terça-feira, 30 de junho de 2009

A volta do pesadelo de Stonewall

Como muitos leitores gays deste blog devem saber, em 27 de junho de 1969 aconteceu em Nova York o episódio conhecido como Rebelião de Stonewall. Numa época em que a homossexualidade era clandestina, a polícia de Nova York vivia invadindo bares gays, sob o pretexto de checar a venda irregular de bebidas. Fregueses eram espancados, humilhados e até presos, enquanto o estabelecimento era extorquido. Naquela noite, a clientela do Stonewall Inn resolveu dar um basta, enfrentou os policiais, e a data entrou para a história, marcando simbolicamente o início da luta pelos direitos LGBT no mundo.

Quarenta anos depois, esse pesadelo é coisa do passado - pelo menos nos Estados Unidos, o país das liberdades individuais, certo? NOT!* No último fim de semana, justamente quando se comemorou o aniversário do lendário motim, a história se repetiu nos mínimos detalhes na terra do Tio Sam. Na madrugada de domingo, a polícia de Fort Worth, cidade que forma com Dallas uma grande área metropolitana no Texas, baixou no Rainbow Lounge, casa noturna que funcionava havia apenas uma semana. O motivo da blitz era combater a venda de bebidas para quem já estivesse "highly intoxicated". Mas a fiscalização seguiu métodos pouco ortodoxos.

Sem que tivessem esboçado qualquer tipo de resistência, os clientes foram insultados, brutalmente agredidos (um deles, Chad Gibson, está hospitalizado com traumatismo craniano) e vários foram levados em cana por conduta inapropriada. Testemunhas confirmam que as agressões eram injustificadas e dirigidas sobretudo aos clientes mais efeminados. A reação veio no próprio domingo. Cerca de 100 pessoas se reuniram no próprio bar, improvisaram faixas e cartazes e foram protestar em frente ao Fórum do Condado de Tarrant, cobrando satisfações das autoridades. A Polícia de Fort Worth soltou um comunicado à imprensa explicando que a operação visava a garantir a segurança de todos e prometendo apurar as acusações de abuso policial. A Human Rights Campaign, maior organização pró-direitos civis LGBT daquele país, já está acompanhando o caso.

Quem entende inglês pode ler textos aqui, aqui e aqui e ver os vídeos da CBS, CNN e do portal local DFW.com. Nenhum blog ou site em língua portuguesa noticiou o episódio até agora. Só estou a par de tudo porque tenho um grande amigo brasileiro que mora em Dallas. Como era de se esperar, todos por lá ficaram passados com a história - e mais ainda com a forma como as autoridades locais tentaram colocar panos quentes e abafar o caso. Esse é um filme que nós conhecemos muito bem...

(*) Esse não é um "NOT!" qualquer, é aquele "NOT!" sonoro que só ele sabe dizer.

domingo, 28 de junho de 2009

No dia do orgulho, nosso filho vem ao mundo!

Faz quase um mês que eu anunciei que iria escrever algo que chamei informalmente de "cartilha gay". Muitas têm sido as queixas contra a apatia generalizada que domina o nosso meio: alienado, egoísta, incapaz de fazer sua parte para que as conquistas sociais e políticas de que tanto precisamos efetivamente aconteçam. Essas críticas de fato procedem (embora elas não sejam aplicáveis somente aos gays, como eu já disse aqui), mas o simples fato de reclamar não basta e não resolve os problemas. Por isso, achei que não seria má ideia sugerir uma lista de atitudes viáveis e possíveis, para que a classe média gay - que é o público que lê meu blog, convive e se comunica comigo - se encorajasse a sair da inércia e percebesse que fazer algo pela causa LGBT não é tão chato e difícil como se pensa.

O entusiasmo com que minha iniciativa foi recebida mostrou que ela estava longe de ser redundante. Existem inúmeros grupos e ONGs atuando em diversas searas pelos nossos interesses, mas por algum motivo, eles não conseguem se comunicar com todos nós - seja pelo uso de fórmulas batidas e discursos pouco atraentes, seja pelo próprio desinteresse (ou mesmo preconceito) da classe média pelo seu trabalho. Nesse sentido, a "cartilha" serviria como um esforço paralelo, não competindo com a militância, mas somando forças com ela, tentando alcançar um público que ela não atinge. Afinal, o que importa é que mais pessoas se conscientizem de que os avanços tão sonhados são de responsabilidade de todos.

Eis que hoje, 28 de junho de 2009 - aniversário de 40 anos da Rebelião de Stonewall, pontapé inicial na luta pelos direitos LGBT em todo o mundo - a tal "cartilha" finalmente está no ar. Ela é o fruto de um trabalho conjunto, feito com muito carinho por mim e pelos demais blogueiros que abraçaram a ideia comigo: Cris, Gustavo, Isadora, Daniel e Jack. Foi um mês de dilemas, desafios e discussões, desde a escolha do visual [os dois logotipos finalistas ilustram este texto] até a maneira de abordar os temas mais sensíveis e polêmicos, que não poderiam deixar de ser tratados. Nesse período, aprendemos muito uns com os outros, não só pela experiência pessoal que cada um agregou à "cartilha", enriquecendo o produto final, mas pelo próprio fato de ter de pensar em grupo, conciliando ideias e vontades diversas, e colocando opiniões sem melindrar ou agredir os demais.

Ainda que nosso trabalho não tenha a pretensão de salvar o mundo ou catequizar as pessoas, temos a esperança de que ele causará um impacto social positivo em meio ao público a que ele se dirige. E isso nos enche de alegria e orgulho. Muitos alegam que a ideia de um "orgulho gay" é inadequada, porque não há razão para uma pessoa se orgulhar (ou se envergonhar) da própria orientação sexual. Concordo: ela é apenas um detalhe. Mas isso não significa que não tenhamos razões para estufar o peito. Gays ou não, temos que nos orgulhar daquilo que somos e também daquilo que fazemos pelas pessoas que nos cercam, ao cumprirmos nossa missão com honestidade. É exatamente essa a sensação que temos agora, ao dividir nosso trabalho com vocês. Confiram a "cartilha" aqui. E, se quiserem divulgá-la em suas páginas pessoais, os banners em três tamanhos estão aqui.

sábado, 27 de junho de 2009

Amores possíveis

Acabo de chegar de uma festa de casamento. Além da inevitável orgia gastronômica e da vergonha alheia na hora em que a galera coloca boás fosforecentes, antenas do Chapolim, chapelões ridículos e óculos escuros de "festa rave", e "bota pra quebrar" na pista, ao som de disco music do Amaury Jr. e poperô do Lasgo, essa experiência teve um gostinho especial. O noivo é filho de uma antiga vizinha nossa, que morou por muitos anos no mesmo prédio em que nasci e estou até hoje. Não éramos grudados como nossas mães, mas crescemos juntos, até que o apartamento ficou pequeno e eles foram embora.

Na festa também estavam vários outros caras que foram meus amigos de infância, gente com quem eu brinquei dos 7 aos 12 anos e até joguei futebol (!!!???), em uma época em que o playground era o mundo para mim. O reencontro foi doce. Depois de um rápido estranhamento inicial, logo quebramos o gelo e pude constatar que ainda havia um carinho recíproco, todos me queriam bem. Tinham crescido e eram homens feitos, com namoradas firmes a tiracolo, mergulhadas em vestidos cintilantes e enfeitadas pelas onipresentes chapinhas. Contei o que pude contar da minha vida, do atropelamento em Copacabana ao recomeço profissional, e também soube do rumo que cada um tinha tomado.

Por alguns instantes, pensei: como teria sido minha vida afetiva nos últimos dez anos, se eu fosse hétero como eles? Teria sido mais fácil para mim? Será que hoje eu seria mais feliz? Quais escolhas eu teria feito? Em geral, meus ex-coleguinhas estão mais bonitos do que eu poderia supor, sem dúvida estão "envelhecendo" muito bem. No entanto, nem todos ostentavam namoradas gatíssimas, lindíssimas, gostosérrimas - todas tinham seu brilho e suas imperfeições, e uma delas era indisfarçavelmente gordinha. Mas isso não parecia ter sido nenhum obstáculo para que ela e meu amigo se gostassem, se entendessem e decidissem selar a união - o casório está marcado para agosto próximo.

No fim das contas, concluí que, se eu não tivesse trocado a esfiha pelo kibe, provavelmente teria namorado muito mais do que namorei até hoje. Não por a sociedade ser preconceituosa e os gays terem que se esconder. Mas porque eu faria minhas escolhas afetivas com base em outros critérios, e talvez desse à aparência um peso muito menor - como o meu amigo que quer terminar seus dias ao lado da gordinha (que é gente boníssima). Como típico homem gay dos grandes centros urbanos, eu vivo perdido entre inúmeras idealizações, à espera do homem perfeito, que reúna todos os itens de um extenso checklist de predicados exteriores e interiores. Em meio a tantas exigências, ninguém é bom o bastante; a espera continua, e a vida passa. Se há alguém que precisa pular mais alto e agarrar o buquê da noiva com unhas e dentes, esse alguém definitivamente somos nós.

terça-feira, 23 de junho de 2009

A delícia de quebrar tabus e gozar como nunca

[Calma, queridos. Não vou fazer aqui nenhum post sórdido à la Uomini...] Já recomendei aqui a Papo de Homem, espécie de revista virtual dirigida a homens heterossexuais, mas que tem uma porção de textos que gays também podem achar bacanas. A maior parte do material é escrita por homens, mas alguns textos e colunas são assinados por mulheres. Semana passada, uma das colaboradoras escreveu um texto fantástico, em que dividiu com os leitores uma experiência sexual que para ela foi bastante intensa e libertadora. O que ela aprontou está resumido nesta frase: "Transei com dois amigos e rompi vários tabus ao mesmo tempo: transar com mais de um homem ao mesmo tempo, fazer sexo anal e DP [dupla penetração] e chorar durante o gozo".

O relato é mesmo inspirador: gostoso, corajoso, sem culpas ou amarras, como o bom sexo deve ser. A moça mostra total compreensão das regras e convenções sociais que estavam em jogo, mas pondera que confiava nos parceiros, não estava traindo ninguém e, afinal, teve a melhor experiência sexual de sua vida - o que só podia ser saudável e positivo, portanto. Mas vencer tabus nem sempre é tão fácil: há que se lidar com duas censuras, a própria e a dos outros. Enquanto vários dos comentários aplaudiam o texto, uma leitora jogou areia: "Por acaso vocês considerariam namorar uma garota depois disso? Muito bonito o discurso de liberação sexual, mas o mundo ainda não está preparado. Ainda existe muito machismo e preconceito sim! Não é só uma questão de pudores. O buraco é bem mais embaixo". Alguns leitores concordaram e teve quem chamasse a confidente de "vadia".

No meio gay, acontece a mesma coisa, só mudam as práticas. Para nós, ménage à trois não é nenhum crime: não é exatamente incomum ver três homens se pegando na pista da The Week, ou ouvir confidências de casais que levam um lanchinho para casa. Mas também temos nosso repertório de fantasias proibidas, desde a simples escolha de um parceiro bronco, rústico e que não é do nosso "nível" (o famoso "cafuçu"), até variados jogos de dominação e submissão, vestir lingeries e peças femininas, brincadeiras com urina, DP anal ou fisting. Muitos reprimem esses desejos, ou deixam para exercê-los com garotos de programa, de forma impune e livre de recriminações. Afinal, nosso mundinho é pequeno, as informações circulam rápido e o patrulhamento sobre a vida alheia é mesmo uma coisa. E o comentário da leitora - assumir certas posturas sexuais desqualifica você como possível namorado - também encontra eco por estas bandas (pois é, nós reproduzimos mais o moralismo heterossexual do que imaginamos).

Mas quem ousa pagar o preço de vencer os próprios pudores pode ter gloriosas recompensas: não só prazeres físicos inimagináveis, como também a chance de se conhecer melhor e descobrir muitas coisas novas sobre seu corpo, seu desejo e suas emoções. Sempre existe o risco de ser julgado, mas aprender a não depender da aprovação dos outros também é uma prova de maturidade. Poucos arrependimentos são piores do que reprimir um desejo na cama, por ter esperança de ver o cara novamente e medo de se queimar com ele e, mesmo assim, ele não te procurar mais e você perceber que desperdiçou sua chance. Como disse um leitor do post: "O negócio é buscar o prazer. Afinal de contas, não vamos sair dessa vida vivos mesmo".

domingo, 21 de junho de 2009

Não sabendo que era impossível, fomos lá e fizemos

Cheguei à Doceira Holandesa da Vieira de Carvalho na hora combinada para encontrar meus amigos, trinta minutos antes do início da manifestação. E não vi absolutamente ninguém. Já ia pensando nas palavras que despejaria no próximo post, dizendo que "o que essa bicharada merece é comer Doritos", quando começaram a chegar as primeiras pessoas. Tímidas, elas se encolhiam na porta da doceria ou do boteco vizinho, como se fossem clientes daqueles estabelecimentos, disfarçando a verdadeira razão de estarem ali.

Repórteres começaram a filmar e fotografar e, como ainda não havia quase ninguém, minha presença foi registrada várias vezes. Não pensei em fugir ou me esconder, mas confesso que me senti desconfortável, meio sem saber onde colocar a mão. Mais uma vez, entendi por que é preciso respeitar as pessoas que não se sentem atraídas ou dispostas para a militância. Não querer se expor é um direito delas e os patrulheiros mais radicais deveriam respeitar isso. Aliás, foi pensando nessas pessoas, que não se interessam pelo movimento mas também gostariam de ser úteis, que resolvi fazer a tal cartilha ("cartilha" é apenas um jeito informal de se referir a ela, já que a ideia não é ditar regras a ninguém), que irá ao ar nesta semana.

Em questão de quinze minutos, o número de pessoas se multiplicou. O povo foi chegando, vários amigos deram as caras, gente conhecida do meio também. Algumas lideranças assumiram o microfone (inclusive o Secretário de Justiça Luiz Antônio Marrey, enviado pelo governador), e gostei de ver que os discursos não faziam exaltação a vaidades pessoais, nem tentavam vender o peixe de grupos. Sempre fui contra esse cruzamento promíscuo entre militância e interesses partidários: acho que a militância deveria estar comprometida com as nossas demandas e interesses, e não servir de alavanca para capitalizar visibilidade e votos para esse ou aquele partido. E não sou o único que pensa assim: muitos ficaram incomodados quando membros de certos partidos tomaram a frente da passeata com suas grandes bandeiras vermelhas, tentando apropriar-se da iniciativa. Felizmente, outros perceberam a jogada e fizeram com que as faixas caseiras de pessoas comuns contra a homofobia assumissem a dianteira da marcha, que foi até o Arouche.

Sem outras manifestações de rua no currículo, eu não sabia bem o que esperar, mas fiquei satisfeito com o resultado. O ato conseguiu reunir umas boas 300 pessoas. Os organizadores falaram em 500, acho que não foram tantas assim, mas o número não é o mais importante. Quando aquela pequena massa humana começou a caminhar, soprar apitos e gritar "contra a homofobia, a luta é todo dia!", fui tomado por uma sensação gostosa de união, de identificação acima de todas diferenças, e por um sincero otimismo. Não foi nenhuma falsa afetação pós-Milk, superficial e passageira, mas sim a constatação de que não é tão difícil assim dar uma forcinha e mostrar um pouco de solidariedade por uma causa que deveria ser de todos nós.
[Gustavo, Cris, eu e Isa, autores da "cartilha" junto com Jack e Daniel]

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Diploma... que diferença?

O assunto da hora em algumas das rodas que eu freqüento é o fim da exigência de diploma para exercício da profissão de jornalista no Brasil, por conta de uma decisão proferida anteontem pelo Supremo Tribunal Federal, em Brasília. No Twitter, não se fala em outra coisa. Mesmo fora dessas rodas, vários amigos meus vieram me abordar no MSN, pra saber se eu estava muito puto (afinal, estou pagando meu curso, a duras penas, por quase três anos) e se eu iria largar a faculdade, já que "agora não precisa mais ter diploma mesmo".

Eu nunca achei que o curso de jornalismo fosse indispensável. Também não é o caso de dizer que "ele não serve para nada", o que seria um despautério, mas tenho plena consciência do motivo pelo qual fiz o curso: furar o cerco do protecionismo instalado no mercado, e conseguir meu lugar ao sol. Foi para isso que já gastei o valor de um carro novo (e continuo andando de ônibus). Não nasci sabendo: é óbvio que eu não poderia entrar em qualquer redação e sair arrasando, sem que me ensinassem nada. Existem, sim, conceitos, práticas e jargões do universo jornalístico com os quais pessoas de fora não são familiarizadas, e que precisam ser aprendidos. Mas imagino que, na prática, em seis meses de trabalho, eu já teria assimilado uma boa parte deles.

Verdade seja dita, a formação em jornalismo não é exatamente das mais sólidas. É um curso que, em três anos e meio (descontando a preparação do TCC), precisa aliar o tal arcabouço teórico e prático "de jornalismo mesmo" com uma formação humanística mínima. E o que dá tempo de ver é mínimo: borrifadas de cultura geral, respingos de antropologia e sociologia, pílulas de economia e política, e por aí vai. O resultado é uma formação bem mais superficial do que a de quem cursou, por exemplo, Direito ou Ciências Sociais. No fundo, o que o profissional vai saber mesmo é dos assuntos sobre os quais ele terá que escrever no veículo em que estiver trabalhando (ops, esqueci que emprego fixo é uma noção do século passado, foi mal aê). É na hora de colocar a mão na massa que ele vai passar a manjar de carros, investimentos ou, sei lá, plantas ornamentais. As lacunas, ele suprirá conforme a necessidade, lendo livros ou fazendo cursos pontuais e dirigidos. Afinal, a busca por informação, formação e atualização deve ser constante - como em qualquer outra profissão.

O que faz um bom jornalista, definitivamente, não é o curso de jornalismo. São os jornais, livros e revistas que ele leu, os filmes e peças de teatro que ele viu, as viagens que ele fez, as pessoas que ele conheceu. É a bagagem de vida que ele acumulou e a cultura geral que ele absorveu - por conta própria, desde cedo, não apenas a vinculada ao curso universitário. É esse estofo de conhecimentos, referências e informações que permitirá a ele entender o mundo em que vive, o lugar que ocupa nele e, de quebra, escrever para os outros com propriedade. Isso e, é claro, o dom da boa escrita - uma habilidade que algumas pessoas sem diploma possuem, enquanto outras diplomadas em jornalismo simplesmente não têm.

Isso não quer dizer, como eu já ressalvei no segundo parágrafo, que o curso de jornalismo seja de uma completa inutilidade. A formação básica é pobre? Sim, mas ela é apenas a porta de entrada para que cada um, seguindo seus interesses e curiosidades, escolha em que seara irá se aprofundar. Faculdade nenhuma é suficiente. Mas, acima disso, o que considero fundamental no curso é a oportunidade de reflexão. De pensar o jornalismo de forma crítica, de ver o que existe por trás da notícia, de descobrir as implicações e limites éticos da profissão - de aprender, enfim, que a atividade profissional do jornalista é imbuída de uma grande responsabilidade social e tem conseqüências. E trazer isso consigo em todas as escolhas pessoais futuras. Quem tem facilidade para escrever, tem um blog e tal, pode produzir textos redondos e até preencher algumas vagas com competência, mas não terá vivido, refletido e crescido com essas discussões, que acontecem dentro da faculdade.

No frigir dos ovos, não sei se o fim da obrigatoriedade do diploma vai mudar tanta coisa assim. O mercado de jornalismo está saturado, paga mal e não absorve toda a oferta (tanto que essa é uma das profissões mais largadas pelas pessoas, que precisam se virar fazendo outras coisas). Veículos que já empregam pessoas sem diploma terão mais tranqüilidade, ao saber que não precisarão mais escondê-las da fiscalização. Mas os peixes grandes da história - Abril, Folha, Estadão, Globo - provavelmente vão continuar usando esse filtro, entre outros tantos de que eles precisam lançar mão para escolher entre milhares de candidatos. Diploma pode não ser requisito, mas ainda servirá como diferencial, porque ele permite supor que você teve um mínimo de preparação (embora você precise provar, do mesmo jeito, que sabe escrever, é bem informado etc.). E outra: sem diploma, você dá a eles um pretexto a mais para oferecerem salários ainda mais baixos. Por essas e outras, vou desembolsar o valor de mais um carro, e resistir ao impulso de me atirar da ponte mais próxima.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Tempos bicudos

Depois do baixo astral do post anterior (que não foi exclusivo deste blog, a julgar pela ampla repercussão dos problemas da Parada, no mundo real e no virtual), eu pensei que poderia escrever algo com um tom mais alegre. Mas eis que fui surpreendido por notícias ainda mais tristes. Um dos vários homossexuais que foram atacados nas imediações da Parada Gay acaba de falecer, conforme divulgou a Santa Casa. Marcelo Campos Barros tinha 35 anos e sofreu traumatismo craniano após ser barbaramente linchado por um grupo de skinheads na rua Araújo.

O outro episódio felizmente não resultou em morte, mas foi ainda mais absurdo: não aconteceu na rua, mas dentro de uma casa noturna - onde, supostamente, todos nós estamos a salvo da barbárie e protegidos pela segurança do estabelecimento. Na madrugada desta segunda, Celso Neto, 44, estava no camarote da Cantho, no Largo do Arouche, quando foi cercado e espancado por outros cinco freqüentadores da boate. Levou cabeçadas no rosto, foi jogado no chão, chutado incontáveis vezes pelo corpo e na cabeça, perdeu quatro dentes e teve o nariz quebrado. Se os pontapés na cabeça tivessem sido mais sérios, ele provavelmente teria morrido ali mesmo, já que permaneceu no chão do clube por quarenta minutos sem receber qualquer tipo de assistência. Os agressores deixaram o recinto normalmente, sem que fossem incomodados. E a segurança da casa? Nada soube e nada viu. (E a casa não teve a pachorra de tirar dinheiro do bolso de Celso para quitar a comanda? Boicote neles!)

Os dois crimes aconteceram em circunstâncias diferentes, mas por motivos igualmente fúteis. Marcelo foi exterminado pelo simples fato de ser gay e andar na rua. Celso esbarrou sem querer em uma travesti, pediu desculpas a ela, mas isso não foi suficiente para evitar que fosse espancado pelos marginais que a acompanhavam. Tudo isso mostra o quanto estamos expostos à violência, mesmo dentro da redoma imaginária em que nos colocamos. Se, no segundo caso, existe um responsável fácil de identificar (o clube, que tem o dever de zelar pela integridade física dos clientes dentro de suas dependências), no primeiro a culpa se dilui: é o poder público que não dá conta de promover policiamento suficiente, são os grupos homofóbicos que semeiam o ódio e a intolerância, são os evangélicos que barram o PLC 122 no Congresso, é o "Brasil inteiro" que "está violento", e por aí vai. Estamos mesmo num mato sem cachorro. Só nos resta pedir ajuda ao anjo da guarda, ou talvez a São Sebastião.

Vale lembrar que há pelo menos outras três pessoas que permanecem internadas em estado grave depois de terem sido agredidas nas imediações da Parada. Mas o mais surreal de tudo foi ler, em um dos vários blogs que noticiaram essas desgraças, o comentário de um homem gay (!) que tentou minimizar a gravidade dos fatos, alegando que "estatisticamente, estes incidentes são insignificantes". Dá para acreditar numa coisa dessas? Não vou nem comentar.

Se, ao contrário do cavalheiro, você não acha que esses episódios são "insignificantes", mostre ao mundo sua opinião: apareça no protesto contra os ataques homofóbicos que a APOGLBT está organizando neste sábado (20/6), às 19h, na Praça da República. Não vivemos dizendo que a Parada perdeu o sentido político? Taí uma boa chance de tentar recuperá-lo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ainda bem que não temos só a Parada

Todo ano, quando os caminhões lavam a Avenida Paulista depois da Parada, varrendo os últimos vestígios de um feriado sempre alegre e intenso, anunciando o fim da temporada festiva e a volta ao mundo real, eu me vejo tomado por uma certa melancolia. Os turistas que visitam a cidade nos contagiam com sua euforia, seu deslumbramento, e nós, os donos da casa, acabamos ficando tão enfeitiçados quanto eles. É como se, por alguns dias, vivêssemos num universo paralelo, onde a confraternização acontece em cada esquina, a vida é cor-de-rosa, não existem problemas, todos querem conhecer gente nova, e aproveita-se cada minuto. Quando o oba-oba acaba, também ficamos meio jururus. Nós temos toda a estrutura de lazer de São Paulo ao nosso inteiro dispor o ano inteiro, mas ela fica menos divertida sem o frescor e o entusiasmo da turistada.

Desta vez, porém, minha experiência pessoal foi um pouco diferente. Por diversos motivos, neste ano não pude flanar pelas ruas e sentir essa vibração gostosa emanando da cidade. Também não mergulhei de cabeça nas festas, como de costume. Tive que reduzir muito o meu envolvimento com tudo e, se não aproveitei tanto, também não senti a tal melancolia do pós-tudo. Aliás, para mim foi um feriado que passou voando. Hoje, provavelmente estou bem mais inteiro do que os meus amigos. De qualquer forma, deixo aqui algumas impressões, satisfazendo a curiosidade dos que acessam este blog em busca de novidades.

Em relação às festas, a única que eu vi com meus próprios olhos foi a GiraSol, como já adiantei no post anterior. Voltei para casa bastante satisfeito, embora tenha achado que ela não repetiu a magia do ano passado (não tem jeito: por mais que se mantenha a mesma receita, cada edição acaba sendo única). Conversei com muita gente, para ter uma ideia geral das festas e saber o que eu estava perdendo. Não teve tempo ruim: todo mundo gostou de tudo, da decoração da Daslu à pegação do Pacha, passando pelas festas na The Week - especialmente o som de quarta e a jogação prolongada do sábado. Meu amigo Thales de Brasília comentou que, em relação aos outros anos, as festas estavam menos superlotadas e o povo estava bem mais bonito - o que me pareceu uma constatação bastante positiva. Mesmo com a tal crise (as produções foram mais modestas e os preços dos ingressos estiveram bem realistas), as festas rolaram superbem. E outros públicos também foram bem servidos: havia muito mais opções de festas para meninas e ursos do que nos anos anteriores.

Já a Parada em si... sempre fiz a maior campanha para as pessoas prestigiarem, mas está ficando cada vez mais difícil defendê-la. Sobre os diversos comentários elogiosos, como o do Tony, que exaltou o caráter inclusivo do evento, o espaço para "os excluídos do meio gay" tornarem-se os donos do pedaço por um dia e serem felizes, eu concordo com todos. Mas também não vejo nenhuma novidade neles. A Parada sempre foi democrática, esta é a sua essência, e isso nunca foi problema, pelo menos não para mim. Não sou desses elitistas que reclamam que "só dá gente feia e pobre"; eu mais do que simpatizo com a mistura entre diferentes tribos e classes, tanto é que continuo batendo cartão na Feira Cultural, um evento 110% periferia. De verdade, acho fantástico que todos, "incluídos" e "excluídos", tenham espaço e liberdade para ser o que quiserem e se divertir como bem entenderem, e penso que parte da beleza da Parada está justamente aí, na pluralidade. Mas não é essa a questão.

A questão é que a nossa Parada Gay deixou de ser nossa. Ao se tornar um evento de massa de proporções gigantescas, com o chamariz da sexualidade hiperexposta, ela foi invadida e apropriada por visitantes da pior qualidade. Não por serem héteros: ao invés de combater preconceito com preconceito, precisamos deixar os héteros se aproximarem de nós, se realmente queremos que eles nos aceitem. Mas por serem verdadeiros aborígenes selvagens. Gente que certamente não estava lá para nos apoiar, mas sim para protagonizar cenas dantescas de violência e vandalismo, estragando a festa e colocando em risco a segurança de todos. Escapei de confusões, brigas e furtos várias vezes. Vi pessoas chorando, sabe-se lá se tinham apanhado ou sido roubadas. Encontrei amigos em estado de choque, porque tinham visto um homem ser derrubado com uma marretada (!) na cabeça. E depois ainda soube dos espancamentos de gays nas redondezas e da bomba jogada na Vieira. De uns dois anos para cá, a Parada tem ficado cada vez longe da festa amistosa que já foi um dia. Não é à toa que cada vez mais gays deixam de comparecer. A barra pesou.

O pior é que esses intrusos roubaram o nosso evento e estão acabando com ele, mas quem vai pagar o pato somos nós. São os gays que sairão arranhados perante a sociedade, com a pecha de vândalos e baderneiros, reforçada por toda a imprensa leiga. Uma imagem piorada por algumas pessoas praticamente peladas, fazendo coisas que dificilmente fariam no meio da rua se não estivessem fora de si (mal pude acreditar em cenas que vi ao redor do MASP). Não sou falso moralista, não gosto menos de putaria do que todos os outros, mas não consigo achar que esse é o recado que temos que passar para o resto da sociedade. Politicamente, para quem ainda está tentando se fazer ouvir e respeitar, isso é um completo desastre - e um prato cheio para nossos inimigos.

Não estou fazendo campanha contra o evento, não. Aliás, não é nada cômodo para mim fazer estas críticas, quando o que se espera de mim é justamente o contrário. Eu adorava a Parada, sempre achei uma mobilização lindíssima, insisti nela o quanto pude, mas agora estou seriamente tentado a não dar as caras na Paulista no ano que vem. Se for para continuar assim, não tenho mais vontade de repetir a dose. Posso tranqüilamente ficar em casa, ou mesmo fazer qualquer outra coisa, porque hoje entendo que, se a Parada nasceu como um gesto político, existem mil outras maneiras de cumprir com nosso dever cívico, algumas delas bem melhores do que essa. Do jeito que está, reduzida a uma micareta de quinta categoria, perigosa e esvaziada de um sentido maior, a Parada não agrega nada de bom à causa LGBT, nem agora e nem para o futuro. E ainda pode render muita dor de cabeça.

domingo, 14 de junho de 2009

Já já

Acabei não postando o roteiro de restaurantes bons & baratos. O guia já está todo rascunhado, serão 20 lugares recomendados, mas não tive tempo para desenvolver o texto dentro do padrão de qualidade do blog. Vou postá-lo em breve, na próxima semana, quando o assunto "parada" estiver superado. Afinal, esse tema não ficará velho tão cedo. Velho, aliás, estou eu, que cheguei da GiraSol exausto e nem tive forças para continuar a festa na The Week... mas foi na medida, e não tenho do que reclamar. Muita gente linda, muitos amigos, acho que acertei ao ter escolhido essa como única festa.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Pré-parada: preparada, bee?

Lá vamos nós para mais um feriado da Parada Gay em SP. Enquanto muitos sustentam a necessidade de repensar a Parada em si [eu ia fazer um post-cabeça a respeito, mas depois que dei aquela entrevista desisti; acho que minha opinião sobre a Parada já está bem registrada ali], outros tantos se empolgam com a bateria de festas e e a possibilidade de rever os amigos de fora, que deixam a cidade em polvorosa. Em anos anteriores, quando chegava esta época, eu começava a soltar vários posts recomendando festas e também points da cidade, na tentativa de dar uma força para os leitores que não são daqui.

Desta vez, concluí que era inútil colocar aqui minha agenda selecionada de festas. Afinal, quem realmente se interessa pelo assunto já fez sua programação pessoal há muito tempo [para quem não fez, o serviço completo está aqui, aqui e aqui]. Em resumo, a única novidade desta temporada 2009 é a festa VIP, no polêmico Terraço Daslu. A The Week continua sendo uma opção segura: previsível, mas que não costuma decepcionar. Da programação da Flex, que aprendeu a seguir seu próprio caminho, o que chama a atenção é a megafesta no Espaço das Américas, na sexta. Bubu, Ultradiesel, SoGo, Blue Space e Cantho correm por fora, como nos outros anos. E os novos bares bacanas devem encher de turistas que não vêm sempre para cá e querem conhecer as novidades.

Na Parada em si, com os clubes fora do jogo, o trio elétrico mais bombado deve ser o do site Disponivel. A novidade deste ano é o camarote que o Mix Brasil está comercializando, a R$ 250 por cabeça, para quem quiser participar (?) da "maior parada do mundo" com "conforto e segurança" (é "exclu", eles dizem). Confesso que achei engraçado o Mix primeiro detonar a Parada (o diretor de conteúdo do site escreveu em seu blog pessoal que achava o evento "um desserviço à comunidade gay real") e logo depois tratar de faturar uma boa grana em cima dela, mas a vida é assim mesmo, né. Quem não quiser morrer nos R$250 pode pagar R$15 e assistir ao espetáculo a partir de um mirante dentro do Mix Markt, reedição do Mercado Mundo Mix que vai acontecer sábado e domingo, num estacionamento ali na Paulista, e promete ser bem bacana (vou prestigiar meu amigão Rique, estilista da R.Groove, que estará participando).

Não saí completamente do meu resguardo e não poderei me jogar com a força do ano passado. Mas farei questão de prestigiar dois eventos diurnos: a Feira Cultural, que é sempre divertida, e a day party GiraSol, no sábado, que ano após ano vem sendo a melhor festa. O probleminha é que o sucesso dela depende muito do tempo estar bom - e o prognóstico do Climatempo não é nada animador. Por isso, turistada: tragam bons agasalhos, sendo pelo menos um deles apropriado para andar na chuva (nylon, tecido impermeável ou, no mínimo, um capuz dando o truque). De resto, deixo aqui minhas dicas do que fazer em São Paulo, bem como meus conselhos de mãe - ambos foram feitos para a Parada de 2007, mas continuam bem atuais. Para não dizer que não dei nenhuma dica nova, meu próximo post (no ar amanhã) será sobre restaurantes. Ao invés de repetir os lugares óbvios dos outros guias (Mestiço, Spot, Ritz), vou fazer um roteiro só com lugares bons & baratos [aqui]. Assim, só come na praça de alimentação do Shopping Frei Caneca quem quiser. Aproveitem o feriado com responsabilidade e nos vemos por aí.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Um parto prematuro (e desastrado)

No ano passado, a revista DOM foi às bancas às vésperas da Parada Gay com um guia de bolso, o Kit Parada DOM, feito por mim e por Marcos Costa, com a agenda das melhores festas, endereços de comes, bebes e pegações, e mais uma porção de dicas úteis para as pessoas aproveitarem. Neste ano, a Junior resolveu copiar a ideia: quem comprar a edição número 11, lançada ontem, leva de brinde um guia para a Parada. Assim que li a notícia no Mix Brasil, portal de notícias do grupo que edita a revista, fui garantir meu exemplar na banca - como, aliás, fiz com todas as demais edições, desde que a revista foi lançada (ok, minto: o número 10 eu ganhei de presente).

A essa altura do campeonato, já assimilei bem a proposta de cada uma das revistas gays do mercado, suas virtudes e suas limitações. Por isso, sei bem o que esperar de cada uma delas quando entrego o dinheiro ao jornaleiro. Acho que o Brasil hoje tem potencial e espaço para ter uma boa imprensa gay, existe uma abertura e também uma demanda por isso, pelo menos nos grandes centros. É tudo questão de formar um mercado consumidor, e também de reunir boas cabeças: gente culta e preparada, que saiba o que é uma revista e o que está fazendo ali. Ainda estamos verdes, falta ousadia e um bocado de substância, mas quero acreditar que dá para chegar lá. Enquanto espero, faço questão de continuar comprando, ajudando e prestigiando: solidariedade LGBT é isso aí. Mesmo assim, com toda a condescendência possível, com toda a vontade de gostar de tudo o que eu leio, fiquei decepcionado com o tal Guia Junior.

Não vou falar dos erros de português (especialmente concordância) que sempre aparecem na revista, porque hoje entendo que o leitor médio da Junior nem consegue perceber essas coisas, portanto não se incomoda. Mas dessa vez as derrapadas foram menos sutis: o Guia tem pérolas como "comindinhas", "brincandeira", "instrasitável", "logevidade", "pool pary", "eletrõnica", "doungeun", "enderçeo", "qunado", "nortuna". Desculpem, queridos, mas revista não pode ter esse tipo de coisa. Pô, eles têm pelo menos um jornalista que sabe escrever, que é o Hélio Filho. Se não dava pra colocarem o fofo escrevendo a revista inteira, custava terem contratado um revisor? Na pior das hipóteses, usar o corretor do Word já pouparia uma parte dos micos.

A outra parte dos micos também seria evitada com revisão, essa palavrinha que faz parte da rotina de qualquer veículo jornalístico profissional. Dos quatro hotéis indicados, três saíram com o mesmo endereço - que não é o correto de nenhum deles, e sim o do bar Farol Madalena! Será que vai chegar muita gente no bar das meninas pedindo um lugar para dormir? Com a sauna Wild, foi pior: saiu com o endereço da SoGo (que aparece logo antes) e ainda com o telefone "00 0000-0000". Pega mal, fofitos. Como é que os turistas poderão confiar em um guia em que todas as indicações podem ter sido coladas no lugar errado?

Isso sem falar na seção de festas da parada, que tem cara de coito interrompido. Eles dão quatro indicações de festas na quarta, quando muita gente ainda nem chegou em SP, e apenas uma no sábado, justamente o dia mais bombado?! A GiraSol pode até ser a favorita de muitos, mas claro que tem muito mais coisa rolando na cidade. Não adianta dizerem "você que não viu no título que eram festas off-clube", porque todas as festas listadas na quarta são dentro dos clubes. Fica parecendo que aconteceu alguma coisa no meio do caminho (ou entrou um anúncio na página seguinte e o espaço encolheu, ou acabou o prazo para fechar) e eles simplesmente decidiram interromper a seção onde estavam, e tchau. Nem se deram ao trabalho de remanejar as festas para deixar a coluna equilibrada.

Enfim, a impressão que fica é de um trabalho feito nas coxas, às pressas e sem o menor cuidado. O leitor está pagando para ler um material inacabado, cheio de falhas, que nem sequer foi conferido! Isso é mais do que amadorismo: é desleixo puro, descaso mesmo. É algo que depõe totalmente contra - para fazer desse jeito, seria melhor não ter feito o guia. Depois dessa, fiquei até com medo de abrir a revista. O que mais será que eu posso encontrar lá dentro?

Antes que comecem a encher meus comentários com chochos e bobagens, já vou logo dizendo que não fiz este post por despeito, inveja, mágoa-de-cabocla ou qualquer coisa do tipo. Também não é gongo maldoso de quem joga no time concorrente. Escrevo estas palavras não na qualidade de colaborador da DOM, mas sim como leitor da Junior. Como um consumidor que quer que a revista melhore e valha o dinheiro, antes que ele perca a paciência e desista dela. São críticas construtivas, que estou dando a eles de presente, de lambuja - e nem sei se eles merecem, pelo tanto que são pretensiosos, arrotando caviar nos editoriais como se fossem protagonistas de uma nova revolução cultural. Se admiram tanto a Têtu, como vivem dizendo por aí, deveriam aprender mais com ela e se tornar menos amadores (e mais humildes). E com isso, certamente me ajudarão a continuar comprando a revista. Enquanto isso, o post vale como conselho para meus leitores: se for só pelo Guia Junior, economizem o dinheiro da revista e confiram o mesmo material, de graça, nas matérias no Mix Brasil. Pelo menos no site eles ainda têm a chance de corrigir as coisas que escrevem errado...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Tanques de guerra


Para dar uma espairecida depois da seriedade dos últimos posts, deixo pra vocês um videozinho bem frívolo, afinal também sou filho de Deus e não sou obrigado. A pedido da editora de moda Lilian Pacce, a modelo Carol Francischini "invadiu" o camarim do último desfile da grife de sungas Butch e mostrou os tanquinhos impossíveis dos supermodelos. Entre outras beldades, os rasgadíssimos Rodrigo Calazans e Alex Schultz fazem a linha "Sempre Livre SECA & SEGURA" e mostram que estão muito bem preparados para a guerra. Meu eterno príncipe encantado, Ramirez Allender, também aparece bem rapidinho. Via Made in Brazil.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Entrevista para o site A Capa

A "cartilha gay" que estou produzindo com outros cinco blogueiros chamou a atenção do site A Capa e eles pediram que eu lhes desse uma entrevista, que foi publicada hoje. Para os que se interessarem, estou disponibilizando aqui a íntegra do material que eu mandei para o site, sem edição.

Fale um pouco de você. Sou paulistano, tenho 31 anos, sou advogado e estou fazendo jornalismo. Escrevo o blog “Textos, Contextos e Pretextos de Introspective”, onde falo sobre comportamento, gastronomia, noite, viagens, cultura, universo gay, enfim, assuntos que me interessam ou chamam a minha atenção, coisas que fazem parte da minha vida. Também sou colaborador da revista DOM.

Gostaria que você explicasse ao nosso leitor a ideia da cartilha. Quando se pensa nas conquistas sociais e políticas que ainda faltam aos gays, muita gente não se vê como parte da solução. As pessoas se habituaram a culpar “os outros”, a dizer que ninguém faz nada, mas elas mesmas não tiram a bunda da cadeira. Alguns são realmente comodistas, mas tem gente bem-intencionada que até gostaria de fazer algo, e não sabe por onde começar. São pessoas que nunca se interessaram pelo movimento LGBT e não pretendem se aproximar dele. A ideia da cartilha é mostrar o caminho das pedras para que essas pessoas, sozinhas, tomem atitudes úteis, construtivas, que tenham efeitos sociais positivos, e ajudem a melhorar a nossa situação. É uma iniciativa independente, feita por seis blogueiros, desvinculada de interesses de grupos ou partidos, e que não concorre ou compete com o trabalho da militância. Não sou o dono da verdade, nem tenho a pretensão de ditar regras para ninguém. Estou apenas fazendo algo para somar, aproveitando essa visibilidade dos blogs para provocar uma discussão saudável, que estimule outras pessoas a sair da inércia.

Pode adiantar algumas ideias da cartilha? São sugestões de pequenas atitudes que possam ser adotadas e incorporadas ao cotidiano. Ideias realistas, viáveis, que saiam do papel. A intenção é que as pessoas percebam que podem fazer a diferença, que isso está ao alcance delas, e se sintam encorajadas. Tem posturas essencialmente pessoais, ligadas à autoestima, às relações com a família e os amigos, à busca por informação, ao consumo consciente, e outras que, mesmo sendo individuais, envolvem algum tipo de participação social, como o trabalho voluntário, a colaboração com ONGs ou mesmo o contato com parlamentares. Nem todos os itens servirão para todos. Cada um vai absorver o que achar que dá, o que está dentro de sua realidade.

Você acompanha o trabalho da militância? Já foi a algum encontro de algum grupo? Você participou da Conferência GLBT (à época) Municipal e Estadual de São Paulo? Qual a sua opinião sobre o Fórum Paulista LGBT? Como você classifica a perseguição que a senadora Fátima Cleide (PT-RO) está sofrendo? Acompanho o trabalho da militância lendo as notícias relacionadas, quando são publicadas na Folha de S. Paulo e nos portais Mix Brasil, A Capa e Parou Tudo. Nunca fui a reuniões de grupos ativistas, nem aos eventos que você citou, e não estou a par do episódio envolvendo a relatora do PLC 122. Minha vida é outra. Contudo, isso não me descredencia ou desqualifica para produzir uma cartilha. Os cidadãos comuns têm todo o direito de se mobilizar para mostrarem o que pensam e protegerem uns aos outros, sem necessariamente aderirem a grupos ativistas. Quero mostrar com a cartilha que não é preciso se filiar a um grupo ou frequentar eventos para fazer o que está ao alcance de cada um.

O meio gay é alienado politicamente? A classe média gay é tão politizada ou despolitizada quanto a classe média hétero. Não somos mais alienados porque consumimos moda, cuidamos do corpo ou tiramos a camisa na boate. Essa associação automática do universo gay com a futilidade é perigosa. Observo que no meio que frequento existe sim uma apatia, um individualismo. Muitas pessoas realmente não estão nem aí para nada. Mas outras se importam e ficariam felizes em ajudar a causa, e foi para elas que resolvi bolar a cartilha. Esse individualismo e falta de participação não são exclusividade do meio gay, são parte da mentalidade contemporânea, têm a ver com um processo de esvaziamento do debate político a partir do regime militar, enfim, têm uma série de explicações que nada têm a ver com sexualidade. Sexualidade é algo mais básico e simples do que isso.

Como a militância poderia atrair mais pessoas? Não sou a pessoa mais indicada para responder a essa pergunta. É a militância que precisa encontrar suas fórmulas. Talvez seja o caso de mudar o discurso, buscar um repertório novo, uma linguagem mais palatável a quem está de fora.

Na sua opinião, qual partido político está mais próximo da comunidade gay? Como não acompanho de perto as atividades de cada partido, não quero correr o risco de ser injusto. Sei que boa parte deles, não só os de extrema esquerda como também PT e PSDB, tem subgrupos ligados à diversidade sexual. Mas eu, que estou fora do jogo político, não enxergo nenhum partido como realmente próximo da comunidade gay.

Você frequenta a parada gay? Vou todo ano há uns oito ou nove anos, nem lembro mais qual foi minha primeira. Ainda não desisti dela, mas não sei dizer por quanto tempo vou continuar. Só insisto porque acho que, se ela está desvirtuada, não é abandonando o barco que alguma coisa vai mudar. Em entrevista ao site Parou Tudo, o diretor-geral Manoel Zanini disse que acha que o peso político da Parada é muito maior hoje, com os tais três milhões. Eu já penso o contrário: não acho que a quantidade de gente na rua soma ao movimento, ela até o enfraquece. O recado político do “vejam como somos muitos” foi dado quando atingimos o primeiro milhão, nós realmente causamos impacto, mas a sociedade já absorveu a mensagem e isso não faz mais tanta diferença. “Dançar, cantar e celebrar” não é protesto. O lado lúdico é necessário, mas não basta, não leva a conquistas nem provoca uma mudança de mentalidade. Não sei qual a saída. Talvez deixar o trecho da Paulista para a militância discursar, abrir espaço para protestos e reivindicações, e ligar a música dos carros ao dobrar a Consolação, deixando a festa rolar a partir daí. Seria menos jogação, o povo da bagunça grátis acharia chato, viria menos gente? Tudo bem, não é do volume desse povo que a Parada precisa hoje. E festa, os clubes fazem muito melhor.

Você acredita em ações coletivas? Acredito que, em algumas situações muito específicas, a classe média em geral é capaz de se indignar, se mobilizar e pensar coletivamente. Mas, quando o assunto são as questões LGBT, sou meio cético. Acho muito difícil querer provocar uma convergência de vontades em um grupo que é tão diverso e plural, e também tão desunido, que tem mil preconceitos entre si. Quando eu escrevi que “a esperança não está nas atitudes coletivas, e sim nas individuais”, quis dizer que não dá para a gente ficar esperando uma união que pode simplesmente não acontecer. Por isso, defendo ações individuais, ao estilo “faça você mesmo”. Que podem se multiplicar e acabar tendo um efeito coletivo. Mas cada um por si, sem prestar contas e nem depender de ninguém. É importante que cada um se sinta impelido a ter sua própria iniciativa, ao invés de ficar esperando eternamente pelos outros.

E sobre a mídia gay, ela ajuda a despolitizar a comunidade gay? Qual a sua opinião a respeito? Não podemos fazer dela culpada. O problema é anterior. Se a “comunidade gay” é despolitizada, não é por causa da mídia gay, mas porque não lê jornal mesmo, da mesma forma que muitos segmentos héteros também não. É um erro pensar que basta ler os sites e revistas gays para estar suficientemente informado, quem pensa assim não enxerga muito longe. A consciência social e política, o senso cívico, isso tudo vem de outro lugar, vem da criação e dos hábitos de cada um, e ninguém vai desenvolver lendo o Mix ou ACapa, por mais politizados que eles queiram ser. O papel da mídia gay, enquanto mídia especializada, é cobrir as especificidades de seu universo. Política entra na mistura, sem dúvida, mas é só um dos assuntos a serem tratados. E tem que ser dosado, até mesmo por questões comerciais, afinal só militância não vende revista, não dá audiência a site, nem nada. Comportamento, noite, consumo, identidade, moda, lazer, saúde, aconselhamento jurídico, sexo, fofocas, assuntos úteis e fúteis, tudo isso é de interesse do público gay e é perfeitamente legítimo que ele procure essa informação. Temos que aceitar que algumas pessoas se interessarão por política e outras não, sejam elas homo, bi ou heterossexuais.

Você é formado em Direito. Acredita que os cursos de advocacia preparam os futuros profissionais a lidarem com a questão da homoafetividade? Bem, só posso falar pela USP, que foi onde estudei. Eu me formei em 2001 e, naquele tempo, o curso de graduação em Direito não dizia uma só palavra sobre o assunto, não tratava dessas problemáticas não contempladas pela lei. A repercussão nacional das decisões proferidas pela desembargadora Maria Berenice Dias no Rio Grande do Sul é posterior a essa época, não sei como o curso está agora. Parece que existe um grupo que promove discussões extraclasse sobre questões ligadas à diversidade sexual, no pátio da faculdade, com gente de outras áreas. Mesmo entidades de apoio aos advogados, como a OAB e a AASP, começaram a dar cursos sobre o assunto muito recentemente, coisa de dois anos para cá. Mas um bom curso de Direito prepara o advogado para pensar o ordenamento jurídico como um todo e encontrar soluções para os problemas com base nas leis já existentes. Buscar o reconhecimento de uma sociedade de fato, por exemplo, foi uma saída criativa para contornar a inexistência de uma união estável homossexual, e assim conseguir dividir o patrimônio dos casais que se separavam.

O que você acha da lei 10.948? Foi um grande passo dado aqui em São Paulo. É importante esse reconhecimento formal, por parte do legislador, de que a diversidade sexual precisa ser respeitada, isso tem um caráter educativo para o resto da sociedade. E a imposição de uma pena pecuniária (multa) não deixa de garantir à lei uma certa efetividade. Mas para estancar a homofobia de verdade, só mesmo atribuindo a esse tipo de comportamento uma sanção penal, coisa que somente a esfera federal tem competência para fazer. Por isso, a aprovação do PLC 122 é tão importante.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Parada também é reflexão e discussão

A Parada Gay virou um carnaval fora de época, foi desvirtuada, não tem mais caráter político, está hiperlotada, perigosa e impraticável, blá blá blá? Até concordo com muitas das críticas que são feitas, e em breve vou dar meu pitaco sobre isso. O que talvez muita gente ainda não saiba (especialmente os que vêm de fora) é que a "Parada" não é apenas o desfile de trios elétricos na Avenida Paulista. Esse é apenas o ponto alto e mais visível de uma programação que acontece desde o início do mês - e, além de festa e jogação, também inclui eventos que dão oportunidade para a reflexão e a discussão sobre questões que são importantes para a nossa vida.

O Ciclo de Debates do 13º Mês do Orgulho LGBT começou anteontem e está discutindo, em vários espaços da cidade, os mais diversos temas de interesse da comunidade gay. Claro que há alguns assuntos mais áridos para quem não é da militância, mas também há debates sobre família, saúde, religião, psicologia, acesso à justiça, turismo e mídia gay. Ficou curioso? Então confira a extensa programação, que só termina em 19/6, aqui.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Europa vive onda de novos museus

Os amigos que gostam de arte e cultura têm muitas novas razões para investir em um giro pela Europa. Mesmo com a dita crise econômica global, o ano de 2009 está sendo marcado por uma enxurrada de novos museus por todo o continente. O portal do jornal francês Libération publicou uma matéria mostrando as novidades mais legais, como o Brandhorst (Munique), com trabalhos de grandes artistas do século 20, o Magritte (Bruxelas), dedicado ao pintor surrealista belga René Magritte, e o Hergé (Nouvain-la-Neuve, França), que mostra a obra do cartunista criador do personagem Tintin. Na imagem acima, a modernosa Casa de Artes e Letras, em Atenas, financiada pela Fundação Onassis, a um custo de 50 milhões de euros. O desenho do prédio leva a assinatura do Architecture-Studio francês.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um caminho possível (para chegarmos lá)

Quando escrevo um texto como este, lamentando a alienação política e a apatia generalizada que tomaram conta do meio gay, não acho que esteja chovendo no molhado. Mesmo sem me considerar um formador de opinião, acredito que compartilhar essas reflexões pode levar outras pessoas a também pensar sobre o assunto. Não deixa de ser uma forma de fazer alguma coisa para tentar melhorar nossa situação. Por outro lado, não ignoro que esse tipo de iniciativa tem um impacto limitado. Muitos leitores até concordarão com o que eu digo, irão se sentir incomodados por alguns instantes, mas logo virá outro post para distraí-los, e a eventual indignação acabará evaporando sem que ninguém tire a bunda da cadeira. E assim ficamos.

Tenho pensado em outras maneiras de fazer a minha parte. Como é possível virar a mesa? Algumas pessoas são realmente acomodadas: aguardam a misericórdia da sociedade, e contentam-se em colher os frutos do que for plantado por outras pessoas. Mas sei que há gente que se importa e até gostaria de fazer algo, mas não sabe como.

"As bibas são individualistas", "está todo mundo entorpecido pela mídia", "a inclusão que importa hoje é a do consumo". Sim, essas constatações são todas verdadeiras. Se formos esperar que os 3 milhões de pessoas espremidos pela Avenida Paulista dêem as mãos e promovam uma mudança, estaremos ferrados. Seria lindo se toda a vasta comunidade LGBT se unisse, mas, sejamos realistas, isso possivelmente não vai acontecer. Não posso falar por todos, mas olho ao meu redor e vejo muito mais gente tirando o corpo fora do que se importando de verdade. Então, não há saída? Há sim, mas não dá mais para viver uma utopia, sonhar com uma união que parece cada vez mais distante. A esperança não está nas atitudes coletivas, e sim nas individuais.

Mas por onde começar? Transformando palavras vagas e ideais abstratos em atos concretos, coisas que estejam ao alcance de cada um de nós. Nasceu aí minha ideia de fazer uma cartilha, uma lista de medidas exequíveis, palpáveis, realistas. Pequenas atitudes para cada um adotar no seu cotidiano, dentro de suas possibilidades individuais, que variam de uma pessoa para outra. São sugestões; ninguém precisa acatar todas elas, basta cumprir aquelas que estão mais próximas de sua realidade. Rodolfo, que é fortão, pode socorrer uma biba que está levando um coió ou sendo agredida; já Lucas, que é franzino, pode escrever uma manifestação de repúdio a um programa de TV homofóbico, e mandar para um jornal. Plínio, que é podre de rico e não suja as mãos nem com seu poodle, pode remanejar o valor de um jantar por mês para ajudar alguma ONG que auxilie travestis, soropositivos ou vítimas de preconceito. Todos nós podemos nos manter melhor informados sobre o mundo que nos cerca, e deixar de abaixar a cabeça quando vemos nossos direitos sendo preteridos.

A ideia é que cada um, sozinho, tome pequenas atitudes que transformem o mundinho ao seu redor, e assim ajudem a fazer a diferença. Eu faço aqui. Você faz aí. Eventualmente, os amigos dos amigos, que moram em Novo Hamburgo, Manaus ou Feira de Santana, se animarão também. Claro que nem todo mundo pode se dar ao luxo de sair do armário heroicamente e ser crucificado em seu círculo social. Mas cada um faz o que pode. E olha: tem coisa pra caramba que dá para fazer. Cada um no seu quadrado, podemos acabar gerando uma formidável corrente do bem. Pessoas comuns, anônimas ou não, entre seus amigos e familiares, fazendo um trabalho de formiguinha e multiplicando-o, semeando inclusão, promovendo cidadania e ajudando a enfraquecer o preconceito.

Para me ajudar na elaboração dessa cartilha, resolvi convidar mais cinco blogueiros (Gustavo, Cris, Daniel, BHY e Isadora) que, além de estarem entre os meus preferidos, têm uma visão crítica e que vai além dos muros da boate. Nem sempre estamos afinados com as mesmas opiniões, mas as divergências só vão enriquecer o resultado. Minha ideia é trabalharmos em cima disso pelos próximos 15 dias, até chegar a uma lista final com 50 itens. E publicar a cartilha em nossos blogs, na segunda-feira logo depois da Parada - quando todo mundo já "celebrou o orgulho" e está prontinho para esquecer a causa pelo resto do ano. Eu boto fé, e você? Sugestões serão sempre bem-vindas.