sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Chorinho carioca (a pedido do Uomini)
Com tanta coisa pra fazer, infelizmente não consegui ir ao Forte de Copacabana conhecer a roda gigante (e dar uma pinta ouvindo balearic house no Café Del Mar instalado lá). O Papa Fina, um dos melhores quilos de Ipanema, ficou lindo reformado. As mesas no deck lembram o saudoso Gula Gula da Aníbal e já nascem hit. Terapia de regressão na pool: um plantava bananeira na piscina, enquanto os outros brincavam com uma enorme bola de plástico. Já fui pro Rio __ vezes [depois atualizo com o número exato], e ainda assim fiquei espantado com a quantidade de homem bonito na cidade. Tinha um bofe na Ataulfo com a Antero de Quental que era tão lindo, mas tão lindo, que quase me arrisquei a levar coió, só pra me declarar a ele (mas meu superego não deixou). Não é só a gente que perde a linha: uma vovó fervida declarou ao RJTV que estava virada havia vários dias, só se jogando entre um bloco a outro. Perdi a conta de quantas pessoas tiveram celulares furtados na muvuca dos blocos (esse povo não aprende nunca?). Mas chato mesmo eram os playboys embriagados tocando o terror nos ônibus, cantando alto, batucando e sacaneando as pessoas. E uma vadiazinha que espremia uma bisnaga de catchup nos outros passageiros (!), porque sabia que ninguém ia meter a mão na cara de uma menina. A Lapa estava a própria torre de babel, gente de tudo quanto é tipo, uma bagunça bem divertida. Mas, na terça, o cheiro de cinco noites de mijo acumulado estava quase dando onda de colocón. Falando em colocón, perguntei pros socorristas do posto médico da Pool Party o que fazer quando um amigo passa mal, e eles se limitaram a responder: simplesmente não tomem nada nunca! Dã. Como em todos os anos, a porta do Elite continua sendo o destino certo para encontrar os melhores cafuçus. E sabe que a República Dominicana também tem cafuçus, e com uma pegada ó-ti-ma? Putos ficaram os amigos que compraram ingresso pra B.I.T.C.H. pela internet, chegaram na Fundição e o guichê já estava fechado. Rosane Amaral finalmente melhorou os bares da Pool; bem que ela podia fazer mais umas duas edições por ano. E a The Week Rio fica bem mais agradável quando não está tão lotada e convida um DJ que foge do tribal. Fiquei devendo o 00 de domingo, mas, quando você está exausto, melhor descansar do que ir pra night com cara de bunda. Nunca gostei de samba, mas agora estou até considerando ir ver os desfiles na Sapucaí no ano que vem. Os salgados da The Bakers continuam imbatíveis. Diálogo bairrista (afffe, ainda isso?) no Bibi de Copa: "Paulista deixa de ir à academia para ir ao shopping". "E carioca deixa de ir à escola para ir à academia". Tô cada vez mais carioca: tenho uma linha de celular 021, comprei um cartão pré-pago de metrô e agora finalmente aprendi a mijar no mar! E o sol continua a pino, ai que vontade de voltar hoje mesmo pra lá...
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Um Carnaval à prova de urucas
"O quêêêêê, você vai pro RIO?!?!?! Mas comooooo??? Não vai ter ninguém lá, vai todo mundo para Floripa!!! Tem certeza? Troca essa passagem, gato!" Tive que explicar que ia pro Rio mesmo, e parecia que eu estava dizendo que ia passar o Carnaval em Cuiabá. De uma hora para outra, a Cidade Maravilhosa, que sempre foi a referência número 1 em termos de carnaval gay, era reduzida a um mero prêmio de consolação pelas bilus paulistanas, ávidas por mais um ano de Bar do Deca, certas de que iriam participar de um momento histórico na Ilha da Magia.
Eu adoro Florianópolis, passei três carnavais incríveis por lá (o último deles, em 2008, eu comentei aqui), sabia que em 2009 a bombação seria ainda maior, mas desta vez preferi investir no Rio. E não me arrependi nem um pouco. Gastei um terço (ou até menos) do que teria gasto em SC e me diverti muito mais do que eu pensava - foi um dos melhores Carnavais que passei. Fiz um planejamento menos rígido e, surpreendentemente, as coisas fluíram melhor: meus dias ficaram mais redondos, amigos e peguetes foram aparecendo no meu caminho, e no final tudo se encaixou numa boa.
Pra começar, não dá pra não achar graça no tamanho da pretensão de quem pensa que o Carnaval carioca precisa do aval dos paulistas para decolar. "Não vai ter ninguém"?! A cidade estava lotada - e, antes que retruquem que quantidade não é sinônimo de qualidade, esclareço que os homens estavam de enlouquecer. A quantidade de machos bonitos de todas as facções possíveis (garotos dourados da Zona Sul, gringos boa-praça, barbies for export, surfistas, santateresófilos, cafuçus-delícia) era uma coisa de louco, era de bater com a cabeça na parede. Tanto na praia (o hype do Coqueirão já está mais do que confirmado; a Farme continua intransitável) quanto pelas ruas, nos bares e nos blocos.
Aliás, uma característica marcante deste Carnaval foi a explosão dos blocos de rua. Eles sempre existiram, é verdade, mas parece que neste ano eles se multiplicaram e cresceram muito mais. Os mais conhecidos, como o Boitatá e o Bola Preta, juntaram multidões enormes, mas aconteceram muitos outros, grandes e pequenos, em todas as partes. É impressionante como os cariocas têm uma vocação genuína para a folia: eles fazem festa até dentro de elevador quebrado. Famílias inteiras se montam e saem às ruas brincando feito crianças, imbuídas de um espírito carnavalesco que não se vê mais aqui em São Paulo. É no mínimo curioso ver homens héteros vestindo-se de mulher e até arriscando algumas experiências novas, sem que sofram qualquer tipo de censura ou cobrança por causa disso: o Carnaval perdoa tudo.
Com dias perfeitos de céu azul e nenhuma chuva (o sol era mais ardido de manhã e mais ameno no decorrer da tarde), era um prazer curtir o Rio ao ar livre. Depois da praia, a muvuca na rua Farme de Amoedo parecia melhor do que nos outros anos: com o quarteirão entre Visconde e Prudente também fechado, o Tô Nem Aí juntou um pessoal mais bonito, enquanto a porta do Bofetada manteve a pegada popular, com axé e samba. Ótimo poder sair um pouco daquela função "clubes fechados" e curtir uma noite gostosa e descompromissada, indo e vindo à vontade, encontrando os amigos e beijando muito.
Para quem queria se jogar, tinha muita coisa rolando. Na cena barbie-tribal, a The Week não estava tão insuportavelmente lotada quanto no Réveillon (o Seamus Haji destruiu, mostrou que dá para tocar para gay sem ser bagaceiro!) e as pool parties da Rosane foram um repeteco do que todo mundo já conhece e gosta (a de domingo estava bem tranqüila, uma delícia). Ainda no domingo, teve festinha de house no 69 (com Pareto, Márcio Vermelho, Tatá, MM e Serge) e um 00 bombando de gente linda (segundo uma fonte confiável, pois não consegui ir). No circuito eletrônico, o Rio Music Conference trouxe DJs fodões (Sven Vath, Pete Tong, Erick Morillo etc.), mas desanimei quando vi os ingressos (antecipados!) a R$180. Uma boa alternativa era a festa na bolha gigante do Aterro do Flamengo, com o top John Digweed (entre R$30 e R$80). Ah sim, a Lapa também bombou (um povo bem misturado, com direito a beijação gay na frente do Lapa Mix) e a gafieira do Elite reuniu os melhores cafuçus do pedaço.
Enfim, o Rio continua tendo o Carnaval mais completo do Brasil. Fiz só metade do que poderia ter feito, e voltei pra casa pra lá de satisfeito. Se o Rio ficou devendo em algum quesito, só consigo pensar em um: a presença de paulistas. De fato, não vi nem sinal das figurinhas carimbadas que vejo o tempo todo (acho que até a tia da limpeza da The Week foi conferir o hype de Floripa). Mas posso garantir que o Rio não sentiu falta e passou muito bem sem eles. Não duvido que o fervo em Floripa tenha sido ótimo (eu ainda não falei com ninguém que foi), mas também tenho certeza de que nosso mercado, hoje, comporta pelo menos dois Carnavais incríveis ao mesmo tempo. Que bom!
Eu adoro Florianópolis, passei três carnavais incríveis por lá (o último deles, em 2008, eu comentei aqui), sabia que em 2009 a bombação seria ainda maior, mas desta vez preferi investir no Rio. E não me arrependi nem um pouco. Gastei um terço (ou até menos) do que teria gasto em SC e me diverti muito mais do que eu pensava - foi um dos melhores Carnavais que passei. Fiz um planejamento menos rígido e, surpreendentemente, as coisas fluíram melhor: meus dias ficaram mais redondos, amigos e peguetes foram aparecendo no meu caminho, e no final tudo se encaixou numa boa.
Pra começar, não dá pra não achar graça no tamanho da pretensão de quem pensa que o Carnaval carioca precisa do aval dos paulistas para decolar. "Não vai ter ninguém"?! A cidade estava lotada - e, antes que retruquem que quantidade não é sinônimo de qualidade, esclareço que os homens estavam de enlouquecer. A quantidade de machos bonitos de todas as facções possíveis (garotos dourados da Zona Sul, gringos boa-praça, barbies for export, surfistas, santateresófilos, cafuçus-delícia) era uma coisa de louco, era de bater com a cabeça na parede. Tanto na praia (o hype do Coqueirão já está mais do que confirmado; a Farme continua intransitável) quanto pelas ruas, nos bares e nos blocos.
Aliás, uma característica marcante deste Carnaval foi a explosão dos blocos de rua. Eles sempre existiram, é verdade, mas parece que neste ano eles se multiplicaram e cresceram muito mais. Os mais conhecidos, como o Boitatá e o Bola Preta, juntaram multidões enormes, mas aconteceram muitos outros, grandes e pequenos, em todas as partes. É impressionante como os cariocas têm uma vocação genuína para a folia: eles fazem festa até dentro de elevador quebrado. Famílias inteiras se montam e saem às ruas brincando feito crianças, imbuídas de um espírito carnavalesco que não se vê mais aqui em São Paulo. É no mínimo curioso ver homens héteros vestindo-se de mulher e até arriscando algumas experiências novas, sem que sofram qualquer tipo de censura ou cobrança por causa disso: o Carnaval perdoa tudo.
Com dias perfeitos de céu azul e nenhuma chuva (o sol era mais ardido de manhã e mais ameno no decorrer da tarde), era um prazer curtir o Rio ao ar livre. Depois da praia, a muvuca na rua Farme de Amoedo parecia melhor do que nos outros anos: com o quarteirão entre Visconde e Prudente também fechado, o Tô Nem Aí juntou um pessoal mais bonito, enquanto a porta do Bofetada manteve a pegada popular, com axé e samba. Ótimo poder sair um pouco daquela função "clubes fechados" e curtir uma noite gostosa e descompromissada, indo e vindo à vontade, encontrando os amigos e beijando muito.
Para quem queria se jogar, tinha muita coisa rolando. Na cena barbie-tribal, a The Week não estava tão insuportavelmente lotada quanto no Réveillon (o Seamus Haji destruiu, mostrou que dá para tocar para gay sem ser bagaceiro!) e as pool parties da Rosane foram um repeteco do que todo mundo já conhece e gosta (a de domingo estava bem tranqüila, uma delícia). Ainda no domingo, teve festinha de house no 69 (com Pareto, Márcio Vermelho, Tatá, MM e Serge) e um 00 bombando de gente linda (segundo uma fonte confiável, pois não consegui ir). No circuito eletrônico, o Rio Music Conference trouxe DJs fodões (Sven Vath, Pete Tong, Erick Morillo etc.), mas desanimei quando vi os ingressos (antecipados!) a R$180. Uma boa alternativa era a festa na bolha gigante do Aterro do Flamengo, com o top John Digweed (entre R$30 e R$80). Ah sim, a Lapa também bombou (um povo bem misturado, com direito a beijação gay na frente do Lapa Mix) e a gafieira do Elite reuniu os melhores cafuçus do pedaço.
Enfim, o Rio continua tendo o Carnaval mais completo do Brasil. Fiz só metade do que poderia ter feito, e voltei pra casa pra lá de satisfeito. Se o Rio ficou devendo em algum quesito, só consigo pensar em um: a presença de paulistas. De fato, não vi nem sinal das figurinhas carimbadas que vejo o tempo todo (acho que até a tia da limpeza da The Week foi conferir o hype de Floripa). Mas posso garantir que o Rio não sentiu falta e passou muito bem sem eles. Não duvido que o fervo em Floripa tenha sido ótimo (eu ainda não falei com ninguém que foi), mas também tenho certeza de que nosso mercado, hoje, comporta pelo menos dois Carnavais incríveis ao mesmo tempo. Que bom!
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Homo Erectus
Agora que minha rotina retomou o modo hardcore, o blog vai cambalear sempre que as pendências forem maiores do que os prazos. Por isso, resolvi finalmente ceder e recorrer ao artifício dele - que, para manter a freqüência das atualizações, vira e mexe posta alguns conteúdos recomendados por leitores. Então aqui algo bem bacana que recebi do meu amigo Renato. E vamos que vamos, como diria ele.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Beijos que abrem portas
Quando você sai à noite, pode acabar cavando oportunidades, se beijar as pessoas certas.
Pode conhecer alguém que acabou de voltar de um giro na Europa e te coloca por dentro dos últimos babados da noite de Londres.
Pode acabar descolando um "teste do sofá" e, com alguma sorte, até mesmo um papel na próxima novela das sete.
Pode ser incluído na guest list de uma festa fechada disputadíssima, dessas em que os convites valem uma fortuna no mercado paralelo.
Ou pode conhecer alguém que faz armários e cozinhas sob medida e baratinho - e te entrega um simpático cartão oferecendo orçamento grátis.
A noite é uma caixa de surpresas :)
Pode conhecer alguém que acabou de voltar de um giro na Europa e te coloca por dentro dos últimos babados da noite de Londres.
Pode acabar descolando um "teste do sofá" e, com alguma sorte, até mesmo um papel na próxima novela das sete.
Pode ser incluído na guest list de uma festa fechada disputadíssima, dessas em que os convites valem uma fortuna no mercado paralelo.
Ou pode conhecer alguém que faz armários e cozinhas sob medida e baratinho - e te entrega um simpático cartão oferecendo orçamento grátis.
A noite é uma caixa de surpresas :)
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Celebre um dia bonito comendo bem
Depois de uns dias bem feios, parece que São Paulo terá um fim de semana de muito sol. Nada como juntar os amigos e almoçar sem pressa num lugar bem gostoso. Para tirar o máximo proveito de um dia bonito (que sempre merece ser comemorado, ainda mais em uma cidade tão cinza), o melhor é escolher um restaurante com ambiente amplo e aberto, brindado com muita luz natural. Ou mesmo comer ao ar livre. Aqui vão algumas sugestões.
PRÊT no MAM. Vizinho ao prédio da Bienal, nosso pouco lembrado Museu de Arte Moderna tem um restaurante muito gostoso. O ambiente, envidraçado, integra-se ao parque do Ibirapuera, onde o museu está instalado. A cozinha é tocada com esmero pelo pessoal do Prêt à Manger, conhecido restaurante-bufê da rua Bela Cintra. Como na matriz, oferece diversas saladas e opções quentes de carne, frango, peixe e risoto, a R$39 por pessoa (sobremesas são cobradas à parte). Parque do Ibirapuera, entrada pelo Portão 3 (perto do Obelisco).
PITANGA. Numa ladeira íngreme da Vila Madalena, pertinho do fórum, esta charmosa casa amarela serve um excelente bufê de comida brasileira. As delícias têm dia certo da semana para aparecer. No sábado, quem quiser fugir da feijoada pode servir-se de pernil e de peixe assado ao molho de pitanga. No domingo, lasanha de cogumelos, ossobuco de vitela, costela ao mel e coelho ao vinho. O filé ao molho de queijo, sensacional, é servido às segundas e quintas. A parte fria tem saladas criativas. As mesas da entrada, rodeadas de plantas, são as melhores. Rua Original, 162, Vila Madalena.
BUTTINA. Num simpático sobrado a uma quadra da Praça Benedito Calixto, serve cozinha italiana honesta a preços idem. Uma especialidade são os gnocchis, em diversas variações e molhos. Atravessando o pequeno salão principal e indo para os fundos da casa, uma surpresa: uma espécie de mezanino envidraçado e um gostoso pátio enfeitado por jabuticabeiras, onde as mesas abusam da luz natural e são ainda mais aconchegantes. Rua João Moura, 976, Pinheiros.
CAPIM SANTO. Mesmo sem o charme do endereço original, na Vila Madalena, o Capim Santo continua sendo um dos lugares mais gostosos para aquele almoço demorado de fim de semana. A casa é cercada por árvores e um espelho d'água, em trabalho paisagístico caprichado. A chef Morena Leite gosta de acrescentar pitadas fusion às receitas brasileiras, servidas em bufê no almoço e à la carte no jantar. Os pratos com peixe e o picadinho são carros-chefe, assim como o imperdível brigadeiro de capim santo. Al. Ministro Rocha Azevedo, 471, Jardins.
PRAÇA SÃO LOURENÇO. Em estilo rústico-chique, o salão tem pé-direito alto e é rodeado por uma vistosa área externa, com mesas dispostas em meio a árvores e espelhos d'água (sim, igual ao Capim Santo), dando aos convivas uma agradável sensação de contato com a natureza. O bufê servido no almoço é bastante extenso - mas, na verdade, a verdadeira atração é o visual do lugar, não a comida. A frequência, essencialmente familiar, pode irritar aqueles que se incomodam com a presença de crianças. Rua Casa do Ator, 608, Vila Olímpia.
QUINTA DO MUSEU [foto]. Antiga residência transformada em espaço cultural, o Museu da Casa Brasileira expõe móveis e utensílios brasileiros e portugueses. O restaurante foi criado posteriormente, para alavancar o espaço. O cardápio tem massas, grelhados feitos no papillote e pratos brasileiros, como o bacalhau à Brás. O ambiente é uma atração à parte: as mesas são dispostas sobre ombrellones em um terraço que se abre para um jardim enorme e belíssimo. Um verdadeiro tesouro escondido em pleno caos da Faria Lima. Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705, Jardim Paulistano.
MANÍ. A casa, com paredes brancas e móveis de madeira envelhecida, faz uma linha rústica calculada, tipo uma "Trancoso interiorana". Os pratos são leves e seguem técnicas de execução típicas da nova cozinha espanhola, brincando com texturas e sabores. Alguns exemplos são o atum levemente grelhado com quinua, chutney de amoras e espuma de gengibre e a sobremesa "o ovo": sorvete de gemada com espuma de coco e coquinhos crocantes. É evidente que o lugar finge ser despretensioso e na verdade se leva a sério demais, mas a comida é boa e o ambiente, claro, arejado e agradável, com direito a algumas mesas em um pequeno quintal. Rua Joaquim Antunes, 210, Pinheiros.
PRÊT no MAM. Vizinho ao prédio da Bienal, nosso pouco lembrado Museu de Arte Moderna tem um restaurante muito gostoso. O ambiente, envidraçado, integra-se ao parque do Ibirapuera, onde o museu está instalado. A cozinha é tocada com esmero pelo pessoal do Prêt à Manger, conhecido restaurante-bufê da rua Bela Cintra. Como na matriz, oferece diversas saladas e opções quentes de carne, frango, peixe e risoto, a R$39 por pessoa (sobremesas são cobradas à parte). Parque do Ibirapuera, entrada pelo Portão 3 (perto do Obelisco).
PITANGA. Numa ladeira íngreme da Vila Madalena, pertinho do fórum, esta charmosa casa amarela serve um excelente bufê de comida brasileira. As delícias têm dia certo da semana para aparecer. No sábado, quem quiser fugir da feijoada pode servir-se de pernil e de peixe assado ao molho de pitanga. No domingo, lasanha de cogumelos, ossobuco de vitela, costela ao mel e coelho ao vinho. O filé ao molho de queijo, sensacional, é servido às segundas e quintas. A parte fria tem saladas criativas. As mesas da entrada, rodeadas de plantas, são as melhores. Rua Original, 162, Vila Madalena.
BUTTINA. Num simpático sobrado a uma quadra da Praça Benedito Calixto, serve cozinha italiana honesta a preços idem. Uma especialidade são os gnocchis, em diversas variações e molhos. Atravessando o pequeno salão principal e indo para os fundos da casa, uma surpresa: uma espécie de mezanino envidraçado e um gostoso pátio enfeitado por jabuticabeiras, onde as mesas abusam da luz natural e são ainda mais aconchegantes. Rua João Moura, 976, Pinheiros.
CAPIM SANTO. Mesmo sem o charme do endereço original, na Vila Madalena, o Capim Santo continua sendo um dos lugares mais gostosos para aquele almoço demorado de fim de semana. A casa é cercada por árvores e um espelho d'água, em trabalho paisagístico caprichado. A chef Morena Leite gosta de acrescentar pitadas fusion às receitas brasileiras, servidas em bufê no almoço e à la carte no jantar. Os pratos com peixe e o picadinho são carros-chefe, assim como o imperdível brigadeiro de capim santo. Al. Ministro Rocha Azevedo, 471, Jardins.
PRAÇA SÃO LOURENÇO. Em estilo rústico-chique, o salão tem pé-direito alto e é rodeado por uma vistosa área externa, com mesas dispostas em meio a árvores e espelhos d'água (sim, igual ao Capim Santo), dando aos convivas uma agradável sensação de contato com a natureza. O bufê servido no almoço é bastante extenso - mas, na verdade, a verdadeira atração é o visual do lugar, não a comida. A frequência, essencialmente familiar, pode irritar aqueles que se incomodam com a presença de crianças. Rua Casa do Ator, 608, Vila Olímpia.
QUINTA DO MUSEU [foto]. Antiga residência transformada em espaço cultural, o Museu da Casa Brasileira expõe móveis e utensílios brasileiros e portugueses. O restaurante foi criado posteriormente, para alavancar o espaço. O cardápio tem massas, grelhados feitos no papillote e pratos brasileiros, como o bacalhau à Brás. O ambiente é uma atração à parte: as mesas são dispostas sobre ombrellones em um terraço que se abre para um jardim enorme e belíssimo. Um verdadeiro tesouro escondido em pleno caos da Faria Lima. Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705, Jardim Paulistano.
MANÍ. A casa, com paredes brancas e móveis de madeira envelhecida, faz uma linha rústica calculada, tipo uma "Trancoso interiorana". Os pratos são leves e seguem técnicas de execução típicas da nova cozinha espanhola, brincando com texturas e sabores. Alguns exemplos são o atum levemente grelhado com quinua, chutney de amoras e espuma de gengibre e a sobremesa "o ovo": sorvete de gemada com espuma de coco e coquinhos crocantes. É evidente que o lugar finge ser despretensioso e na verdade se leva a sério demais, mas a comida é boa e o ambiente, claro, arejado e agradável, com direito a algumas mesas em um pequeno quintal. Rua Joaquim Antunes, 210, Pinheiros.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Mulato do Gois: a coroação dos cafuçus diliça
Você é daqueles que, digam o que disserem, não resiste aos encantos rústicos e à beleza bem brasileira de um bom cafuçu? Já se viu em boates, festas, ensaios e outros fervos que não têm nada a ver com o seu gosto habitual, só para estar perto dessas beldades nagô e eventualmente tirar uma boa casquinha? Fica com o pescoço torto sempre que vai a Salvador? Então este post é para você, mulatólatra. Todos os anos, nas semanas que antecedem o Carnaval, a coluna de Ancelmo Góis no jornal carioca O Globo organiza um concurso para que os leitores escolham a mulata e o mulato mais bonitos das escolas de samba do Rio de Janeiro. A votação já está no ar na página do concurso na internet. O rapaz acima é Ricardo Portela, o preferido do meu amigo Juliano, do blog Made In Brazil. Também gostei dele, mas, se pudesse escolher um brau para uma boa cafungada no cangote, eu pegaria o Jair Azevedo, da Grande Rio. Êêêê, lá em casa!
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Jungle Party: a festinha barata saiu caro
Finalmente um domingo de muito sol, desses com cara de verão. A piscina do meu prédio estava convidativa e eu poderia (deveria, aliás) ter ficado por lá, dando conta das leituras atrasadas da semana, sem gastar um centavo nem ter dor de cabeça. Mas fiquei sabendo que a Jungle Party - uma dessas label parties da segunda divisão que esporadicamente animam o domingo das mais fervidas - iria rolar num belo sítio, com três piscinas. Faltava um empurrãozinho para que eu me animasse a conhecer a festa; as últimas edições não ajudaram muito, já que foram feitas no antigo Piranha, em Perdizes (espaço sem graça, que deixa qualquer festa com cara de after). Mas desta vez, o babado era ao ar livre, com cara de pool party, e o dia estava lindo. Parecia irrecusável.
Depois de um bom perrengue para chegar (já que a rodovia Anhanguera não tinha nenhum tipo de sinalização na saída correta para a festa), me deparei com uma enorme fila de carros na entrada do tal "Clube de Campo". O estacionamento foi toscamente improvisado na parte da frente do sítio. O terreno, bastante acidentado e irregular, era nitidamente insuficiente para o público da festa. Para aproveitar o espaço, a produção mandava os convidados espremerem seus carros uns aos outros ("encosta o máximo que puder, chefia!").
Só que os creiços não tiveram a presença de espírito de deixar um espaço que servisse de passagem entre as diversas fileiras de carros. Ou seja: quem parou nas fileiras de trás acabou ficando preso. Quando me vi nessa situação patética, saí do carro e rodei a baiana. Aí um cara do staff disse que havia sim uma saída "pelos fundos" e foi me mostrar. Ele me fez ir até o final do terreno (enquanto cascalhos e pedregulhos iam riscando a lataria e pedras raspavam na parte de baixo), fazer uma curva ninja e jogar o carro em cima de um monte de terra bem mais elevado, único espaço disponível. Não deu outra: o carro atolou ali. A cena que se seguiu beirava o ridículo: eu acelerando em falso, enquanto o cara empurrava e tentava desentalar o carro. Ainda tive que fazer um caminho de rato maluco, costurando em ziguezague entre brechas mínimas de outros carros, para conseguir escapar dali.
Quando cheguei em casa, fui coroado com o desgosto derradeiro: o carro, que eu havia pego emprestado da minha mãe, estava com a tampa do porta-malas amassada. Poderia ter sido alguma bilu dando ré com o carro de trás e levando ao pé da letra a orientação para encostar "o máximo que puder". Mas o mais provável é que tenha sido o próprio funcionário da festa: enquanto empurrava o carro e tentava resolver a encrenca que ele mesmo havia criado, ele amassou a lataria e ficou quieto. A mim, resta amargar o prejuízo: é inútil reclamar com os responsáveis pela Jungle, pelo simples fato de que não tenho como provar nem mesmo que estive na festa, e menos ainda que o meu carro foi danificado ali. Eles foram profissionais apenas na hora de cobrar R$15 para que eu pudesse usar o "estacionamento".
Eu saio de casa para me divertir, não para achar defeito em tudo. Fui conhecer a Jungle com a melhor das intenções, animado com a idéia de prestigiar um projeto alternativo, feito por pessoas diferentes daquelas que ocupam a liderança da noite gay. Fiz vista grossa para uma série de coisas, procurei enxergar tudo pelo lado mais positivo possível: o público é "democrático", o som é "descompromissado" e por aí vai. Mas minha capacidade de ser Poliana chegou ao limite. Com o aquecimento do mercado, nossa cena já está grandinha o suficiente para exigir dos produtores um mínimo de profissionalismo. Dos amadores que quiserem se aventurar, espera-se que tenham, ao menos, respeito pelo consumidor. A Jungle não me pega mais.
Depois de um bom perrengue para chegar (já que a rodovia Anhanguera não tinha nenhum tipo de sinalização na saída correta para a festa), me deparei com uma enorme fila de carros na entrada do tal "Clube de Campo". O estacionamento foi toscamente improvisado na parte da frente do sítio. O terreno, bastante acidentado e irregular, era nitidamente insuficiente para o público da festa. Para aproveitar o espaço, a produção mandava os convidados espremerem seus carros uns aos outros ("encosta o máximo que puder, chefia!").
Só que os creiços não tiveram a presença de espírito de deixar um espaço que servisse de passagem entre as diversas fileiras de carros. Ou seja: quem parou nas fileiras de trás acabou ficando preso. Quando me vi nessa situação patética, saí do carro e rodei a baiana. Aí um cara do staff disse que havia sim uma saída "pelos fundos" e foi me mostrar. Ele me fez ir até o final do terreno (enquanto cascalhos e pedregulhos iam riscando a lataria e pedras raspavam na parte de baixo), fazer uma curva ninja e jogar o carro em cima de um monte de terra bem mais elevado, único espaço disponível. Não deu outra: o carro atolou ali. A cena que se seguiu beirava o ridículo: eu acelerando em falso, enquanto o cara empurrava e tentava desentalar o carro. Ainda tive que fazer um caminho de rato maluco, costurando em ziguezague entre brechas mínimas de outros carros, para conseguir escapar dali.
Quando cheguei em casa, fui coroado com o desgosto derradeiro: o carro, que eu havia pego emprestado da minha mãe, estava com a tampa do porta-malas amassada. Poderia ter sido alguma bilu dando ré com o carro de trás e levando ao pé da letra a orientação para encostar "o máximo que puder". Mas o mais provável é que tenha sido o próprio funcionário da festa: enquanto empurrava o carro e tentava resolver a encrenca que ele mesmo havia criado, ele amassou a lataria e ficou quieto. A mim, resta amargar o prejuízo: é inútil reclamar com os responsáveis pela Jungle, pelo simples fato de que não tenho como provar nem mesmo que estive na festa, e menos ainda que o meu carro foi danificado ali. Eles foram profissionais apenas na hora de cobrar R$15 para que eu pudesse usar o "estacionamento".
Eu saio de casa para me divertir, não para achar defeito em tudo. Fui conhecer a Jungle com a melhor das intenções, animado com a idéia de prestigiar um projeto alternativo, feito por pessoas diferentes daquelas que ocupam a liderança da noite gay. Fiz vista grossa para uma série de coisas, procurei enxergar tudo pelo lado mais positivo possível: o público é "democrático", o som é "descompromissado" e por aí vai. Mas minha capacidade de ser Poliana chegou ao limite. Com o aquecimento do mercado, nossa cena já está grandinha o suficiente para exigir dos produtores um mínimo de profissionalismo. Dos amadores que quiserem se aventurar, espera-se que tenham, ao menos, respeito pelo consumidor. A Jungle não me pega mais.
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