quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Desejos de Carnaval

A revista A Capa acaba de soltar sua edição 53, com um especial de Carnaval que traz uma colaboração minha. O editor me pediu um texto que comparasse os carnavais gays de Florianópolis e do Rio de Janeiro, descrevendo o perfil de cada lugar, o tipo de diversão e os principais atrativos e mostrasse os preços de tudo, desde passagens e acomodação até gastos com festas e comida. Na reportagem "Os opostos da folia", além de fazer esse raio X bem detalhado, conversei com pessoas de vários Estados para saber qual seria o destino escolhido e o que havia motivado essa decisão.

O que mais chamou minha atenção quanto aos entrevistados que preferiram Floripa foi que a escolha deles foi feita exclusivamente em função das festas da The Week. Seus desejos, suas expectativas, tudo girava em torno do clube, que para eles já justifica a viagem. Eu já vi a coisa bem de perto - dos quatro carnavais que passei na ilha, dois deles foram sob o reinado de André Almada - e sei que a experiência da esmagadora maioria se reduz a isso mesmo. Ninguém quer sair de perto da bagunça um dia sequer para fazer outras coisas, ver outras praias, outras pessoas. Se você enjoa e tenta dar um tempo desse esquema, acaba ficando só. Quem está indo para Floripa em 2012 não se cansou disso, muito pelo contrário: não quer saber de outra vida.

Na contramão, vão os que já se cansaram da brincadeira. Alguns não têm mais disposição para viver os perrengues de um lugar sem estrutura para tantos turistas, outros simplesmente não querem uma jogação tão intensa. Essas pessoas estão fazendo o caminho de volta para o Rio de Janeiro. O balneário tem as label parties de sempre para uma jogação clássica, mas também oferece outros tipos de diversão, além dos confortos de uma cidade grande. Quando alguém argumenta que o Rio não tem o fator novidade, eles logo respondem que Floripa também está ficando repetitiva.

Para quem pensava que Florianópolis iria atropelar o Rio com um rolo compressor, a matéria mostra que há espaço para dois grandes carnavais gays, com perfis bem diferentes. O mais curioso é que, há coisa de oito anos atrás, o Rio era o destino "oficial" e Floripa, uma proposta "alternativa", e hoje muitos acham que esses papéis se inverteram. Aposto que a farra será ótima em ambos os lugares. E vejo um movimento, ainda tímido, de gente daqui começando a descobrir os carnavais do Nordeste. Alguns conhecidos gostaram do meu relato de Salvador e resolveram tirar a prova; outros vão experimentar Recife e até Fortaleza. Com nosso pink market saindo da infância, é natural que outros mercados, fora dos eixos consolidados, comecem a se desenvolver. Com isso, ganhamos todos nós.

6 comentários:

Daniel Cassus disse...

É só rezar para que acontença um carnaval em Salvador e no Rio.

Eu já me enquadro entre os que enjoaram de Floripa. não tenho forças/corpo para competir este ano.

Marco disse...

Honestamente, não sei se os perfis são assim tão distintos. Entre os meus conhecidos, as mesmas pessoas que vão pra um lugar também vão pro outro, só alternam. A mentalidade é a mesma: jogação e pegação, circuitão e barbies. Mas imagino que o Rio, por ser mais cosmopolita que Floripa, possa também abrigar pessoas que viajam com outra mentalidade -- ainda que eu não as conheça.

Anônimo disse...

EU MESMO ESTOU CANSADO DE MUSCULOS DE BOMBA, DROGAS, CARAO E AFINS...TO INDO PARA RECIFE!

Marco disse...

Ser minoria tem lá suas vantagens.

Ricardo disse...

Desta vez estamos indo para Punta del Este, que ao que tudo indica promete e até tem uma praia de pegação! Depois te conto...

Roberto disse...

Floripa é bonita, mas pra quem vai, o melhor é pensar que está num cruzeiro gay e vai ser aquela jogação pesada 24 horas por dia. Fica muito repetitivo depois de dois anos seguidos.
O Rio é legal, tem mais opções que Floripa, mas depois de ir 8 vezes seguidas, quero paz.
Chegou a hora de me aposentar, I guess, hahaha.