domingo, 30 de setembro de 2007

Esqueçam tudo o que eu defendia aqui

Minha primeira reação foi sentar na frente do micro logo que acordei para falar sobre festa de aniversário da The Week. Mas resolvi esperar um tempinho e fui adiando este post, assim ele sairia menos inflamado e mais objetivo. A verdade é que a noite de ontem foi para mim uma espécie de "choque de realidade", uma maçã que caiu da árvore na minha cabeça e me fez acordar e mudar meu jeito de enxergar certas coisas da nossa noite gay.

Eu sabia bem o que me aguardava e não criei falsas expectativas. Não dava para adivinhar qual superprodução a TW faria no espaço da casa, mas era previsível que ela inventasse alguma coisa nova e mega, como fez. A presença maciça de gente bonita de todos os cantos do Brasil também já vinha sendo alardeada havia meses. E o som do Offer, todo mundo já estava cansado de saber como ia ser. Mas, se eu já conhecia bem o "menu" da noite, não esperava que ele fosse recebido pelo público da maneira como foi.

Depois de tanto oba-oba em cima do nome de Offer Nissim nas rodinhas e nos blogs, tanta expectativa sobre a festa, tantas pessoas se dizendo adoradoras incondicionais da sua "técnica" e seu "carisma", o mínimo que eu esperava era que a casa viesse abaixo diante da biba, que já tem status de superstar por aqui. Eu não achei que ele fosse tocar nada menos "divas" do que ele tocou, muito pelo contrário: pensei que o público fosse ao delírio com as músicas e as dancinhas dele, que tinha fama de interagir com a galera e tal. Não é de "Qué hiciste?" que o povo gosta? Então, eu só esperava ver a casa inteira batendo cabelo junto com ele. Afinal, todo mundo dizia que amava seu estilo musical (que nem estou discutindo aqui).

E eis que eu tive uma grande surpresa: menos de 10% das pessoas que lotaram a casa ontem estava realmente interessada no DJ. Tirando um povinho mais fervido que se espremia no gargarejo para tirar fotos do ídolo, a reação geral era de indiferença com quem estava tocando. Se trocassem o Offer pelo Amado Batista no meio do set, possivelmente ninguém iria perceber. O povo da pista fez o de sempre: virou os olhos, mordeu a boca e queimou os combustíveis da noite, praticamente fazendo a egípcia para o DJ; já o pessoal lá de fora ficou tomando seu arzinho e conversando em rodinhas, alheio a tudo o que pudesse acontecer fora disso.

Não que eles estivessem perdendo grande coisa: Offer Nissim não apresentou absolutamente nada de tão especial que os DJs de casas como Bubu, SoGo e Le Boy não pudessem ter em seus cases (alguém falou em experiência "espiritual"?!) Realmente, não dá pra entender o motivo de tanto frisson - se é para jogar o cabelo e dar tchauzinho lá de cima, Ana Paula faz isso muito bem e cobra bem mais barato. E Offer não faz uma mixagem sequer, ele deixa um disco pré-pronto tocando a noite toda e fica só no truque dançando, dublando e dando pinta.

Agora, quem disse que o público se importou com isso? Ninguém estava nem aí para nada - nem para o som, nem para o show. E esse é o "X" da questão: ontem, finalmente caí na real e percebi que, para quem freqüenta a The Week, a importância do DJ dentro da festa é absolutamente ZERO, nenhuma. Mesmo se esse DJ for o "ídolo" (?) Offer Nissim. Eu sempre achei que o que dava a cara de uma noite era o DJ. Mas estava errado: o DJ é apenas um serviçal que coloca um som ambiente para as pessoas levarem a vidinha delas no automático e fazerem o que vieram fazer ali. Eu, que algumas semanas atrás falei em "culto ao DJ no meio gay", agora pago a língua e reconheço: esse papo é furadíssimo.

Eu vivia defendendo uma educação musical progressiva do público pelos DJs. Torcia para os residentes da TW diversificarem o som, e sempre ia dar parabéns para o João Neto quando ele ousava e acertava. Comemorava a cada vez que a TW trazia o Aldo Haydar de Buenos Aires para tocar. Mas agora, percebo que isso tudo é uma bobagem. Uma perda de tempo. Depois de ontem, infelizmente passei a achar que torrar rios de dinheiro em cachês para o Offer, o Peter Rauhofer e não-sei-mais-quem é um puta desperdício de grana - as pessoas não aproveitam, elas nem escutam a música direito. Muito melhor ficar com os residentes - três belos rapazes que, justiça seja feita, não ficam devendo nada a uma boa parte dos DJs gringos que nos visitam. Ou mesmo com a Ana Paula que, bem ou mal, adora o que faz e dá conta do serviço dela direitinho. Já está bom demais.

Aliás, falando em residentes, eu achava ruim que o Renato Cecin insistia em martelar "Finally", "Born Slippy", "Greatest Love of All" e aquela eterna da Deborah Cox, por anos e anos seguidos, mas que estímulo o público dá para ele se tornar menos óbvio? Nenhum. O Pacheco tem a cultura musical mais sólida entre os três, mas será que ele tem espaço para mostrar o que curte? Claro que não, ninguém nem escuta. Ontem vi a Grá Ferreira tocando na pista 2, tão bonitinha, tão concentrada, mixando certinho, e na hora fiquei superfeliz por ela - mas, depois, tive pena por ela ter entrado nessa num momento em que tão pouca gente vai efetivamente prestar atenção no seu trabalho.

Não pensem que estou triste. Apenas perdi a fantasia. De uma certa forma, me sinto até mais livre. Larguei mão daquela minha constante preocupação com o som. Desapeguei e vou procurar focar em outras coisas. Com as esperanças que perdi, foi-se também toda a vontade de ler blogs gays que discutem o trabalho do DJ fulano, a trajetória do DJ beltrano, o set do DJ sicrano... e mais ainda de escrever, eu, sobre esses temas. Não vou mais ficar aqui discutindo o sexo dos anjos, não vou perder meu tempo falando para as paredes sobre coisas que não interessam a ninguém. Eu é que demorei para deixar isso de lado.

No mais, foi mais uma grande festa feita por uma equipe cada vez mais profissional, mais rica e melhor estruturada, que é motivo de orgulho dos paulistanos diante do resto do país e do mundo. O tom do post pode fazer parecer que não, mas deu para aproveitar bastante sim. Os amigos estavam todos presentes, a área externa é sempre uma delícia (especialmente de manhã) e os melhores corpos vieram em peso. É tudo uma questão de simplificar a vida: agora que entendi a real importância das coisas, vou começar a analisar menos e me divertir mais na The Week, com o que ela tem (que não é pouco). E o que ela não tem, eu vou buscar no Pacha, no Sirena, em Buenos Aires, em Ibiza ou em qualquer outro lugar.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

As idas e vindas de Felipe

Felipe é gay, gosta de dançar e ir a festas, mas sempre teve um problema com boates gays: ele detesta música de divas, tipo bate-cabelo. Por essa razão, quase não ia à Level e, mesmo na The Week, só ficava satisfeito quando vinha algum DJ de fora que fugisse desse estilo, ou quando os residentes tocavam mais pesado. Todas as vezes que o Offer Nissim veio tocar, ele ignorou solenemente. Achou até graça quando os amigos, indignados, reclamaram que da última vez a biba tocou "Joe Le Taxi" no meio do set, cortando a onda de todos. Bem-feito, pensou.

Offer está voltando para o aniversário da TW, e dessa vez Felipe resolveu ir à festa. Não ia dar muita confiança pro DJ, mas também não ia deixar de curtir o basfond. Gente do Brasil inteiro está chegando para bater cabelo ao som daquela cruza de Marília Gabriela e Danuza Leão, e Felipe viu nisso uma oportunidade de se divertir de um jeito diferente do que estava acostumado. Ao invés de se plantar na frente do DJ, ficar cultuando seu som e não dar bola para o mundo à sua volta, ele iria circular bastante pelo clube, ferver e socializar com os amigos e também aproveitar a oferta de caras e corpos de fora. Dane-se o DJ: uma boa festa é mais do que isso, e ele não iria ficar em casa só de birra, enquanto o resto da humanidade gay se divertia.

Mas Felipe não tratou a festa com a seriedade das Nissimaníacas. A boiada avançou sobre os ingressos assim que eles começaram a ser vendidos; ele tinha mais o que fazer e deixou passar. Quando resolveu comprar, descobriu que não dava mais tempo de usar seu cartão Gold, e sem o cartão o preço já estava em $80. Felipe achou um absurdo pagar esse valor por um DJ que ele não achava melhor do que o Paulo Ciotti, e ficou puto porque a TW não abria a bilheteria à tarde para ele usar o cartão. Desistiu de ir. Depois pensou, pensou, e viu que choramingar por $10 era muita penosidade - a festa não valia o que estava custando, mas ele já tinha feito extravagâncias muito maiores. Meio contrariado, reconsiderou: a vodka o ajudaria a achar tudo lindo.

Felipe ia tocando a semana do jeito de sempre, tentando fazer vista grossa para as coisas chatas da vida, quando uma coisa muito legal aconteceu com ele. Uma coisa tão legal, mas tão legal, que de repente o oba-oba em torno da festa do Offer não tinha mais nenhuma importância. Caras novas e corpos ovulantes iriam bombar a cidade, mas a novidade que apareceu em seu caminho o deixou tão encantado, tão saciado e tão pleno de si, que dificilmente os tais $80 trariam prazer maior para ele. Voltou a dar de ombros para a festa. Não faria sentido ficar se espremendo na liquidação do supermercado, se ele já tinha um peru tão saboroso na geladeira de casa.

Essa decisão prevaleceu até a manhã de hoje. Felipe estava fazendo sua série de musculação, quando começou a tocar no som da academia uma música bastante conhecida de uma cantora adorada pelos gays. E então uma inesperada mágica aconteceu: Felipe começou a cantar junto, bater o pé e, quando deu por si, já estava praticamente dançando na frente do espelho, sem se importar se alguém estava olhando. Foi aí que Felipe decidiu, finalmente, que iria à festa do Offer, sim. Ele sempre achou aquelas músicas bagaceiras, mas elas também eram músicas de gente feliz. E, naquele momento, ele estava preparado para dançar e rebolar até o chão.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Meus sanduíches favoritos em São Paulo

Hoje vou falar sobre sanduíches. Quem não gosta de um BOM sanduíche? Lá em casa, eles não são considerados comida, pertencem a uma categoria inferior: "Filho, você come um sanduíche ou prefere comida mesmo?" Inferiores ou não, às vezes não há nada melhor do que simplificar a vida, deixar garfo e faca de lado e comer um bom lanche com a mão.

Aqui estão meus 10 sandubas prediletos em São Paulo - sendo que os três primeiros colocados são paixões absolutas.


1) TOULON @ JOSEPHINE (R. Jacques Félix, Vila Nova Conceição) Com a moda dos wraps, aqueles sanduíches enrolados no pão-folha, esse aqui foi meu eleito. No Toulon, um generoso recheio de cream cheese, shiitake, shimeji, champignons e mussarela de búfala é envolvido num pão finíssimo e crocante, que não tem nada a ver com aquela folha borrachuda usado pela cadeia Wraps. O cream cheese vem na medida: deixa os cogumelos molhadinhos sem transformar o sanduíche numa bomba gordurosa. Pra completar a pinta, o wrap é servido no prato, com uma saladinha de folhas verdes [foto]. Estou salivando só de lembrar!

2) SANDUÍCHE DE FILÉ MIGNON @ MANSOUR (Av. Lins de Vasconcelos, Aclimação) Enquanto o Josephine tem pretensões de elegante, o Mansour é uma típica lanchonete de bairro, bem simplona, quase um pé-sujo. Mas ela tem um daqueles segredos guardados por poucos, que nunca irão parar nas páginas pop da Veja São Paulo: o melhor sanduíche de filé da cidade. A carne é tão macia, tão suculenta e tão saborosa, que já segura o sanduíche sozinha, sem necessidade de complementos. Eu peço com queijo, mas dispenso a salada, porque não quero que nada tire minha atenção do tempero e do caldinho do filé. Nem me importo que o pão seja de hambúrguer e não francês (o 'normal' nesse tipo de sanduíche).

3) LOX @ POP'S BAGEL & COFFEE (R. Bela Cintra, Jardins) Você tem aquelas vontades incontroláveis de comer uma coisa específica, que te fazem mudar os planos e cruzar a cidade, se necessário? Eu tenho essas vontades várias vezes, e o Lox é uma das mais freqüentes (e baratas, porque as outras são mais sofisticadas). É um sanduíche no pão bagel, aquela rosca redonda com um furo no meio que é típica de Nova York (e especialidade do Pop's, que oferece vários tipos). O recheio do Lox leva salmão defumado, cream cheese, rodelas de tomate, aros de cebola roxa (que eu dispenso porque são ardidos) e um delicioso molho pesto (que eu peço reforçado, porque é a alma do sanduíche). Vem com batatas chips - o que, felizmente, me previne de pedir um segundo sanduíche ao garçom.

4) PIC BURGER @ THE FIFTIES (Moema, Itaim, Praça Vilaboim) Entrando na seção de hambúrgueres, este é hoje o meu preferido - por descuido do General Prime Burger, que era o nº 1 e caiu alguns degraus no ranking. Uma das estrelas do cardápio, o Pic Burger é feito com carne de picanha moída, bem suculenta, queijo prato bem-servido, alface ralada, microcubinhos de cebola e um molho especial meio rosé que, numa simplificação grosseira, é o primo evoluído do molho do Big Mac. O sanduíche é bem úmido e tão robusto que não consigo nem pensar em batatas fritas. Muito menos no excelente milk shake Fifties, com um toque de licor de cacau misturado ao sorvete de chocolate, outro destaque da casa.

5) CAMANDUCAIA @ SINHA MOÇA CAFÉ (Av. Paulista). Numa galeria próxima ao Conjunto Nacional, esse café é um daqueles lugares onde você vai para se agradar com algo bem gostoso e, em geral, engordativo. O pavê de amêndoas com muito leite condensado e o bolo de laranja com baba-de-moça são exemplos. Como não posso desestabilizar a balança todo dia, fico com os sanduíches, sempre caprichados. O Camanducaia leva peito de peru, mussarela de búfala, requeijão light e tomate seco, num pão ciabatta bem macio. Aliás, é impressionante a variedade de sanduíches que a casa consegue inventar com os mesmos ingredientes de sempre.

6) HAMBÚRGUER DE FRALDINHA COM MOSTARDA DE ERVAS @ GENERAL PRIME BURGER (R. Joaquim Floriano, Itaim Bibi) Quando o GPB começou a funcionar, conquistou na hora o troféu de melhor hambúrguer de São Paulo pela minha votação particular. Você escolhe a carne entre vários tipos (picanha, fraldinha, vitelo, cordeiro, calabresa e outros, todos com a grife Wessel), o queijo (prato, emmenthal, mussarela ou cheddar) e ainda incrementa com uma infinidade de molhos possíveis - vinagrete, mix de funghi, barbecue, pesto, iogurte com hortelã, cole slaw, chimichurri, curry com maçã... Minha combinação campeã é fraldinha (mais leve que a picanha), queijo emmenthal e molho de mostarda com ervas (divino). Mas a casa andou derrapando na qualidade nas minhas últimas duas visitas e por isso perdeu a liderança...

7) HAMBÚRGUER COM CREME DE CHAMPIGNON @ JOAKIN'S (R. Joaquim Floriano, Itaim Bibi) Para quem, como eu, é louco por strogonoff, esse hambúrguer é uma bênção: vem com um molho de strogonoff bem consistente e temperadinho, e champignons fatiados. Pedindo com batatas fritas, é o casamento perfeito. Um dos sanduíches que remetem à minha infância. O Joakin's não tinha passado pelas reformas que deixaram a casa tão bonita e incrementada, mas as filas nos finais de semana já eram cruéis. Ainda bem que a casa fica aberta aos sábados até as 5 da manhã.

8) BEIRUTH @ FREVO (Rua Augusta e Rua Oscar Freire) Como já citei o Joakin's na lista, na hora de falar de beirutes vou fazer uma homenagem a um dos mais tradicionais de São Paulo: o do Frevo. Firme e forte na memória afetiva dos paulistanos desde 1956, o Frevo da Oscar e o Frevinho da Augusta embalaram os romances adolescentes de nossos pais e continuam fazendo as cabeças com os mesmos honestos sanduíches no pão sírio - o cardápio da casa conserva o jeitão antiquado de sempre. Peço o de presunto, clássico até dizer chega: com queijo, tomate, alface e um toque de maionese caseira que só as casas antigas fazem. E para beber, um bom frapê de coco - aqui, as coisas não mudam nunca, e é bom que seja assim.


9) HAMBÚRGUER DE PICANHA RETANGULAR @ LAMBRETTA (R. Renato Paes de Barros, Itaim Bibi) O Lambretta é um misto de café e lanchonete superfofo, que passa batido em meio às sanduicherias megalomaníacas do Itaim. O lugar é intimista, com luz mais baixa e sofás vermelhos, e você pode ficar lendo revistas enquanto o sanduba não chega, bem clima de café mesmo. Os pãos tipo focaccia que eles fazem lá mesmo dão base para ótimos sanduíches - meu predileto é o hambúrguer de picanha, que vem suculento e coberto de mussarela de búfala, folhas de rúcula e pasta de tomate seco, e é provavelmente o único hambúrguer retangular da cidade [foto].

10) QUITANDINHA @ LANCHONETE DA CIDADE (Al. Tietê, Jardins) A Lanchonete da Cidade é uma beleza, acho lindo o ambiente da casa, inspirado no estilo modernista dos anos 50. E os milk shakes de lá são uma coisa de louco: entre o de chocolate com calda de brigadeiro e o de doce de leite com calda de nutella, fica difícil dizer o mais gostoso. Como eu me recuso a abrir mão desses prazeres, tento equilibrar o impacto calórico pedindo o Quitandinha, um hambúrguer vegetariano que, por incrível que pareça, é gostoso - a "carne" é um prensado cremoso de grãos e legumes e vem com mussarela de búfala, rucula e tomate seco, num pão de hambúrguer integral. Para aplacar o sentimento de culpa na maior cara-de-pau.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Creamfields Rio: quem não tem cão...

Para quem não está disposto a ir até Buenos Aires se jogar no Creamfields, um prêmio de consolação pode ser a edição carioca do festival, que rola dia 1° de dezembro, no Riocentro. Se ainda não pode ser comparado com o gigantismo e as atrações de seu primo argentino, o Creamfields Rio de Janeiro vai aos poucos crescendo e se firmando: já tem dois palcos e duas tendas.

O foco principal, como em 2006, continua sendo o psy trance - gênero cultuado por toda uma nova geração raver que vem se multiplicando silenciosamente no Rio. Para esse público, há uma tenda exclusiva (a Arena Euphoria), além da apresentação da adorada dupla Infected Mushroom fechando o palco principal. Mas fãs de outros gêneros também podem se animar: tem house (Leo Janeiro, Markinhos Meskita, Márcio Careca), techno (Mau Mau, Maurício Lopes), electro (Tiga, Breno Ung & Renato Bastos), dance medonho de FM (Benny Benassi) e até um pouquinho de progressive (Sharam e Danny Howells, infelizmente tocando ao mesmo tempo em tendas diferentes). Mas informações aqui e aqui.

E a produtora do Creamfields brasileiro não se dá por satisfeita. Fará outras edições do festival em Belo Horizonte e Balneário Camboriú, além de uma série de festas de "aquecimento" em clubes das principais capitais do Sudeste - a primeira delas, em 11/10, recebe Chris Lake, autor do hit "Changes", na The Week Rio. E, no verão carioca, trará Paul Van Dyk, Armin Van Buuren, Fatboy Slim e, no sábado de carnaval, Deep Dish e David Guetta, num evento que deve ser a alternativa para o tribal da X-Demente. É o Rio finalmente entrando de vez no circuito dos top DJs mundiais.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Creamfields BsAs 2007 solta principais atrações

Depois de muito suspense, a produtora 2Net finalmente divulgou, na noite da última segunda-feira, os principais headliners da sétima edição do festival de música eletrônica Creamfields, que acontece no dia 10 de novembro em Buenos Aires, na Argentina. Neste ano, o evento deixa o gigantesco descampado da Costanera Sur para se instalar no Autódromo de Buenos Aires, em Villa Lugano, região sudoeste da cidade. Uma locação mais adequada para a muvuca de mais de 60 mil pessoas que transformava a Costanera num caos.

O lineup divulgado no site do festival ainda é parcial, mas já suficiente para animar os clubbers daqui a reservar seus pacotes para a capital argentina. Como era de se esperar, o progressive house - gênero mais popular na cena portenha - está bem representado, em nomes como John Digweed (o pai do estilo, junto com Sasha), Dubfire (metade do duo iraniano Deep Dish, que parou de discotecar junto) e os semideuses locais Hernán Cattáneo e Martín García - que costumam garantir alguns dos melhores momentos do festival em suas apresentações apoteóticas. Quem prefere um som mais moderno pode se esbaldar com as duplas Tiefschwarz e 2ManyDJs e o excelente Mark Farina. E o pula-pula da multidão está garantido pelo techno funkeado do negão ensandecido Carl Cox, atração mais importante desta edição junto com a dupla Chemical Brothers (que está promovendo seu disco novo).

Se esse pacote de DJs é bastante respeitável e vale o preço da viagem, não dá para deixar de dizer que, em termos de ineditismo, o Creamfields 2007 deixa muito a desejar. Todas as principais atrações são velhas conhecidas do público argentino (não há arroz-de-festa maior que o LCD Soundsystem) e também já passaram pelo Brasil. Não que eu esperasse vanguarda ou experimentações de um festival que já nasceu comercial, mas a sensação de déjà vu desse lineup acaba dando a falsa impressão de que nada de novo acontece na música eletrônica. Em nome do retorno garantido, o Creamfields está cada vez mais conservador.

Lá pelo começo de novembro, se a mobilização dos brasileiros para Buenos Aires estiver alta, farei aqui um roteiro completo para meus leitores, com dicas da cidade e do festival, no mesmo estilo do guia que fiz em junho para a Parada Gay de São Paulo. Vamos ver...

domingo, 9 de setembro de 2007

Em todos os lugares e em lugar nenhum

O Rio de Janeiro bombou nesse feriado, já começando a contagem regressiva para mais um bafônico verão carioca. Ainda não tinha muito gringo, mas uma boa parte das bunitas que moram em SP, BH e adjacências foi prestigiar as festas. Na sexta, a pool party da Rosane rolou bem e a E.njoy com o Tony Moran também; no sábado, do duelo entre The Week e X-Demente ambas saíram ganhando, sendo que quem começou na festa da Marina da Glória acabou emendando no clube de André Almada, onde o tribal pesadão do Isaac Escalante parecia ainda mais pesado para quem tinha acabado de ouvir o som happy do Chris Cox. Entre uma jogação e outra, Ipanema ovulou como sempre, sendo que o Cafeína parecia um daqueles bares da Reguliersdwarsstraat, em Amsterdã, com suas mesinhas na calçada apinhadas de bibas.

São Paulo teve um calorzinho gostoso de dia e umas noites deliciosas. Na quinta A Lôca teve uma noite histórica, com um pessoal muito mais bonito do que o habitual se espremendo pela casa lotada ao som de um electrohouse babadeiríssimo (e as já clássicas baixarias na fila do banheiro). O feriado não impediu o D-Edge de lotar na sexta, nem a The Week de lotar no sábado. E teve quem encarou o congestionamento pro litoral para se jogar na pool party da The Club, com aquela vista absurda do alto da Ilha Porchat.

Salvador viu sua Parada Gay manter o ritmo de crescimento das edições anteriores. Antes do ato em si, tinha muita jogação boa rolando na cidade. A Off finalmente reabriu, com Robix da TWRJ na estréia - tinha gente saindo pelo ladrão. No sábado de manhã, os descolados foram fazer um after lá na Praia do Forte, com DJs do Pacha de SP e do Warung no som e aquela combinação perfeita de house music incrível e gente linda que os bons verões de Ibiza, Maresias e Praia Brava têm. Teve ainda uma festona no Cais Dourado, uma das boas locações da cidade para festas, e um festival eletrônico de três dias numa cidade próxima. Tudo isso para entreter aquela homarada linda antes da Parada.

Brasília resolveu espantar o baixo-astral típico dos feriados, quando a cidade fica vazia, e fez festa atrás de festa. A Blue Space deles fez uma parceria com o Fernando Toledo, que produz a label party Fun!, e com isso a pista da boate recebeu, em três dias, Eric Cullemberg, Herbert Tonn, André Queiroz e um inspirado back-to-back de Renato Cecin e João Neto. Uma promoção da GOL, oferecendo de graça a passagem de volta para quem fosse a Brasília, ajudou a alavancar o ibope do feriado candango.

Em Floripa o astral ficou meio deprê por causa do no show do top Peter Rauhofer, que estava bookado para tocar numa festona da Concorde no Floripa Music Hall, na sexta. Ainda assim, o fervo rolou. O povo que veio de perto e de longe pra ver o careca amargo acabou se virando com o que tinha: duas festonas concorrentes no sábado, o basfond habitual da Praia Mole, e mais Parada Gay no domingo - com direito a open bar no trio elétrico da Concorde (imagina se a TW fizesse isso em São Paulo... os aborígenes iam comer até os pneus do carro do trio!)

Não faltou agito para ninguém nesse feriado. Foram muitas as opções para ver e ser visto, dançar música boa, beijar na boca e estar com os amigos. Mas eu não estive em nenhum desses lugares. Na verdade, não ponho o pé fora de casa desde quinta-feira. Tive que abdicar da curtição e me dedicar integralmente à avalanche de pendências do trabalho e da faculdade. Claro que foi pesado, mas é a velha história: plantar agora para colher no futuro. Mais importante do que não perder esse feriado, é um dia eu poder levar a vida que eu quero, fazendo o que eu gosto. E isso não tem preço. Se algo me consola, pelo menos não precisei estar em nenhum desses lugares para saber exatamente como foi...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Meus cinco minutos de fama

Há alguns meses atrás, meu antenadíssimo amigo Ricardo Gaioso resolveu montar um site. Nas palavras desse goiano com um pé no mundo, "OPEQUI.COM é uma espécie de site de referência, que dá uma peneirada na tralha e detalha numa lupa o que existe de legal, ultimamente. Uma bandinha que você adora e pouca gente conhece, um boteco bacanudo na esquina da sua rua, o capeletti daquele italiano diliça, um vilarejo incrível no trajeto SP-Rio. Tudo que anda sendo legal de vestir, ouvir, assistir, onde comer, encontrar o pessu [sic]. Quem traz o conteúdo é todo mundo. O carro-chefe do site vai ser as entrevistas com gente normal e formadores de opinião, com dicas-segredo, um bate-papo despretensioso e engraçado".

O site foi ao ar no dia 2 de julho e, de lá pra cá, tem sido atualizado quase todo dia. Tem um pouco de tudo mesmo: tecnologia, consumo, arte, tendências - sempre em poucas palavras, em textos rápidos. O visual é um destaque à parte: as imagens são todas de muito bom gosto e o template criado pelo Maltchique (outro amigo pra lá de talentoso que arrasa no webdesign) é lindo, bem no estilão dele.

E eis que numa dessas "entrevistas com gente normal e formadores de opinião", o escolhido para responder as perguntas do site fui eu. Para quem lê este blog, e sabe que não sou de me expor muito aqui, é uma chance de ver o tal do Introspective mostrando a cara - e ainda conhecer um site bem bacana, leve e variado. Cliquem aqui.