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A decoração da casa inclui uma fachada em estilo art déco, paredes com rebuscadas esculturas em alto relevo, painéis que imitam a fuselagem de um navio, um corredor de espelhos com desenhos de escamas de peixe, um aquário no final da pista e um cavalo-marinho gigante na área externa. Tudo é tão cenográfico que, em um primeiro momento, eu me senti em uma daquelas suítes temáticas de motel. Aos poucos, fui entrando no clima e entendendo melhor qual era a proposta do lugar.
A opulência visual do Yacht parece ilustrar uma mudança de paradigma na noite paulistana. Sai o minimalismo low profile de casas como D-Edge e Sonique e entra a retomada de uma estética kitsch, teatral e exagerada - movimento que foi iniciado pelo Lions e amplificado pelo The Society. Nesse contexto, o que era considerado francamente over e cafona há poucos anos ressurge como desejável. A nova ordem sugere mais glamour e montação - como talvez tenha sido a atmosfera dos clubes do final dos anos 70, de onde vieram os equipamentos de iluminação do Yacht, restaurados de casas antigas.
No fim das contas, a vida é feita de ciclos e tudo que some, um dia, reaparece: até o cinto tressê voltou a ser tendência (e não deve demorar a dar as caras por lá, pelas mãos das fashion victims de plantão). Eu acredito no potencial do Yacht. Com ousadia e originalidade indiscutíveis, a casa deve fazer uma bela carreira dentro do seu nicho. Só não dá para ir lá usando nada listrado - a overdose navy é tão intensa que você periga ser confundido com parte da decoração.
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Um comentário:
Pelo que vi nas fotos da abertura, o que mais tinha era gente listrada. Várias pessoas acreditaram na necessidade do dress code e com muita coragem foram a caráter.
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