quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Conclusões

Diante da surpreendente repercussão do post anterior, resolvi me manifestar novamente, até para dar um fecho a toda essa discussão. Assim, passo a fazer minhas últimas considerações e, com elas, dou o assunto por encerrado. Este post anterior e o anterior não receberão mais comentários: os 101 deixados já são mais do que suficientes. Obrigado a todos pelo interesse e até a próxima.

1) Fiquei surpreso com a comoção de algumas pessoas próximas ao Duda, que se mostraram chocadas com as minhas palavras – porque ele é novato, bem-intencionado e tal. De repente, eu virei o algoz que pegou pesado com o rapaz, e ainda fui responsabilizado por comentários que outras pessoas fizeram (!).Ora, tudo o que fiz foi relatar o que vi e vivi na porta da festa, da forma mais honesta possível, sem um pingo de má fé, nem ataques gratuitos. E outra: que melindre é esse, o menino não pode ser criticado?! Quem se relaciona com o público (produtores, artistas e até blogueiros) vai receber críticas sempre. Se o Duda for esperto, não vai levar isso pro lado pessoal e ainda vai tirar do episódio algo de válido, para aprimorar o seu trabalho. Não torço contra ninguém, e faço votos para que o Café Com Vodka contorne as falhas e dê conta do sucesso repentino.

2) Eu sei muito bem que dar tratamento diferenciado a algumas pessoas – e a entrada facilitada se insere nesse tipo de cortesia – é uma prática comum no mundo inteiro, e não tenho nenhum problema com isso. (O Vítor, por exemplo, ilustrou seu comentário com exemplos bastante coerentes). Ninguém da fila vai morrer porque meia dúzia de pessoas entrou na frente. O grande problema do Café Com Vodka foi que eles deixavam entrar levas de cinco, oito, doze pessoas, sucessivamente, enquanto a fila ficava completamente abandonada, à deriva, sem jamais dar um passo à frente, em uma situação que se prolongou indefinidamente. Isso não é atitude de lugar sério e profissional, sorry.

3) Aos adeptos do discurso de que “no Exterior também é assim”, vale lembrar que no Berghain-Panorama – um dos clubes mais concorridos do mundo, que fica em Berlim – todos sem exceção esperam pacientemente pela sua vez na fila, ainda que isso possa levar bem mais de uma hora. E os que se acham espertos e tentam furar a fila são barrados na porta e exemplarmente expulsos, na frente de todo mundo.

4) O que muitos leitores não puderam ou não quiseram ver é que o episódio do Sonique era um gancho para uma reflexão muito maior – que pelo visto foi bastante incômoda para alguns, dado o número de respostas agressivas e desaforadas que recebi. No mínimo, essas pessoas se olharam no espelho, não gostaram do que viram e prefeririam que ninguém tivesse parado para pensar nessas questões, não é mesmo?

5) Se minha intenção era saber dos leitores se furar fila se tornou uma prática aceitável, a verdade é que o post cumpriu seu papel, já que os comentários acabaram respondendo às minhas indagações. E uma grande parte endossou essa prática, considerando-a adequada em qualquer situação. Para essas pessoas, eu tinha mais é que passar na frente dos outros mesmo. Como não fiz isso, eu me tornei culpado pelo que passei ali (!) e, mais ainda, fiz o papel de “otário”. O que nos leva a uma conclusão interessante: educação, civilidade e respeito ao próximo são tidos como valores de otário. Anotaram? (O negócio é cada um por si: se o balcão do bar estiver cheio, é só dar um chute na canela de alguma bicha – a mais franzina, evidentemente – que o problema logo se resolve).

6) Aos eventuais desavisados, esclareço que eu deixei de furar a fila por opção – não por “falta de opção”. Não se trata de mágoa-de-cabocla ou chororô de quem “adoraria ser VIP, mas não é e não se conforma com isso”. Eu tinha meios para passar a perna nos demais e poderia ter lançado mão deles, mas não me acho melhor (nem pior!) do que as outras pessoas que estavam esperando por sua vez. E para falar com o Duda ali mesmo, na hora (o que muitos disseram que teria sido o correto), eu seria obrigado a furar a fila primeiro, já que ele obviamente não estava na calçada do clube.

7) Falando em melhor ou pior, é curioso como existem pessoas que se realmente consideram melhores do que as outras. Alguns anônimos (sempre eles) tiveram a capacidade de escrever coisas tão surreais que não dá nem para levar a sério (eu me absterei de transcrevê-las, para não dar um ibope que eles não merecem). Essas bichas iludidas juram mesmo que são diferenciadas, de uma casta superior – e não é todo mundo que pode ou merece freqüentar os mesmos espaços que elas. Só queria saber quem foi que colocou isso nessas cabecinhas ocas – que provavelmente não têm berço algum, a julgar pela péssima educação que tiveram. Aliás, um recado para o dono do Palio 95: você veio anunciar no lugar errado. É que todas aqui são riquíssimas, poderosíssimas, bem-relacionadas e lindíssimas, ou seja, “muita areia” para o seu carrinho. Mas cuidado: se bobear, alguma delas vai comprar seu Palio na surdina, e ainda pagar com um cheque sem fundos...

8) No fim das contas, eu agi conforme minha consciência e não me arrependo. Foi até bom saber que ninguém leva isso a sério: quando eu me deparar com uma grande fila, e por alguma razão importante eu não puder esperar, não me sentirei o último dos seres se alguém facilitar minha entrada. Mas ainda prefiro não fazer isso e, no caso de noites problemáticas (como o próprio Café Com Vodka), chegar cedíssimo e encontrar a festa vazia ainda é um mal menor. Acima de tudo, o que sei é que não pretendo viver esse episódio nunca mais. Acho que 20 minutos de fila é um limite razoável. Mais do que isso, você acaba perdendo o bom humor e estragando uma noite que poderia ser melhor passada em outro lugar.

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