quinta-feira, 29 de junho de 2017

Um latte de responsa em Amsterdam


Eu devo ter tomado mais café nos últimos 12 meses que nos 38 anos anteriores. Na verdade, eu nunca liguei muito para café. Mas percebi que uma xícara de café com leite e adoçante reduzia minha vontade de comer doce, e usei isso como truque para controlar o peso (deu certo!).

O que eu não esperava era me encantar pela cremosidade de um bom latte de tal forma que passei a caçar bons cafés em São Paulo e também nas cidades estrangeiras que visito - e nesses lugares, acabo me deparando com outras comidinhas incríveis!


Aqui estou eu me despedindo de Amsterdã e das minhas férias, comendo um estupendo French Toast, que aqui significa um misto quente feito em pão de brioche alto e fofo, com queijo gruyère, presunto e uma cebola roxa doce curtida para dar um chica-chica-bum - e, claro, um latte de responsa no arremate. Tem um balcão de bolos incrível para eu escolher algo para comer no aeroporto mais tarde.


Para quem se interessou, estou no Bakers & Roasters, que tem um dono neozelandês e outro brasileiro, o que significa açaí e refrigerante de guaraná no cardápio para quem quiser matar as saudades do Brasil (não é meu caso... saudade por enquanto só tive da minha mãe e dos meus amigos! Risos). Fica perto dos museus, da Leidseplein e do bairro De Pijp.

domingo, 25 de junho de 2017

A Tailândia respira fundo e desacelera em Koh Phangan

Sai o baldinho de vodca com energético, entra o cappuccino vegano. Koh Phangan não poderia ser mais diferente de Koh Phi Phi. Enquanto na outra ilha a missão geral é ter férias mutcho lôcas (e correr para chegar ao recanto escondido antes dos barcos cheios de turistas), aqui a dinâmica é desacelerada, quase zen: muito verde, boas doses de contemplação e uma quantidade enorme de estúdios de ioga, spas e clínicas de massagem. Bem-estar é a palavra de ordem.

Na costa, enseadas e baías desenham praias aconchegantes, de mar muito raso e morninho, perfeitas para famílias com crianças pequenas. Elas são circundadas por charmosos hotéis, pousadas e restaurantes pé na areia, além de alguns chalés particulares com arquitetura de bom gosto, cravejados nas encostas cobertas de vegetação tropical.



Para se deslocar em Koh Phangan e visitar suas diversas praias, o modus operandi é parecido com o de Florianópolis: alugar um carro (ou scooter) e percorrer estradinhas sinuosas de pista simples que, entre uma serra e outra, são pontuadas por pequenos comércios e lojas de conveniência. Até nisso a ilha é o contrário de Koh Phi Phi, onde carros sequer circulam e tudo se faz a pé.

Aliás, perder-se em comparações com Koh Phi Phi pode acabar sendo uma armadilha. Num primeiro momento, é fácil ceder ao impulso de procurar outro mar tão turquesa ou a próxima beleza arrebatadora da viagem e se frustrar, concluindo apressadamente que esta ilha "nem é tudo isso". Talvez não seja mesmo: há praias mais bonitas em vários outros lugares, sobretudo no Brasil. Mas é só questão de achar os lugares certos e se apaixonar.


Pode ser aquele almoço despretensioso, e por isso mesmo surpreendente, num deque de madeira à beira-mar, ou a massagem mais intensa e revigorante que você já experimentou. Ou um copo de lassi indiano para refrescar depois da meditação. Cada um tem sua receita para gostar daqui - até mesmo a galera do baldinho, que desembarca uma vez por mês para se acabar na Full Moon Party, espécie de rave adolescente que ocupa uma praia isolada e não chega a perturbar a calmaria que impera no resto da ilha.


Depois de três semanas girando pela Ásia, Koh Phangan foi a etapa derradeira, de descanso e tranquilidade, que me colocou nos eixos para voltar com tudo ao batente no segundo semestre.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Koh Phi Phi: o "paraíso" do filme tem suas pegadinhas


Koh Phi Phi entrou no mapa do turismo mundial depois que Maya Bay, uma baía de água verdinha cercada por três enormes falésias de rocha, foi usada como locação no filme A Praia, de 1999, estrelado por Leonardo DiCaprio. E o principal destaque desse destino tailandês é mesmo o mar em tons de esmeralda e turquesa, que enche as fotos daquela beleza que faz qualquer um sonhar com as próximas férias.


As praias da ilha rendem um banho de mar supergostoso, mas o que realmente vale a viagem são visitas a localidades acessíveis apenas por passeios de barco, das quais Maya Bay está longe de ser a mais bonita - Losamah Bay e Pi Leh Lagoon, que fazem parte do mesmo circuito, colocam Maya Bay no bolso, fácil. Assim, se você fica desconfortável com a ideia de subir em um barquinho de robustez incerta que balança um bocado com as ondas, talvez Koh Phi Phi não seja sua melhor escolha.


Além disso, verdade seja dita: a expansão do turismo desenvolveu bem a estrutura de serviços do local, mas sem um pingo de charme. O centrinho da ilha é um amontoado de ruelas estreitas e feiosas, poluídas por placas e cartazes oferecendo refeições baratas, camisetas, cursos de mergulho e massagens.

O foco parece ser principalmente no público de 18 a 25 anos, que ali desembarca aos montes, com mochila nas costas e a vontade de viver tudo ao mesmo tempo, emendando a praia com o passeio de barco open-bar, seguido de uma tatuagem nova, um bar com mesas de sinuca e drinks servidos em baldes. Aventuras de um destino onde os poucos dólares e libras ganhos no começo da vida adulta já bancam férias inesquecíveis.


Não vejo problema nenhum nisso tudo; é só não fazer comparações com outros destinos e buscar em Phi Phi qualidades que você viu e apreciou no seu balneário preferido do Mediterrâneo, ou em alguma vila de praia de pegada rústico-chique do Nordeste brasileiro. Sem falar que esse jeitinho desencanado de Phi Phi tem um lado bom: além de poder ficar de Havaianas 24 horas por dia, você come por preços menores que os de Bangkok, e usa o dinheiro economizado para pagar os tais passeios de barco.


Quem estiver indo pra lá numa vibe casal/família/sossego será mais feliz escolhendo um hotel afastado da bagunça - percorrendo a baía de Tonsai na direção oeste, dá para encontrar tranquilidade e ângulos mais bonitos, e quinze minutos de caminhada já são suficientes para garantir seu jantar (mas não perca a hora, pois às 22h as cozinhas já fecharam).

Vale avisar, ainda, que os tesouros que se revelam nos passeios são prainhas e baías muito pequenas, que simplesmente não dão conta da multidão de visitantes despejada pelos barcos nos meses e horários de pico. Indo na baixa estação, tive que encarar algumas oscilações de sol e chuva, mas consegui aproveitar e curtir bem o visual de cada lugar (mas para tirar a foto em Maya Bay sem ninguém no fundo, tive que acordar às 5 da manhã e zarpar às 6...). Na alta temporada (dezembro a março), provavelmente eu teria tido mais estresse e menos diversão.


Foi ótimo conhecer (e desmistificar) Phi Phi - pular do barco nas águas incríveis de Losamah e Pi Leh foi um dos pontos altos da viagem até agora. Mas eu não teria esticado a estadia ali se pudesse. Ao final de três noites, eu já havia feito os passeios que importam, curtido bem a piscina do hotel (um excelente plano B quando o tempo fechava) e comido em todos os lugares do centrinho dos quais eu fui com a cara. Numa segunda visita à Tailândia, certamente serão outras as ilhas para eu explorar.

terça-feira, 20 de junho de 2017

O quebra-cabeça metereológico do Sudeste Asiático


Na hora de planejar um giro pelo Sudeste Asiático, um fator determinante na montagem do roteiro é o mês escolhido para a viagem. A região é afetada pelo fenômeno climático das chuvas de monções, que caem sobre cada país em uma época diferente do ano. Não é só questão de dar ou não dar praia: em dias intensos, pense em São Pedro trabalhando no modo "tiro, porrada e bomba", com tempestades, alagamentos, estradas e aeroportos fechados e localidades isoladas por vários dias. Não é o que você vai querer para as suas férias, certo?

Definido o mês de junho, passei a traçar um itinerário que mesclasse nossos interesses (metrópoles e cidades menores, gastronomia, praia, história e arquitetura) e fugisse o tanto quanto fosse possível da chuva. Bangkok e o Camboja já estavam no início da fase úmida, mas a chuvinha foi pontual e não atrapalhou (até refrescou).

Hoi An estava com tempo bastante firme (e quente), ideal para passear e fotografar; ali, a temporada molhada vai de novembro a abril. Nesses meses, quem quiser encaixar um destino na categoria "cidade pequena e fofa" faz melhor negócio escolhendo Luang Prabang, no Laos (que agora em junho está em chuvas). E se quiser conhecer o Vietnã, melhor trocar Hoi An por Hanói e fazer um passeio a Halong Bay.


No caso das ilhas da Tailândia, a jóia da Ásia para quem é fã de praia, as duas costas têm monções em meses diferentes. Agora é época seca no lado leste e molhada no oeste. Meu amigo queria muito conhecer a famosa Koh Phi Phi, que fica no oeste; como sabíamos que haveria risco de chuvas, para garantir sol e diversão achei melhor dividir nosso tempo entre os dois litorais, e daqui seguimos para Koh Phangan, no lado oposto, que está em época seca.

Bem, chegamos ontem a Koh Phi Phi e demos sorte: céu azul e mar em tons de esmeralda e turquesa. Aproveitamos o tempo bom e fizemos logo um passeio de barco a Bamboo Island e Mosquito Island. Hoje, amanheceu nublado e a chuva vai e vem.

Felizmente, meu amigo teve o cuidado de escolher um hotel com uma piscina de borda infinita que dá de cara para a bela baía de Tonsai; então, mesmo se o tempo não abrir à tarde (com este mormaço indefinido, tudo é possível), acho que não terei do que reclamar da vida...

domingo, 18 de junho de 2017

A magia do riozinho de Hoi An



Um rio que corta o centro da cidade deixa qualquer lugar mais interessante, e com Hoi An, no Vietnã, não é diferente. O rio Thu Bon é uma vista agradável para se contemplar a partir dos terraços dos restaurantes do entorno, ou em passeios a pé, de bicicleta ou barco. Mas é no finzinho da tarde que a mágica de Hoi An acontece.


Pouco depois das 18h, quando o céu já está quase na penumbra da noite, surgem pessoas oferecendo velas dispostas em barquinhas de papel coloridas. Você então contrata um barco e, de dentro dele, deposita essas barquinhas no leito do rio, formulando um pedido para cada vela acesa.


Aos poucos, o rio vai sendo tomado por barcos indo em todas as direções, espalhando barquinhas acesas em suas águas, em que os últimos raios do dia ainda se refletem. Casais de noivos aproveitam o cenário deslumbrante para registrar vídeos e imagens para seus álbuns de casamento e, claro, lançar velas ao rio, pedindo muitas bençãos para a nova etapa de suas vidas.


Dentro e fora do rio, Hoi An fica toda acesa, iluminada, em polvorosa, com famílias inteiras nas ruas, ocupando mesas nos bares e restaurantes e enchendo de movimento as barracas que vendem as lanternas típicas.


Esse foi o "fator uau" que me conquistou nesta cidade tão especial, da qual me despeço agora.

sábado, 17 de junho de 2017

Comidinhas vietnamitas de lamber os beiços!

Quando vou para Berlim, se me deixarem eu almoço e janto em restaurantes vietnamitas todos os dias. Chegar ao Monsieur Vuong ou ao Good Morning Vietnam, ambos no Mitte, e pedir crispy rolls de entrada antes de devorar algum prato do dia é um dos meus pequenos rituais de viagem. Claro que eu ia me refestelar no Vietnã em si, ainda mais em uma cidade com gastronomia tão rica como Hoi An.

Este lugarzinho de paredes amarelas puídas é fofo até no nome - chama-se The Little Menu! - e faz os melhores crispy rolls de pato da cidade. A textura dessa massinha, formada por vários pequenos filetes crocantes fritos, é algo inacreditável. Dá vontade de pedir uma porção atrás da outra.

Mas resisti à tentação de repetir os rolinhos. Em vez disso, pedi um bun chã, porção daquele mesmo macarrão vermicelli de arroz que se usa no phô que conhecemos do Bom Retiro, mas aqui fresco e à temperatura natural, para se comer com pedaços de frango e pato, salada e aquele molhinho mágico, feito de fish sauce e nuóc cham, que ilumina tudo (acho que não dá pra traduzir, nem encontrar esses temperos no Brasl; corrijam-me se eu estiver errado).

Outro lugar que vai deixar saudades nesta pequena potência gastronômica é o Cargo Club. Estas entradinhas... a da esquerda são crocantes won ton de carne de caranguejo desfiada com ervas e temperinhos; à direita, White Rose dumplings de camarões e vegetais, com raspas de alho crocantes; as duas levam aquela "xuxada" generosa no tal molhinho mágico, ao mesmo tempo picante e levemente adocicado, antes de se desmancharem em sabores na boca. Ai ai ai!

Depois ainda teve espaço para esta estupenda pork belly (barriga de porco) em caramelo de cinco especiarias, que estava desmanchando ao toque do garfo. Uma coisa! Aliás, sempre gostei de aproveitar minhas viagens para comer muito camarão e frutos do mar, mas fiquei surpreso com a quantidade de pratos marcantes que comi na Ásia com porco.

Um dos quitutes icônicos do Vietnã, o bánh mí é um sanduíche de baguete (trazida pelos franceses) recheado de carne de porco ou frango, mais pepino, cenoura, coentro e algumas pimentas. É lanche rápido para se fazer a qualquer hora.

Este bánh mí em particular virou figurinha carimbada em vários roteiros de viagem depois que o chef-celebridade Anthony Bourdain o classificou como o melhor do mundo. Custa 20 mil dongs (menos de um dólar) e leva um monte de molhinhos, ervas e patês que valorizam ainda mais o gosto do pernil e dão liga ao sanduíche. É picante, mas não incendiário, e bem saboroso. (Por via das dúvidas, mantive a garrafinha de bebida à base de leite de coco ao alcance da minha mão, para qualquer eventualidade!)

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Praia no Vietnã?!



Praia no Vietnã?! Ué, e por que não? Ainda mais quando é do jeito que eu gosto: com aquele mar piscininha, nem quente e nem frio, bom para ficar boiando e se esquecer da vida. Só não dá para esquecer o filtro solar: temos 36 graus hoje e zero nuvens no céu - e a simpática ambulante disse que quando o verão chegar, daqui a cerca de um mês, serão 10 graus a mais no termômetro. Ui!


An Bang fica a cerca de 4 km do centro de Hoi An e tem um costão reto, pontuado por beach bars que cedem sua estrutura de choupanas de palha e espreguiçadeiras de madeira a quem nelas consumir. Os drinks têm precinho amigo: VND 85 mil, cerca de US$ 4, metade do que custariam no Brasil e sem o risco de ter de ouvir à força um estilo musical que não é do seu agrado.


A única preocupação aqui é não esquecer os chinelos antes de atravessar as areias ardendo em brasa até o mar - no qual os asiáticos, descomplicados, entram de roupa e tudo, com direito a óculos de sol, chapéu e até tiara.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Eles perdem o amigo... mas não perdem o negócio!


Mistura de feira de rua e mercadão, o Central Market de Hoi An tem de um tudo: frutas e legumes, peixes frescos, noodles (fios de macarrão) feitos ali mesmo, temperos de todos os tipos. Com tanto estímulo gritando aos olhos ao mesmo tempo, o cenário é uma delícia de fotografar. Mas não se pode passar incólume aos vendedores.

"Hello, what you looking for?"
"Nada não, estou só passeando."
"Compre estes temperos, coisa boa, muito bons."
"Parecem ótimos, mas eu não sei cozinhar nada!"
"Então leva o pó de café. Sente esse cheiro, café bom!"
(Cheirando) "Hum, bom mesmo. Mas eu sou do Brasil, nosso café também é bom. Além disso, agora a classe média só quer saber de Nespresso."
"Leva então um Tiger Balm!" (espécie de pasta de cânfora usada para aliviar dores; nas festas eletrônicas da Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, a galera sem camisa adorava passar um pouco dessa pomada na nuca e jogar água em cima, para refrescar. Isso em 2001! Bons tempos...)
"Não, moça, obrigado."
"Então vamos comigo ali na loja do meu cunhado. Alfaiate bom, terno bom, o senhor vai gostar."
"Ih moça, mas meu país é quente como o Vietnã. Não quero comprar terno!"
"Tecido leve, roupa de algodão! Não esquenta nada... Vamos, por favor!"

Os comerciantes asiáticos são mesmo implacáveis.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Vietnã: batendo perna na Cidade Antiga de Hoi An

 


O centro antigo deste bijuzinho de cidade que é Hoi An é dominado por casinhas amarelas, com varandas cheias de plantas e flores, que inspiram paz e aconchego. As típicas luminárias de papel coloridas que são a marca do lugar enfeitam até o interior de algumas butiques.


Há algumas construções históricas dos séculos 18 e 19, fruto da imigração japonesa e chinesa à região, que podem ser visitadas com uma cartela de cupons que custa 120 mil dongs (cerca de US$ 7). As mais impressionantes são os assembly halls que os chineses ergueram ali como lugares de oração e convivência. Neles, visitantes do mundo todo pedem uma forcinha para alcançar o que lhes falta, em um belo ritual.


Funcionários do templo escrevem em cartolinas os nomes dos familiares, sua cidade e o que pedem; essas cartelas são presas a enormes incensos em forma de espiral, que são pendurados no teto do templo e acesos, consumindo-se lentamente, para que os desejos sejam realizados.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Siem Reap, a bolha turística do Camboja

 
O Camboja até tem outras atrações, como a ilha de Koh Rong, com praias paradisíacas como as da Tailândia, ou os vestígios da colonização francesa da capital, Phnom Penh. Aqui em Siem Reap, porém, tudo gira em torno de Angkor Wat - se você não tem interesse ou ao menos curiosidade por ruínas, este não é um destino para você.

Entre uma visita e outra ao enorme complexo, os visitantes se recuperam em centros de massagem ou na piscina do hotel e se jogam nos bares e restaurantes da região conhecida como Pub Street, espécie de centrinho nervoso do lugar, com cada centímetro disputado por pedestres e motos que puxam tuk-tuks improvisados.

À primeira vista, tudo parece voltado apenas para mochileiros e a molecada, com carrinhos que vendem comida e drinks a US$ 1, bares com música comercial bem alta e mercados abarrotados de camisetas, badulaques e bolsas de pano de qualidade duvidosa.

Com um olhar mais atento e um pouco de pesquisa, porém, dá para garimpar cantinhos mais serenos, boas opções gastronômicas da Ásia e do Ocidente e até hotéis de charme. Vou lembrar com carinho da culinária de sabor local do Khmer Kitchen, das massas do Il Forno e do delicioso sorvete italiano de caramelo com café do Gelato Lab.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Camboja: aventura extenuante nas ruínas de Angkor


O complexo de ruínas de Angkor, principal atração turística do Camboja, é uma verdadeira aula de fotografia. Se ao vivo a imponência do que restou do império Khmer ainda impressiona, tanto gigantismo simplesmente não cabe na foto - nem no sentido literal, nem no figurado.


A ação do tempo dilui contornos e deixa tudo negro e cinza, o que torna ainda mais difícil produzir registros que sejam interessantes para quem não esteve lá. Isso te força a pensar mais cada foto: trabalhar o enquadramento, brincar com a profundidade, explorar o contraste com o verde do entorno ou o laranja vivo do hábito de um monge.


A jornada é extenuante: o complexo todo exige pelo menos dois dias inteiros de visita e a intensa umidade causa mais desconforto que o calor propriamente dito. Para hidratar e aplacar a fome, coco verde a preços de João Pessoa (R$ 3,50) e frutas frescas picadas, oferecidos por carroceiros que disputam sua atenção com os inúmeros vendedores de artesanato e souvenires do caminho.


domingo, 11 de junho de 2017

Rocket Coffeebar: pena que meu café do coração fica tão longe


Provar a comida e o modo de vida dos nativos é parte da descoberta cultural de uma boa viagem. Mas eu não tenho o menor pudor ou peso na consciência em me jogar de cabeça numa refeição não-típica, que eu poderia comer em casa ou em qualquer outra grande capital ocidental, quando me dá na telha.

Em uma metrópole tão cosmopolita como Bangkok, aliás, isso não é pecado: aproveitar a farta e diversificada oferta de opções gastronômicas, comparável à de São Paulo, faz parte da brincadeira. (Aliás, fiquei besta com a quantidade de semelhanças e paralelos possíveis de se traçar entre Bangkok e São Paulo; esse assunto ainda será tema de uma daquelas pensatas mais longas, que vou escrever sem pressa quando a poeira da viagem tiver baixado).

Isso posto, o Rocket Coffeebar rendeu alguns dos sabores e momentos mais marcantes da minha viagem. Pela proposta, este café com pegada meio hipster poderia estar em qualquer lugar do mundo. Mas eles acertam a mão tantas vezes e em tantos detalhes que a coisa muda de figura e esse passa a ser um lugar difícil de encontrar.

Aqui tomei o melhor latte da história, cremooooso, ao lado de ovos Benedict com salmão defumado e porção extra de cogumelos. Se o sabor da comida já era incrível, o atendimento atencioso, o cardápio extenso e criativo e a trilha sonora super bem sacada completaram o pacote de uma experiência memorável.

Tanto que voltei mais duas vezes, sendo que a derradeira foi exatamente a última coisa que fiz antes de ir embora da Ásia. Para fechar meu giro com chave de ouro, com a certeza de que um dia voltarei.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Humilhado por um curry tailandês


O bacana aqui chegou todo pimpão à casa de curries em Bangkok, estufando o peito. "Sou versado nos paranauês da culinária asiática. Temos isso tudo em São Paulo, I love it, pode trazer!" "Medium or spicy?" "I guess medium will do", respondi com uma piscadela galante.

Bem, o que se seguiu foi a cena - patética - em que o toureiro canastrão é desmascarado, diante de uma arena cheia, e arrega diante do bicho. Quando essa belezura aromática da foto chegou em uma cumbuca de porcelana, sorri satisfeito até levar uma garfada cheia à boca, e me sentir vítima de um atentado com arma química: aaaaargh!!!

A real é que a "culinária tailandesa" servida na nossa "cosmopolita São Paulo" foi drasticamente pasteurizada para os paladares ocidentais. Teve que ser assim, ou as casas fechariam as portas, mas aí um incauto como eu chega à nave-mãe com excesso de autoestima e cai do cavalo, num duplo twist carpado rumo ao chão, sem rede de proteção.

Com o orgulho ferido, tive que intercalar as garfadas incendiárias com um ameno filé ao molho de ostra (mais bunda-mole, impossível) e um pintosérrimo smoothie de morango e abacaxi que só não veio com guarda-chuva porque eu já estava passando vergonha suficiente (tsc, tsc, tsc!)

É... até fui tentando elevar a picância da comida nos meses anteriores à minha viagem, mas não me preparei o suficiente, e levei pau na primeira prova. Mas você não perde por esperar, Tailândia. Perdi a batalha, mas ainda estou na guerra.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

O paad thai mais famoso de Bangkok




O paad thai mais famoso de Bangkok é preparado na calçada de um restaurante antigão, à vista da fila de clientes que esperam para sentar ou levar para casa.


Para dar conta da demanda colossal, o esquema é tipo linha de montagem: uma equipe prepara os ingredientes e salteia a massa, que é servida em pratos levados para dois hábeis rapazes, que despejam numa wok uma colher rasa de ovos batidos e, em dois segundos, jogam a massa por cima, embrulhando-a em uma fina película amarela.


O prato é finalizado com lascas de pimenta, coentro e dois camarões bem graúdos, pela importância correspondente a 20 reais. Nativos e turistas se lambuzam.