principais label parties são a Fun e a Festa da Lili, que a título de comparação, seriam a X-Demente e a B.I.T.C.H. candangas. Os produtores são entrosados (não se enfrentam marcando festas na mesma noite) e os sites já disponibilizam as datas do ano inteiro, o que ajuda quem não é de Brasília a planejar uma visita. Mais incrível ainda é a Kiss, que só acontece duas vezes por ano (em função dos aniversários do casal de produtores). A locação é a própria casa dos fofos, uma espécie de chácara no Lago Oeste, com piscina e vista para um vale - é lindo o visual após o amanhecer. O clima é leve e o público, bastante variado, com polo boys, agrobarbies e meninas fervidas; para manter a energia do povo até o meio-dia, uma farta mesa de frutas e até uma improvável canja de galinha (viva o Centro-Oeste!). Aconselhado pelos amigos, marquei minha viagem em função da Kiss e não me arrependi: não fica devendo nada a qualquer boa festa do Sudeste, sem deixar de lado o clima caseiro, que é um diferencial.

UÓ:

NO CAR, NO FUN. Uma má notícia para quem gosta de passear a pé, sem depender de ninguém: Brasília está mais para Barra da Tijuca do que para Leblon. Não existe vida sem carro: não se veem esquinas ou pontos de ônibus, não se anda a pé, não se cruza com ninguém na rua, é tudo sobre rodas - diz o clichê que brasiliense já nasce com duas rodas no lugar das pernas. Quem cai de paraquedas descobre que as distâncias são enormes e os táxis, além de caros, não passam na rua: só atendem por chamado. Para o turista desenturmado, Brasília é uma roubada. Para aproveitá-la, é indispensável ter feito amigos com antecedência ou, pelo menos, chegar com alguns contatos que possam dar o caminho das pedras. Você acaba dependendo dos nativos o tempo todo. Se eu não tivesse tantas pessoas amáveis que se dispuseram a me choferar, eu provavelmente teria odiado a cidade.

PREÇOS EXORBITANTES. Numa cidade em que todo mundo é servidor público, ganha bem e tem estabilidade, não falta bala na agulha e tudo é caríssimo. Na pâtisserie Daniel Briand, um simples crepe com salada e um chocolate frio me custaram R$45. No Universal Diner, um dos restaurantes da conhecida chef Mara Alcamim, os pratos de carne beiram os R$60; na outra casa dela, chamada Zuu a.Z d.Z, não é difícil a conta passar dos R$200 por pessoa. No Plano Piloto, um apê de dois dormitórios na Asa Sul sai em torno de R$500 mil; no novo Setor Noroeste (que não está à beira do lago, nem tem atrativos naturais), especula-se que eles custarão mais de R$1 milhão (gata, com esse dinheiro, eu compro um apê nos Jardins, outro em Ipanema, e ainda mobilio os dois!)

NOITE CAPENGA. Se quando tem festa a cena se movimenta, em noites normais Brasília não parece ser muito animadora - Goiânia, no estado vizinho, está vivendo um momento bem melhor, com vários clubes recebendo atrações renomadas do circuito gay. Sem querer ser indelicado ou antipático, não me parece que lugares como o Oficina e o Beirute justifiquem, por si só, uma visita para quem vem de fora. A boate Blue Space e o bar Savana seriam as melhores opções fixas, mas já trataram de me avisar que 'as bunitas' não vão a nenhum desses lugares. O que leva à constatação de que Brasília sofre da horrível "síndrome de Porto Alegre": o que adianta ter um povo bonito, se ele não sai da toca?

OUTROS DETALHES que felizmente não senti na pele, mas são queixas recorrentes por parte de outros visitantes: o clima extremamente seco (no auge da estiagem, dizem que o nariz das pessoas chega a sangrar!) e o terror das gangues - Brasília deve ser a cidade brasileira que tem mais problemas com violência juvenil. Sabe como é, quem é gay já fica logo de orelha em pé quando escuta uma coisa dessas...

[Fotos: Catedral Metropolitana; Santuário Dom Bosco; Pontão do Lago Sul; Ponte JK; pista externa da Kiss aos primeiros sinais de que iria amanhecer; povo dando um tempo e curtindo a vista à beira da piscina]

segunda-feira, 30 de março de 2009

Aos candangos, com carinho

De uns anos para cá, depois de fazer algumas viagens internacionais e saciar minhas curiosidades mais imediatas e óbvias, vi despertar em mim uma vontade de conhecer melhor o meu próprio país. Visitar outros lugares, ouvir sotaques diferentes, assistir a novos pores-de-sol, fazer mais amizades. Urbanóide por natureza, tenho um interesse especial pelas capitais: ver como os bairros se distribuem, os nomes e traçados das ruas, as linhas de ônibus, o mapa do metrô, os parques, os espaços de lazer, a arquitetura, os mirantes com vista panorâmica, as roupas e a comida. E comparar as cidades entre si, um povo com o outro, voltar para casa e constatar que meu conhecimento do Brasil já é um pouco menos estreito do que antes.

Brasília era uma falta imperdoável no meu currículo. Uma cidade totalmente sui generis, com seu planejamento urbano em superquadras, subvertendo todos os nossos conceitos tradicionais. Além de ser a capital federal, que protagoniza os acontecimentos políticos, as decisões importantes. A gente vê imagens do Congresso e do Palácio do Planalto pela tevê, lê na Folha sobre o ministério disso e daquilo, e não tem muita noção de como isso é ao vivo. Se é grande, imponente, ou menor do que imagina. Uma cidade "em forma de avião"?! Como será isso? Como será o tal parque em que a Mônica chegou de moto e o Eduardo, de camelo?

Tive pouco menos de 48 horas. E a bruxa da chuva, que já tinha me perseguido em Porto Alegre e Vitória, deu o ar da graça novamente. Mesmo assim, acho que consegui absorver bastante informação e tive uma idéia bem razoável de como é a cidade. Mas minhas impressões sobre ela ficarão para o próximo post, amanhã. Este texto, escrevo para os candangos, amigos novos e antigos, que me receberam tão bem. Tiveram paciência para mostrar a cidade e dar explicações. Apresentaram seus amigos e fizeram eu me sentir acolhido. Foram parceiros de passeios, de mesa e de pista. Mostraram que meu blog era mais conhecido e lido do que eu pensava. Me deram carona em todos os momentos em que eu precisei. Importaram-se comigo e fizeram o possível para que eu aproveitasse tudo. A Clerton, Stan, André Manoel e Fernando, Daniel, Gustavo, Marco Antônio, Beto, Tiago, Humberto e Alexandre, Pedro e Thales, Simone, Caio do Cerrado Eletrônico, Lili, João, Paulo Augusto, deixo aqui meu muito obrigado pelo carinho e pela receptividade. Quando vierem para São Paulo, podem contar comigo.

sexta-feira, 27 de março de 2009

De tudo um pouco

::: "Procurando ovos de Páscoa? Venha para Berlim e encontrará milhares deles, pendurados no meio das pernas de machos fetichistas de todas as partes do mundo". Esse foi o singelo teaser que recebi hoje por e-mail da BLF, espécie de semana leather que acontece na capital alemã entre 8 e 14 de abril. São várias festas, para bailar y para follar, em clubes e sex clubs, culminando com a premiação do German Mr. Leather 2009. Esses concursos revelam o que nem sempre dá para esconder: por baixo de uma montanha de músculos, couro, correntes e cara de mau, pode bater um coração de miss!

::: Enquanto algumas partes do globo são prafrentex e tolerantes, outras insistem em continuar estacionadas na época das trevas e da intolerância. Não vou gastar meu latim falando das declarações patéticas defecadas pelo Vaticano, coisa que ele faz bem como ninguém. Mas li n'ACapa que Curitiba está sendo assolada por uma onda de ataques homofóbicos, com direito a spray pimenta, pedras e pedaços de pau. Lamentável, para dizer o mínimo. O espírito de porco de certos curitibocas, colonos e provincianos, não combina com uma cidade que se pretende tão evoluída. [UPDATE: depois de mais um ataque, um grupo GLBT local lançou uma cartilha recomendando que os gays fujam e se protejam como puderem].

::: E falando n'ACapa, achei super bonitinho eles descobrirem a cantora Stefhany - dois meses depois que o resto da humanidade. Mas compensaram o delay em mostrar a "nova sensação da internet" com uma entrevista com a fofa, que definitivamente colocou o Piauí no circuito das top divas deste vasto país. As produções dos clipes são mesmo hilárias, mas confesso que achei a melô do Crossfox melhor do que muita coisa nacional que toca nas rádios FM hoje. E é impressionante a capacidade da internet de gerar coisas "absurdinhas" e transformá-las em epidemia. Este artigo faz um retrospecto de vários virais que fizeram história, depois de especular se o hit da linda & absoluta não teria tido um dedinho oculto da Volkswagen.

::: Duas notinhas de comida, só pra manter o apetite. A Paola di Verona, rotisserie onde os glutões refinados de São Paulo compram massas recheadas incríveis, acaba de abrir um fast food na praça de alimentação do Center 3, na Paulista. Chama-se Paola e nesta semana está com uma promoção convidativa: fetuccine, refri e mousse de coco a R$16. O Spoleto, com aqueles molhos horríveis, pode começar a se preocupar. E lembram do À Côté, segunda casa da dona do Ruella, ali na Bela Cintra? Fiquei sabendo que fechou e, no lugar, vai abrir um contemporâneo com influências latinas, pilotado pelo chef do Zazá Bistrô, minha janta predileta no Rio de Janeiro.

::: "Dizia ele, estou indo pra Brasília... nesse país lugar melhor não há!" Finalmente, chegou minha hora de conhecer a capital federal, terra do "Faroeste Caboclo". Embarco hoje, rezando para a previsão de chuva da Climatempo estar equivocada, porque não quero viver outro pesadelo gaúcho. Vou pra fazer turismo, encontrar amigos e, claro, me jogar. Vi que a cena local super gira em torno de label parties. A Fun e a Lili são as mais conhecidas, mas há outras. Só neste sábado, vão rolar duas: Propulse, na Hípica, e Kiss, que tem reunido as top beeshas do Planalto Central em uma casa no alto de uma colina, com vista luxo. E tá que amanhã vai ter uma que se chama Festa da Keila? Essa só perde para a La Colocación de Niterói...

terça-feira, 24 de março de 2009

Volt, Sonique e Piaf: novas opções pré-balada

São Paulo tem a melhor noite do Brasil? Pode ser, mas ainda há espaço para fazer muita coisa. Uma de suas principais lacunas é a falta de bares legais para o público gay. Como eu já comentei aqui, nos anos 90 era mais comum o povo tomar na rua os drinks antes da boate; aos poucos, esse hábito foi perdendo força, e hoje os melhores esquentas são os chill ins esporádicos na casa dos outros. É uma delícia ser recebido pelos amigos, mas tem dias em que a gente quer sair, ver gente nova, só não quer fritar num clube de descamisados até altas horas. Nessas horas que pedem um fervo light, bons bares fazem falta. A gente vinha se virando com o Ritz, o Bar da Dida, o L'Open, mas cada um deles tem suas limitações (que não vou comentar aqui). A boa nova é que o circuito de bares friendly da cidade ganhou reforços - e finalmente fui conferi-los.

Primeiro fui ao Volt, nova cria de Facundo Guerra, do Vegas. Estreito e comprido, o bar é todo decorado com néons que os inferninhos da rua Augusta tiveram que remover por causa da Lei Cidade Limpa. Eles são a alma da decoração, que, no mais, tem apenas espelhos e uma parede de plantas (ops, "jardim vertical") no fundo. Nas mesas, uma fauna ampgalaxy: aqueles modernos meio assexuados que freqüentaram a Ouro Fino e o Lov.e e hoje usam bigode (é fashion), bonés e sneakers coloridos. Todo mundo já se conhece, então não convém chegar sozinho se você não for da tchurma absurdinha. Rádios virtuais de música eletrônica dão conta do som. O lugar é bacaninha, mas bem caro: pedi um único drink e 2 petiscos e gastei quase R$60, sendo que a trouxinha de queijo de cabra com tomatinhos assados era farinhenta e praticamente sem recheio (o gerente ouviu minha queixa com atenção, tomara que melhorem). Na porta, uma discreta door policy (coisa mais anos 90, que chato). Entrei sem problemas, mas amigos disseram que foram barrados porque a casa estaria cheia para recebê-los.

Enquanto o Volt faz a linha discreta, tipo ação entre amigos, o Sonique [foto superior] vem causando frisson, em uma parte cada vez mais disputada da rua Bela Cintra (Exquisito!, Bar Leblon, 269). A lógica do ambiente, um único volume retangular, lembra o D-Edge: linhas retas, lounges de sofás no canto direito, balcão do bar à esquerda, barras de luzes que piscam no teto. O cardápio tem drinks (também caros) e comidinhas; a música, muito boa, é num volume intermediário que permite conversar (alto) e dar uma dançadinha (leve). Mas eu achava que era um bar gay friendly e agora não estou entendendo nada: fui numa quarta com dois amigos e éramos os únicos três que não faziam a linha mauricinho-pós-Vila Olímpia. O segurança comentou comigo que, na véspera, "só tinha viado, 90% gay, tava duro aqui" e, na semana seguinte, a casa passou a impor uma consumação de R$40 - só para os homens. Ou seja, parece que o Sonique está tentando barrar a bicharada da vizinhança para se tornar apenas mais um reduto mauricinho da cidade. O que não nos impede de freqüentar, porque o lugar é legal (e ai de quem me censurar se eu beijar alguém lá dentro).

Por último, fui conhecer o Piaf [foto inferior]. A localização, no trecho mais low profile da Al. Franca (antes da 9 de Julho), já dá o tom: o lugar é calmo e aconchegante. A simplicidade do ambiente, claro e clean, é quebrada por detalhes de bom gosto, como as echarpes coloridas penduradas em algumas paredes. A parte mais bonita é o bar, com estilosos lustres bordô e uma peça de madeira rústica do Embu fazendo as vezes de balcão. O dono, gay, me explicou que não quer restringir a proposta da casa a esse público; na prática, o que se vê são alguns grupos de caras mais comportados, a maioria na faixa dos 30 aos 50, e suas amigas simpatizantes. No extenso menu, o caro sai barato e vice-versa: medalhão de filé a R$22 e um pratinho com quatro raviólis a R$31. Não pude provar a caipiroska de tangerina com pimenta rosa, hit da casa, porque a fruta tinha acabado. O ponto fraco é a música: eles precisam dar um trato urgente na coleção de CDs (ou arranjar um bom iPod). Cheguei a ouvir algumas músicas dance por quatro vezes em pouco mais de 2 horas (!), intercaladas pelo tango eletrônico da abertura de A Favorita. Com ajustes mínimos, um lugar fofo e do bem, ideal para comemorar um aniversário intimista.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pistinhas e pistonas

Faz tempo que não enfio o pé na jaca dicumforça - mesmo o meu Carnaval no Rio foi relativamente calmo nesse sentido, embora tenha rendido muito em outros aspectos. Normalmente, o cenário eletrônico começa o ano morno e engrena nesta época, com as especulações sobre o line up do Skol Beats. Neste ano, parece que não vai mais rolar o festival (que arriscou uma edição 'interativa' no ano passado, e nem assim conseguiu repetir o êxito dos velhos tempos no Autódromo), mas já estão aparecendo outras noites candidatas a zuar meu relógio biológico.

A primeira delas acontece dentro de algumas horas, no D-Edge. A caixa de neons piscantes da Alameda Olga tem trazido nomes fortes do circuito internacional nas noites de quinta-feira, e hoje o convidado é ninguém menos do que o top Steve Lawler. A escolha da quinta tem diversas explicações: é a noite do projeto Moving, de progressive house; tem o público mais abonado (me segurei aqui pra não dizer 'playboy') da semana, que pode pagar uma entrada de R$100 sem chiar; e, para um clube de dimensões reduzidas, é mais fácil dar conta da muvuca do que seria na sexta ou sábado.

O problema que, ao contrário dos club kids que nasceram com a vida ganha e não têm grandes responsabilidades no dia seguinte, eu não poderei me dar ao luxo de passar a noite em claro e ir trabalhar virado ou, pior ainda, dar um perdido no escritório. Então, terei que declinar da chance de ver um dos meus ídolos. Mas não vou perder o Sasha, outro top do progressive que tocará no dia 9 de abril - outra quinta-feira, mas dessa vez véspera de feriado, então beleza. Na semana anterior, o clubinho da Barra Funda recebe Tiga, DJ que aprecio mais pelo visual do que por ter criado um dos electros mais grudentos e enjoados ever, o hit "Sunglasses at Night".

Ocupando a lacuna deixada pelo Skol Beats, rola nesse sábado um outro evento de massa. O nome não poderia ser mais tosco: Spirit of London. Não, não é iniciativa da Cultura Inglesa, nem vai ter jam session com Oasis e Blur fazendo as pazes no palco (aparentemente, o nome não tem nenhuma explicação mesmo). O line up tem uma pegada bastante popular, para a molecada: uma tenda de psytrance para os fritos das raves, outra de drum n'bass para os manos (cada vez mais carentes de opções nesse estilo), um palco em que a atração principal é o radiofônico Robbie Rivera, uma tenda de tribal (de novo???) pras bichas baterem cabelo... A tenda de house até tem nomes bacanas (Léo Janeiro, Júlio Torres), mas eles podem ser melhor aproveitados em noites comuns em clubes, longe do drama que é encarar um Sambódromo coalhado de adolescentes debutando no mundo das drogas. Eu passo.

Por fim, a outra grande festa eletrônica do calendário próximo é a Skol Sensation, dia 4 de abril, no Pavilhão do Anhembi. É um evento menor e mais elitizado, importando um formato criado na Holanda. Cenografias, acrobacias e performances teatrais disputarão a atenção com os DJs, num pretensioso "espetáculo multimídia" coroado por uma árvore de 45 metros de altura bem no meio da pista. A existência de ingressos "camarote premium" (R$320) e "camarote diamond" (R$1000, com jantar na Daslu e transfer de limousine incluídos) sinaliza que o público-alvo é beeem playboy. E o dress code branco obrigatório não ajuda muito (já não basta ter que tirar do armário o "modelito oferenda" pra festa daquela bilu?). Mas meus amigos estão aderindo em massa e isso já desempatou a questão pra mim. Afinal, com uma enorme roda cheia de pessoas pra lá de queridas, todas na mesma onda, os demais detalhes muitas vezes perdem toda a importância.

quarta-feira, 18 de março de 2009

O homoerotismo exuberante da dupla Exterface


Flanando pelas notinhas do site Vipado, de meu amigo Ailton Botelho, vi uma notinha com algumas fotos de um ensaio feito com o Micky Friedmann, DJ de Israel que já se apresentou aqui. Achei todas lindas, segui o link para o resto do ensaio e me deparei com o belíssimo trabalho da dupla Exterface, formada por Stéphane e Julien, dois talentosos franceses de apenas 24 anos (mais sobre eles, aqui). Os ensaios, todos disponíveis no site deles, têm como denominador comum um homoerotismo elegante e criativo, com pitadas de bom humor e muita exuberância. Quem gosta de fotografia e curte o estilo do pernambucano Paulo Cabral não deve deixar de reconhecer as semelhanças: em vários trabalhos, a estética é idêntica. Recomendo uma olhada em todos os ensaios, mas meus prediletos são o fofíssimo Baby Bomb, o fetichista Master Slave, a piração fashion de L'Ivresse du Plaisir, a insônia desesperadora de 2:01, a releitura assanhada do garoto-prodígio em Boywonder e o amor ursino em negativo de Two Hearts.

terça-feira, 17 de março de 2009

Ela nunca disse adeus

Nem bem vazou a notícia de que a DOM não continuaria na editora Peixes, uma revoada de urubus se apressou em decretar a morte da revista. Alguns palpiteiros de plantão resolveram posar de especialistas e passaram a alardear aos quatro cantos as razões pelas quais a publicação teria "dado errado"; depois, tiveram que engolir o que disseram, e alguns até apagaram as bobagens que escreveram. Não conheciam os bastidores do que estava acontecendo e, mesmo assim, quiseram bancar os profundos conhecedores... mas o tempo se encarregou de mostrar que as "verdades" que despejaram não passavam de meras especulações.

A despeito de toda a torcida contrária, a DOM está nas bancas novamente. A pausa foi só um pouquinho maior do que o tempo que a Junior leva entre uma edição e outra. Não posso dizer que fiquei aliviado, porque eu sempre soube que a volta da revista era apenas uma questão burocrática entre duas editoras. Mesmo sem ter distribuição nacional (o que, salvo engano, nenhuma das três tem), a DOM já tinha conquistado um lugar ao sol: tinha leitores fiéis, era respeitada e logo se tornou líder no segmento.

Sinceramente, não acho nenhuma das revistas perfeita. Todas têm coisas que me atraem e outras que me desagradam (e eu leio todas, sim). Mas, com tudo o que eu curto e não curto, eu considero a DOM a mais honesta e consistente entre as publicações gays. Não é amadora, nem pretensiosa, nem deslumbrada (ainda bem). Sei que é difícil falar em ousadia em tempos de crise - o mercado editorial gay ainda é muito verde, apenas uma minoria tem o hábito de consumir revista - mas ainda sonho com o dia em que nossas revistas gays alcem vôos mais altos. Surpreendam o leitor mesmo. E acho sim que há espaço para mais de um título, porque o universo gay é muito vasto e variado, e ainda não está inteiramente representado. Conheço uma porção de gente que adora ler, mas não se identifica nem com a Junior, nem com a DOM, nem com a Aimé.

Termino o post com um recado para os que gostam das coisas que escrevo: na DOM deste mês, saiu uma matéria minha sobre Berlim, com todos os endereços e coordenadas para quem quiser se jogar por lá. E também assino a entrevista com o ator Kayky Brito, que saiu na capa dessa edição.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Pra não dizer que não falei de selos

De alguns meses para cá, comecei a receber comentários de outros blogueiros dizendo que meu blog tinha recebido um selo e eu deveria "resgatá-lo". A brincadeira atende pelo nome de "meme": cada um que receber o tal selo deve indicar alguns blogs de que gosta (três, cinco, dez, depende do "meme") e seguir uma série de regras e instruções, que precisam ser coladas em um post e publicadas. Os blogueiros indicados colam o selo em seus blogs e repetem o procedimento, recomendando outros blogs, e assim a corrente segue adiante.

Pelo que entendi, o espírito da coisa é que cada um possa dar destaque aos colegas que admira; pelo "meme", os leitores seguem os links e acabam descobrido blogs novos, que não eram conhecidos (afinal, a rede tem um número interminável de blogs). Além disso, os selos que o blog vai recebendo e acumulando mostram que ele é reconhecido como bacana, servindo como uma espécie de prêmio que lustra o ego do blogueiro.

Apesar disso, tive várias razões para não aderir aos "memes", algumas bobas e outras mais sérias. Pra começar, sempre tive um certo bode de correntes e, por mais bonitinhos que os selos tentem ser, eles não deixam de poluir a página, como banners (anúncios). Além do mais, ao contrário do que acontece em outros blogs, aqui só são publicados textos escritos por mim, e não me agrada a idéia de começar a colar coisas de fora. Talvez um dia isso mude, mas por enquanto é essa a linha editorial que eu pretendo manter.

Outro motivo que considero relevante é o efeito colateral mais chato dos "memes": da mesma forma que estreitam o contato entre blogueiros, eles também geram animosidades e desafetos. As escolhas que você fizer para receber o selo invariavelmente vão melindrar outros blogueiros que esperavam ter sido citados (sobretudo por serem próximos a você), mas não contaram com sua indicação. Você pode não tê-los escolhido porque não admira os textos deles, mas também porque eles já têm exposição suficiente e você preferiu dar espaço a blogs menos divulgados. Mesmo assim, eles verão aquilo como um gongo e se magoarão por não terem sido reconhecidos.

E, acima de tudo, existe também o fator tempo. Com a rotina puxada que tenho, pra mim já é bastante difícil manter um ritmo de novos posts. Tenho pelo menos dez assuntos diferentes para desenvolver aqui, e não consigo. Se mal tenho tempo de atualizar o blog, que dirá passar uma corrente que me obriga a avisar dez indicados, conferir se cada um seguiu o "meme" corretamente etc. Prefiro usar o pouco tempo livre para escrever textos novos, ou tentar ficar em dia com meus blogs favoritos, que muitas vezes fico semanas sem visitar.

De qualquer maneira, fico muito grato por todos os meus colegas blogueiros que gostam dos meus textos e indicam o meu espaço. Mais do que receber selos ou visitas, o tipo de retorno que me importa, eu já recebo: comentários de ótimo nível (inteligentes, espirituosos, enriquecedores), novas amizades que surgem (no campo virtual e na vida real) e mesmo manifestações de carinho anônimas. Estou muito satisfeito com os frutos que venho colhendo com o blog. E outra: nada impede que eu use este espaço para indicar outros blogs, como já fiz várias vezes.

sábado, 7 de março de 2009

A morte não vale a pena

Depois de crimes chocantes como os do menino João Hélio e do músico Marcelo Yuka, nesta semana nos chocamos com mais um perturbador episódio de violência gratuita. Ao sair de um restaurante na Lagoa, área nobre do Rio de Janeiro, um casal foi abordado por um grupo de assaltantes armados. Mesmo sem esboçar qualquer tipo de resistência (o que tampouco seria uma justificativa), as vítimas foram levadas em seu carro até a Av. Niemeyer e empurradas do alto do precipício. Só não morreram porque, por sorte, tiveram onde se segurar no trecho do barranco em que foram jogados [para quem não tomou conhecimento do caso, mais detalhes aqui e aqui].

No calor da indignação que um crime como esse provoca, a pena de morte pode parecer uma solução tentadora. Nas cadeias superlotadas, criaturas capazes de tamanhas atrocidades, além não se regenerarem, oneram os cofres do Estado e ainda influenciam presos menos perigosos. Se não arquitetarem com os comparsas soltos alguma fuga cinematográfica, serão liberados para passar o Natal com a família e, provavelmente, cometerão novos crimes (o indulto pode ser uma bênção para eles, mas também é um pesadelo para a sociedade). Melhor proteger os cidadãos de bem e se livrar logo desse lixo tão maldito. Se possível, sem enrolação: às favas com o devido processo legal, afinal monstros não têm direitos humanos. Aos poucos, a gente vai limpando a casa.

Mas a coisa não é tão simples. Quem pensa assim não vê os problemas em que essa solução aparentemente eficaz esbarraria. O mais óbvio deles é a irreversibilidade de uma pena que também pode eliminar inocentes: gente incriminada em ciladas forjadas por outras pessoas (bandidos ou policiais), ou mesmo vítimas das trapalhadas do próprio aparelho estatal (que prende pessoas por engano e depois tem que indenizá-las). Depois que o sujeito já cantou pra subir, meu chapa, não adianta mais reparar a injustiça.

Haveria, também, um efeito colateral ainda mais pernicioso. Hoje em dia, os criminosos já são inconseqüentes e insensíveis; com a pena capital, teriam a certeza de que acabariam sendo executados, e aí sim sentiriam que não têm mais nada a perder. Com a própria vida valendo tão pouco, qualquer resquício de consideração que eles ainda tivessem pelas vítimas - freqüentemente vistas como culpadas, como os "bacanas" que têm o que eles não puderam ter - iria pro brejo. Eu vou morrer mesmo, então por que te daria uma chance? E assim viveríamos num verdadeiro faroeste, e sem direito a galã.

É compreensível que a barbaridade diante de tantos crimes estúpidos nos cause revolta e desejo de vingança - todos nós sentimos uma estranha compensação quando vemos na TV que os bandidos foram mortos. Mas temos que acreditar que não é com mais desumanidade que uma sociedade desumana melhora. A classe média acha que matar o bandido resolve, mas o buraco é mais embaixo. Se a lógica do sistema que alimenta a desigualdade social não for transformada, novas levas de criminosos virão, e não haverá paredão que resolva. E viveremos ainda mais acuados.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Próxima parada: Belém? (me ajudem!)

Escrevo este post para pedir um conselho a quem me lê. A TAM está fazendo uma promoção de várias rotas domésticas a 3.000 pontos por trecho, e resolvi aproveitar para viajar no meu aniversário (por ser no feriado de Tiradentes, nunca dá pra fazer grandes comemorações coletivas, já que as pessoas costumam se dispersar). Entre os destinos possíveis (não, não tem nenhum no Nordeste), já excluo de cara Rio e Curitiba, que são próximas o suficiente para pegar vôos baratos, ou até mesmo ir de ônibus. Estive em Vitória há poucos meses. No meio do outono, Florianópolis não deve ter praia, nem nada para fazer. Excluindo algumas outras cidades que não despertaram minha curiosidade, reduzi minha escolha a quatro possibilidades.

A mais confortável delas seria voltar a Porto Alegre. Tenho bons amigos lá e não precisaria gastar com hospedagem. Eu poderia finalmente conferir o tal pôr-do-sol no Guaíba, que era o que eu mais queria ver na cidade, e não consegui porque na minha última visita caiu uma tempestade de quatro dias. Eu comeria de novo aquele prato de gnocchi transcendental da Usina das Massas, daria uma pinta no Brique da Redenção e no Moinhos. E, se meus amigos estivessem livres e dispostos, poderíamos ainda fazer um passeio rápido a Gramado e Canela.

Também já fui convidado para ir a Belo Horizonte, onde eu poderia estreitar minha amizade com algumas pessoas muito bacanas que conheci em São Paulo (e talvez encontrar alguns blogueiros). Estive em BH só uma vez, de passagem numa excursão para as Cidades Históricas, mas tinha apenas 12 anos e lembro pouca coisa de lá. Seria bem bacana redescobrir a cidade, os passeios e comidinhas, e também fazer algumas jogações. Os mineiros que freqüentam o eixo Rio-SP são os mais empolgados ever, então suponho que a noite belorizontina seja um fervo só. Mas será que no feriado a cidade não estará chocha e vazia?

A terceira possibilidade é Brasília. Ainda não conheço a capital do nosso país, sei apenas que a organização do espaço faz dela uma cidade muito diferente de tudo o que já vi no mundo. Tenho ali um casal amigo e mais alguns conhecidos que eu talvez possa ver. No sábado, 18/4, está marcada uma edição da festa Fun!, espécie de X-Demente candanga que tem produção caprichada e gera todo um frisson no Centro-Oeste. Por outro lado, acho que acabaria ficando meio sozinho e dependente demais dos outros, num lugar onde tudo é espalhado e longe e é preciso ter carro, já que não se faz nada a pé e as pessoas não se cruzam na rua.

Por fim, a alternativa mais inusitada de todas é Belém, um destino exótico e distante para alguém que tem os pés fincados no Sudeste. Ir para lá normalmente é caríssimo (tipo R$900 por trecho), então seria uma oportunidade única de conhecer um lugar bem inacessível sem botar a mão no bolso. Mas não conheço ninguém por lá e tenho pouquíssimas referências sobre a cidade: só sei que o tempo é quente e úmido, as Docas reformadas viraram um pólo de diversão e o restaurante Lá Em Casa é imperdível. Não sei como eu me viraria por lá, entregue à própria sorte (é legal? é fácil explorar as atrações da cidade?). Assim como pode ser que eu descubra um povo amigo e hospitaleiro, também corro o risco de acabar passando o aniversário mais solitário da minha vida.

Vira e mexe, meus leitores mostram em seus comentários que são descolados, conhecem o Brasil e o mundo e também adoram dar dicas aos outros. Então, passo a bola para vocês. Dentre essas opções que eu mostrei, o que vocês conhecem e qual delas me aconselhariam a escolher?

[UPDATE FINAL: uau, que fantástico o retorno que recebi de tantos leitores! Muito obrigado a todos pelo interesse e pela ajuda! Infelizmente, as coisas não eram tão fáceis quanto eu imaginava. Para começar, os assentos promocionais em vôos nos feriados - não só no Tiradentes, meu niver - viraram fumaça rapidinho. Pelo número de comentários encorajadores, fiquei convencido de que valia a pena arriscar Belém. Mas pelo visto cheguei tarde: até nos fins de semana comuns não havia mais lugares. Então, vou usar minhas milhas para passar um finde em Brasília e, no Tiradentes, vou de OceanAir para Belo Horizonte. Belém fica para uma próxima, Porto Alegre idem (espero não demorar para voltar!) Obrigado a todos mais uma vez! Aceito dicas de Brasília e BH!]

terça-feira, 3 de março de 2009

Coma fora pela metade do preço

Em tempos bicudos como os atuais, qualquer maneira de se divertir pagando menos é muito benvinda (argh, a nova ortografia!). Por isso, a realização de mais uma edição da Restaurant Week em SP vem bem a calhar. Para quem não sabe, trata-se de uma espécie de festival gastronômico em que diversos restaurantes elaboram menus especiais, com entrada, prato e sobremesa, a preços econômicos. Isso mantém a cena aquecida e ajuda a renovar a clientela das casas.

Neste ano, o número de participantes já passa de cem. Entre os recém-chegados, nomes como Charlô, Sal Gastronomia, Octavio Cafe, Marcel e Boa Bistrô. Os preços dos menus resistiram bravamente à alta dos alimentos: como na edição passada, cobram-se R$25 para o menu de almoço e R$39 no jantar. Em ambos os casos, sugere-se o pagamento adicional de R$1, que será repassado à Fundação Ação Criança. Bebidas e o (sempre dispensável) couvert são cobrados à parte.

É claro que milagres não existem: alguns lugares exageram na simplicidade e montam menus bastante pobrinhos, do tipo salada verde + massa ao sugo + pudim de leite. Em outros, as porções servidas são visivelmente menos generosas do que as habituais. Mas, garimpando entre os cardápios do site - onde há inclusive fotos dos pratos - dá para achar várias opções apetitosas e ficar com água na boca (muita coisa me interessou e já vi que não terei tempo de conferir metade). Como os restaurantes continuam operando com os cardápios normais, nada impede que algumas pessoas da mesa optem pelo menu da RW e outras peçam pratos fora dele. No fim das contas, é uma chance de sair da rotina e testar lugares novos sem gastar tanto.

O evento em São Paulo vai até o dia 15 de março. Depois, participam Rio de Janeiro (20/4 a 3/5), Brasília (6/7 a 19/7) e Recife (20/7 e 31/7). No segundo semestre, uma nova edição paulistana está marcada: de 31/8 a 13/9. Vale o confere.

[UPDATE: testei e aprovei o menu do Bananeira. De entrada, ratatouille de verão (pepino, tomate, manga, castanha de caju, camarões, banana da terra e rúcula selvagem); como prato principal, namorado de Trancoso (filé de namorado em crosta de tapioca, camarão, espuma de coco e arroz de coco com lima da pérsia); e, para fechar com chave de ouro, trio de banana (mini brûlée de banana com gengibre, sorvete de banana com pé de moleque e pastelzinho de banana com açúcar e canela). Tudo bem servido e saborosíssimo! UPDATE 2: também adorei o jantar do Hitam e o almoço do Apriori]