terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Mexidão mineiro
Aproveitei uma boa promoção de passagens aéreas para passar o fim de semana em Belo Horizonte. Pude atualizar minhas impressões sobre a cidade e também dar uma olhada na gastronomia local. Toda arborizada e com um traçado viário bastante peculiar, a área central de BH, delimitada pelo anel da Avenida do Contorno, é uma das paisagens urbanas mais bonitas que já conheci no Brasil. As praças são uma atração à parte. A da Liberdade é a mais importante, por conta de ícones como o Edifício Niemeyer. Mesmo aquelas não tão ilustres, como a Floriano Peixoto, se enchem de vida nos fins de semana, quando viram sala de estar para famílias inteiras. O bairro mais nobre, Lourdes, é todo salpicado de bares e restaurantes. O epicentro do fervo é a confluência das ruas Bárbara Heliodora e Curitiba, onde as mesas são disputadas pelos belos e bem-nascidos da cidade. Os moradores da região usaram seu poder de influência e impuseram uma espécie de toque de recolher: para não incomodar o sono da vizinhança, os bares foram obrigados a encerrar o expediente antes da 1h da manhã. Com isso, os lugares começam a bombar já no fim da tarde. Enquanto o estilo de Lourdes fica entre Itaim Bibi e Higienópolis, Santa Tereza tem uma pegada mais alternativa. Verdadeira instituição boêmia, o Bolão sacia a larica da madrugada com pratos enormes, em ambiente ultradespojado. Aos poucos, porém, o bairro começa a ganhar points mais bonitinhos: o fofo La Crêpe e o novíssimo Obardô não fariam feio na Vila Madalena. Meu xodó na cidade continua sendo o Café Com Letras: charmoso, aconchegante, com boa cozinha, excelente custo-benefício e público totalmente gay friendly. Minha única ressalva é a noite de domingo: a casa promove jam sessions de jazz e o ambiente fica um pouco ruidoso demais para conversar. A poucas quadras dali, também na Savassi, gostei do contemporâneo 2011. Comecei com um drink sem álcool que levava morango, hortelã, sweet & sour mix e energético, bem refrescante. Depois, pedi o medalhão de mignon ao vinho do Porto com risoto de gorgonzola, pera e nozes. E fechei com o crocante de amêndoa com mesclado de mascarpone e doce de leite, sorvete de baunilha e frutas vermelhas. Tudo muito bom! Para um almoço farto e variado em Lourdes, minha dica é o Graciliano, que segue uma linha "quilo premium" parecida com a do carioca Couve-Flor. O bufê do último sábado tinha pato ao molho de laranja, fagotini de damasco e bacalhau cremoso com batatas portuguesas fininhas e crocantes, além de sushis bem corretos. As mesas da varanda têm vista para uma pracinha superagradável. Na hora do doce, uma epifania: eles têm uma mesa de pavês (!!!), com direito ao pudim mais incrível que já existiu. Ele desmancha na boca, em uma explosão mágica de leite condensado, e consegue ser ainda melhor do que o ex-campeão, o pudim do Riviera, quilo bem honesto que fica na rua Goiás, no centro da cidade. Outros achados em Lourdes: o franco-italiano Mes Amis (o menu é de dar água na boca, com pratos entre R$ 60 e R$70), as focaccias e pizzas do novo Carlotta, os bons sorvetes da Alessa e o ambiente mais que aprazível do café Santa Sophia. A nota destoante foi o Xapuri, restaurante mineiro famosão, que funciona num terreno enorme com cara de fazenda, na Pampulha. Eu e meu amigo pedimos um lombo assado e um mexidão, e ficamos muito, muito decepcionados com a comida. Em termos de noite gay, o circuito mainstream continua igual, com Andaluz na sexta e Josefine no sábado. O povo alternativo/indie toma uma cerveja no Imperial e se joga no Velvet, um clube escurinho que lembra o Wonka de Curitiba e A Lôca de SP. Amantes da música eletrônica têm como opção o Deputamadre, com Robinho e Anderson Noise entre os DJs residentes, mas lá ninguém pega ninguém. Aliás, se a ideia é pegação, o endereço mais quente de BH é o gigantesco Clube Odeon, antigo cinema de rua transformado em sauna e sex club, com estrutura bem superior à nossa extinta 269. Abre 24 horas, mas os períodos mais movimentados são o pós-balada e o fim de tarde de domingo.
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3 comentários:
Acho que esse dia nunca vai chegar depois dos traumas das últimas vezes, mas me avisa quando vieres a Porto Alegre para eu tentar mudar a má impressão. Há esperança.
E sobre a carne mineira? Nenhuma palavra?
Anônimo, o mineiro é come-quieto, você esqueceu? ;-)
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