segunda-feira, 28 de junho de 2010

13 dicas para um refresh gastronômico em SP

MARAKUTHAI [foto]
Esse lugar foi meu vício no verão passado e continua sendo meu queridinho. A chef Renata Vanzetto é uma menina-prodígio: com apenas 17 anos, ela já comandava a matriz da casa, em Ilhabela. A filial paulistana veio três anos depois e repetiu o sucesso, propondo uma culinária tailandesa moderna, com ênfase em frutos do mar. O ambiente, de extremo bom gosto, mistura plantas, móveis e objetos de épocas diferentes, num resultado meio praia, meio brechó e totalmente girlie. Perfeito para um almoço de sábado com os amigos. Eu indico: as tirinhas de mignon com molho de curry vermelho levemente adocicado (peça para vir com cuscuz marroquino no lugar da farofa de dendê) e o mix de lula e camarões com molho de leite de coco, alho poró, tomate e limão. Eu também recomendaria o atum selado com molho de queijo de cabra e damasco, não fosse o preço tão salgado (R$74). Onde: Al. Itu, 1618, Jardins.

SAL GASTRONOMIA
Já citei o Sal outras vezes no blog, mas nunca cheguei a resenhá-lo. Escondido atrás da Galeria Vermelho, tem ambiente clean e moderno, mas sem afetação. As mesas são dispostas ao longo de um corredor, com vista para a cozinha envidraçada, de onde se vê o trabalho de Henrique Fogaça e seus ajudantes (todos carecas, fortões e tatuados como ele). Fetiches à parte, os bofes servem pratos contemporâneos bem executados, com ocasional presença de ingredientes brasileiros. Eu indico: o lombo de cordeiro com purê de dois queijos, shitake e molho de jabuticaba. Ou o atum em crosta de gergelim ao molho teriyaki, com arroz negro, pupunha e cubos de tomate, caso você precise exibir o corpinho depois da sobremesa. Onde: Rua Minas Gerais, 350, Higienópolis.

LAS FAVAS CONTADAS
Com pouco mais de um mês de vida, o caçula do meu roteiro está sendo descoberto aos poucos. Numa discreta ruela da Vila Madalena, tem apenas 50 lugares e um clima intimista e aconchegante, típico do bairro. O chef Caio Henri já pilotou caçarolas em lugares tão diversos quanto a Febem e o Palácio do Planalto - mas é do Carlota, onde ele cozinhou por três anos, que vêm as influências mais marcantes do cardápio. Várias receitas célebres de Carla Pernambuco estão lá, como a panelinha de cogumelos shiitake e o filé ao vinho do Porto com risoto de figos. Aos poucos, porém, a casa está introduzindo pratos novos e construindo uma identidade própria. Os preços são convidativos. Eu indico: o tempura de badejo ao molho curry com arroz de coco e laranja, um grande acerto que não veio do Carlota. E o petit gateau de doce de leite, para fechar com chave de ouro. Onde: Rua Patizal, 72, Vila Madalena.

MADUREIRA SUCOS
Quem volta do Rio de Janeiro sentindo falta do Bibi Sucos precisa descobrir este tesouro. O cardápio faz um inventário completo da alimentação saudável. Açaí, cremes na tigela, salgados assados, omeletes, tortas, saladas, sopas, grelhados, sandubas com pasta de ricota, tem de tudo aqui. Os sucos são criativos: tangerina com kiwi, maçã com uva e blueberry, cenoura com tangerina e maracujá, framboesa com ameixa e gengibre e muitos outros, vários deles com propriedades funcionais. Para sentar, há um balcão com banquetas no piso térreo, e mesas em uma varanda no primeiro andar. O charme fica por conta dos ladrilhos verdes e rosa que revestem as paredes e dão um toque lúdico ao lugar. Eu indico: A substancial torta de galinha com milho, com cinco dedos de altura e um recheio bem úmido. Onde: Rua João Cachoeira, 217, Itaim.

KAÁ
Vamos logo ao que interessa: o ambiente do Kaá é tão bonito que já ganhou dois prêmios internacionais, como o restaurante de melhor design de São Paulo. De fato, a combinação de pé-direito altíssimo, jardim vertical grandioso, tons de marrom e pitadas de inspiração indígena gerou um efeito espetacular, como se pode ver no próprio site da casa. É o tipo de lugar que nem as pessoas mais blasé resistem a fotografar. A personalidade forte do ambiente, porém, não se repete na cozinha: trata-se da mesma mistura franco-italiana sem ousadia que tantas outras casas servem por aí. Tudo correto, sem dúvida, mas aposto que você contará pros amigos que foi almoçar "num lugar lindo", e não que comeu "uma comida incrível". Mesmo assim, a beleza sem igual torna o Kaá uma excelente pedida para comemorar um aniversário ou levar turistas e mostrar a eles "o poder de São Paulo". Eu indico: o fettuccine com ragu de pato. Onde: Av. Juscelino Kubitschek, 279, Itaim.

LA MAR
A culinária peruana é o resultado do cruzamento de várias influências: a cultura inca (diversas variedades de batata e milho), a colonização espanhola (sopas e guisados) e as cozinhas asiáticas (peixes crus e pratos salteados na wok). Essa rica mistura é uma das febres gastronômicas do momento e chegou a São Paulo no ano passado pelas mãos de várias casas. Uma delas é o La Mar, uma franquia que o chef peruano Gastón Acurio levou a outros cinco países. Na parte de petiscos, há os famosos cebiches e tiraditos (porções de peixes em cubos ou fatias, marinados em caldos cítricos, com temperos como cebola roxa e pimenta ají), e as menos conhecidas causas (bolinhos de batata com recheios de peixe ou camarão). Já entre os pratos quentes, massas, arrozes e pratos salteados na wok, sempre com muitos frutos do mar - os mais interessantes são os de acento asiático, como o salteado nikkei. Eu indico: a didática degustação de 4 cebiches (o de atum com leche de tigre ao tamarindo é o meu favorito) e a pasta negra ao chupe thai de camarões. Onde: Rua Tabapuã, 1410, Itaim.

DUI
Mais um restaurante contemporâneo que joga no caldeirão influências de várias partes do mundo. Nas entradas, tapas com sotaque espanhol; nos pratos, costelinhas de porco brasileiríssimas, carré de cordeiro francês, peixe com acento asiático, e por aí vai. O ambiente é uma atração à parte. O espaço do antigo Empório Siriúba foi completamente repaginado e se transformou num restaurante vistoso e exuberante, com pé-direito altíssimo e um jardim de inverno pra lá de romântico, ideal para aquele jantarzinho tête-à-tête. É bom avisar: não é um lugar barato. Eu indico: não me preocupei em anotar o que comi, pensando que poderia olhar depois na internet, mas o site da casa não mostra o menu... Onde: Al. Franca, 1590, Jardins.

AK DELICATESSEN
Num dos bairros com maior concentração de judeus em São Paulo, a casa da simpática Andrea Kaufmann propõe uma releitura moderna dos clássicos da cozinha judaica. O lugar é meio apertado, com mesas muito próximas uma das outras, mas ainda assim charmoso. E a comida é bem caprichada. Eu indico: as delicadas varenikes, típicas massinhas de batata com recheio de cebola confit, rabada ou creme de haddock, o medalhão de mignon envolto em pastrami com queijo brie e mix de cogumelos e a cheesecake com coulis de frutas vermelhas. Onde: Rua Mato Grosso, 450, Higienópolis.

PING PONG
Filial de uma rede inglesa, o Ping Pong é um bar especializado em dim sum, faceta da culinária chinesa pouco conhecida no Brasil. Simplificando grosseiramente, é uma versão ching-ling das tapas espanholas: pequenas porções de bolinhos recheados de carne de porco, legumes ou frutos do mar, que podem ser assados, fritos ou cozidos no vapor. Como são 3 unidades por porção, o ideal é ir num grupo de três amigos e ir provando várias - você vai marcando as que deseja em um formulário. Dois cuidados: coma antes que esfriem (especialmente as massinhas feitas no vapor, que ficam grudentas) e tente não perder a noção de quando está gastando, para não levar um susto. O lugar tem aquela dose de pretensão bem típica do Itaim (que este texto retratou de uma forma divertidíssima), mas isso não chega a incomodar. Eu indico: pork puff (massa folhada com recheio de mignon suíno, cebolas caramelizadas e mel), seafood dumpling (massinha de cenoura no vapor com recheio de caranguejo, camarão e vieiras), crispy prawn ball (camarões fatiados com cebolinha em macarrão de fios de ovos e molho agridoce) e o refrescante drink não-alcoólico de goji berries, manga e hortelã. Onde: Rua Lopes Neto, 15, Itaim.

SAKÊ
Se você não consegue pensar em sushi sem cream cheese e adora enrolados flambados, de preferência com um pouco de molho tarê por cima, aqui vai mais um japa ocidentalizado para a sua lista. Trata-se da estreia em solo paulistano de um restaurante muito conhecido em Vitória [sobre o qual eu já falei aqui, quando escrevi sobre a capital capixaba]. Os combinados mais sofisticados trazem criações que fogem do trivial, com direito a arriscadas misturas de salgado com doce. Tanta ousadia nem sempre dá certo: na degustação de sashimis, por exemplo, a combinação de haddock e molho de maracujá é bem esquisita. Já nos sushis, o Sakê apresenta resultados bem melhores, embora ainda inferiores aos do Mori Sushi. Eu indico: o combinado mix show (cuenda o nome pintoso!), uma amostra bem completa de todas as invencionices da casa. Onde: Rua Dr. Mário Ferraz, 37, Jardim Europa.

GABRIEL
Tem jeitão de lounge, com muitas almofadas, paredes cobertas de badulaques e luz baixa no jantar. O público não destoa do que se poderia esperar em um restaurante em plena Gabriel Monteiro da Silva: casais balzaquianos, famílias de classe média alta, rapazes bem apessoados em camisetas de gola pólo. O menu é variado, mas com acentuada influência francesa: entrecôte ao molho béarnaise, confit de pato, steak tartar, crepe de laranja. Eu indico: o delicioso penne oriental, que leva camarões, shiitake, aspargos e um toque de curry. Onde: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1424, Jardim Paulistano.

LE FRENCH BAZAR
Uma improvável esquina de Pinheiros abriga esse charmoso restaurante francês, com pratos clássicos de bistrô e algumas receitas mais modernas, sempre com apresentação impecável. Há algumas mesas na calçada, mas o melhor é sentar lá dentro, onde as paredes forradas por um curioso papel florido azul-turquesa ajudam a criar um clima aconchegante e intimista. Simplesmente uma graça! E a cozinha faz bonito também. Eu indico: o confit de pato ao molho de vinho do Porto, com risoto de grãos bem cremosinho, a rabada à Bourguignonne e o ótimo fondant de chocolate com creme inglês. Onde: Rua Fradique Coutinho, 179, Pinheiros.

LA FORCHETTA
Para contrastar com tantas casas moderninhas, eis um restaurante old fashioned: as preparações levam sofisticados molhos à base de creme de leite, às vezes finalizados num réchaud à mesa, aos olhos do cliente. A casa fez fama nos anos 80 como Forchetta D'Oro, na rua Haddock Lobo, um dos restaurantes bacanudos da minha infância, ao lado do Leonardo's e do Tatini. Depois, mudou-se para a Vila Nova Conceição, e agora ocupa o térreo de um flat na Bela Cintra, a poucos metros do Sonique. Difícil é escolher entre tantas delícias. Só não venham em época de Restaurant Week, pois os pratos promocionais são medíocres - levei um grupo de amigos e quase morri de vergonha. Eu indico: o chateau tobruk (filé alto tipo chateaubriand, molho à base de manteiga, molho roti, mostarda, champignon, alho, uva passa, cebolinha, com arroz puxado no próprio molho) e o casuncelli (massa com recheio de vitela, presunto cru, uva passa e amaretto, servida com molho de funghi). Onde: Rua Bela Cintra, 521, Consolação.

19 comentários:

Fernando disse...

Adoro seus posts-guia. :D

Daniel disse...

estou sentido falta de ir a SP de carro de novo pra ter a mobilidade de me jogar numa dessas sugestões.

... disse...

Afeeeeeee... tu sabes mesmo como humilhar uma Vaca, hein? Depois desse post bacanudo e super útil... sobra o quê para meu concurso de cuecas??? Hein???? Hehehehe!!!! Adoro essa sua ... her... hum... como direi... profundidade... (com duplo sentido!)... haha!
Hugzão!

Wans disse...

Querido, como eu já te falei, e desde quando procisamos do Guia da folha?

Louro disse...

Adoro ler seus posts! Eu gosto muito de restaurantes que além de boa comida, proporcionam tambem um ambiente inesquecivel! Quais voce acha sao (fora o Kaa que voce ja' citou e que irei logo conferir assim que eu visitar Sao Paulo, obrigado mais uma vez pela dica) os 3, 4 resturantes com o melhor ambiente? E quais os melhores japoneses (tem muitos em Sampa!!!) ?

(Desculpa pelos erros em portugue^s e falta de acentos)
by gringo :-)

Thiago Lasco disse...

Louro: Em termos de ambiente, nessa minha lista, eu destacaria o Marakuthai. O La Mar e o Ping Pong (que ficam um em frente ao outro) também têm ambientes bacanas, mas um pouco mais impessoais. De fora da lista, nossa, são vários com ambiente bonito: o Vicolo Nostro, que parece uma villa italiana, o Chakras, que é quase um parque temático das mil e uma noites, o Spot que é superbadalado até hoje, o Capim Santo e o Praça São Lourenço, que são dois lugares incríveis para um almoço ao ar livre...

Em relação aos japoneses, o meu favorito é o Mori Sushi, mas é uma linha bem ocidentalizada, e só vale se for para sentar no balcão e pedir o festival do sushiman. Basicamente, só vou nele e no Sushi-Yá, que fica na praça Benedito Calixto e é mais low profile e menos dado a invenções. Também indico o JAM Warehouse e o Kosushi, pelo ambiente, e o Nagayama, pela comida. Ah, tem também o Shimo, que faz a linha nipo-peruana e é bem divertido ;)

Louro disse...

Obrigado!!Fico curioso com o japa-peruano(adoro ceviche)!
So' peço mais uma dica: depois de conferir o The Week onde ir em Sampa para achar os cafuçus brasileiros lindos e morenos :-) (querendo ver algo diferente do que rola na Europa, eu ate' gosto da Silvetty Montilla e dos shows de drag se precisar :-)

Thiago Lasco disse...

Louro: Se adora ceviches, vá direto ao La Mar. E para os cafuçus, sugiro que você dê uma esticadinha até Recife, Maceió, Salvador (mas jamais chame os baianos de cafuçus porque eles acham pejorativo!) ou mesmo o belíssimo Rio de Janeiro... São Paulo até tem seus redutos, mas nesse caso acho melhor você pedir dicas pro meu amigo e blogueiro Uomini, que é expert nesse tipo de roteiro ;)

Paulo disse...

Sempre com boas sugestões!! E olha que dessa vez não conheço nenhum, preciso anotar para conferir!!

Rodrigo disse...

Oba, oba, oba!
Setembro estou aí, e muitas novidades!

=D

Ivo disse...

Delícia maior é saber que estivemos juntos em alguns desses lugares... Não achei o LA FORCHETTA tão pavoroso assim, no dia em que fomos. Como estudo lá perto, vou experimentar em um dia normal para ter o parâmetro. E vamos sair mais pelo menos um dia desses, vou ter as duas últimas semanas de julho livres, quando eu imagino que você também vá estar de férias pelo menos na faculdade, então... :)

marcuslara disse...

Fiquei com água na boca, quero almoçar de novo...rs
Esse garoto é Phino demais....
Agora pagar 74 pilas em um preto, G Zuiz...

Too-Tsie disse...

Pelo menos não estou tão por fora, conheço o Ping Pong e o La Mar. :D

Edu disse...

Não tem um roteiro de comida de "sustança" no Centro e Zona Noroeste, não? Itaim só dá viado!

Rafa disse...

A cada guia deste eu me convenço mais e mais: Preciso ir mais vezes a Sampa! Bj

K. disse...

fiquei curioso para conhecer o marakuthai!

na listinha pra ir asap!

Thiago Lasco disse...

Edu: Não vou te dar um 'roteiro', mas uma dica em cada lugar: na Zona Noroeste, o Mocotó, um pé-sujo de comida brasileira que virou cult, e no Centro o La Farina, na rua Aurora, um variado/italiano antigão que tem umas porções monstro, à prova de viados! Se joga!

Tiago de Brasília disse...

Acho que fui nesse Ping Pong em Londres, num do Soho... se for esse mesmo, a comida estava boa, mas o preço, realmente... depois de uma orgia de dim sums e uns dois drinks, larguei umas cinquenta libras por lá.

wair de paula disse...

Caro, otimas dicas mesmo. Mas nao da para chamar o Mocoto de pe sujo...ele realmente virou cult, pela excelente qualidade da comida. Pode ser loooonge, mas hoje virou mainstream. E cheio de gente bonita nos finais de semana. Abs!! ;)