MARAKUTHAI [foto]
Esse lugar foi meu vício no verão passado e continua sendo meu queridinho. A chef Renata Vanzetto é uma menina-prodígio: com apenas 17 anos, ela já comandava a matriz da casa, em Ilhabela. A filial paulistana veio três anos depois e repetiu o sucesso, propondo uma culinária tailandesa moderna, com ênfase em frutos do mar. O ambiente, de extremo bom gosto, mistura plantas, móveis e objetos de épocas diferentes, num resultado meio praia, meio brechó e totalmente girlie. Perfeito para um almoço de sábado com os amigos. Eu indico: as tirinhas de mignon com molho de curry vermelho levemente adocicado (peça para vir com cuscuz marroquino no lugar da farofa de dendê) e o mix de lula e camarões com molho de leite de coco, alho poró, tomate e limão. Eu também recomendaria o atum selado com molho de queijo de cabra e damasco, não fosse o preço tão salgado (R$74). Onde: Al. Itu, 1618, Jardins.
SAL GASTRONOMIA
Já citei o Sal outras vezes no blog, mas nunca cheguei a resenhá-lo. Escondido atrás da Galeria Vermelho, tem ambiente clean e moderno, mas sem afetação. As mesas são dispostas ao longo de um corredor, com vista para a cozinha envidraçada, de onde se vê o trabalho de Henrique Fogaça e seus ajudantes (todos carecas, fortões e tatuados como ele). Fetiches à parte, os bofes servem pratos contemporâneos bem executados, com ocasional presença de ingredientes brasileiros. Eu indico: o lombo de cordeiro com purê de dois queijos, shitake e molho de jabuticaba. Ou o atum em crosta de gergelim ao molho teriyaki, com arroz negro, pupunha e cubos de tomate, caso você precise exibir o corpinho depois da sobremesa. Onde: Rua Minas Gerais, 350, Higienópolis.
LAS FAVAS CONTADAS
Com pouco mais de um mês de vida, o caçula do meu roteiro está sendo descoberto aos poucos. Numa discreta ruela da Vila Madalena, tem apenas 50 lugares e um clima intimista e aconchegante, típico do bairro. O chef Caio Henri já pilotou caçarolas em lugares tão diversos quanto a Febem e o Palácio do Planalto - mas é do Carlota, onde ele cozinhou por três anos, que vêm as influências mais marcantes do cardápio. Várias receitas célebres de Carla Pernambuco estão lá, como a panelinha de cogumelos shiitake e o filé ao vinho do Porto com risoto de figos. Aos poucos, porém, a casa está introduzindo pratos novos e construindo uma identidade própria. Os preços são convidativos. Eu indico: o tempura de badejo ao molho curry com arroz de coco e laranja, um grande acerto que não veio do Carlota. E o petit gateau de doce de leite, para fechar com chave de ouro. Onde: Rua Patizal, 72, Vila Madalena.
MADUREIRA SUCOS
Quem volta do Rio de Janeiro sentindo falta do Bibi Sucos precisa descobrir este tesouro. O cardápio faz um inventário completo da alimentação saudável. Açaí, cremes na tigela, salgados assados, omeletes, tortas, saladas, sopas, grelhados, sandubas com pasta de ricota, tem de tudo aqui. Os sucos são criativos: tangerina com kiwi, maçã com uva e blueberry, cenoura com tangerina e maracujá, framboesa com ameixa e gengibre e muitos outros, vários deles com propriedades funcionais. Para sentar, há um balcão com banquetas no piso térreo, e mesas em uma varanda no primeiro andar. O charme fica por conta dos ladrilhos verdes e rosa que revestem as paredes e dão um toque lúdico ao lugar. Eu indico: A substancial torta de galinha com milho, com cinco dedos de altura e um recheio bem úmido. Onde: Rua João Cachoeira, 217, Itaim.
KAÁ
Vamos logo ao que interessa: o ambiente do Kaá é tão bonito que já ganhou dois prêmios internacionais, como o restaurante de melhor design de São Paulo. De fato, a combinação de pé-direito altíssimo, jardim vertical grandioso, tons de marrom e pitadas de inspiração indígena gerou um efeito espetacular, como se pode ver no próprio site da casa. É o tipo de lugar que nem as pessoas mais blasé resistem a fotografar. A personalidade forte do ambiente, porém, não se repete na cozinha: trata-se da mesma mistura franco-italiana sem ousadia que tantas outras casas servem por aí. Tudo correto, sem dúvida, mas aposto que você contará pros amigos que foi almoçar "num lugar lindo", e não que comeu "uma comida incrível". Mesmo assim, a beleza sem igual torna o Kaá uma excelente pedida para comemorar um aniversário ou levar turistas e mostrar a eles "o poder de São Paulo". Eu indico: o fettuccine com ragu de pato. Onde: Av. Juscelino Kubitschek, 279, Itaim.
LA MAR
A culinária peruana é o resultado do cruzamento de várias influências: a cultura inca (diversas variedades de batata e milho), a colonização espanhola (sopas e guisados) e as cozinhas asiáticas (peixes crus e pratos salteados na wok). Essa rica mistura é uma das febres gastronômicas do momento e chegou a São Paulo no ano passado pelas mãos de várias casas. Uma delas é o La Mar, uma franquia que o chef peruano Gastón Acurio levou a outros cinco países. Na parte de petiscos, há os famosos cebiches e tiraditos (porções de peixes em cubos ou fatias, marinados em caldos cítricos, com temperos como cebola roxa e pimenta ají), e as menos conhecidas causas (bolinhos de batata com recheios de peixe ou camarão). Já entre os pratos quentes, massas, arrozes e pratos salteados na wok, sempre com muitos frutos do mar - os mais interessantes são os de acento asiático, como o salteado nikkei. Eu indico: a didática degustação de 4 cebiches (o de atum com leche de tigre ao tamarindo é o meu favorito) e a pasta negra ao chupe thai de camarões. Onde: Rua Tabapuã, 1410, Itaim.
DUI
Mais um restaurante contemporâneo que joga no caldeirão influências de várias partes do mundo. Nas entradas, tapas com sotaque espanhol; nos pratos, costelinhas de porco brasileiríssimas, carré de cordeiro francês, peixe com acento asiático, e por aí vai. O ambiente é uma atração à parte. O espaço do antigo Empório Siriúba foi completamente repaginado e se transformou num restaurante vistoso e exuberante, com pé-direito altíssimo e um jardim de inverno pra lá de romântico, ideal para aquele jantarzinho tête-à-tête. É bom avisar: não é um lugar barato. Eu indico: não me preocupei em anotar o que comi, pensando que poderia olhar depois na internet, mas o site da casa não mostra o menu... Onde: Al. Franca, 1590, Jardins.
AK DELICATESSEN
Num dos bairros com maior concentração de judeus em São Paulo, a casa da simpática Andrea Kaufmann propõe uma releitura moderna dos clássicos da cozinha judaica. O lugar é meio apertado, com mesas muito próximas uma das outras, mas ainda assim charmoso. E a comida é bem caprichada. Eu indico: as delicadas varenikes, típicas massinhas de batata com recheio de cebola confit, rabada ou creme de haddock, o medalhão de mignon envolto em pastrami com queijo brie e mix de cogumelos e a cheesecake com coulis de frutas vermelhas. Onde: Rua Mato Grosso, 450, Higienópolis.
PING PONG
Filial de uma rede inglesa, o Ping Pong é um bar especializado em dim sum, faceta da culinária chinesa pouco conhecida no Brasil. Simplificando grosseiramente, é uma versão ching-ling das tapas espanholas: pequenas porções de bolinhos recheados de carne de porco, legumes ou frutos do mar, que podem ser assados, fritos ou cozidos no vapor. Como são 3 unidades por porção, o ideal é ir num grupo de três amigos e ir provando várias - você vai marcando as que deseja em um formulário. Dois cuidados: coma antes que esfriem (especialmente as massinhas feitas no vapor, que ficam grudentas) e tente não perder a noção de quando está gastando, para não levar um susto. O lugar tem aquela dose de pretensão bem típica do Itaim (que este texto retratou de uma forma divertidíssima), mas isso não chega a incomodar. Eu indico: pork puff (massa folhada com recheio de mignon suíno, cebolas caramelizadas e mel), seafood dumpling (massinha de cenoura no vapor com recheio de caranguejo, camarão e vieiras), crispy prawn ball (camarões fatiados com cebolinha em macarrão de fios de ovos e molho agridoce) e o refrescante drink não-alcoólico de goji berries, manga e hortelã. Onde: Rua Lopes Neto, 15, Itaim.
SAKÊ
Se você não consegue pensar em sushi sem cream cheese e adora enrolados flambados, de preferência com um pouco de molho tarê por cima, aqui vai mais um japa ocidentalizado para a sua lista. Trata-se da estreia em solo paulistano de um restaurante muito conhecido em Vitória [sobre o qual eu já falei aqui, quando escrevi sobre a capital capixaba]. Os combinados mais sofisticados trazem criações que fogem do trivial, com direito a arriscadas misturas de salgado com doce. Tanta ousadia nem sempre dá certo: na degustação de sashimis, por exemplo, a combinação de haddock e molho de maracujá é bem esquisita. Já nos sushis, o Sakê apresenta resultados bem melhores, embora ainda inferiores aos do Mori Sushi. Eu indico: o combinado mix show (cuenda o nome pintoso!), uma amostra bem completa de todas as invencionices da casa. Onde: Rua Dr. Mário Ferraz, 37, Jardim Europa.
GABRIEL
Tem jeitão de lounge, com muitas almofadas, paredes cobertas de badulaques e luz baixa no jantar. O público não destoa do que se poderia esperar em um restaurante em plena Gabriel Monteiro da Silva: casais balzaquianos, famílias de classe média alta, rapazes bem apessoados em camisetas de gola pólo. O menu é variado, mas com acentuada influência francesa: entrecôte ao molho béarnaise, confit de pato, steak tartar, crepe de laranja. Eu indico: o delicioso penne oriental, que leva camarões, shiitake, aspargos e um toque de curry. Onde: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1424, Jardim Paulistano.
LE FRENCH BAZAR
Uma improvável esquina de Pinheiros abriga esse charmoso restaurante francês, com pratos clássicos de bistrô e algumas receitas mais modernas, sempre com apresentação impecável. Há algumas mesas na calçada, mas o melhor é sentar lá dentro, onde as paredes forradas por um curioso papel florido azul-turquesa ajudam a criar um clima aconchegante e intimista. Simplesmente uma graça! E a cozinha faz bonito também. Eu indico: o confit de pato ao molho de vinho do Porto, com risoto de grãos bem cremosinho, a rabada à Bourguignonne e o ótimo fondant de chocolate com creme inglês. Onde: Rua Fradique Coutinho, 179, Pinheiros.
LA FORCHETTA
Para contrastar com tantas casas moderninhas, eis um restaurante old fashioned: as preparações levam sofisticados molhos à base de creme de leite, às vezes finalizados num réchaud à mesa, aos olhos do cliente. A casa fez fama nos anos 80 como Forchetta D'Oro, na rua Haddock Lobo, um dos restaurantes bacanudos da minha infância, ao lado do Leonardo's e do Tatini. Depois, mudou-se para a Vila Nova Conceição, e agora ocupa o térreo de um flat na Bela Cintra, a poucos metros do Sonique. Difícil é escolher entre tantas delícias. Só não venham em época de Restaurant Week, pois os pratos promocionais são medíocres - levei um grupo de amigos e quase morri de vergonha. Eu indico: o chateau tobruk (filé alto tipo chateaubriand, molho à base de manteiga, molho roti, mostarda, champignon, alho, uva passa, cebolinha, com arroz puxado no próprio molho) e o casuncelli (massa com recheio de vitela, presunto cru, uva passa e amaretto, servida com molho de funghi). Onde: Rua Bela Cintra, 521, Consolação.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
O príncipe do momento
Estou vivendo uma daquelas semanas decisivas em que chovem prazos apertados e não há tempo a perder - nem com o blog. Mas há momentos em que a gente precisa dar uma parada e ocupar nossa cabeça com assuntos menos sérios e mais amenos - até para recuperar o fôlego e conseguir aguentar o tranco. Nessas horas, uma das minhas leituras preferidas é o Made in Brazil, blog do querido Juliano Corbetta, que funciona como uma vitrine da beleza brasileira para o mundo. Adoro ver os modelos, as coleções e também as novidades pinçadas pelo olhar apurado e preciso do moço, em inglês sempre impecável.
O modelo das fotos é o Bernardo Velasco, clicado pelo craque Lucio Luna [outras fotos dessa série, você vê aqui]. Quando ele posou para o finado site The Boy, no final de 2008, já era bonito, mas não chamou minha atenção: faltava nele um je ne sais quoi de homem que, eu pensava, só viria com a idade. Mas ele não demorou muito para ficar no ponto, e nem precisou perder o rostinho delicado. Talvez tenha sido questão de encontrar os fotógrafos certos. Mas o fato é que Bernardo finalmente me conquistou.
E me conquistou ao ponto de se tornar o meu modelo predileto, destronando até mesmo o antigo príncipe cafuçu que dominava os meus sonhos, Ramirez Allender (que deu uma boa sumida). Bernardo consegue um equilíbrio dificílimo: é sarado, masculino e viril sem deixar de ser esguio e até delicado. E ilumina todas as fotos em que aparece com esse rosto limpo, perfeito, sereno, quase angelical.
Além de Bernardo e Ramirez (que pode me reconquistar se quiser, eu prometo facilitar!), vou nomear mais oito para fechar um dream team redondo com dez modelos. Entre os bofões, ainda não consegui tirar da cabeça o Malvino Salvador; o Diego Cristo tem um belo olhar e não faz feio quando deixa a barba crescer. No capítulo cafuçus, as passarelas nunca foram muito generosas, então só me ocorre o paraibano Carlos Freire, com sua pele dourada e seu físico impossível. Loiros e germânicos não são meu forte, mas, se eu tiver que escolher, não tem pra mais ninguém: é Rodrigo Calazans e Jonas Sulzbach na cabeça. Homens com rostinhos de bebê tampouco me instigam, mas o Edilson Nascimento e o Renato Ferreira merecem uma menção honrosa. E, para fechar em dez, como eu não achei um link só do Erasmo Viana no MIB, eu pego o André Ziehe - que veio na mesma leva do Evandro Soldati, mas deve ser bem mais atraente ao vivo do que o galã (?) de Alejandro.
O modelo das fotos é o Bernardo Velasco, clicado pelo craque Lucio Luna [outras fotos dessa série, você vê aqui]. Quando ele posou para o finado site The Boy, no final de 2008, já era bonito, mas não chamou minha atenção: faltava nele um je ne sais quoi de homem que, eu pensava, só viria com a idade. Mas ele não demorou muito para ficar no ponto, e nem precisou perder o rostinho delicado. Talvez tenha sido questão de encontrar os fotógrafos certos. Mas o fato é que Bernardo finalmente me conquistou.
E me conquistou ao ponto de se tornar o meu modelo predileto, destronando até mesmo o antigo príncipe cafuçu que dominava os meus sonhos, Ramirez Allender (que deu uma boa sumida). Bernardo consegue um equilíbrio dificílimo: é sarado, masculino e viril sem deixar de ser esguio e até delicado. E ilumina todas as fotos em que aparece com esse rosto limpo, perfeito, sereno, quase angelical.
Além de Bernardo e Ramirez (que pode me reconquistar se quiser, eu prometo facilitar!), vou nomear mais oito para fechar um dream team redondo com dez modelos. Entre os bofões, ainda não consegui tirar da cabeça o Malvino Salvador; o Diego Cristo tem um belo olhar e não faz feio quando deixa a barba crescer. No capítulo cafuçus, as passarelas nunca foram muito generosas, então só me ocorre o paraibano Carlos Freire, com sua pele dourada e seu físico impossível. Loiros e germânicos não são meu forte, mas, se eu tiver que escolher, não tem pra mais ninguém: é Rodrigo Calazans e Jonas Sulzbach na cabeça. Homens com rostinhos de bebê tampouco me instigam, mas o Edilson Nascimento e o Renato Ferreira merecem uma menção honrosa. E, para fechar em dez, como eu não achei um link só do Erasmo Viana no MIB, eu pego o André Ziehe - que veio na mesma leva do Evandro Soldati, mas deve ser bem mais atraente ao vivo do que o galã (?) de Alejandro.
terça-feira, 22 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
Thiago canarinho?!?!
Quem me conhece sabe que nunca dei a mínima para futebol. Quando moleque, diante da inevitável pressão da sociedade para que eu escolhesse meus times, adotei o Corinthians e o Fluminense. Por critérios bem peculiares: achei o símbolo do Timão muito mais simpático do que o triângulo sem-graça do São Paulo, e a combinação de verde e vermelho do Flu um luxo - bem mais bonita que preto com vermelho, ou preto com branco. Nas Copas do Mundo, me bastava a felicidade de ficar livre do trabalho. As poucas partidas a que havia assistido na televisão até hoje me pareciam looongas, intermináveis.
Comecei a Copa 2010 no mesmo espírito. Na primeira partida, contra a Coreia do Norte (oi? eles também conhecem futebol?!), fiquei fazendo meus trabalhos de faculdade sossegado. Hoje, atolado em semana de provas, tentei fazer o mesmo. Mas o jogo contra a Costa doSauípe Marfim foi menos morno, o Brasil começou a fazer vários gols, e o bairro virou um griteiro só. Isso começou a me desconcentrar e, quando o Brasil marcou o terceiro, não resisti e fui até a sala dar uma olhada.
Primeira reação, instintiva: radiografar os machos em campo, é claro. Eu não tinha ideia de quem era a nossa seleção (o único que eu conhecia de vista era o Kaká, mas ele já é meio celebridade, né?). Como era de se esperar, tinha vááários cafuçus, todos com cara de supersimpáticos! A seleção adversária também era toda trabalhada no nagô, mas eles tinham uma cara diferente, meio do Mal, bandida mesmo. Ainda assim, tinha uns dois ou três ali que rendiam muito bem um filminho hardcore. Ah, achei o juiz um gato! E gostei bastante do uniforme da Costa do Marfim. Aliás, se eu encontrar alguma outra camisa de seleção bacana, com uma pegada mais fashion (e o tecido não quente demais para um país tropical, e o preço não muito caro), posso até pensar em comprar. Embora eu não tenha ideia de onde usar (#comofas?).
Bom, até aí, beleza: essas reações estavam dentro do previsível para o Introspective. Mas notei que algo havia mudado em relação aos outros anos. Quando dei por mim, estava acompanhando atentamente as jogadas, as passadas de bola, preso à televisão. Quando os açougueiros africanos começaram a carnificina, contundindo os nossos jogadores, fingindo terem sofrido faltas, me vi tenso. Tomei as dores do tal Elano, que levou um créu dolorido, e do Kaká, expulso sem culpa alguma. Vi o Dunga dando uns pitis do banco e, putz, sabe que também achei ele uma graça, até estiloso? Ele e o nosso goleiro, cujo nome depois eu pego no Google. Eu nunca havia reparado neles! Acabei de descobrir também que o Maradona virou técnico da Argentina, e fiquei bege.
Não tenho a menor ideia do que está acontecendo comigo. Só sei que gostei da brincadeira, e agora vou procurar assistir a todos os jogos do Brasil na Copa. Claro que vou continuar olhando primeiro para os machos, depois para os uniformes e em terceiro lugar para o jogo, isso é fato. Mas descobri que também fico feliz quando o Brasil marca um gol, e orgulhoso quando os adversários, no final do jogo, vêm cumprimentar a nossa seleção e trocar camisas, com deferência (gosto especialmente dessa parte, quando eles tiram a camisa suada em campo, hehe). Só não me peçam para soprar essas cornetas horrorosas, que agora alguém decretou que passam a se chamar "vuvuzelas" (hein?). Digo mais: se o Brasil sair campeão, pela primeira vez, acho que ficarei feliz de verdade.
Comecei a Copa 2010 no mesmo espírito. Na primeira partida, contra a Coreia do Norte (oi? eles também conhecem futebol?!), fiquei fazendo meus trabalhos de faculdade sossegado. Hoje, atolado em semana de provas, tentei fazer o mesmo. Mas o jogo contra a Costa do
Primeira reação, instintiva: radiografar os machos em campo, é claro. Eu não tinha ideia de quem era a nossa seleção (o único que eu conhecia de vista era o Kaká, mas ele já é meio celebridade, né?). Como era de se esperar, tinha vááários cafuçus, todos com cara de supersimpáticos! A seleção adversária também era toda trabalhada no nagô, mas eles tinham uma cara diferente, meio do Mal, bandida mesmo. Ainda assim, tinha uns dois ou três ali que rendiam muito bem um filminho hardcore. Ah, achei o juiz um gato! E gostei bastante do uniforme da Costa do Marfim. Aliás, se eu encontrar alguma outra camisa de seleção bacana, com uma pegada mais fashion (e o tecido não quente demais para um país tropical, e o preço não muito caro), posso até pensar em comprar. Embora eu não tenha ideia de onde usar (#comofas?).
Bom, até aí, beleza: essas reações estavam dentro do previsível para o Introspective. Mas notei que algo havia mudado em relação aos outros anos. Quando dei por mim, estava acompanhando atentamente as jogadas, as passadas de bola, preso à televisão. Quando os açougueiros africanos começaram a carnificina, contundindo os nossos jogadores, fingindo terem sofrido faltas, me vi tenso. Tomei as dores do tal Elano, que levou um créu dolorido, e do Kaká, expulso sem culpa alguma. Vi o Dunga dando uns pitis do banco e, putz, sabe que também achei ele uma graça, até estiloso? Ele e o nosso goleiro, cujo nome depois eu pego no Google. Eu nunca havia reparado neles! Acabei de descobrir também que o Maradona virou técnico da Argentina, e fiquei bege.
Não tenho a menor ideia do que está acontecendo comigo. Só sei que gostei da brincadeira, e agora vou procurar assistir a todos os jogos do Brasil na Copa. Claro que vou continuar olhando primeiro para os machos, depois para os uniformes e em terceiro lugar para o jogo, isso é fato. Mas descobri que também fico feliz quando o Brasil marca um gol, e orgulhoso quando os adversários, no final do jogo, vêm cumprimentar a nossa seleção e trocar camisas, com deferência (gosto especialmente dessa parte, quando eles tiram a camisa suada em campo, hehe). Só não me peçam para soprar essas cornetas horrorosas, que agora alguém decretou que passam a se chamar "vuvuzelas" (hein?). Digo mais: se o Brasil sair campeão, pela primeira vez, acho que ficarei feliz de verdade.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
I am... Maria Bonita
Quando viajei para Natal e publiquei meu post de viagem, em que falei sobre as agruras da vida gay local, um leitor passou a indicação do meu blog para um blogayro potiguar, que por sua vez, recomendou o meu texto aos seus leitores. Para arrematar, o blogayro me dedicou um CD que achei simplesmente impagável. Lembram daquilo que chamei de "pussycat forró", aquele monte de músicas de divas beeshas repaginadas em ritmo nordestino? Pois um produtor local que atende pela alcunha de Mução (ui, será que é um cafuçu-diliça?) resolveu regravar o repertório da Beyoncé todo trabalhado na forrosidade. O resultado ficou hilário e surpreendentemente harmonioso. Conheçam I Am... Maria Bonita!
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Reações químicas
Tento pensar que as pessoas não têm qualidades absolutas, e sim relativas. Dentro desse raciocínio, não existem pessoas boas ou más em si mesmas. Nem agradáveis ou desagradáveis, atraentes ou desinteressantes. O que existe são combinações felizes ou infelizes, que dão certo ou não. Como elementos químicos: têm algumas características próprias, mas é a reação entre eles que dará o tom. Uma pessoa pode se revelar de um jeito para A e de outro para B. Nós agimos diferente conforme a companhia, e isso sem deixar de ser quem somos. Sabe aquele cara que muitos adoram, mas você acha insuportável? Mais simples do que apontar razões ou culpas é admitir que vocês apenas não combinam, e pronto. Isso não quer dizer que ele não possa ser incrível diante de outras pessoas, ou que elas estejam erradas em pensar isso dele. O resultado da combinação entre eles é diferente, só isso.
Mas as pessoas têm uma particularidade em relação aos elementos químicos: o resultado das combinações não é estável diante do tempo. Se combinarmos duas moléculas de hidrogênio com uma de oxigênio, sempre obteremos água, seja em 824 a.C. ou em 2012. Já o resultado da combinação entre duas pessoas não será sempre igual, porque elas não preservam as mesmas características ao longo do tempo: elas acumulam experiências que mudam seus valores, seu comportamento, suas expectativas, suas vontades. Por isso muitos casamentos acabam: o que dava supercerto no começo deixa de funcionar, e nem sempre sobra algo que valha a pena ser mantido.
Para complicar mais as coisas, nem sempre as percepções (boas ou ruins) que uma pessoa tem da outra caminham em sincronia. Se sempre existisse essa correspondência, essa harmonia perfeita, nunca haveria sofrimento. É comum que uma parte se encante e não seja correspondida, ou que ambas se envolvam e depois apenas uma delas se desencante. À parte que nunca teve ou deixou de ter a reciprocidade do sentimento (seja ele amor, amizade ou tesão), resta lamber as feridas e partir para outra - no ritmo e velocidade que sua autoestima permitir.
Estamos falando aqui de faíscas que perecem, decaem, deixam de existir - como a planta que nasce, cresce, floresce, murcha e morre, percorrendo um ciclo vital sempre na mesma direção. O mais curioso, porém, é que as relações humanas também têm a possibilidade de andar na direção contrária. Podemos perder o interesse em alguém e, num momento posterior, voltar a desejá-lo, sentir algo novo por ele.
Ou então aquele cara que nunca te deu a menor bola um dia pode passar a te enxergar com outros olhos e se interessar. A causa disso varia: ele mudou, você mudou ou os dois mudaram. O fato é que a combinação para ele não funcionava, e agora funciona. Happy end? Nem sempre. Nesse meio tempo, você também viveu e passou por uma série de coisas. É bem provável que seus valores tenham mudado - e, onde você via uma pessoa admirável, interessante e especial, hoje você enxergue apenas um babaca. Ah, os desencontros da vida!
Mas as pessoas têm uma particularidade em relação aos elementos químicos: o resultado das combinações não é estável diante do tempo. Se combinarmos duas moléculas de hidrogênio com uma de oxigênio, sempre obteremos água, seja em 824 a.C. ou em 2012. Já o resultado da combinação entre duas pessoas não será sempre igual, porque elas não preservam as mesmas características ao longo do tempo: elas acumulam experiências que mudam seus valores, seu comportamento, suas expectativas, suas vontades. Por isso muitos casamentos acabam: o que dava supercerto no começo deixa de funcionar, e nem sempre sobra algo que valha a pena ser mantido.
Para complicar mais as coisas, nem sempre as percepções (boas ou ruins) que uma pessoa tem da outra caminham em sincronia. Se sempre existisse essa correspondência, essa harmonia perfeita, nunca haveria sofrimento. É comum que uma parte se encante e não seja correspondida, ou que ambas se envolvam e depois apenas uma delas se desencante. À parte que nunca teve ou deixou de ter a reciprocidade do sentimento (seja ele amor, amizade ou tesão), resta lamber as feridas e partir para outra - no ritmo e velocidade que sua autoestima permitir.
Estamos falando aqui de faíscas que perecem, decaem, deixam de existir - como a planta que nasce, cresce, floresce, murcha e morre, percorrendo um ciclo vital sempre na mesma direção. O mais curioso, porém, é que as relações humanas também têm a possibilidade de andar na direção contrária. Podemos perder o interesse em alguém e, num momento posterior, voltar a desejá-lo, sentir algo novo por ele.
Ou então aquele cara que nunca te deu a menor bola um dia pode passar a te enxergar com outros olhos e se interessar. A causa disso varia: ele mudou, você mudou ou os dois mudaram. O fato é que a combinação para ele não funcionava, e agora funciona. Happy end? Nem sempre. Nesse meio tempo, você também viveu e passou por uma série de coisas. É bem provável que seus valores tenham mudado - e, onde você via uma pessoa admirável, interessante e especial, hoje você enxergue apenas um babaca. Ah, os desencontros da vida!
quarta-feira, 9 de junho de 2010
E la nave va...
::: Pois é, a Parada dobrou a esquina e passou (e foi bem melhor do que as edições anteriores), o feriado acabou e a vida segue. Quem passou semanas ou meses criando expectativas e se preparando para a data (como várias pessoas que eu conheço) se vê agora em uma espécie de vácuo: e agora, o que fazer? Parar um pouco de sair e pagar as contas? Pode relaxar a dieta e comer o que quiser? Pode pular a academia por causa do frio? Dar um tempo na galinhagem e arranjar um namorado? Ou já pensar na próxima festa do calendário e continuar se preparando?
::: O assunto da semana é o novo vídeo de Lady Gaga, "Alejandro". Vai ficando cada vez mais difícil para ela causar impacto. O clipe é uma repetição de fórmulas; a música, com alguma reminiscência de Abba, Ace of Base e subprodutos teens do pop europeu, não tem pegada (e vai dar um trabalhão para os DJs remixarem, como observou o Daniel). Agora a cantora quer posar para a Playboy norte-americana: ela vê no ensaio uma "nova forma de expressão" e a possibilidade de "crescer como artista", fazendo algo inédito na história da revista. Se ela é a vanguarda em pessoa ou totalmente overrated, não sei. Mas lembro do recente fiasco que a Playboy daqui amargou quando uma mulher "de atitude" tentou fazer "algo inédito", e pergunto: quem pagaria para ver Lady Gaga nua?
::: E por falar em montação, a geração hipster promete baixar em peso no Lions, na sexta, para a terceira edição da festa carioca Buati (aquela em que tive que pagar R$8 por uma água, e dancei música velha de festinha de prédio). Essa não me pega mais, mas um outro projeto carioca - que ainda não chegou a São Paulo - chamou minha atenção. É a Bootie, uma festa só de mashups (aquelas colagens absurdas feitas com duas músicas nada-a-ver, gerando um resultado surpreendente). A segunda edição rola também na sexta, no simpático Fosfobox (Copa), e traz o DJ Faroff, um craque que cria pérolas como esta. O jornalista Ronald Villardo foi à estreia da festa e escreveu uma resenha ultraempolgada. Ele achou incrível que ali "os pagantes são tratados como VIPs", ou seja, quem paga ingresso entra primeiro. Ué, não deveria ser sempre assim?
::: Assinei a TV a cabo bem depois dos demais mortais, e com isso acabei não criando o hábito de acompanhar os seriados que a maioria dos meus amigos segue, comenta e compra. De todos eles, o que me despertava maior curiosidade é Sex And The City, indicado por 10 entre 10 amigos: "você tem que ver, são quatro mulheres mas é totalmente gay, somos nós retratados ali!". Até decidi não assistir aos filmes antes de conferir a série em DVD. Mas confesso que levei um tremendo banho de água fria quando li este texto, muito bem escrito pelo Diego. Será SATC mais uma referência gay à qual eu serei imune, depois do house tribal?
::: E o frrrrrio que está fazendo em São Paulo parece ter vindo para ficar. No fim de semana, a temperatura promete chegar a trincantes 7ºC. Com um tempo desses, só consigo pensar em programas light: dormir cedo, ver bons filmes (no cinema ou em casa) e, é claro, comer! Será uma boa oportunidade para postar aqui um roteiro com os restaurantes paulistanos que fui conhecer nos últimos meses. Outra ideia em pauta, sugerida por um leitor, é um miniguia só de cafés. Aguardem.
::: O assunto da semana é o novo vídeo de Lady Gaga, "Alejandro". Vai ficando cada vez mais difícil para ela causar impacto. O clipe é uma repetição de fórmulas; a música, com alguma reminiscência de Abba, Ace of Base e subprodutos teens do pop europeu, não tem pegada (e vai dar um trabalhão para os DJs remixarem, como observou o Daniel). Agora a cantora quer posar para a Playboy norte-americana: ela vê no ensaio uma "nova forma de expressão" e a possibilidade de "crescer como artista", fazendo algo inédito na história da revista. Se ela é a vanguarda em pessoa ou totalmente overrated, não sei. Mas lembro do recente fiasco que a Playboy daqui amargou quando uma mulher "de atitude" tentou fazer "algo inédito", e pergunto: quem pagaria para ver Lady Gaga nua?
::: E por falar em montação, a geração hipster promete baixar em peso no Lions, na sexta, para a terceira edição da festa carioca Buati (aquela em que tive que pagar R$8 por uma água, e dancei música velha de festinha de prédio). Essa não me pega mais, mas um outro projeto carioca - que ainda não chegou a São Paulo - chamou minha atenção. É a Bootie, uma festa só de mashups (aquelas colagens absurdas feitas com duas músicas nada-a-ver, gerando um resultado surpreendente). A segunda edição rola também na sexta, no simpático Fosfobox (Copa), e traz o DJ Faroff, um craque que cria pérolas como esta. O jornalista Ronald Villardo foi à estreia da festa e escreveu uma resenha ultraempolgada. Ele achou incrível que ali "os pagantes são tratados como VIPs", ou seja, quem paga ingresso entra primeiro. Ué, não deveria ser sempre assim?
::: Assinei a TV a cabo bem depois dos demais mortais, e com isso acabei não criando o hábito de acompanhar os seriados que a maioria dos meus amigos segue, comenta e compra. De todos eles, o que me despertava maior curiosidade é Sex And The City, indicado por 10 entre 10 amigos: "você tem que ver, são quatro mulheres mas é totalmente gay, somos nós retratados ali!". Até decidi não assistir aos filmes antes de conferir a série em DVD. Mas confesso que levei um tremendo banho de água fria quando li este texto, muito bem escrito pelo Diego. Será SATC mais uma referência gay à qual eu serei imune, depois do house tribal?
::: E o frrrrrio que está fazendo em São Paulo parece ter vindo para ficar. No fim de semana, a temperatura promete chegar a trincantes 7ºC. Com um tempo desses, só consigo pensar em programas light: dormir cedo, ver bons filmes (no cinema ou em casa) e, é claro, comer! Será uma boa oportunidade para postar aqui um roteiro com os restaurantes paulistanos que fui conhecer nos últimos meses. Outra ideia em pauta, sugerida por um leitor, é um miniguia só de cafés. Aguardem.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Declínio ou entressafra?
Quando foi dada a largada para os festejos da Semana do Orgulho Gay, o comentário que se ouvia nas rodinhas era um só: havia menos gente do que o usual, e muitos rostos conhecidos de fora não deram as caras. Se em 2008 o Pride paulistano quebrou todos os recordes e a cidade viveu cinco dias de delírio coletivo, desta vez tudo foi menas, bem menas, desde o buxixo diurno na região da Paulista e Jardins até as festas em si. Enquanto nos áureos tempos sobrava público para lotar todas as noites, em 2010 faltou gás em vários lugares: na quinta, o Café Com Vodka teve que dispensar DJs e a Maxima não atraiu mais do que 400 pessoas, deixando metade da pista da Megga vazia.
Mesmo nas festas que puderam se considerar bem sucedidas, como as produzidas pela The Week, o movimento ficou aquém do que se habituou a esperar nessa época. Tanto que o preço do ingresso na porta foi no máximo R$20 superior ao valor do primeiro lote - um dado bastante sintomático, que revela uma procura abaixo do esperado. Na sexta, o movimento da TW foi suficiente apenas para encher a pista 1, algo comparável a um bom sábado normal da casa. O clube só decolou de verdade no sábado, com a tradicional maratona pilotada por Peter Rauhofer - e, mesmo assim, sem a superlotação dramática dos anos anteriores, quando não havia espaço nem nos corredores externos.
A GiraSol de sábado à tarde manteve o título de melhor festa da Parada. A equipe de André Almada conseguiu transpor para o Clube Nacional o mesmo feeling alegre que marcou a história do projeto no Clube de Regatas Tietê - o espaço menor da locação nova ajudou a disfarçar a redução do público. O palco estava enfeitado por uma escadaria de belíssimos dançarinos, idêntica à da pool party do Circuit Festival 2008, em Barcelona. Contrariando todas as previsões, não caiu uma única gota da chuva que estava prometida para todo o dia. Não foram poucos os que escolheram a GiraSol como sua única jogação em 2010, o que mostra que esse projeto se tornou a vitrine mais importante da grade de festas da TW. Não há festa melhor para encontrar os amigos: todo mundo que veio ou ficou em SP estava lá. O repeteco no domingo encheu menos, mas brindou o público com o melhor momento musical da temporada, no set inspirado de Russell Small (Freemasons).
Sempre tento não me limitar às festas e prestigiar outros eventos, até para dar uma variada nos ambientes e tipos de público. Na quinta, fui novamente ao Vale do Anhangabaú para conferir a Feira Cultural, mas desta vez não consegui ficar mais do que meia hora. Eu adorava o clima das primeiras edições, na época do Largo do Arouche, mas hoje sinto que o evento não me agrada mais. Nada ou ninguém ali tem a ver comigo, e acho que estou vivendo um momento mais prático, em que prefiro investir em afinidades do que em diferenças. Esse bode me fez abortar o Gay Day do Playcenter e a própria Parada no domingo - eu me contentei em acompanhá-la pela excelente cobertura feita pelo Mix Brasil (que, convenhamos, já escrevia twittando muitos anos antes de o Twitter ter sido inventado) e soube que o evento foi rapidíssimo, tipo DisParada mesmo. Mas bem mais tranquilo e seguro que as edições anteriores.
Nas conversas com amigos, ouvi algumas possíveis explicações para a queda de público desta Semana da Parada, mas nenhuma delas me convenceu. I. disse que muita gente de fora resolveu pular a temporada paulistana para economizar dinheiro e ir à Europa em julho e/ou ao Sauípe em novembro; até enxergo que isso tenha acontecido em casos isolados, mas não que isso chegue a explicar o fenômeno como um todo. L.A. acredita que hoje a cena gay passou a fazer festonas com maior freqüência e isso diluiu o impacto da Parada ("toda hora tem festa!"); eu discordo, acho que as festas ao longo do ano não competem nem com Carnaval, nem com Parada. C. colocou a culpa nas atrações repetidas, mas, sinceramente? A maioria não dá a mínima para quem será o DJ e, no fim das contas, considerando o quanto o público gay é careta e conservador, trazer os mesmos "medalhões" mais atrai do que afugenta.
É fato que não tivemos aqui a mesma "eletricidade no ar" de outros anos, para usar as palavras do Tony. De qualquer forma, acho precipitado falar em uma mudança de comportamento apenas a partir do que vimos neste ano; essa pode ter sido uma queda isolada, uma entressafra passageira. Se o formato das maxijogações estivesse mesmo dando sinais de cansaço, os próprios Carnavais teriam sofrido um baque, o que não aconteceu. Se em 2011 tivermos outra parada morna, aí sim aceitarei que o buraco é mais embaixo e estamos, afinal, vivendo uma mudança de paradigma. E, para terminar, verdade seja dita: se a cena encolheu um pouco e as festas não repetiram a lotação dos outros anos, o fato é que ninguém ali se divertiu menos por causa disso.
[UPDATE: Já vieram me perguntar qual foi "a" música desta temporada. Não tivemos nenhum grande hino em 2010 - já adianto que Lady Gaga tocou muito mais na Parada em si do que nas festas. Mas a música que ficou na minha cabeça foi esta aqui, um momento marcante do set do Peter].
Mesmo nas festas que puderam se considerar bem sucedidas, como as produzidas pela The Week, o movimento ficou aquém do que se habituou a esperar nessa época. Tanto que o preço do ingresso na porta foi no máximo R$20 superior ao valor do primeiro lote - um dado bastante sintomático, que revela uma procura abaixo do esperado. Na sexta, o movimento da TW foi suficiente apenas para encher a pista 1, algo comparável a um bom sábado normal da casa. O clube só decolou de verdade no sábado, com a tradicional maratona pilotada por Peter Rauhofer - e, mesmo assim, sem a superlotação dramática dos anos anteriores, quando não havia espaço nem nos corredores externos.
A GiraSol de sábado à tarde manteve o título de melhor festa da Parada. A equipe de André Almada conseguiu transpor para o Clube Nacional o mesmo feeling alegre que marcou a história do projeto no Clube de Regatas Tietê - o espaço menor da locação nova ajudou a disfarçar a redução do público. O palco estava enfeitado por uma escadaria de belíssimos dançarinos, idêntica à da pool party do Circuit Festival 2008, em Barcelona. Contrariando todas as previsões, não caiu uma única gota da chuva que estava prometida para todo o dia. Não foram poucos os que escolheram a GiraSol como sua única jogação em 2010, o que mostra que esse projeto se tornou a vitrine mais importante da grade de festas da TW. Não há festa melhor para encontrar os amigos: todo mundo que veio ou ficou em SP estava lá. O repeteco no domingo encheu menos, mas brindou o público com o melhor momento musical da temporada, no set inspirado de Russell Small (Freemasons).
Sempre tento não me limitar às festas e prestigiar outros eventos, até para dar uma variada nos ambientes e tipos de público. Na quinta, fui novamente ao Vale do Anhangabaú para conferir a Feira Cultural, mas desta vez não consegui ficar mais do que meia hora. Eu adorava o clima das primeiras edições, na época do Largo do Arouche, mas hoje sinto que o evento não me agrada mais. Nada ou ninguém ali tem a ver comigo, e acho que estou vivendo um momento mais prático, em que prefiro investir em afinidades do que em diferenças. Esse bode me fez abortar o Gay Day do Playcenter e a própria Parada no domingo - eu me contentei em acompanhá-la pela excelente cobertura feita pelo Mix Brasil (que, convenhamos, já escrevia twittando muitos anos antes de o Twitter ter sido inventado) e soube que o evento foi rapidíssimo, tipo DisParada mesmo. Mas bem mais tranquilo e seguro que as edições anteriores.
Nas conversas com amigos, ouvi algumas possíveis explicações para a queda de público desta Semana da Parada, mas nenhuma delas me convenceu. I. disse que muita gente de fora resolveu pular a temporada paulistana para economizar dinheiro e ir à Europa em julho e/ou ao Sauípe em novembro; até enxergo que isso tenha acontecido em casos isolados, mas não que isso chegue a explicar o fenômeno como um todo. L.A. acredita que hoje a cena gay passou a fazer festonas com maior freqüência e isso diluiu o impacto da Parada ("toda hora tem festa!"); eu discordo, acho que as festas ao longo do ano não competem nem com Carnaval, nem com Parada. C. colocou a culpa nas atrações repetidas, mas, sinceramente? A maioria não dá a mínima para quem será o DJ e, no fim das contas, considerando o quanto o público gay é careta e conservador, trazer os mesmos "medalhões" mais atrai do que afugenta.
É fato que não tivemos aqui a mesma "eletricidade no ar" de outros anos, para usar as palavras do Tony. De qualquer forma, acho precipitado falar em uma mudança de comportamento apenas a partir do que vimos neste ano; essa pode ter sido uma queda isolada, uma entressafra passageira. Se o formato das maxijogações estivesse mesmo dando sinais de cansaço, os próprios Carnavais teriam sofrido um baque, o que não aconteceu. Se em 2011 tivermos outra parada morna, aí sim aceitarei que o buraco é mais embaixo e estamos, afinal, vivendo uma mudança de paradigma. E, para terminar, verdade seja dita: se a cena encolheu um pouco e as festas não repetiram a lotação dos outros anos, o fato é que ninguém ali se divertiu menos por causa disso.
[UPDATE: Já vieram me perguntar qual foi "a" música desta temporada. Não tivemos nenhum grande hino em 2010 - já adianto que Lady Gaga tocou muito mais na Parada em si do que nas festas. Mas a música que ficou na minha cabeça foi esta aqui, um momento marcante do set do Peter].
terça-feira, 1 de junho de 2010
Parada para a Parada
Uma coisa que me agrada nesta época de Parada Gay é o clima de euforia que os visitantes trazem para São Paulo. Quando acompanhamos nossos amigos de fora nos lugares que já estamos cansados de frequentar, é como se víssemos a nossa própria cidade com olhos de turista. É uma delícia! (Nessas horas, meu orgulho paulistano vai às alturas.) Pena que, pelo segundo ano seguido, não vou conseguir aproveitar tudo como eu gostaria. Desta vez, estou às voltas com o meu trabalho de conclusão de curso (já falei sobre ele aqui) e vários outros assuntos para resolver ao longo do feriado. E ainda tenho o 1º Encontro de Blogueiros e Twitteiros Gays na sexta (fui convidado, mas não entendi até agora se será apenas para assistir ou para sentar à mesa e participar de algum debate; se alguém souber, por favor me explique).
Sobre as festas, a imprensa especializada já soltou line ups e serviços para cada um montar sua programação. Dá pra se divertir um bocado. Amanhã dá pra curtir a The Week sem tanta lotação - quarta é sempre o dia de receber o povo de fora e fazer aquele social enquanto todo mundo ainda está lúcido e com a cara boa. Quinta tem um monte de coisa: à tarde, Jungle Party no Pacha e Café Com Vodka no Sonique, com a queridona Cella e o Felipe Lira; à noite, a label carioca Maxima, na Megga (torcemos para a casa ter finalmente arrumado o som), e uma festa da TW no Moinho com o Tony Moran, além d'A Lôca, que vai bombar como nunca e emendar num afterhours. Sexta de manhã também tem after na Cantho, que deve acolher a xepa guerreira da TW e Maxima.
Na noite de sexta, a TW recebe dois convidados bem diferentes: Taito Tikaro, com aquele electrohouse gay típico do clã Matinée, e Russell Small, metade da dupla Freemasons, única atração verdadeiramente house em meio a um mar de tribal. A Bubu com certeza estará intransitável (os lolitos estão looonge de ser a minha faixa etária preferida, mas enfim...). Num outro extremo, a comunidade bear vai baixar em peso na festona Ursound. E, para quem quiser sair um pouco do gueto, uma boa pedida é o Lions, com Mau Mau e Victor A no som.
Sábado, a The Week repete a dobradinha dos anos anteriores: GiraSol de dia (desta vez em locação nova, o Clube Nacional) e festona no QG da rua Guaicurus, com o véio-de-guerra Peter Rauhofer. Na mesma noite, Megga e Flexx também abrem, e aposto que as três casas lotarão. No domingo, uma segunda GiraSol promete ser a saideira perfeita, com o ótimo Enrico Arghentini e mais repeteco do Russell Small (aliás, essa é a festa da temporada 2010 que eu mais estou esperando). Numa linha "baixos teores", também tem Café Com Vodka, A Lôca, Blue Space e Bubu. Tudo pra não ficar em casa amargando a rebordosa que, cedo ou tarde, virá.
Eu me programei para ir às duas edições da GiraSol (tomara que o tal Clube Nacional seja bacana!) e também à noite do Peter na TW, que é sempre uma grande festa. Dependendo de como eu conseguir organizar a minha vida, também posso ir conferir a Maxima de quinta-feira. Na sexta, só quero ir jantar num lugar legal (tipo o Sal ou o Marakuthai), dar uma voltinha rápida de carro e dormir cedo, para aguentar o finde. Eu tenho cada vez mais simpatia por festas diurnas em geral, mas estou meio receoso com a previsão do tempo. Se os dias ficarem bonitos, penso em passar na Feira Cultural e talvez até conhecer o famoso Gay Day do Playcenter. Só não pretendo dar outra chance à Parada Gay em si (minhas razões, você lê aqui).
Um leitor perguntou se eu não ia postar um daqueles meus roteirinhos gastronômicos. Não sei se vai dar tempo. Sobre o "circuito gay clássico", nem preciso dizer nada: Mestiço, Ritz, Spot, Bella Paulista, Athenas, Suplicy, Santo Grão, Consulado Mineiro e Cozinha dos Anjos (que é praticamente o quilo da The Week, a boate inteira bate cartão lá). Se der, vou fazer uma lista de lugares menos manjados, pra aqueles que já vêm sempre pra cá e querem dar uma variada. Já adianto que o Sal e o Marakuthai são meus restaurantes prediletos atualmente, junto com o Carlota e o Due Cuochi. Espero conseguir cumprir as minhas obrigações a tempo de me divertir um pouco também. Boas festas a todos vocês!
Sobre as festas, a imprensa especializada já soltou line ups e serviços para cada um montar sua programação. Dá pra se divertir um bocado. Amanhã dá pra curtir a The Week sem tanta lotação - quarta é sempre o dia de receber o povo de fora e fazer aquele social enquanto todo mundo ainda está lúcido e com a cara boa. Quinta tem um monte de coisa: à tarde, Jungle Party no Pacha e Café Com Vodka no Sonique, com a queridona Cella e o Felipe Lira; à noite, a label carioca Maxima, na Megga (torcemos para a casa ter finalmente arrumado o som), e uma festa da TW no Moinho com o Tony Moran, além d'A Lôca, que vai bombar como nunca e emendar num afterhours. Sexta de manhã também tem after na Cantho, que deve acolher a xepa guerreira da TW e Maxima.
Na noite de sexta, a TW recebe dois convidados bem diferentes: Taito Tikaro, com aquele electrohouse gay típico do clã Matinée, e Russell Small, metade da dupla Freemasons, única atração verdadeiramente house em meio a um mar de tribal. A Bubu com certeza estará intransitável (os lolitos estão looonge de ser a minha faixa etária preferida, mas enfim...). Num outro extremo, a comunidade bear vai baixar em peso na festona Ursound. E, para quem quiser sair um pouco do gueto, uma boa pedida é o Lions, com Mau Mau e Victor A no som.
Sábado, a The Week repete a dobradinha dos anos anteriores: GiraSol de dia (desta vez em locação nova, o Clube Nacional) e festona no QG da rua Guaicurus, com o véio-de-guerra Peter Rauhofer. Na mesma noite, Megga e Flexx também abrem, e aposto que as três casas lotarão. No domingo, uma segunda GiraSol promete ser a saideira perfeita, com o ótimo Enrico Arghentini e mais repeteco do Russell Small (aliás, essa é a festa da temporada 2010 que eu mais estou esperando). Numa linha "baixos teores", também tem Café Com Vodka, A Lôca, Blue Space e Bubu. Tudo pra não ficar em casa amargando a rebordosa que, cedo ou tarde, virá.
Eu me programei para ir às duas edições da GiraSol (tomara que o tal Clube Nacional seja bacana!) e também à noite do Peter na TW, que é sempre uma grande festa. Dependendo de como eu conseguir organizar a minha vida, também posso ir conferir a Maxima de quinta-feira. Na sexta, só quero ir jantar num lugar legal (tipo o Sal ou o Marakuthai), dar uma voltinha rápida de carro e dormir cedo, para aguentar o finde. Eu tenho cada vez mais simpatia por festas diurnas em geral, mas estou meio receoso com a previsão do tempo. Se os dias ficarem bonitos, penso em passar na Feira Cultural e talvez até conhecer o famoso Gay Day do Playcenter. Só não pretendo dar outra chance à Parada Gay em si (minhas razões, você lê aqui).
Um leitor perguntou se eu não ia postar um daqueles meus roteirinhos gastronômicos. Não sei se vai dar tempo. Sobre o "circuito gay clássico", nem preciso dizer nada: Mestiço, Ritz, Spot, Bella Paulista, Athenas, Suplicy, Santo Grão, Consulado Mineiro e Cozinha dos Anjos (que é praticamente o quilo da The Week, a boate inteira bate cartão lá). Se der, vou fazer uma lista de lugares menos manjados, pra aqueles que já vêm sempre pra cá e querem dar uma variada. Já adianto que o Sal e o Marakuthai são meus restaurantes prediletos atualmente, junto com o Carlota e o Due Cuochi. Espero conseguir cumprir as minhas obrigações a tempo de me divertir um pouco também. Boas festas a todos vocês!
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