Meus leitores mais antigos sabem que eu sempre fui meio crítico em relação ao som imposto pelas nossas pistas gays. Muitos DJs dizem que não podem fugir do lugar-comum e do bate-cabelo, porque isso acabaria desagradando a maioria dos freqüentadores e a pista tem que funcionar. E, para meu azar, meu gosto destoa do da maioria: sou uma das poucas pessoas que conheço que não consideram Offer Nissim a última Coca-Cola do deserto, muito menos o novo grande gênio da música.
No entanto, preferências à parte, não posso deixar de reconhecer: a The Week tem trazido para o público todos os DJs mais relevantes das diversas facções da cena gay mundial. Dos Estados Unidos já vieram todos os principais nomes do circuitão tribal (Tony Moran, Abel e Ralph Rosario, Manny Lehman, Chris Cox, Eric Cullemberg, Brett Henrichsen e, claro, o austríaco-de-Nova-York Peter Rauhofer) e, numa linha não tão focada no gueto, Danny Tenaglia e Victor Calderone. Da Europa, a casa trouxe o funky house inglês dos Freemasons e está estreitando relações com um dos mais fortes selos de festas da Espanha, o Matinée Group, responsável pelo melhor after de Barcelona e pela melhor festa gay do verão de Ibiza. De Buenos Aires, veio Aldo Haydar, biscoito fino da cena eletrônica portenha, residente do after que junta o povo mais bonito e fervido da cidade.
Claro que nem todos esses DJs são do meu gosto, e outros que aprecio ainda não vieram (estou confiante que o pessoal da TW ainda vai descobrir o Ismael Rivas, residente da Space of Sound de Madrid; como parece que eles lêem este blog, fica aqui a dica). Mas tenho que lembrar que a TW não é uma casa especificamente voltada à música eletrônica, e sim um megaclube gay destinado a agradar multidões de duas, três mil pessoas. Quem quer um som mais elaborado, moderno ou alternativo tem outros espaços na cidade que são direcionados a isso.
Mesmo assim, às vezes acho que a TW ainda poderia explorar mais outros estilos que também agradariam a boa parte dos ouvidos gays. Outras vertentes da house music, que é tão rica. De vez em quando, até vejo algum residente tentando (sobretudo o João Neto, que me parece ser o que mais pesquisa hoje em dia), mas ainda acho pouco. Parece que o clube ainda tem um certo pudor em ousar, como se a "proposta" da casa não permitisse.
Se essa limitação realmente existe, parece que André Almada veio com uma solução interessante para contorná-la: juntar forças com outros clubes. Que ofereçam um cardápio eletrônico mais variado, mas também tenham algo a oferecer para o freqüentador da The Week, mesmo não sendo clubes gays. E a escolha não poderia ter sido outra senão o Sirena e o Pacha. Ambos têm um público bonito, eclético e que aprecia música eletrônica, além de uma proposta musical que privilegia a house, especialmente progressive house e electrohouse - estilos bastante compatíveis com os "theweekeiros" (pelo menos os não tão viciados em tribal). Não por acaso, não são poucos os gays que freqüentam esses dois lugares e se divertem numa boa (o Sirena sempre foi meu clube preferido no Brasil).
A idéia dos três clubes é fazer uma parceria para trazer grandes atrações de fora, em festas conjuntas. O pontapé inicial será nesse fim-de-semana, quando a The Week descerá a serra para fazer duas festas em Maresias. A primeira, mais light, será na noite de sábado, no Morocco, espécie de "lounge dançante temático" dos donos do Sirena. A segunda será uma day party no próprio Sirena, na tarde do domingo. Quem ainda não freqüenta o Sirena e o Pacha já pode começar a ir se preparando para dançar muita música boa - e ver muito homem-diliça naquela zona cinzenta, "que não é mas pode vir a ser a qualquer momento". Essa aliança promete!
13 comentários:
Muito bom seu blog, traz bastante informação!Quanto ao som da Te Week, seria bom inovar, trazer coisas novas mesmo.Conheço muita gente que não suporta o som de lá( Tribal), mas vai pelo lugar, pelas pessoas.
Mas seria ótimo ouvir Progressive House ou Electro House, ter uma noite gay com um som legal no sábado.
Ai nem me fala nisso, que ja me da vontade de fazer uma lista enooorme de djs q poderiam trazer, mas tenho a impressão que só eu ficaria feliz com a maioria!
Mas aqui no Rio, o Robix ta fazendo um som bem legal, mais progressivo, que se diferencia dos outrso 79 residentes da TWR.
Agora essa parceria pareceu legal na teoria, quero ver como vai ser na prática!
Tb quero ver o que vai acontecer. Mas ja acho otima essa aliança, so nao adianta rolar festas gays nos outros clubes, senao perde o objetivo. A ideia - bem antiga mas que sempre volta - é unir os publicos. Sera que dessa vez vai?
Nem preciso dizer que concordo com você, né?! A TW tem uma infra que não fica atrás de muitos grandes clubes e já tem uma certa liberdade de arriscar novas propostas musicais e, vou além, apresentar novos estilos. Fica a impressão de que têm um certo receito de ousar. Reconheço que alguns bons ou ótimos nomes já tocaram lá, mas em regra a receita é repetida todo fim de semana. Salas como a Souvenir de BCN e Space of Sound de Madrid são os melhores exemplos do que poderia acontecer por aqui: a música é tão boa, tão variada, que já não são considerados clubes gays. Ah, e vale a dica do DJ. No Loveball Ismael Rivas é sempre o último a tocar. Arriba TW!
Créu créu créu créu créu crééééu!
Isso é muito bacana e tomara que dê certo! Mais opções e aos poucos (bem aos poucos) pode educar o gosto da pessoa que frequenta, não conhece, mas dança assim mesmo!
Thiago, me lembra de te apresentar algumas das cerca de 200 pessoas que conheço que acham Offer Nissim uó, rs. Sério, conheço muitas. :P
Bjs!
Muito bom seu texto, sempre claro e informativo. E um bom gosto musical que merece aplausos. Leitor fiel. Não lembro se já vi uma foto sua, não tem como eu ver o gatinho que está por trás destas palavras. abração.
Deu na Monica Bergamo hj que virão 45 "BALADEIROS" de SP para a Casa Franklin. Depois excursão-BALADA (!!??) na baía de Guanabara. Medo, muito medo.........(EXCURSÃO-BALADA?????????????? ECAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!)
Daniel: Obrigado, apareça! Acho que se essas pessoas insatisfeitas reclamassem mais, a TW veria que bate-cabelo não é unanimidade e quem sabe deixaria os DJs diversificarem um pouco...
Estefanio: Bom saber, pois adoro progressive!
Gui: Olha... claro que existem os playboys retardados do Pacha e os pitboys do Sirena (todos homofóbicos), mas o que tenho visto na noite HT eletrônica é um pessoal cada vez mais desencanado, tolerante. Não que achem moderno ou cool ter amigos gays (aquela visão de zoológico), mas tb não se incomodam em dançar junto, sabem que isso não tem a menor importância pra eles, cada um na sua se divertindo com aquele mesmo som... Eu acho que dá pé, sim!
Xandecarioca: O mais legal é ver as bees espanholas ou argentinas se jogando horrores com aquela música maravilhosa, sem sentir a menorrrr falta da, sei lá, Kristine W... ou seja, não venham com esse papo de que todo gay tem uma diva dentro de si...
Vítor: Obaaa, vou adorar ;)
Rubem Matias: Procure um post chamado "meus cinco minutos de fama", lá vc pode matar sua curiosidade. Obrigado pela fidelidade!
André F.: Pois é, rapaz! E vc viu que tem uma cidade - em pleno Brasil - onde as pessoas vão para a... "night"? Vai entender, né?
(desculpe, mas não pude evitar. adooooooro xoxar essa palavra! rs, rs, rs...)
pra falar a verdade a TW me cansa... sou mais de outras baladas. Confesso: sou meio sapatão!
Bjo!!!!!!!!!!!!
Muito bacana seu blog, sempre que lembro passo por aqui. Apesar dos assuntos não me interessarem muito (você restringe demais ao mundo gay), escreves de um jeito agradável... dá vontade de continuar lendo! Abraço!
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