terça-feira, 1 de julho de 2008

Eu quero um Trem-bala de Prata

Depois de quase três semanas infernais entre a cruz e a espada, tudo o que eu precisava era fugir, escapar, respirar, refrescar, renovar. E o empurrão que faltava, quem deu foi um amigão carioca, que resolveu fechar a nababesca suíte Millenium do motel Vip's para uma superfesta de aniversário, no sábado. Resultado: sem planejar nada nem avisar ninguém, embarquei mais uma vez para meu querido Rio de Janeiro.

Num passe de mágica, lá estava eu de bermuda e chinelos, caminhando pelas areias fininhas de Ipanema, os cabelos ao vento (ok, sem cabelos ao vento), um céu do azul mais turístico possível, e aquele monte de machos monumentais aproveitando a praia. A festa foi ótima. E uma amiga muito especial me levou ao Ten Kai, seu japonês preferido, que tem um ambiente lindo e faz um uramaki salmon skin saborosíssimo. Voltei pra casa refeito.

O tal "passe de mágica" só não foi mágico de verdade porque fui de ônibus. As promoções das companhias aéreas que faziam minha alegria tinham acabado e o menor preço que eu encontrei foi de 400 reais por ida e volta com taxas. Acho bem caro para ir ao Rio, sem falar que eu havia acabado de gastar uma grana em Porto Alegre e tinha outros gastos previstos. Com meio Dramin ou um quartinho de Rivotril, tira-se de letra as seis horas de Dutra, é verdade. Mas já está mais do que na hora de providenciarem um transporte rápido e permanentemente barato entre as duas maiores cidades do país. Se o Brasil quiser mesmo sediar uma Copa ou Olimpíada, isso será fundamental.

A primeira idéia que me ocorre: um trem-bala, que percorreria o mesmo caminho feito entre o histórico Trem de Prata, extinto em 1998. A França tem o TGV, a Inglaterra tem o Eurostar, o Japão tem o Shinkansen, a Itália tem o TAV, a Alemanha tem o ICE, até Portugal tem seu Alfa Pendular. Na Espanha, o AVE liga Barcelona a Madri por tarifas a partir de 47,80 euros, em apenas 2 horas e 38 minutos. De avião, gastam-se umas quatro horas, contando check in e os traslados do centro para Barajas e El Prat, que são aeroportos afastados. Já com o trem, basta chegar, comprar o bilhete e embarcar - e as estações são bastante centrais, assim como são a Luz paulistana e a Central do Brasil carioca.

Os trens-bala costumam atingir velocidades entre 250 e 300km/h. Um modelo brasileiro "popular", viajando a meros 220km/h, ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro em apenas duas horinhas. É menos do que se gasta das respectivas capitais até Maresias ou Búzios. É quase o que se gasta da Penha até Santo Amaro, ou da Glória até o Recreio. Seria uma verdadeira revolução. Para começar, o caos aéreo em Congonhas estaria terminado para sempre. A Central do Brasil e a Estação da Luz recuperariam o glamour de outros tempos. Nativos de uma cidade poderiam trabalhar na outra sem a necessidade de se mudar. Ou mudariam por opção: paulistas realizariam o sonho de morar num balneário que dá de dez em Santos, e cariocas trocariam os preços estratosféricos da Zona Sul por bairros de nível equivalente em SP.

Com o trecho em torno de 50 reais, seria possível dar uma escapadinha inconseqüente e saciar um desejo inesperado: um dia de sol e mar em Ipanema ou uma tarde de compras na Oscar Freire, voltando a tempo de jantar em casa. Ou uma balada/night na outra capital para ver gente diferente. As fronteiras e o bairrismo dariam lugar a um intercâmbio cultural sem precedentes, com todos freqüentando como nunca o quintal do vizinho. Paulistas enchendo os olhos com as belezas de lá, cariocas comendo as pizzas daqui (sem colocar catchup em cima). Paulistas mais corados e menos relapsos com o próprio corpo, cariocas com vergonha de furar filas. Não haveria desculpa para nunca terem ido conhecer o que há de bom do outro lado da ferrovia. Pinacoteca, Arpoador, Vila Madalena, Santa Teresa, a boa mesa paulistana, os melhores botequins cariocas, a Benedito e o Coqueirão, o Ibirapuera e o Aterro, domingos batendo perna na Paulista ou no calçadão, as gatinhas branquinhas daqui e os morenaços saradões de lá, tudo ao alcance de muito mais gente. Um dia, chegaremos lá.

14 comentários:

Ge disse...

pelo amor de Deus... primeiro um ligando Curitiba a São Paulo...rs
O interior aqui é F-O-D-A.

tem que puxar o peixe pra cá tb né! rs

abração

Daniel disse...

e eu que me joguei em cima da hora no sábado pra SP?
a volta pro Rio 2a de manhã foi foda
depois faço o resumão no meu blog
abs

Markus disse...

Pode continuar rezando, já começou o estudo de construção do trem bala ligando Campinas-São Paulo-SJCampos-Resende-Rio de Janeiro. As propostas foram apresentadas aqui cerca de 15 dias atrás. Uma rodo-ferroviária com cara de aeroporto acaba de ser inaugurada aqui visando ja receber o projeto e parece que o modelo japonês caminha a passos largos. Abração

Clebs disse...

"as gatinhas branquinhas daqui", como assim!??

E sim, seria a glória! E o projeto está em andamento. Li há alguns meses que as licitações estão sendo avaliadas por empresas italianas e japonesas. Acho que o Governo estava interesado no projeto italiano.

E novamente, foi o maior prazer conhecer-lo, volte logo. E eu ADOREI o nome trem portugays, chic... Alfa Pendular! Achei hype.

Sobre o TGV e o Eurostar, vou morar dentro deles mês que vem...sem falar que tem o Thallys que eu acho ser holandês.

Abração!

CARIOCA VIRTUAL disse...

Ok, thiago, chega! vc tem meu voto nas próximas eleições. hehehe

Gisele Meccintoche disse...

Oi,mto bom! Excelente blog
Tô montando um tb,se der me adiciona aí pra dar uma força... Espero vir aqui sempre! Obrigada! Gisele

Vítor disse...

Eu ia comentar uma coisa, mas mudei de idéia porque não quero ficar com fama de azedo. :P

Bjs!

tommie carioca disse...

Trem-bala? É algum transporte que liga boate-matriz à boate-filial?

Leo Lazzini disse...

owww bonitao valeu pelos ocmentarios todos hehe eu sou um pilantrinha mesmo, fico todo feliz lendo elogio uhauahauha

mas trem bala eh bacana, tem uns que nem encostam no chao, ficam meio que flutuando por magnetismo, sabe qual?

Antonio disse...

Eu apóio esse projeto....!!!
Podíamos mandá-lo para Câmara né??!...rss
:)

Jack disse...

Realmente, passou da hora (e olha que eu nem moro no Rio nem em São Paulo). A quantidade de gente na ponte aérea já justifica. O Eurostar faz propaganda em Paris com uma promoção para o povo que quer se jogar na balada em Londres no sábado à noite e voltar no dia seguinte. Mas será que um preço de 50 reais é viável?

Gui disse...

É...acho que 50tinha é bem pouco...Ouvi algo em torno de 120, talvez mais realista e ainda assim bem mais barato que a ponte-aerea.

Vamos sonhando, ne?

Estefanio disse...

Ai pq vc faz isso com a gente?
eu começo a ler sem pretenção alguma e vai tendo um efeito ali pela tarde de compras na Oscar e uma noitada em Sp, fico cheio de vontade!
Acho que ate minha avo de 80 anos se ler isso vai morrer de vontade de ir jantar no Ritz, ir pro esquenta no Tony e depois se jogar no queijo da TW, e tomar cafe da manha em casa no Rio, claro!

Gurizão disse...

Tb quero um aki!!! Assim tu nunca mais fica preso no aeroporto. :)