Há três meses, a DOM me convidou para desenvolver uma pauta diferente das colaborações que eu vinha fazendo para a revista. Em mês de parada gay (a matéria era para a edição de junho, aquela com o modelo negro na capa), a ideia era fazer uma reflexão sobre os diversos padrões de beleza que imperam no meio LGBT. Para isso, eu tinha que entrevistar gays, lésbicas e trans bem diferentes entre si (ou melhor, que compusessem um painel esteticamente heterogêneo) e ouvir o que era "bonito" para eles, como cada um lidava com a própria beleza e também o que valorizava nos outros.
Como o assunto era justamente a aparência, não bastava colher algumas aspas (declarações) anônimas dos entrevistados, como fiz na matéria sobre sexo pago: era fundamental que eles aparecessem na revista. Mas, para meu espanto e surpresa, foi dificílimo encontrar personagens para a matéria. Ninguém queria mostrar a cara. Amigos e conhecidos que sempre foram bem resolvidos, que haviam assumido a própria sexualidade para famílias e amigos sem maiores grilos, ficavam ruborizados diante do meu convite e gaguejavam até finalmente responderem... que não topavam. Mesmo quando eu explicava que a matéria não devassaria a intimidade, nem exporia gostos sexuais. O simples fato de aparecer em uma revista gay, ainda que ela fosse lida quase exclusivamente por outros gays, era demais para a cabeça dessas pessoas.
Algum tempo depois, no finalzinho de junho, recebo por e-mail o release de um novo site gay (sobre o qual eu nunca tinha ouvido falar, e continuo não ouvindo), chamado Dolado. Vou guardar as impressões sobre o site para uma outra oportunidade (por enquanto, apenas adianto que levei uns 5 minutos para decifrar o nome: "do lado", entenderam?) e me ater ao que o release colocou como a razão de ser do novo produto. "Um site que pudessem acessar publicamente, sem expor sua sexualidade ou serem rotulados", "para atender ao público gay e aqueles que preferem ficar longe dos rótulos". Diz o slogan: "eu sou gay, eu sou sem rótulo, eu sou dolado". Longe de rótulos... ou dentro do armário mesmo?
Revelar ou camuflar a própria orientação sexual, total ou parcialmente, é uma escolha individual que deve ser respeitada; sou totalmente contra arrancar outras pessoas do armário em nome de um suposto "bem" à causa gay. Respeitei quem não quis colaborar com a minha reportagem, assim como quem precisa de um site que "fuja de rótulos". Mas essas coisas me mostraram que a naturalidade com que eu enxergo certas coisas é bem menos comum dentro do próprio meio do que eu imaginava.
Às vezes minha mãe discute comigo; ela me chama de ingênuo, diz que o mundo é perverso e eu não meço as conseqüências ao não me importar com a opinião dos outros da mesma maneira que ela. Ela acha que eu vivo numa bolha de tolerância e isso faz eu baixar a guarda mais do que deveria. Talvez ela esteja certa: quem circula em ambientes relaxados tende a se expor mais. Mas não sei se isso é necessariamente ruim - pelo menos para mim, a vida fica muito mais leve assim.
27 comentários:
gostei muito disso menino... vc sempre bom nesses babados hein, beijao, já to com saudade de nossas conversas.
Com este post você tocou na pedra de toque. A questão não é não ser assumido na sua orientação sexual, por não querer ser esteriotipado ou por não se identificar com determinados esteriótipos, a questão é não aceitar a divesidade nos outros e isso tem um nome homofobia internalizada. Quando falamos de homofobia pensamos sempre na homofobia dos hetero e esquecemos que na maior parte das vezes a homofobia dos gay relativamente as outros gay é elevadissima. Os gay são todos diferentes uns dos outros, como todas as pessoas, sejam elas gay, bi, hetero ou simplesmente não saibam, só que o não aceitar do outrio, para além da intolerância não é mais do que o resultado da não autoaceitação.
Todos os gay (por mais aceite que seja a sua orientação no presente), cresceram num mundo que desde crianças lhes disse, directamente ou indirectamente "tu és um erro" por sentires aquilo que sentes. Apreneder que afinal não se é um erro nenhum, d´
a trabalho de crescimento interno.
Engraçado que este ano em Espanha, o grande lema na parada foi o da educação para a diversidadena escola e o lema era mais ou menos este. 10 gays + 5 bissexuauais + 20 heteroseexuais = tua turma (grupo escolar, não sei como se diz em em tuguês do Brasil).O casamento será só o primeiro dos primeiros dos passos. Quando começarmos a "dizer" às crianças de 10 anos, tu podes ser , bi, gay ou hetero, estaremos a começar a construir a primeira geração educada para a diversidade sezxual.
Tem espaço para mais um na sua bolha?
Gosto muito dos seus textos.Super bem escritos,objetivos.Você mencionou também aqui a pesquisa no meio GLBT sobre estereótipos .Daria um belo trabalho.Porque você não escreve sobre isso?
Parabéns pelo seu trabalho e por sua consciência,tão longe do tão decantado trio:boate-fofoca-malhação.
Um abraço.
Não consumo essas revistas justamente pelo padrão de beleza que costumam vender, que não me diz nada nem levanta meu pau. Sei que é o que mais vende, mas sinto falta da tão falada "diversidade". E sim, teria topado aparecer na entrevista. :-)
Fiquei curioso... Apesar de achar a DOM a melhor dentre as opções, a matéria iria ser um tanto paradoxal entre as fotos q estariam nas outras páginas... E, particularmente, acredito q padrão existe apenas um - os outros são pequenas contravenções. No futuro, esta época será conhecida por apenas um estilo de beleza, assim como o Renascimento, por exemplo.
Sobre não haver quem quisesse aparecer, o problema era a revista ou o tema? Eu não ficaria muito empolgado de falar sobre algo intimamente ligado à autoestima...
Rótulos são limitadores. Mas toda vez que alguém vem com esse papo de "não aceito rótulos", pode crer que é porque está dentro do armário.
Eu de novo. Não resisti e fui conferir o "Dolado". O site é bonitinho e bem escritinho, mas cheio de notícias velhas. A dica de filme é "Milk", que estreou no carnaval... E a dica de boate? The Week SP!! Olha o lead do texto, que maravilha: "Clube paulistano lota aos sábados com a festa “Babylon”." Jura?
Não quero chochar, as intenções parecem boas, mas pelo jeito o público-alvo do "Dolado" são gays bem novinhos do interior, que estão descobrindo o mundo neste exato momento. Força para eles!!
Dirceu: Oi, querido! Quem sabe não conseguimos colocar o papo em dia ao vivo, em breve? Curitiba que me aguarde! ;^)
Daniel: Tem sim, claro! ;^)
James P.: Obrigadíssimo pelos elogios! É bom saber que estou acertando a mão no blog...
Edu e Mau: A ideia dessa reportagem era justamente mostrar a diversidade do nosso meio, ampliando um pouco a gama de tipos que são mostrados habitualmente na revista. O painel ficou bem plural!
Klero: Entendo sua pergunta. Mas, embora a discussão envolva autoestima, as entrevistas não foram tão fundo nessa questão a ponto de expor os entrevistados. Ninguém ali precisava expor seus complexos e fragilidades, mas apenas dizer do que gosta, como se produz para se sentir bonito(a) e o que acha bonito nos outros. Perguntas leves e inofensivas! ;^)
Tony Goes: Pois é, tive exatamente essa impressão. O site é sóbrio e muito bem escrito, mas realmente os conteúdos são óbvios e defasados. Coincidentemente, eu tinha pensado em destacar, no meu post sobre ele, justamente a "notícia" da Babylon. Bem, talvez eles tenham optado por primeiro mostrar o arroz-feijão, que não podia ficar de fora dos arquivos, para depois começar a investigar as novidades. Vamos ver como a coisa evolui.
Hey Introspective! Acompanho seu blog, adoro seu trabalho e concordo com sua opinião. Vamos ver como as coisas evoluem. Discordo mas entendo os comentarios do Tony. Conheci o DoLado por indicacao de um amigo exatamente pela reportagem sobre o filme Milk, dizendo que tinha visto la que ja estava disponivel em DVD e eu nao sabia. Na minha opiniao, achar que todos os gays ja conhecem a The Week ou ja assistiram o filme Milk é exagero. Vamos dar uns creditos pra galera, pelo visto eles estao comecando agora. É importante criticar mas existem pontos positivos tambem. Eu sou ator e achei o maximo ter dicas sobre pecas de teatro e além disso, na minha humilde opiniao de pouco menos de uma semana conhecendo o site, acho que é um dos mais preocupados em dar noticias. Fico por aqui. Beijos a todos e continue o otimo trabalho!
Ah, Thiago, sua mãe tem uma certa razão e eu venho justamente pensando em coisas do tipo ultimamente. Recebi uns comentários no meu blog que chegaram a me fazer repensar o que escrevo na minha página, pois lá eu tenho mais coragem de me expor do que pessoalmente.
É difícil querer falar de um tema que tanto lhe interessa e que pode ajudar outras pessoas - como vc faz de uma maneira excelente aqui -, tendo limites tão 'imperativos', digamos. E concordo totalmente com você nas primeiras frases do último parágrafo. Já falei demais e não sei se disse tudo..rs
òtimo post, como sempre.
abraço.
Thi, concordo contigo que as pessoas não queiram se mostrar tanto. Sua mãe tem razão, para muita gente é difícil relaxar em relação a isso, eu também tenho consciência de que vivo numa bolha.
Agora, quanto à sua matéria, acho que tinha um problema a mais aí: era uma matéria sobre beleza e padrões. Acho que as pessoas, parte delas, teriam medo de se expor numa matéria que fala de aparência pessoal e serem chochadas pelos leitores: sabe, aquele veneno quanto à aparência do outro e que parece tão presente nas boates e outros lugares gays?
Além disso, talvez rolasse um medo também de parecer fútil estando numa matéria sobre padrões de beleza.
Enfim, acho que tem mais razões aí do que simplesmente não se mostrar.
Beijos!
Oia... se tivesse me procurado teria participado da matéria sem grilo, adorooo!!!!
Creio que mesmo para as pessoas + bem resolvidas o grande problema ainda é o preconceito contra os gays ou com o ser humano, acho que medo de ser traido e aquele gay que te viu sair por ai espalhando a informação. Vemos muito disso em pessoas que morrem de medo de encontrar alguem do trabalho numa balada gay, por mais que este alguem tambem esteja lá, beijando, se jogando.
Não creio que isso mude rapidamente não.
bjs do Lico
Ótimo post cara!
Seu blog me inspira profundamente sabia...?
Sua experiência com essas pessoas que não quiseram se mostrar prova que ainda temos um caminho muito longo em busca de um comportamento que nos caracterize de fato.
Acredito que héteros não teriam o menor problema em participar da tal matéria.
Forte abraço!
Thiago...
Esse dilema realmente é conhecido por mim, que também sou jornalista como vc, e enfrentei essas "dificuldades" ou "limitações" que vc trata no post com perfeição, ao longo dos três meses em que trabalhei na tal Revista Inndiscreto que seria publicada aqui do Rio, ano passado, e que micou...rs.
Lembro que para produzir as reportagens da edição zero foi uma luta interminável para achar personagens que quisessem mostrar a cara... falar todos querem, mas na hora de "dar a cara a tapa"... o bicho pega...rs
Ainda temos que caminhar muito pelas estradas da diversidade, da liberdade real de expressão, de gostos e preferências... Até conquistarmos verdadeiramente a segurança de sermos o que somos sem medos.
É difícil...
Vc lembra de mim será? Aquele moleque baixinho amigo do Marcos, que mora no Rio, que nos conhecemos no afetr do rei.rs.
Não posso deixar de falar para vc que eu sou de Belém do Pará. Naquele dia do after na SoGo eu queria ter dito pra vc mas nem falei. Vc tem que visitar Belém algum dia concerteza.
Adorei conhecer você molecão, muito mesmo, vc é de uma simpatia, elegência e tranquilidade que é muito bom de estar por perto... Vc é mais show de bola do que imaginava pelos posts do blog. Pena que os poucos dias, os vários amigos reunidos e a correria para curtir tb os eventos fez com que tivéssemos pouca oportunidade de trocar boas idéias e bons papos... mas oportunidades não faltarão...
Abração forte!
talvez a relutância para aparecer numa revista gay tenha uma causa mais simples, que vou chamar de aritmética:
o cara faz uma conta... o que eu ganho em aparecer na revista? Não muito, eu diria, para a maioria das pessoas (tirando os obcecados por atenção)...
E compara com o que tem a perder. Na melhor das hipóteses - os bem resolvidos - não perdem nada. Mas muita gente não está a fim de lidar com possíveis chateações de conhecidos, colegas de trabalho, chefes, parentes homofóbicos (que, de algum modo, sempre acabam pondo a mão em revista gay). Ou com chateações como mencionadas em outro comentário: chochações de amigos (ou não-tão amigos) gays. Especialmente ao lidar com a própria aparência ou dos outros. Já posso até ouvir os comentários do tipo "como-essa-beesha-horrorosa-tem-coragem-de-falar-isso?".
Acho que os motivos para NÃO se participar da reportagem acabaram sendo muito mais intrigantes sobre a realidade do mundo gay do que o tema original!
Intro, concordo com muita coisa que o Beto e alguns outros comentaram ai pra cima. Outros comentários realmente não expressam nenhum pouco aquilo que penso. Bem assim, mesmo! Isso, pra mim, é "DIVERSIDADE". No caso, de opiniões.
Entretanto, o fato de um gay não querer veicular sua imagem e opinião na mídia não significa necessariamente que ele esteja no armário!! Você foi MUITO simplista aqui. Desculpe-me!
Já me recusei em sair em jornais, programas de entrevistas, e em revistas de grande circulação, para reportagens absolutamente nada a ver com a questão gay. Apenas não quiz. E quantas pessoas também já se recusaram. Apenas por não estarem afim. Direito, doutor!
Agora, be careful: o fato de pessoas não aceitarem seu convite para participarem na revista não significa QUE ELAS NÃO VEJAM AS COISAS COM NATURALIDADE. E o fato de não estarem na sua bolha de tolerância não faz delas, PESSOAS INTOLERANTES. Nem pense também que elas estejam carregando um fardo por optarem por um trajeto diferente do seu. Releia seu texto. (muito) Bem escrito! Mas preconceituoso (na minha opinião, claro!)
Agora, por outro lado, é ABSOLUTAMENTE comprensível que alguns gays optem por não verem sua imagem relacionada PUBLICAMENTE com o UNIVERSO GAY.
Para mim, o que, como gays, temos mais frequentemente em comum: sensibilidade, perseverança, coragem e competência! Com raras e desonrosas exceções.
Mas infelizmente, só nos comentários do seu blog, vc já tem muitas opiniões diferentes dessa sobre o universo gay: "fofoca, boites, bombas, promiscuidade, falsidade etc". Comentários feitos por gays e simpatizantes que vivem por aqui no seu blog! To errado?
Claro que o fato de ser gay somente define "uma pequena parte da minha ou da sua preferência sexual". Somente isso.
Desta forma, tem bancário, gay, deprimido, desnutrido e leal; tem desempregado, sarado, gay, safado e caridoso; tem cabelereiro, inteligente, gay, honesto, ativo e discreto; tem vendedor, gay, pintoso, sadomaso, gordinho e pintudo; tem politico, gay, no armário, passivo, delicioso e ladrão. Tem os baladeiros, os intelectuais, os esportistas, os sonhadores, os espiritualistas, os dorminhocos.Tem os simples e os sofisticados. Tem os bons de caráter e os nem tanto. Cada um, um universo a parte, meu!
Existem iniciativas - ONGs, Associações, Projetos etc. - que se justificam pelos objetivos (nobres) comuns. Mas, realmente acho que no atual momento não dá para pedir e cobrar mais do que isso das pessoas! Seríamos injustos e até INTOLERANTES!
Pense nisso!
Viver dentro ou fora do armário realmente é opção de cada um. Tem gente que não respeita mesmo... mas eu, mesmo sem sair dizendo por ai a fruta que eu gosto, não teria problema em responder perguntas só pq a revista é gay. Já fui entrevistado pra pauta da Marie Claire.... revista DOM seria moleza eheheeheh
mas... cada um, cada um!
O medo de se expor, de ser apontado por gostos e tendência costuma ser cruel.
Querido Thi,
Passei os últimos dias meio de molho, por uma gripe que não quer ir embora, mas com o seu post rondando os meus pensamentos. Seu texto entrou em sintonia com uma conversa que tive com a Isa sobre o fato de que gays de classe média têm uma estética visual que não os identifica como homossexuais para o restante da sociedade (falamos até do caso da bee que caiu de ghb no Datena, mas que o apresentador sensacionalista não identificou como gay, pois certamente teria comentado se entendesse os *sinais*). Me pergunto se o fato não demonstraria uma certa covardia. É cômodo andar pela cidade sem se expor como a bee pintosa em suas roupas e atitudes extravagantes. È uma situação bem confortável. Eu mesmo já ouvi coisas do tipo (na pegação): "puxa, mas vc nem parece gay" (sempre das mais bibinhas) e, de certa forma, me orgulhei disso. Sei lá... Mas pode ser o desejo de não se expor. Só isso. Como minha irmã que foi convidada para aparecer na Ana Maria Braga para acompanhar a feitura de uma bacalhoada no Antiquarius e recusou. Entende? Simplesmente não viu vantagem em expor sua imagem na TV, aparecer na mídia numa época em que a hiper-exposição é o lugar comum. Foi o que pensei. Um beijo. Cris
entendo aqueles que se recusaram porque o mundo é medíocre, hipócrita e cheio de conceitos definidos pelo que é pausterizado e padronizado... mas se tivesse me convidado, eu teria topado... oras... vivo bem reservado, mas quando é preciso falar, eu falo, na boa... beijo pra vc!
Olá, li seu artigo e já peço sua ajuda. Explico: qdo estávamos fazendo um video contra homofobia, tive o mesmo problema, muita gente não queria aparecer. Mas consegui muita gente pra fazer o video também. Será que você pode nos ajudar a divulga-lo? Não é o video do Stonewall! Obrigado. Abraços. Bruno. Aí está o link: Olá Klero! Tanto faz sentido que vi aqui pedir ajuda na divulgação de nosso video contra homofobia (não é o do Stonewall) Espero que goste e nos ajude. Abraços. Bruno. Aí está o link: http://www.youtube.com/watch?v=muxx7EjIgZE
Caro Introspective,
A expressão "sair do armário" é uma enganação. Na verdade, aderir aos esquemas gays é que é entrar no armário. Entrar num armário de afetações, de parâmetros e modos que exigem uma mentalidade muito específica. Quando você se refere às "bees", às "bilus" e às "bibas", não é de mim que está falando. Não sou malhado, não curto a night nem passeatas, nem moda gay nem nada que resulte dessa cultura tão específica, para não dizer limitada. Esse papo de "diversidade" é pura retórica. O mundo gay é implacável com a diversidade e cabe, todo ele, em meia dúzia de estereótipos. Os homens que me atraem estão por toda parte, menos nos locais gays. São homens comuns, em roupas comuns, sem tiques nervosos, sungões e coisas do tipo. A beleza de um homem comum é rica e variada, basta ter olhos para ver. Basta sair do armário - ou da gaveta - onde os gays pretendem ser tão modernos e estilosos. Não assumo que sou gay, tenho vergonha profunda de ser associado a práticas, estilos, condutas e valores que não só toleram, mas incentivam tantas porcarias. Não vejo uma única campanha para promover o respeito ao próximo, para conter a mentira, a ansiedade, a promiscuidade, a auto-depreciação. Bees, bibas e bilus adoram quartos escuros, festas para disseminar AIDS, drogas sintéticas etc. É um mundo, todo ele, centrado na rotatividade insana, no desespero, na degradação. Não. Não vou sair desse armário porque me orgulho dele. E por saber que quem está realmente no armário - num armário sujo e mofado - são esse pobres coitados, tão risonhos e triviais, mas lá no íntimo terrivelmente envergonhados da sua condição (como você descobriu ao procurar modelos para o seu artigo jornalístico).
Anônimo, entendo seu ponto e concordo em parte com ele. Acho que você quis dizer que a tal cultura do meio gay não abrange todos os homossexuais, e quanto a isso não tenho a menor dúvida. Agora, quando você diz que TODAS as pessoas que se identificam com essas referências culturais (que não são as suas) cultuam "a ansiedade, a promiscuidade, a auto-depreciação, os quartos escuros, as festas para disseminar AIDS, as drogas sintéticas etc.", você está sendo terrivelmente preconceituoso - seja por moralismo, simples falta de informação ou qualquer outra razão que não cabe aqui discutir.
De qualquer forma, a ideia da matéria era justamente promover um olhar de diversidade: ir além dos estereótipos, ver como homossexuais de diferentes estilos, backgrounds e filosofias lidam com questões ligadas à beleza. Teria sido maravilhoso se pessoas que não se identificam com a "cultura gay" também topassem aparecer e se manifestassem. O resultado teria sido mais rico, e com certeza conseguiríamos mostrar que existe muita vida além dos tais estereótipos, que existem pessoas com outros valores e condutas.
Introspective
Anonimo 1
Anonimo 2
Três homens homossexuais intelectualizados
Três opiniões diferentes da mesma questão
Três visões preconceituosas da mesma situação.
Dá uma tese!!!
Dá uma tese, assim como a falta de hombridade de certos leitores que se escondem no anonimato, não é mesmo?
Dentre as opções "escolher a identidade", verifique você mesmo a existência da alternativa "anônimo". Alternativa LEGITIMADA pelo próprio programa que VOCÊ escolheu para receber seu blog (concordando portanto com o esquema). Ë Curioso entretanto que com os dois anônimos anteriores o senhor não sentiu ofendido. Até interagiu. Será por que? De mais a mais, não venha me dizer que o senhor nunca fez um comentário resguardado pelo anonimato, que muito antes de ser uma falta de hombridade trata-se apenas de uma forma de expor uma opinião de maneira imparcial e sem qualquer peso que a identidade possa dar ao comentário.
Postar um comentário