Os paulistanos começaram a apreciar cafés especiais há coisa de cinco anos atrás. Em casas como Cafeera, Suplicy e Santo Grão, o café virou bebida de boutique, cuidadosamente preparada por profissionais especializados (os baristas), a partir de grãos selecionados; as nuances de sabor possíveis são tão diversas que, em alguns lugares, o cliente recebe um cardápio só com opções de café. E, na hora de servir, a espuma pode vir com desenhos que são pequenas obras de arte.
Eu pessoalmente não ligo muito para a bebida, mas freqüento cafés porque são lugares gostosos para reunir os amigos (e menos barulhentos para conversar do que bares). Além disso, eu compenso essa minha indiferença prestigiando os quitutes e guloseimas do menu. Adotei o Suplicy como meu preferido por causa da torta de limão, a melhor que já comi na vida (quando está fresquinha); depois, ele foi desbancado pelo Santo Grão, com seu ambiente aconchegante e intimista (o Suplicy é claro demais, as cadeiras são duras, é um lugar onde não dá vontade de ficar mais do que o necessário) e também por conta do frapê de café, feito com muuuito leite condensado.
Mas agora tenho um novo favorito, e esse vai ser difícil de desbancar: o Octávio Café, um desses lugares incríveis que só uma cidade refinada e megalomaníaca como São Paulo poderia ter.
Tudo no Octávio impressiona, a começar pela arquitetura arrojada, que se destaca no cenário da Faria Lima. A imponente fachada poderia ter sido desenhada pelos Jetsons: ela mais parece um disco voador, ou talvez uma xícara gigante. Quem cruza a porta de entrada e olha para a direita se depara com um salão com pé-direito altíssimo, em que a luz natural entra suavemente, pelas fendas horizontais que cortam as paredes da tal grande xícara de madeira. Há várias mesas e um balcão circular, onde estão expostos alguns doces e bolos caseiros.
Do lado esquerdo de quem entra, primeiro há um lounge com tapete felpudo e oito poltronas egg vermelhas, com entrada para iPod - o cliente traz seu aparelhinho de casa e pode tomar café escutando suas músicas preferidas, que saem de pequenos falantes embutidos no encosto das poltronas. Depois há mais mesas – as do canto do salão são emolduradas por gostosos sofás de couro, que convidam a um longo papo com os amigos. Há ainda uma área externa com mesas e cadeiras brancas, isoladas do caos da Faria Lima por uma espécie de cerca viva. O lugar é realmente muito bonito.
Se o ambiente já justifica a visita, o extenso cardápio não decepciona. Há opções para todos os desejos e situações. No café da manhã, é possível pedir croissants, pães na chapa ou os deliciosos ovos mexidos, que vêm com torradas fofas e macias, em três preparações: parmesão, tomate e ervas, presunto de Parma, queijo brie e tomilho (uma delícia!) ou salmão defumado, ovas e ciboulette. Para o almoço ou jantar, algumas pedidas são o atum semigrelhado, com purê de cenoura e três cogumelos, o risoto de camarão com abobrinha, palmito fresco e castanha-do-pará e o tortelli de mussarela de búfala com perfume de manjericão, tomate fresco, rúcula e um surpreendente toque de laranja.
O menu tem ainda seções com pratos leves (ovos com aspargos, champignons, tomates e ervas), saladas criativas (endívias, peras, queijo brie, avelãs, mel trufado e farofa de bacon), sanduíches (presunto cru, queijo Camembert, shiitake, radicchio e azeite de limão siciliano), petiscos (porções sortidas de bruschettas, pastéis, tapiocas ou canapés) e, claro, sobremesas (mousse de chocolate amargo com café, crême brulée com perfume de capim cidreira). Dei apenas alguns exemplos porque este texto já está longo demais.
Não é um lugar barato, mas também não é tão caro quanto se podia esperar. Os pratos têm preço compatível com os de bons restaurantes (R$36 pela vitela à milanesa, por exemplo); já nos matinais, a cesta de pães custa R$13 e serve muito bem três pessoas. No fim das contas, seja pelo ambiente espetacular, pela freqüência bem-nascida, pelos ótimos ovos mexidos ou pelo denso chocolate quente belga, o Octávio Café é um lugar especial, daqueles que dá vontade de voltar sempre, trazer os amigos e mostrar com orgulho aos turistas de fora. Ainda não esqueci a torta de limão do Suplicy, mas esse café é o meu atual número 1 – aos que estão vindo para a Parada Gay de São Paulo, recomendo que saiam um pouco do fervo da Paulista e dêem uma passada por lá.
Octávio Café: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.996 - (11) 3079-4478
Aberto diariamente das 7h45 ao último cliente
13 comentários:
Acho São Paulo magalomaníaca. No quesito "refinada"... tenho minhas dúvidas, rsrsrs. Refinado (mesmo!) é o seu texto (como sempre). Bjus. Cris.
Podia virar nosso ponto de encontro pós balada pra comentar os bafos da noite né? hahaha acho válido!
E os desenhos no café? Acho fantástico, é mágico fazendo, digita "art coffe" no youtube tem vários exemplos, mas nao eh tão facil quanto parece, um barista uma vez tentou me ensinar, mas ao invés de consegui desenha um coração de leite eu fiz um belíssimo unicórnio albino da tasmánia sem pata.
Enfim
Seu caso de amor pelos lugares certos é contagiante. Essa imensa xícara tomou uma proporção gigante na vontade de conhecer.
Claro que deixou de ser apenas um café...
Nossa... após sua descrição, com certeza, este será um dos próximos pontos que eu deverei conhecer na cidade. Adorei!
Bj, Gus
owww gente, ce eh bunitim de mais hehe
o personagem eh bemmm parecido com o criador hehe ate porque num tenho mto tempo pra faze ele mto diferente
:D
octavip parece bacanoso!!!
Ó, voce ja tinha combinado de me levar no Octavio Café primeiro, hein?! rs
Ta chegando!
como vc descobre esses lugares incriveis!!!???
a sua responsabilidade aumenta a medida que os seus leitores ficam mais exigentes...
pq vc não escreve um guia gastronômico de vanguarda??? ficaria rico e famoso, rsrsr
Um abraço
alexamaral_arq@hotmail.com
Conheci o Santo Grão, através do Cris Uomini. e ADOREI!!!
agora, já anotei a sua (sempre maravilhosa) dica para um dos dias do próximo feriado.
Quero mais dicas!!!!
Faltou dar o serviço... em que altura da Faria Lima ele fica? qual é o número? fica aberto 24 horas ou tem um horário camarada, tipo das 6h às 24:00h? No mais, o texto dá água na boca, mesmo.
Cristiane: Bem lembrado! Já vou colocar!
engraçada coincidência... estou com um post rascunhado sobre os lugares que gosto em SP, e ele termina com uma ilustre ausência: Octavio.
Tudo porque pertence ao Quércia, e acho difícil ir até lá e não lembrar da dedicação dele em arruinar a educação quando estava no governo...
Tudo bem que seu post só aguçou a curiosidade...
Sabe que eu fui na semana de inauguração e fiquei decepcionado com o serviço?
O lugar é lindíssimo mas, achei mal distribuído, poucos lugares, tive que me acomodar naquele balcão lateral perto dos macs pra galera usar.
Uma outra coisa prometida e que não achei foi o drive-thru, seria uma mão na roda passar de carro e pegar uma encomenda.
Mas voltarei pra avaliar de novo.
oi...
2 coisas sobre o Octavio:
1. achei o serviço bemmmmmmm ruim, talvez tenha melhorado.
2. como já foi mencionado... tb não gosto de dar meu $$$ suado para um cara do naipe do Quércia...
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