quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mustang (e o novo cada vez mais menos novo)

Os rapazes da foto são a dupla belga Mustang, minha paixão eletrônica do momento. O caldeirão deles mistura house music com disco, italo house e electropop. [No Soundcloud, dá para ouvir e baixar várias mixtapes deles - minhas favoritas são as de maio, julho e agosto deste ano]. E eles não estão sozinhos nessa onda. De uns 2 anos pra cá, depois de uma época fria e minimalista, tem sido forte nas pistas o resgate de elementos da disco music, bases à la Giorgio Moroder, linhas de baixo e vocais, deixando o resultado mais "orgânico" e, por que não, acessível. Na mesma linha vai o produtor Aeroplane, outro belga que também frequenta o meu iPod.

Quando compartilhei o som do Mustang no Facebook, um grande amigo meu ouviu e não gostou. "Não vi nada de novidade ou inusitado. Parece um revival do que eu ouvia em Miami, Nova York e até mesmo no Rio de Janeiro nos anos 90! O som é datado". Respeitei a opinião dele, mas argumentei que a música, assim como a moda, passa por ciclos, em que são explorados elementos de períodos específicos. Com esse resgate da disco, o resultado inevitavelmente soa familiar e até meio datado, mas isso não precisa ser um demérito. Mesmo fora da eletrônica, o pop relê o passado e requenta referências o tempo todo. "One Night Stand", do Hot Chip, lembra Devo. "Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)" do Arcade Fire é "Heart of Glass" do Blondie, sem tirar nem pôr. E o que dizer de Amy Winehouse, Adele e Duffy? Poderiam ter sido lançadas 50 anos atrás!

Sobre esse assunto, vale a pena ler uma matéria escrita pelo André Barcinski na Folha, há algumas semanas. Ele conversou com o crítico musical britânico Simon Reynolds, autor do livro Retromania - Pop Culture's Addiction to its Own Past, que examina por que tanta música nova parece cópia de música mais antiga. Reynolds constata que todo grande movimento cultural se inspira em alguma manifestação do passado, mas os artistas atuais estão buscando suas referências num passado cada vez mais próximo. Ele acha que isso é um sinal dos novos tempos, em que a música passou a ter uma importância secundária na vida das pessoas. Antigamente, ela era mais valorizada; hoje, com o acesso gratuito pela internet, ela virou mero pano de fundo para as atividades do cotidiano. Isso teria dado origem a uma vivência musical mais dispersa e bem menos criativa.

5 comentários:

Daniel Cassus disse...

olha, nem é tanto sobre o Mustang, mas já que você tem um gosto pelo novo e não se satisfaz com qualquer cantora "diva" esganiçada, recomendo acompanhar o blog And Now. Tem sempre supresinhas pintando por lá.
http://andnowblog.blogspot.com/

Jhonne disse...

Oi amado!
Porque o 30 idéias está fora do ar?

Thiago Lasco disse...

Não está não, Jhonne! Acabei de entrar e continua lá, no mesmo lugar! http://30ideias.blogspot.com/

Toni Massuda disse...

Ficou show de bola o layout novo do blog!!
Não deixe de postar nunca!!
Abraços

Xandecarioca disse...

Vim aqui entender um pouco o que, desde que você me passou, venho ouvindo com tanta frequência, o Mustang. Sobre o debate em torno da música, acho super saudável quando existe uma preocupação com a vanguarda, mas isso é muito diferente de uma neurose. Afinal, concordo com aquele chavão que diz haver apenas 2 tipos de música, a boa e a ruim, e Mustang é muito bom, arrepiante e dançante. Gracías!