quarta-feira, 27 de junho de 2007
O DJ, novo astro da noite gay
O culto aos DJs demorou para chegar ao meio gay. Antigamente, ninguém prestava muita atenção em quem estava tocando. O que importava era apenas encher a cara e beijar na boca; o som era só um coadjuvante (e nem merecia ser mais do que isso, porque em geral era sempre a mesma coisa mesmo). A coisa foi mudando, devagarzinho, de uns quatro anos para cá. Em São Paulo, Paulo Ciotti e Renato Cecin conquistaram uma legião de fãs na finada Level, enquanto no Rio a X-Demente estreava no som alguém cujo carisma seria, com o tempo, chamariz suficiente para atrair multidões à festa - a hoje estrela Ana Paula.
Hoje em dia, com várias festas concorrendo a uma fatia do mercado e convidados estrangeiros vindo tocar aqui e ali, os DJs ganharam papel de destaque. O público se acostumou a prestar atenção no som e passou a construir uma relação de diálogo muito maior com quem está tocando. No tititi que sempre rola depois das festas, um dos assuntos que começaram a ser discutidos é justamente o set de Fulano e de Beltrano - coisa que antes ninguém comentava. Nunca antes os DJs estiveram tão em evidência - não na noite gay.
Agora chegou a hora de medir o reconhecimento de cada um desses profissionais entre seu público. Os blogs Italo.zip.net, Carioca Virtual e Cerrado Eletrônico - que estão entre os mais lidos quando o assunto é noite gay - criaram uma espécie de enquete, em que cada um poderá apontar quais são os DJs (pode ser mais de um) que considera os melhores da cena gay nacional. Entre os indicados estão todos os residentes das principais boates de São Paulo e também da cena carioca, sem deixar de lado alguns talentos emergentes de fora do eixo Rio-SP (André Queiroz, Alê Bittencourt) e até nomes do underground eletrônico que não têm foco específico no gueto gay (Pareto, Marcão Morcerf, Tatá, Markinhos Meskita).
Embora essa enquete não vá dar prêmios aos mais votados, não deixa de ser uma consagração importante a eles, além de um termômetro importante sobre como anda a nossa cena. As prévias até agora mostram favoritismos já esperados (Ana Paula, Pacheco) e também algumas surpresas (Will Beats em primeiro lugar é a maior delas). Passe em algum desses sites e dê uma forcinha ao seus DJs favoritos!
[Foto: Brett Henrichsen tocando na Gira-Sol, na véspera da Parada 2006]
domingo, 24 de junho de 2007
Rapidinhas dominicais
- Fui ver a tal montagem eletrônica da ópera O Guarani. Pela brochura que a GOL, patrocinadora do projeto, distribuiu no saguão do Tom Brasil, a idéia é resgatar várias obras do patrimônio cultural brasileiro, sempre em releituras modernas, cruzando linguagens e tal. Essa primeira experiência dividiu o público: teve quem amou e quem odiou. Realmente, um samba do crioulo doido como aquele não dava margem para meias opiniões: era muita informação ao mesmo tempo. Com bailarinos coreografando, projeções em telões, as bases eletrônicas de Mau Mau em volume de balada e um desafinado locutor narrando a história de amor entre Peri e Ceci, a ópera em si era só mais um detalhe, e os pobres cantores tinham que se descabelar para não serem engolidos pelo circo todo. O resultado não foi nada harmonioso (era dificílimo entender a história) e era estranho assistir a tudo em pé numa pista, mas sem dançar. Mas valeu pelo programa diferente e pelo excelente mix de gente interessante que apareceu por lá, pelo menos na sexta. Parece que agora O Guarani vai ser apresentado no Rio e em Recife.
- E a Folha de S. Paulo de hoje descobriu a roda, com uns trinta anos de atraso. Na capa do caderno Cotidiano, a manchete anuncia: "Com ar despojado, casas de suco são nova onda no Rio de Janeiro". Peraí, "nova" onda?! Como assim??? As lojas de suco são uma verdadeira instituição carioca, tanto quanto os botequins, e as mais tradicionais tipo BB Lanches e Polis Sucos têm pelo menos uns 25 anos de idade. Elas sempre viveram bombadas, não há nada de novo nisso - ver nelas um modismo é a mesma coisa que dizer que as pizzarias são o último grito em Sampa. E olha que a matéria foi produzida na própria sucursal do Rio - pelo visto, por algum repórter paulista que caiu de pára-quedas na cidade. Já estou até vendo a próxima descoberta que ele vai fazer: "Anabolizantes são a nova febre das areias de Ipanema"...
- E os gays estão mesmo com tudo. Fiquei passado quando soube que a TAM está organizando um pacote turístico especialmente para a abertura da The Week Rio (dia 6 de julho, com o DJ espanhol Eric Entrena, da Space de Barcelona). Eu já tinha visto pacotes para a Parada Gay de SP ou o carnaval carioca, até aí tudo bem, mas para a simples abertura de uma boate, é a primeira vez que tenho notícia. Isso só mostra não só como os gays se tornaram um mercado relevante, mas também o quanto a TW se tornou mega - nenhum clube gay no Brasil foi tão longe. E André Almada não dá sinais de cansaço - em entrevista ao site Parou Tudo, ele já avisou que vêm aí a TW Floripa e até um programa de TV. A estrela sobe!
- E a Folha de S. Paulo de hoje descobriu a roda, com uns trinta anos de atraso. Na capa do caderno Cotidiano, a manchete anuncia: "Com ar despojado, casas de suco são nova onda no Rio de Janeiro". Peraí, "nova" onda?! Como assim??? As lojas de suco são uma verdadeira instituição carioca, tanto quanto os botequins, e as mais tradicionais tipo BB Lanches e Polis Sucos têm pelo menos uns 25 anos de idade. Elas sempre viveram bombadas, não há nada de novo nisso - ver nelas um modismo é a mesma coisa que dizer que as pizzarias são o último grito em Sampa. E olha que a matéria foi produzida na própria sucursal do Rio - pelo visto, por algum repórter paulista que caiu de pára-quedas na cidade. Já estou até vendo a próxima descoberta que ele vai fazer: "Anabolizantes são a nova febre das areias de Ipanema"...
- E os gays estão mesmo com tudo. Fiquei passado quando soube que a TAM está organizando um pacote turístico especialmente para a abertura da The Week Rio (dia 6 de julho, com o DJ espanhol Eric Entrena, da Space de Barcelona). Eu já tinha visto pacotes para a Parada Gay de SP ou o carnaval carioca, até aí tudo bem, mas para a simples abertura de uma boate, é a primeira vez que tenho notícia. Isso só mostra não só como os gays se tornaram um mercado relevante, mas também o quanto a TW se tornou mega - nenhum clube gay no Brasil foi tão longe. E André Almada não dá sinais de cansaço - em entrevista ao site Parou Tudo, ele já avisou que vêm aí a TW Floripa e até um programa de TV. A estrela sobe!
quinta-feira, 21 de junho de 2007
A seguir cenas dos próximos capítulos...
Semana de provas na faculdade já é um inferno; quando você trabalha das 9 às 18 e estuda das 19 às 23, fica pior ainda. Meu bom humor vai pras cucuias, esqueço que academia existe, vivo com o sono atrasado, sumo do convívio dos amigos e... deixo o blog de lado. Mas é necessário, e logo mais eu apareço.
Entre os assuntos dos próximos posts, pretendo falar sobre outros blogs, Second Life, hambúrgueres, Buenos Aires, The Week Rio, as matérias de moda da VIP, drogas e redução de danos, crise dos 30... mas, provavelmente, o próximo será a versão eletrônica da ópera O Guarani, produzida pelo nosso top DJ Mau Mau, com estréia para convidados amanhã no Tom Brasil, seguida de DJ set do próprio Mau Mau em si. Estarei lá e conto aqui minhas impressões.
Em tempo, se alguém quiser uma diquinha de jogação boa para esta noite (meio em cima da hora, eu sei), não percam o Satoshi Tomiie hoje no Pacha. É um DJ japonês que está entre os melhores do mundo quando o assunto é progressive house. Aliás, o Pacha está me saindo melhor do que a encomenda: Gabriel & Dresden, agora o Satoshi, depois alguns bons DJs gringos a partir de julho (mas esses eu não posso contar...) Apesar das críticas que eu já fiz à casa aqui, tenho ido com mais freqüência do que eu imaginava e já assumo que é um dos meus lugares preferidos pra ir dançar.
Entre os assuntos dos próximos posts, pretendo falar sobre outros blogs, Second Life, hambúrgueres, Buenos Aires, The Week Rio, as matérias de moda da VIP, drogas e redução de danos, crise dos 30... mas, provavelmente, o próximo será a versão eletrônica da ópera O Guarani, produzida pelo nosso top DJ Mau Mau, com estréia para convidados amanhã no Tom Brasil, seguida de DJ set do próprio Mau Mau em si. Estarei lá e conto aqui minhas impressões.
Em tempo, se alguém quiser uma diquinha de jogação boa para esta noite (meio em cima da hora, eu sei), não percam o Satoshi Tomiie hoje no Pacha. É um DJ japonês que está entre os melhores do mundo quando o assunto é progressive house. Aliás, o Pacha está me saindo melhor do que a encomenda: Gabriel & Dresden, agora o Satoshi, depois alguns bons DJs gringos a partir de julho (mas esses eu não posso contar...) Apesar das críticas que eu já fiz à casa aqui, tenho ido com mais freqüência do que eu imaginava e já assumo que é um dos meus lugares preferidos pra ir dançar.
domingo, 17 de junho de 2007
Nada como um penne caprichado
Uma das massas que eu considero mais interessantes é o penne. Além de ter um formato simpático (e que remete à infância de todos nós), é bastante versátil e permite malabarismos e invenções como poucas outras massas. Quando você quer arriscar uma daquelas experiências solitárias na cozinha, improvisando com as coisas que estão na geladeira, o penne é a massa mais adequada: você pode misturar vários ingredientes sem que o resultado fique pesado demais (como ficaria se usasse spaghetti, fettuccine, farfalle ou alguma massa recheada).
O penne aceita tudo - mais do que isso, é uma massa que pede um toque especial. Ninguém vai a um restaurante comer penne ao sugo (no mínimo, pede-se o penne caprese, aquele com tomate fresco, mussarela de búfala e manjericão, quando se quer algo leve e com cara de verão). Entre os penne de restaurante, meus favoritos são o Normandie, do Ruella, com camarão, shiitake, creme de leite, tomate concassé e manjericão, e a receita que o Spot faz com melão e presunto cru - cremosinha e equilibrada, é um clássico da casa.
A maior parte dos meus amigos que freqüenta o Spot, porém, prefere o penne oriental, feito com tiras de frango, legumes, shiitake, gengibre e amêndoas ao shoyu (para quem quiser, a receita está aqui). Eu pessoalmente não curto muito esse prato e, na semana passada, comi um outro que achei bem melhor, nesse mesmo estilo oriental. Foi lá no À Côté, restaurante da mesma dona do Ruella (que eu já comentei aqui). O penne do À Côté leva camarão, shimeji, aspargos, shoyu, saquê e gengibre e é simplesmente divino - de longe, o prato que mais gostei de lá. Vale lembrar que eles também servem meia porção - ideal para quem vai tirar a camisa na boate logo em seguida. Fica a dica para quem quiser provar.
[Foto: penne com camarão, abobrinha e curry @ La Lupa, Salvador]
terça-feira, 12 de junho de 2007
Resumão: o sobe-e-desce da Parada 2007
Minha idéia era fazer uma cobertura completa e detalhada de tudo o que rolou nessa temporada. Mas o tempo corre, o assunto envelhece rápido e, até eu ter tempo para escrever os três posts que eu prometi, ninguém mais ia ter saco de ler tanta coisa sobre algo que já passou. Então, aqui vai um resumão bem objetivo, no estilo daquele quadro sobe-e-desce da revista VEJA, com o melhor e o pior da Parada 2007.
UAU:
1 - SÃO PAULO OVULANDO. A cidade viveu uma histeria sem precedentes: nunca se viu tanta gente fervendo tanto em tantos lugares. A região da Paulista e Jardins estava em polvorosa. Os lojistas da Oscar Freire e do Iguatemi riam sozinhos com as vendas (e, pela quantidade de calças novas nas festas, a Diesel deve ter ficado mais uma vez sem numeração, como em 2006). O saguão do hotel Formule 1 parecia fila de chapelaria de boate. A Benedito bombou, os restaurantes idem - a Bella Paulista então, nem se fala. Na Frei Caneca, uma muvuca se aglomerava na porta da Labirinttu's, enquanto nos corredores do shopping o clima lembrava véspera de Natal. Em todos os cantos, a sensação era de estar fazendo parte de uma euforia coletiva - um sentimento de festa muito especial, como o Réveillon, como o Carnaval. A Parada já é o evento que traz mais turistas a SP, desbancando até a Fórmula 1.
2 - TEMPO BOM. Até poucos dias antes do feriado, o cenário em São Paulo era assustador: dias frios e fechados e noites com temperaturas de até 5ºC prometiam uma Parada gelada e coberta de agasalhos. Mas o milagre veio em cima da hora: o tempo abriu e tivemos lindos dias de sol (chegando aos 28ºC no domingo, durante a Parada). Com isso, as day parties tiveram outro brilho e os descamisados puderam se jogar felizes, sem risco de pneumonia. Tudo fica mais bonito quando o dia está bonito.
3 - X-DEMENTE. Fábio Monteiro calou a boca daqueles que agouravam o futuro de sua label party. A X-Demente foi considerada por unanimidade a melhor festa da Parada SP 2007. No som, Chris Cox (um homem? uma mulher? um Dan-Top?) conseguiu exatamente o equilíbrio que faltou a Victor Calderone na TW: deu à pista um tribal inteligente, abusando de remixes rebolativos de hits, mas sem cair na bagaceira. Fabinho nem precisou incrementar as despojadas instalações do Pacha: seus seguidores, os melhores corpos do mercado brasileiro, já deram conta sozinhos do espetáculo, transformando a pista circular da casa numa arena de luxúria, como nos velhos tempos da Fundição. Com isso, o velho mestre das festas injetou novo gás na imagem da X.
4 - GIRA-SOL. Com todos os méritos de unir vários clãs num espaço novo, a verdade é que a GiraSol começou bem estranha, com uma vibe morna e muita gente esquisita. Como já é praxe nas pool parties do eixo Rio-SP, a mágica veio com o cair da tarde: foi aparecendo um povo mais bonito, o som melhorou e o evento finalmente ganhou corpo e decolou. O DJ Brett Henrichsen ainda está um gato, mas seu som não me convenceu desta vez - quem roubou a cena mesmo foi Eric Cullemberg, que assumiu as pickups depois dele e, em poucos minutos, incendiou a enorme pistona da GiraSol, com um set foderoso e totalmente bombator, que mudou todo o rumo da festa. Mesmo com as duas maiores festas da temporada rolando naquela noite, o povo não arredou pé da GiraSol até o começo da madrugada.
5 - A PRATA DA CASA. Os nossos DJs não ficaram devendo nada aos convidados de fora, mesmo diante de superestrelas do naipe de Peter Rauhofer e Victor Calderone. Aliás, a própria presença dos gringos parece ter atiçado o fogo dos residentes, que se soltaram mais e tocaram muito melhor do que nas noites normais. Pacheco sempre manda bem, mas desta vez quem chamou mais a minha atenção foi João Neto, que estava num ótimo momento, desenvolto e inspirado, especialmente na noite de quarta (ei André Almada, que tal dar carta branca para o moço tocar sempre o que ele quiser? a pista da TW já mostrou que está preparada para um pouco mais de ousadia...). Morais já vem provando há algum tempo que tem todos os predicados para conquistar um lugar na pista 1 da TW. E o excelente Gutho Bumaruff, que só dá as caras em ocasiões especiais, merecia mais espaço na casa - ninguém melhor do que ele para tocar um som chique e underground sem deixar de ser acessível.
6 - THE WEEK. Na semana da Parada deste ano, a casa não teve nenhuma noite realmente inesquecível (como o histórico sábado do ano passado, com o Peter Rauhofer, que foi mágico). Mesmo assim, o desempenho da TW se manteve sempre numa média bastante boa, com animação e gente bonita em todas as noites (a de quarta teve mais gente bonita, a de sexta teve mais animação e a de sábado foi a mais equilibrada entre as duas coisas). Mais uma vez, a casa se firma como a melhor opção fixa da Parada, onde você tem a garantia de encontrar a diversão que procura. Boa jogada: a área externa também recebeu alto-falantes e telões, desafogando a pista principal e permitindo que todos curtissem o som dos DJs sem ter que se espremer lá dentro.
7 - BUBU. Sem fazer alarde, sem se meter em intrigas e sem puxar o tapete de ninguém, a Bubu preparou uma programação caprichada, com direito a vários convidados gringos (Erich Ensastigue, Southern Brothers, DJ Fist) e teve uma ótima temporada, com casa cheia todas as noites e um bom retorno de seu público, cada vez mais fiel. Pra completar, seu imponente trio elétrico foi de longe o mais bonito da Parada, num ano em que até o carro da The Week estava uma penosidade só. Esse é um cenário animador para o passo maior que a Bubu dará no segundo semestre: a abertura da Megga, um superclube para as noites de sábado, no mesmo bairro da The Week.
UÓ:
1 - SER APENAS UMA PESSOA. Nunca se teve tanta coisa bacana acontecendo ao mesmo tempo. Na tarde de sábado, por exemplo, a day party GiraSol, o gay day do Hopi Hari e o fervo na Benedito Calixto foram todos incríveis. E à noite, a E.Joy & R.Evolution e a The Week disputaram a tapa as atenções. Com isso, a vontade é de estar em todos os lugares, ir a todas as festas e conhecer todas as pessoas. Mas isso é impossível: você é apenas uma única pessoa, com a capacidade física de um único organismo (e, conforme o caso, as limitações econômicas de um único salário). Assim, é preciso fazer escolhas, e pode ser muito chato ter que abrir mão de coisas legais e aceitar a própria impotência. O melhor exemplo disso: muitas pessoas apostaram no Victor Calderone, na quarta, e não tiveram forças para sair na quinta. Com isso, tiveram que carregar o peso de ter perdido a melhor festa desta temporada, a X-Demente. Excesso de opção também pode ser cruel.
2 - VICTOR CALDERONE. Dói admitir, mas minha principal aposta para a Parada deste ano não atendeu às expectativas e não repetiu o brilhantismo das apresentações anteriores. Eu já esperava que Victor não iria agradar à massa que bate cabelo com Offer Nissin, mas até eu, que prefiro um som mais underground, achei que ele foi inadequado para a ocasião. Longe do progressive house sensualmente dark que mostrou na Level, Victor fez um set duro, pesado e sem concessões. Ou ele não se sentiu à vontade no ambiente da TW, ou simplesmente não entendeu a pista que tinha nas mãos. Uma pena, porque a noite tinha tudo pra ser maravilhosa (incluindo os caras mais lindos) e não foi.
3 - FESTAS AUTO-GONGADAS. Com tantas boas opções, algumas festas pediram para ser gongadas. E foram. A Acqualand teve a ousadia de cobrar R$50 e R$60 para fazer uma festa a quase 100km de São Paulo - foi o mico do ano, com menos de 400 pessoas numa superestrutura para milhares. A pool party com Tony Moran foi divulgada tão tarde que ninguém tomou conhecimento - acabou sendo mudada às pressas de lugar e não contou com a presença nem do público, nem da estrela principal. E As Meninas fizeram tanto doce para soltar o lugar da festa que muitos acabaram preferindo o Playcenter mesmo, onde Sérgio Kalil conseguiu lotar sua Play Party com precinhos mais camaradas.
4 - A ETERNA TROMBA AMARRADA DE PETER RAUHOFER. Ele ainda é meu DJ-de-pista-gay preferido e vou continuar prestigiando suas próximas apresentações no Brasil. E todo mundo já está cansado de saber que ele vive de tromba amarrada. Desta vez, porém, se não decepcionou, o som dele também não chegou nem aos pés da apresentação fantástica do ano passado. Nas últimas duas horas do set, aliás, ele exagerou no azedume e chegou a ficar até chato. Quando passou a bola para Isaac Escalante (mais de uma hora depois do combinado), era visível a expressão de alívio de todos com o súbito alto astral do som do mexicano, que deixou uma impressão melhor.
5 - A PARADA EM SI. A Parada nasceu como uma manifestação pública bonita, que promovia cidadania, respeito e visibilidade e tentava integrar os gays ao resto da sociedade de uma forma saudável. Com o tempo, o lado do carnaval se sobrepôs ao lado do ativismo político, o que já era de se esperar. Até aí, tudo bem. Mas o que se viu neste ano foi um completo show de horror. Aquela Parada pacífica, freqüentada pelos gays e também por héteros bacanas e famílias, se desvirtuou e foi invadida por um exército de desclassificados que não tinham nenhum tipo de simpatia pela causa gay e estavam ali apenas para se entupir com a bebida barata dos camelôs e arrumar confusão. A cifra de 3,5 milhões de pessoas não é motivo para comemorar: é muito difícil a Polícia garantir a segurança de tanta gente espremida numa avenida, o que permitiu que um número considerável de ladrões se infiltrasse e fizesse a limpa na multidão. Pra piorar, os trios elétricos em geral estavam bastante pobres. A organização da Parada precisa parar de pensar apenas em números e buscar soluções para resgatar a verdadeira essência do evento - desse jeito, os gays, que são os verdadeiros protagonistas, serão os primeiros a pular fora. Apesar do dever cívico de marcar presença, não estou nada animado para voltar à Paulista em 2008...
6 - A INEVITÁVEL REBORDOSA PÓS-TUDO. Não tem jeito: o prazer e o encantamento de tantas festas e fervos podem ser intensos, mas passam rápido. Cinco dias escorrem pelos nossos dedos. Terminada a fantasia, o que resta a cada um é enfrentar sua vida real. Para quem mora em cidades menores, voltar a um mundo de marasmo e, muitas vezes, intolerância, pode ser desalentador. Mas mesmo quem mora em São Paulo vive uma certa melancolia, ao ver que os lugares que estavam fervendo de gente nova voltaram ao seu ritmo normal. Além disso, depois de tantos excessos cometidos, é duro ter que juntar energias para encarar o pique da cidade grande. O melhor jeito de passar por isso é olhar com alegria para os bons momentos e tirar deles uma nova motivação para seguir adiante. A vida continua, e ano que vem tem mais!
UAU:
1 - SÃO PAULO OVULANDO. A cidade viveu uma histeria sem precedentes: nunca se viu tanta gente fervendo tanto em tantos lugares. A região da Paulista e Jardins estava em polvorosa. Os lojistas da Oscar Freire e do Iguatemi riam sozinhos com as vendas (e, pela quantidade de calças novas nas festas, a Diesel deve ter ficado mais uma vez sem numeração, como em 2006). O saguão do hotel Formule 1 parecia fila de chapelaria de boate. A Benedito bombou, os restaurantes idem - a Bella Paulista então, nem se fala. Na Frei Caneca, uma muvuca se aglomerava na porta da Labirinttu's, enquanto nos corredores do shopping o clima lembrava véspera de Natal. Em todos os cantos, a sensação era de estar fazendo parte de uma euforia coletiva - um sentimento de festa muito especial, como o Réveillon, como o Carnaval. A Parada já é o evento que traz mais turistas a SP, desbancando até a Fórmula 1.
2 - TEMPO BOM. Até poucos dias antes do feriado, o cenário em São Paulo era assustador: dias frios e fechados e noites com temperaturas de até 5ºC prometiam uma Parada gelada e coberta de agasalhos. Mas o milagre veio em cima da hora: o tempo abriu e tivemos lindos dias de sol (chegando aos 28ºC no domingo, durante a Parada). Com isso, as day parties tiveram outro brilho e os descamisados puderam se jogar felizes, sem risco de pneumonia. Tudo fica mais bonito quando o dia está bonito.
3 - X-DEMENTE. Fábio Monteiro calou a boca daqueles que agouravam o futuro de sua label party. A X-Demente foi considerada por unanimidade a melhor festa da Parada SP 2007. No som, Chris Cox (um homem? uma mulher? um Dan-Top?) conseguiu exatamente o equilíbrio que faltou a Victor Calderone na TW: deu à pista um tribal inteligente, abusando de remixes rebolativos de hits, mas sem cair na bagaceira. Fabinho nem precisou incrementar as despojadas instalações do Pacha: seus seguidores, os melhores corpos do mercado brasileiro, já deram conta sozinhos do espetáculo, transformando a pista circular da casa numa arena de luxúria, como nos velhos tempos da Fundição. Com isso, o velho mestre das festas injetou novo gás na imagem da X.
4 - GIRA-SOL. Com todos os méritos de unir vários clãs num espaço novo, a verdade é que a GiraSol começou bem estranha, com uma vibe morna e muita gente esquisita. Como já é praxe nas pool parties do eixo Rio-SP, a mágica veio com o cair da tarde: foi aparecendo um povo mais bonito, o som melhorou e o evento finalmente ganhou corpo e decolou. O DJ Brett Henrichsen ainda está um gato, mas seu som não me convenceu desta vez - quem roubou a cena mesmo foi Eric Cullemberg, que assumiu as pickups depois dele e, em poucos minutos, incendiou a enorme pistona da GiraSol, com um set foderoso e totalmente bombator, que mudou todo o rumo da festa. Mesmo com as duas maiores festas da temporada rolando naquela noite, o povo não arredou pé da GiraSol até o começo da madrugada.
5 - A PRATA DA CASA. Os nossos DJs não ficaram devendo nada aos convidados de fora, mesmo diante de superestrelas do naipe de Peter Rauhofer e Victor Calderone. Aliás, a própria presença dos gringos parece ter atiçado o fogo dos residentes, que se soltaram mais e tocaram muito melhor do que nas noites normais. Pacheco sempre manda bem, mas desta vez quem chamou mais a minha atenção foi João Neto, que estava num ótimo momento, desenvolto e inspirado, especialmente na noite de quarta (ei André Almada, que tal dar carta branca para o moço tocar sempre o que ele quiser? a pista da TW já mostrou que está preparada para um pouco mais de ousadia...). Morais já vem provando há algum tempo que tem todos os predicados para conquistar um lugar na pista 1 da TW. E o excelente Gutho Bumaruff, que só dá as caras em ocasiões especiais, merecia mais espaço na casa - ninguém melhor do que ele para tocar um som chique e underground sem deixar de ser acessível.
6 - THE WEEK. Na semana da Parada deste ano, a casa não teve nenhuma noite realmente inesquecível (como o histórico sábado do ano passado, com o Peter Rauhofer, que foi mágico). Mesmo assim, o desempenho da TW se manteve sempre numa média bastante boa, com animação e gente bonita em todas as noites (a de quarta teve mais gente bonita, a de sexta teve mais animação e a de sábado foi a mais equilibrada entre as duas coisas). Mais uma vez, a casa se firma como a melhor opção fixa da Parada, onde você tem a garantia de encontrar a diversão que procura. Boa jogada: a área externa também recebeu alto-falantes e telões, desafogando a pista principal e permitindo que todos curtissem o som dos DJs sem ter que se espremer lá dentro.
7 - BUBU. Sem fazer alarde, sem se meter em intrigas e sem puxar o tapete de ninguém, a Bubu preparou uma programação caprichada, com direito a vários convidados gringos (Erich Ensastigue, Southern Brothers, DJ Fist) e teve uma ótima temporada, com casa cheia todas as noites e um bom retorno de seu público, cada vez mais fiel. Pra completar, seu imponente trio elétrico foi de longe o mais bonito da Parada, num ano em que até o carro da The Week estava uma penosidade só. Esse é um cenário animador para o passo maior que a Bubu dará no segundo semestre: a abertura da Megga, um superclube para as noites de sábado, no mesmo bairro da The Week.
UÓ:
1 - SER APENAS UMA PESSOA. Nunca se teve tanta coisa bacana acontecendo ao mesmo tempo. Na tarde de sábado, por exemplo, a day party GiraSol, o gay day do Hopi Hari e o fervo na Benedito Calixto foram todos incríveis. E à noite, a E.Joy & R.Evolution e a The Week disputaram a tapa as atenções. Com isso, a vontade é de estar em todos os lugares, ir a todas as festas e conhecer todas as pessoas. Mas isso é impossível: você é apenas uma única pessoa, com a capacidade física de um único organismo (e, conforme o caso, as limitações econômicas de um único salário). Assim, é preciso fazer escolhas, e pode ser muito chato ter que abrir mão de coisas legais e aceitar a própria impotência. O melhor exemplo disso: muitas pessoas apostaram no Victor Calderone, na quarta, e não tiveram forças para sair na quinta. Com isso, tiveram que carregar o peso de ter perdido a melhor festa desta temporada, a X-Demente. Excesso de opção também pode ser cruel.
2 - VICTOR CALDERONE. Dói admitir, mas minha principal aposta para a Parada deste ano não atendeu às expectativas e não repetiu o brilhantismo das apresentações anteriores. Eu já esperava que Victor não iria agradar à massa que bate cabelo com Offer Nissin, mas até eu, que prefiro um som mais underground, achei que ele foi inadequado para a ocasião. Longe do progressive house sensualmente dark que mostrou na Level, Victor fez um set duro, pesado e sem concessões. Ou ele não se sentiu à vontade no ambiente da TW, ou simplesmente não entendeu a pista que tinha nas mãos. Uma pena, porque a noite tinha tudo pra ser maravilhosa (incluindo os caras mais lindos) e não foi.
3 - FESTAS AUTO-GONGADAS. Com tantas boas opções, algumas festas pediram para ser gongadas. E foram. A Acqualand teve a ousadia de cobrar R$50 e R$60 para fazer uma festa a quase 100km de São Paulo - foi o mico do ano, com menos de 400 pessoas numa superestrutura para milhares. A pool party com Tony Moran foi divulgada tão tarde que ninguém tomou conhecimento - acabou sendo mudada às pressas de lugar e não contou com a presença nem do público, nem da estrela principal. E As Meninas fizeram tanto doce para soltar o lugar da festa que muitos acabaram preferindo o Playcenter mesmo, onde Sérgio Kalil conseguiu lotar sua Play Party com precinhos mais camaradas.
4 - A ETERNA TROMBA AMARRADA DE PETER RAUHOFER. Ele ainda é meu DJ-de-pista-gay preferido e vou continuar prestigiando suas próximas apresentações no Brasil. E todo mundo já está cansado de saber que ele vive de tromba amarrada. Desta vez, porém, se não decepcionou, o som dele também não chegou nem aos pés da apresentação fantástica do ano passado. Nas últimas duas horas do set, aliás, ele exagerou no azedume e chegou a ficar até chato. Quando passou a bola para Isaac Escalante (mais de uma hora depois do combinado), era visível a expressão de alívio de todos com o súbito alto astral do som do mexicano, que deixou uma impressão melhor.
5 - A PARADA EM SI. A Parada nasceu como uma manifestação pública bonita, que promovia cidadania, respeito e visibilidade e tentava integrar os gays ao resto da sociedade de uma forma saudável. Com o tempo, o lado do carnaval se sobrepôs ao lado do ativismo político, o que já era de se esperar. Até aí, tudo bem. Mas o que se viu neste ano foi um completo show de horror. Aquela Parada pacífica, freqüentada pelos gays e também por héteros bacanas e famílias, se desvirtuou e foi invadida por um exército de desclassificados que não tinham nenhum tipo de simpatia pela causa gay e estavam ali apenas para se entupir com a bebida barata dos camelôs e arrumar confusão. A cifra de 3,5 milhões de pessoas não é motivo para comemorar: é muito difícil a Polícia garantir a segurança de tanta gente espremida numa avenida, o que permitiu que um número considerável de ladrões se infiltrasse e fizesse a limpa na multidão. Pra piorar, os trios elétricos em geral estavam bastante pobres. A organização da Parada precisa parar de pensar apenas em números e buscar soluções para resgatar a verdadeira essência do evento - desse jeito, os gays, que são os verdadeiros protagonistas, serão os primeiros a pular fora. Apesar do dever cívico de marcar presença, não estou nada animado para voltar à Paulista em 2008...
6 - A INEVITÁVEL REBORDOSA PÓS-TUDO. Não tem jeito: o prazer e o encantamento de tantas festas e fervos podem ser intensos, mas passam rápido. Cinco dias escorrem pelos nossos dedos. Terminada a fantasia, o que resta a cada um é enfrentar sua vida real. Para quem mora em cidades menores, voltar a um mundo de marasmo e, muitas vezes, intolerância, pode ser desalentador. Mas mesmo quem mora em São Paulo vive uma certa melancolia, ao ver que os lugares que estavam fervendo de gente nova voltaram ao seu ritmo normal. Além disso, depois de tantos excessos cometidos, é duro ter que juntar energias para encarar o pique da cidade grande. O melhor jeito de passar por isso é olhar com alegria para os bons momentos e tirar deles uma nova motivação para seguir adiante. A vida continua, e ano que vem tem mais!
domingo, 10 de junho de 2007
Foi bom pra você?
Nenhuma outra Parada mereceu mais a definição de "maratona" do que esta de 2007. Nunca se viram tantas festas, tantos bafos e especialmente tanta gente, num feriado de jogação monstro que culminou com uma Parada Gay de 3,5 milhões de pessoas, recorde confirmado pela Prefeitura de São Paulo.
Com tanta informação ao mesmo tempo, claro que eu tenho muita coisa para contar aqui. Mas estou absolutamente podre - e também tenho uma vida para tocar. Então, vou soltando os posts aos poucos - acho que vão ser três de novo (desta vez sem chorinho!), nos próximos dias.
Fico só pensando: se eu, que nem fui a todas as festas e tratei de intercalar uns descansos no meio das jogações, estou só o pó, como devem estar os DJs da The Week, que trabalharam todos os dias, às vezes em mais de uma festa? Só nas últimas 48 horas, eles emendaram a gigantesca day party GiraSol, a apoteótica TW de sábado (que teve ingressos esgotados) e o trio elétrico da casa na Parada, que tocou por pelo menos oito horas seguidas. E André Almada, que teve que cuidar de todos os detalhes, para que nada saísse errado, num processo cuidadoso de preparação que levou meses? E, especialmente, como deve estar Silvetty Montilla, que fez pelo menos 35 eventos nestes 5 dias?
Mesmo ganhando dinheiro para isso, essas e várias outras pessoas merecem toda a nossa admiração, pois deram o sangue para fazer o nosso circo decolar. Fica aqui a minha homenagem a eles, verdadeiros heróis desta Parada.
Com tanta informação ao mesmo tempo, claro que eu tenho muita coisa para contar aqui. Mas estou absolutamente podre - e também tenho uma vida para tocar. Então, vou soltando os posts aos poucos - acho que vão ser três de novo (desta vez sem chorinho!), nos próximos dias.
Fico só pensando: se eu, que nem fui a todas as festas e tratei de intercalar uns descansos no meio das jogações, estou só o pó, como devem estar os DJs da The Week, que trabalharam todos os dias, às vezes em mais de uma festa? Só nas últimas 48 horas, eles emendaram a gigantesca day party GiraSol, a apoteótica TW de sábado (que teve ingressos esgotados) e o trio elétrico da casa na Parada, que tocou por pelo menos oito horas seguidas. E André Almada, que teve que cuidar de todos os detalhes, para que nada saísse errado, num processo cuidadoso de preparação que levou meses? E, especialmente, como deve estar Silvetty Montilla, que fez pelo menos 35 eventos nestes 5 dias?
Mesmo ganhando dinheiro para isso, essas e várias outras pessoas merecem toda a nossa admiração, pois deram o sangue para fazer o nosso circo decolar. Fica aqui a minha homenagem a eles, verdadeiros heróis desta Parada.
terça-feira, 5 de junho de 2007
Guia da Parada 2007, parte 4: conselhos de mãe
Já falei das festas, de onde comer e do que fazer em SP. Pra mim, já estava mais do que bom. Mas meu guia está sendo tão bem recebido (até me surpreendi com a explosão da audiência, espero que depois da Parada os novos leitores continuem por aqui...) que resolvi preparar mais este "chorinho" com 10 conselhos de mãe para quem vier se jogar aqui com a gente. E agora, post novo só depois que tudo tiver acabado!
1 - VENHA PREPARADO PARA O FRIO. Em outros anos tivemos um clima bem ameno, mas desta vez o inverno veio de verdade. À noite, a temperatura chega a 7 graus e, durante o dia, mesmo com sol não dá pra ficar só de camiseta. Portanto, traga agasalhos - pelo menos um deles com um capuz que te abrigue contra aquela garoa gelada que pode cair no domingo (durante a Parada) ou mesmo no sábado (dia da GiraSol).
2 - CUIDADO COM OS MOTOBOYS. Nenhuma outra cidade do Brasil é tão afetada por essa praga: os motoboys. Os motoristas daqui já sabem que precisam abrir um espaço entre os carros para eles passarem, se não quiserem ter seus espelhos retrovisores arrancados. E os pedestres precisam tomar muito cuidado ao atravessar uma avenida, porque podem ser atropelados pelas motos que passam voando entre os carros parados.
3 - CHEGUE CEDO NOS RESTAURANTES FERVIDOS. Se você escolheu o Ritz, o Mestiço ou principalmente o Spot, esteja lá às 21h00, no máximo. Ou amargue uma espera de, no mínimo, uma hora por uma mesa. Aliás, dependendo do que você for aprontar mais tarde, é até melhor jantar cedo, para já estar leve e de digestão feita quando chegar na festa.
4 - CHEGUE CEDO NAS FESTAS. Se em noites normais a "hora do rush" da The Week já costuma ser um drama, em datas especiais a porta das boates à 1h15 está simplesmente impraticável. Para não estressar, chegue até 0h30 ou, eventualmente, bem mais tarde, depois das 3h00 (correndo o risco de não entrar ou pagar uma pequena fortuna, caso não tenha comprado seu ingresso antecipado). Vale lembrar que chegando tarde você periga não conseguir guardar o casaco na chapelaria (como já aconteceu na TW em anos anteriores).
5 - CONSIDERE A POSSIBILIDADE DE IR DE TÁXI. E isto vale mesmo para quem tem carro. Uma corrida de R$30 ou R$35 fica barata se dividida entre amigos, especialmente se você considerar que no Pacha e na TW o preço do estacionamento é R$20. E outra: em época de Parada, não só o estacionamento da TW não dá conta, como os estacionamentos do bairro da Lapa inteiro lotam rápido e não aceitam mais carros. E quem pára na rua acaba fazendo do Orgulho Gay uma data feliz para outra classe: os ladrões de som. Evite dor de cabeça: de táxi você não precisa chegar tão cedo e pode se jogar mais.
6 - QUALIDADE É MELHOR DO QUE QUANTIDADE. OK, eu sei que você não é daqui e quer estar em todos os lugares, ir a todas as festas, ver tudo e conhecer todo mundo. Mas a maratona toda só é prazerosa até um certo limite. Indo a duas festonas na mesma noite, você certamente não vai curtir a primeira direito, e pode ficar mofando na porta da segunda se ela estiver lotada (e estará). Se, porém, você resolver ignorar esse conselho, deixe a The Week sempre por último - as festas lá nunca têm hora para acabar.
7 - PROTEJA A SUA SAÚDE. Dias e dias seguidos de jogação nonstop podem ser uma delícia, mas também são uma agressão violenta para o corpo. O mínimo que você pode fazer é não deixar de se alimentar minimamente e também de dormir algumas horinhas todo dia, mesmo que com a ajuda de um Dramin (que é pediátrico e não faz mal nenhum). E, durante a festa, não se esqueça de se hidratar corretamente. Não seja aquela pessoa uó que dá trabalho para seus amigos e estraga a noite deles.
8 - LEMBRE-SE: VOCÊ NÃO ESTÁ NO PAÍS DAS MARAVILHAS. Eu gostaria de não ter que dar este conselho. Mas ainda tem gente que pensa que o meio gay é um mundo secreto que o resto do mundo não conhece e, por isso, não está sujeito às leis que regem o resto da sociedade. Não caia nesse engano, alice: ainda que o clima seja de "liberou geral", as drogas continuam proibidas como sempre foram, e quem for se divertir com elas deve considerar que a Polícia também adora se divertir na The Week.
9 - CUIDE-SE DURANTE A PARADA. Onde tem muvuca, tem furto. Cuidado com seus pertences pessoais, não leve mais do que o necessário, esqueça bolsas e mochilas e prefira guardar tudo no bolso da frente da calça. Muita atenção na hora das fotos: olhe em volta antes de sacar sua câmera digital. Outra coisa: é praticamente impossível marcar encontro na própria Avenida Paulista, que fica absolutamente tomada (não dá nem pra falar no celular). Marque na Alameda Santos (a paralela de trás) e combine algum plano B caso o grupo se perca.
10 - NÃO ESQUEÇA DA CAMISINHA! Tenha sempre com você, para não ter perigo de não usar porque na hora nenhum dos dois tinha. E, se você estiver numa daquelas festas da fagocitose múltipla onde ninguém é de ninguém, cuidado redobrado: onde será que aquele dedinho inofensivo estava brincando há 5 minutos atrás? Somos todos adultos e os únicos responsáveis por aquilo que nos acontece.
No mais, um excelente feriado para todos, eu volto a postar na semana que vem!
1 - VENHA PREPARADO PARA O FRIO. Em outros anos tivemos um clima bem ameno, mas desta vez o inverno veio de verdade. À noite, a temperatura chega a 7 graus e, durante o dia, mesmo com sol não dá pra ficar só de camiseta. Portanto, traga agasalhos - pelo menos um deles com um capuz que te abrigue contra aquela garoa gelada que pode cair no domingo (durante a Parada) ou mesmo no sábado (dia da GiraSol).
2 - CUIDADO COM OS MOTOBOYS. Nenhuma outra cidade do Brasil é tão afetada por essa praga: os motoboys. Os motoristas daqui já sabem que precisam abrir um espaço entre os carros para eles passarem, se não quiserem ter seus espelhos retrovisores arrancados. E os pedestres precisam tomar muito cuidado ao atravessar uma avenida, porque podem ser atropelados pelas motos que passam voando entre os carros parados.
3 - CHEGUE CEDO NOS RESTAURANTES FERVIDOS. Se você escolheu o Ritz, o Mestiço ou principalmente o Spot, esteja lá às 21h00, no máximo. Ou amargue uma espera de, no mínimo, uma hora por uma mesa. Aliás, dependendo do que você for aprontar mais tarde, é até melhor jantar cedo, para já estar leve e de digestão feita quando chegar na festa.
4 - CHEGUE CEDO NAS FESTAS. Se em noites normais a "hora do rush" da The Week já costuma ser um drama, em datas especiais a porta das boates à 1h15 está simplesmente impraticável. Para não estressar, chegue até 0h30 ou, eventualmente, bem mais tarde, depois das 3h00 (correndo o risco de não entrar ou pagar uma pequena fortuna, caso não tenha comprado seu ingresso antecipado). Vale lembrar que chegando tarde você periga não conseguir guardar o casaco na chapelaria (como já aconteceu na TW em anos anteriores).
5 - CONSIDERE A POSSIBILIDADE DE IR DE TÁXI. E isto vale mesmo para quem tem carro. Uma corrida de R$30 ou R$35 fica barata se dividida entre amigos, especialmente se você considerar que no Pacha e na TW o preço do estacionamento é R$20. E outra: em época de Parada, não só o estacionamento da TW não dá conta, como os estacionamentos do bairro da Lapa inteiro lotam rápido e não aceitam mais carros. E quem pára na rua acaba fazendo do Orgulho Gay uma data feliz para outra classe: os ladrões de som. Evite dor de cabeça: de táxi você não precisa chegar tão cedo e pode se jogar mais.
6 - QUALIDADE É MELHOR DO QUE QUANTIDADE. OK, eu sei que você não é daqui e quer estar em todos os lugares, ir a todas as festas, ver tudo e conhecer todo mundo. Mas a maratona toda só é prazerosa até um certo limite. Indo a duas festonas na mesma noite, você certamente não vai curtir a primeira direito, e pode ficar mofando na porta da segunda se ela estiver lotada (e estará). Se, porém, você resolver ignorar esse conselho, deixe a The Week sempre por último - as festas lá nunca têm hora para acabar.
7 - PROTEJA A SUA SAÚDE. Dias e dias seguidos de jogação nonstop podem ser uma delícia, mas também são uma agressão violenta para o corpo. O mínimo que você pode fazer é não deixar de se alimentar minimamente e também de dormir algumas horinhas todo dia, mesmo que com a ajuda de um Dramin (que é pediátrico e não faz mal nenhum). E, durante a festa, não se esqueça de se hidratar corretamente. Não seja aquela pessoa uó que dá trabalho para seus amigos e estraga a noite deles.
8 - LEMBRE-SE: VOCÊ NÃO ESTÁ NO PAÍS DAS MARAVILHAS. Eu gostaria de não ter que dar este conselho. Mas ainda tem gente que pensa que o meio gay é um mundo secreto que o resto do mundo não conhece e, por isso, não está sujeito às leis que regem o resto da sociedade. Não caia nesse engano, alice: ainda que o clima seja de "liberou geral", as drogas continuam proibidas como sempre foram, e quem for se divertir com elas deve considerar que a Polícia também adora se divertir na The Week.
9 - CUIDE-SE DURANTE A PARADA. Onde tem muvuca, tem furto. Cuidado com seus pertences pessoais, não leve mais do que o necessário, esqueça bolsas e mochilas e prefira guardar tudo no bolso da frente da calça. Muita atenção na hora das fotos: olhe em volta antes de sacar sua câmera digital. Outra coisa: é praticamente impossível marcar encontro na própria Avenida Paulista, que fica absolutamente tomada (não dá nem pra falar no celular). Marque na Alameda Santos (a paralela de trás) e combine algum plano B caso o grupo se perca.
10 - NÃO ESQUEÇA DA CAMISINHA! Tenha sempre com você, para não ter perigo de não usar porque na hora nenhum dos dois tinha. E, se você estiver numa daquelas festas da fagocitose múltipla onde ninguém é de ninguém, cuidado redobrado: onde será que aquele dedinho inofensivo estava brincando há 5 minutos atrás? Somos todos adultos e os únicos responsáveis por aquilo que nos acontece.
No mais, um excelente feriado para todos, eu volto a postar na semana que vem!
sábado, 2 de junho de 2007
Guia da Parada 2007, parte 3: o que fazer em SP
Muitas pessoas de fora que vêm se jogar aqui já chegam com a falsa idéia de que esta é uma cidade sem graça e com pouca coisa para se fazer. Ora, apesar de não ter a mesma vocação turística de outras capitais do Brasil, São Paulo tem sim muita coisa bacana e consegue agradar a turistas de todos os tipos.
Para encerrar este Guia da Parada 2007, aqui vão 12 sugestões de atividades e passeios para se fazer entre uma festa e outra – tanto para quem quiser encontrar mais bees, como para quem preferir dar um tempo do fervo.
1 - CURTA O PARQUE DO IBIRAPUERA. Orgulho dos paulistanos, é um dos pedaços mais bonitos da cidade e tem a mesma função social que o calçadão da Zona Sul tem para o Rio de Janeiro: é onde as pessoas andam de bicicleta (dá para alugar lá), correm (a pista de cooper é bem arborizada), fazem esportes variados (há quadras de todos os tipos) e, claro, socializam e paqueram. Há muitos recantos agradáveis, mas é na Praça do Porquinho (perto da entrada da pista de cooper) que os caras mais interessantes tomam sol, especialmente aos sábados e domingos à tarde. Ótimo para dar uma espairecida e descansar a cabeça de tanta jogação.
2 - ENCHA OS OLHOS COM AS MELHORES VITRINES DA CIDADE. A Rua Oscar Freire é o principal corredor e tem todas as lojas de roupa que importam, desde as nacionais (Carmim, Triton, Ellus, Zoomp, Forum, Sergio K, Crawford, VR, Siberian etc.) até as estrangeiras (Diesel, Energie, Replay). Já as maisons das grifes de alto luxo (Armani, Versace, Dior etc.) estão nas transversais Bela Cintra e Haddock Lobo. Mesmo se você não estiver com a carteira recheada, dê uma flanada pelas vitrines e depois tome um café na Cristallo ou um sorvete na Haagen-Dazs. Modernos podem garimpar artigos descoladíssimos na careira Doc Dog (na Rua Bela Cintra) e opções mais em conta na já clássica Galeria Ouro Fino (na Augusta, entre Lorena e Oscar Freire).
3 - VEJA UM FILME NA PAULISTA. O circuito de cinemas cult de São Paulo está todo nas redondezas da avenida-símbolo da cidade. Na própria Paulista estão o Reserva Cultural (no prédio da Gazeta, com um café lindo de onde se vê o movimento na rua), as duas salas do Cine Bombril (dentro do Conjunto Nacional) e o complexo Bristol (no Center 3, que também tem uma providencial praça de alimentação). Na Consolação com a Paulista (logo ali onde a Parada faz a curva!) está o tradicional Belas Artes, hoje todo reformado. A Rua Augusta tem o querido Espaço Unibanco de Cinema. E os excelentes cinemas do Shopping Frei Caneca não estão longe.
4 - ATUALIZE-SE EM NOSSAS MEGALIVRARIAS. Também na Avenida Paulista estão as duas maiores livrarias da cidade. No número 901, em frente ao prédio da Gazeta, a francesa FNAC oferece, além de livros, revistas, CDs, eletrônicos e ingressos para espetáculos, além de uma unidade muito agradável do Fran’s Café. O Conjunto Nacional é sede da Livraria Cultura, a preferida da intelligentsia paulistana por conta do atendimento altamente especializado. Há menos de um mês, ela foi reinaugurada em um espaço cinematográfico e tem tudo para virar uma atração turística.
5 - PASSE UMA TARDE GOSTOSA EM UM BOM CAFÉ. De alguns anos para cá, São Paulo finalmente acordou para os cafés, um prazer que sempre foi hábito em cidades como Paris e Buenos Aires. As opções mais bacanas estão nos Jardins. O Suplicy é moderninho e tem uma torta de limão divina; o Santo Grão é aconchegante (especialmente nos sofás) e faz um frapê de café delicioso; o Havanna traz os famosos alfajores da marca diretamente da Argentina; e o Oscar Café está bem no meio das lojas da Oscar Freire (mas é na Cristallo que se tem a melhor vista do movimento). Fora desse eixo, a rede americana Starbucks chegou com estardalhaço e oferece suas famosas bebidas com café nos shoppings Morumbi, Higienópolis e Eldorado.
6 - VÁ BATER PERNA NO FREI CANECA. Desde sua inauguração, o Shopping Frei Caneca virou um ponto de encontro certeiro das bees paulistanas. As finas torcem o nariz, afinal as lojas em si ficam realmente devendo (a mais interessante é a Foch, onde você provavelmente vai passar para comprar ingressos para alguma festa). Em compensação, os excelentes cinemas do Unibanco Arteplex estão entre os melhores de São Paulo. A praça de alimentação fica tomada por grupos animados de bibas, especialmente aos domingos, que viraram uma espécie de dia oficial do fervo, com a caça correndo solta pelos corredores.
7 - DÊ UM PULINHO NO AUTORAMA. Quando a noite cai, o estacionamento do Parque do Ibirapuera que fica atrás do prédio da Bienal se transforma no famoso Autorama, uma verdadeira praça de convivência gay. Alguns ficam encostados nos carros ouvindo música e tomando uma cerveja com os amigos, desencanadamente; outros partem direto para a caça, e às vezes chegam até as vias de fato, dentro dos carros ou nos cantinhos lá do fundão. Se você quiser se aventurar, muito cuidado com as rondas da polícia e com os ladrões disfarçados de michê. O Autorama é prova inequívoca de que paulistano pega trânsito até para fazer pegação...
8 - SINTA-SE NA EUROPA NA PINACOTECA. A Pinacoteca do Estado é um dos melhores museus da cidade, sempre com várias exposições interessantes ao mesmo tempo. E o espaço em si é muito agradável: na parte de trás, há um belo café que se comunica com o lindo Parque da Luz – um pedaço de São Paulo verdadeiramente europeu, perfeito para um passeio no inverno. Vizinha ao prédio da Pinacoteca, a imponente Estação da Luz guarda outra atração cultural muito bacana: o Museu da Língua Portuguesa (onde você pode inclusive descobrir o significado da palavra “neca”!).
9 - SINTA-SE NO JAPÃO NA LIBERDADE. Assim como Londres e San Francisco, São Paulo também tem um bairro oriental onde a sensação de imersão é total: as lojas vendem produtos típicos (o magazine Ikesaki é ótimo para quem procura cosméticos a preços baixos), os indecifráveis ideogramas estão por toda parte (ou pelo menos estavam, antes da Lei da Cidade Limpa acabar com os letreiros nas fachadas) e até os postes têm luminárias japonesas. Aqui você encontra culinária de raiz (os restaurantes vão muito além do sushi e passam longe das invenções ocidentalizadas), um dos melhores pastéis da cidade (o do Yoka, na Rua dos Estudantes) e delicados pães recheados (na Bakery Itiriki, padaria nipo-chinesa que fica na mesma rua). Aos sábados e domingos, há uma concorrida feirinha com badulaques e comidas típicas, bem na saída do metrô.
10 - ENTRE NUMA OVERDOSE DE SHOPPINGS. São Paulo é conhecida no País inteiro pelos seus shopping centers e justifica a fama que tem: são mais de quarenta em toda a cidade. O Iguatemi é o mais elitizado: tem as lojas mais caras (e uma ala só para grifes de alto luxo, como D&G e Armani), além de um suntuoso complexo de cinemas com um lobby chiquérrimo. O Higienópolis é um dos mais nobres e bonitos, com ótimas lojas e todo o charme do bairro. Favorito desde os anos 80, o Morumbi sempre teve uma ampla oferta de lojas (como o irmão Barrashopping) e ganhou uma ala inteiramente nova em 2006. E o Ibirapuera é outra boa opção de compras, embora não tão charmosa quanto as anteriores.
11 - DÊ UMA CHANCE PARA A VIBE RELAXADA DO CENTRÃO. As finas só querem saber de Jardins e Ipanema, mas a verdade é que também existe muita vida gay – e muita gente legal – fora desse eixo. Por mais sedutor que seja o mundo das roupas caras e dos corpos esculpidos, às vezes é bom dar um tempo desse circo de ostentação e exigências e lembrar que também existe um mundo mais relaxado e amistoso, onde as pessoas se divertem democraticamente sem se preocupar com a imagem o tempo todo. Na tarde de quinta-feira, esse povo todo tem encontro marcado na tradicional Feira Cultural, que não será mais feita no Arouche e sim no Vale do Anhangabaú. Estandes tipo Mercado Mundo Mix, comes e bebes e engraçados shows de drag queens garantem a animação.
12 - FAÇA UMA PEGAÇÃOZINHA. Sejamos francos: ninguém é de ferro, e turistas adoram aprontar quando estão fora de casa. Nesse aspecto, São Paulo tem uma oferta de saunas, cinemas, bares e festas de pegação que nenhuma outra cidade do Brasil tem. Entre as saunas, o grande destaque é a recém-inaugurada 269, com uma estrutura nunca antes vista no Brasil (com exceção de Recife); outras opções são a Termas For Friends (limpa, ampla e cheia de cacuras), a Labirinttu’s (escura, suja e movimentada, por ser 24 horas), a Lagoa (que tem os melhores michês da cidade) e a Wild (pequena e limitada, mas que se transforma nas festas especiais que organiza). A Station, primeiro cruising bar do País, é um clássico ponto de encontro antes da balada. E, para quem gosta de pegar muitos ao mesmo tempo, os clubes de sexo Gladiators (numa travessa da Frei Caneca) e Blackout (no Centrão) disputam espaço com a RG31, uma casa semi-fechada que promove surubas concorridas em plena Vila Mariana. Não se esqueça da camisinha!
Para encerrar este Guia da Parada 2007, aqui vão 12 sugestões de atividades e passeios para se fazer entre uma festa e outra – tanto para quem quiser encontrar mais bees, como para quem preferir dar um tempo do fervo.
1 - CURTA O PARQUE DO IBIRAPUERA. Orgulho dos paulistanos, é um dos pedaços mais bonitos da cidade e tem a mesma função social que o calçadão da Zona Sul tem para o Rio de Janeiro: é onde as pessoas andam de bicicleta (dá para alugar lá), correm (a pista de cooper é bem arborizada), fazem esportes variados (há quadras de todos os tipos) e, claro, socializam e paqueram. Há muitos recantos agradáveis, mas é na Praça do Porquinho (perto da entrada da pista de cooper) que os caras mais interessantes tomam sol, especialmente aos sábados e domingos à tarde. Ótimo para dar uma espairecida e descansar a cabeça de tanta jogação.
2 - ENCHA OS OLHOS COM AS MELHORES VITRINES DA CIDADE. A Rua Oscar Freire é o principal corredor e tem todas as lojas de roupa que importam, desde as nacionais (Carmim, Triton, Ellus, Zoomp, Forum, Sergio K, Crawford, VR, Siberian etc.) até as estrangeiras (Diesel, Energie, Replay). Já as maisons das grifes de alto luxo (Armani, Versace, Dior etc.) estão nas transversais Bela Cintra e Haddock Lobo. Mesmo se você não estiver com a carteira recheada, dê uma flanada pelas vitrines e depois tome um café na Cristallo ou um sorvete na Haagen-Dazs. Modernos podem garimpar artigos descoladíssimos na careira Doc Dog (na Rua Bela Cintra) e opções mais em conta na já clássica Galeria Ouro Fino (na Augusta, entre Lorena e Oscar Freire).
3 - VEJA UM FILME NA PAULISTA. O circuito de cinemas cult de São Paulo está todo nas redondezas da avenida-símbolo da cidade. Na própria Paulista estão o Reserva Cultural (no prédio da Gazeta, com um café lindo de onde se vê o movimento na rua), as duas salas do Cine Bombril (dentro do Conjunto Nacional) e o complexo Bristol (no Center 3, que também tem uma providencial praça de alimentação). Na Consolação com a Paulista (logo ali onde a Parada faz a curva!) está o tradicional Belas Artes, hoje todo reformado. A Rua Augusta tem o querido Espaço Unibanco de Cinema. E os excelentes cinemas do Shopping Frei Caneca não estão longe.
4 - ATUALIZE-SE EM NOSSAS MEGALIVRARIAS. Também na Avenida Paulista estão as duas maiores livrarias da cidade. No número 901, em frente ao prédio da Gazeta, a francesa FNAC oferece, além de livros, revistas, CDs, eletrônicos e ingressos para espetáculos, além de uma unidade muito agradável do Fran’s Café. O Conjunto Nacional é sede da Livraria Cultura, a preferida da intelligentsia paulistana por conta do atendimento altamente especializado. Há menos de um mês, ela foi reinaugurada em um espaço cinematográfico e tem tudo para virar uma atração turística.
5 - PASSE UMA TARDE GOSTOSA EM UM BOM CAFÉ. De alguns anos para cá, São Paulo finalmente acordou para os cafés, um prazer que sempre foi hábito em cidades como Paris e Buenos Aires. As opções mais bacanas estão nos Jardins. O Suplicy é moderninho e tem uma torta de limão divina; o Santo Grão é aconchegante (especialmente nos sofás) e faz um frapê de café delicioso; o Havanna traz os famosos alfajores da marca diretamente da Argentina; e o Oscar Café está bem no meio das lojas da Oscar Freire (mas é na Cristallo que se tem a melhor vista do movimento). Fora desse eixo, a rede americana Starbucks chegou com estardalhaço e oferece suas famosas bebidas com café nos shoppings Morumbi, Higienópolis e Eldorado.
6 - VÁ BATER PERNA NO FREI CANECA. Desde sua inauguração, o Shopping Frei Caneca virou um ponto de encontro certeiro das bees paulistanas. As finas torcem o nariz, afinal as lojas em si ficam realmente devendo (a mais interessante é a Foch, onde você provavelmente vai passar para comprar ingressos para alguma festa). Em compensação, os excelentes cinemas do Unibanco Arteplex estão entre os melhores de São Paulo. A praça de alimentação fica tomada por grupos animados de bibas, especialmente aos domingos, que viraram uma espécie de dia oficial do fervo, com a caça correndo solta pelos corredores.
7 - DÊ UM PULINHO NO AUTORAMA. Quando a noite cai, o estacionamento do Parque do Ibirapuera que fica atrás do prédio da Bienal se transforma no famoso Autorama, uma verdadeira praça de convivência gay. Alguns ficam encostados nos carros ouvindo música e tomando uma cerveja com os amigos, desencanadamente; outros partem direto para a caça, e às vezes chegam até as vias de fato, dentro dos carros ou nos cantinhos lá do fundão. Se você quiser se aventurar, muito cuidado com as rondas da polícia e com os ladrões disfarçados de michê. O Autorama é prova inequívoca de que paulistano pega trânsito até para fazer pegação...
8 - SINTA-SE NA EUROPA NA PINACOTECA. A Pinacoteca do Estado é um dos melhores museus da cidade, sempre com várias exposições interessantes ao mesmo tempo. E o espaço em si é muito agradável: na parte de trás, há um belo café que se comunica com o lindo Parque da Luz – um pedaço de São Paulo verdadeiramente europeu, perfeito para um passeio no inverno. Vizinha ao prédio da Pinacoteca, a imponente Estação da Luz guarda outra atração cultural muito bacana: o Museu da Língua Portuguesa (onde você pode inclusive descobrir o significado da palavra “neca”!).
9 - SINTA-SE NO JAPÃO NA LIBERDADE. Assim como Londres e San Francisco, São Paulo também tem um bairro oriental onde a sensação de imersão é total: as lojas vendem produtos típicos (o magazine Ikesaki é ótimo para quem procura cosméticos a preços baixos), os indecifráveis ideogramas estão por toda parte (ou pelo menos estavam, antes da Lei da Cidade Limpa acabar com os letreiros nas fachadas) e até os postes têm luminárias japonesas. Aqui você encontra culinária de raiz (os restaurantes vão muito além do sushi e passam longe das invenções ocidentalizadas), um dos melhores pastéis da cidade (o do Yoka, na Rua dos Estudantes) e delicados pães recheados (na Bakery Itiriki, padaria nipo-chinesa que fica na mesma rua). Aos sábados e domingos, há uma concorrida feirinha com badulaques e comidas típicas, bem na saída do metrô.
10 - ENTRE NUMA OVERDOSE DE SHOPPINGS. São Paulo é conhecida no País inteiro pelos seus shopping centers e justifica a fama que tem: são mais de quarenta em toda a cidade. O Iguatemi é o mais elitizado: tem as lojas mais caras (e uma ala só para grifes de alto luxo, como D&G e Armani), além de um suntuoso complexo de cinemas com um lobby chiquérrimo. O Higienópolis é um dos mais nobres e bonitos, com ótimas lojas e todo o charme do bairro. Favorito desde os anos 80, o Morumbi sempre teve uma ampla oferta de lojas (como o irmão Barrashopping) e ganhou uma ala inteiramente nova em 2006. E o Ibirapuera é outra boa opção de compras, embora não tão charmosa quanto as anteriores.
11 - DÊ UMA CHANCE PARA A VIBE RELAXADA DO CENTRÃO. As finas só querem saber de Jardins e Ipanema, mas a verdade é que também existe muita vida gay – e muita gente legal – fora desse eixo. Por mais sedutor que seja o mundo das roupas caras e dos corpos esculpidos, às vezes é bom dar um tempo desse circo de ostentação e exigências e lembrar que também existe um mundo mais relaxado e amistoso, onde as pessoas se divertem democraticamente sem se preocupar com a imagem o tempo todo. Na tarde de quinta-feira, esse povo todo tem encontro marcado na tradicional Feira Cultural, que não será mais feita no Arouche e sim no Vale do Anhangabaú. Estandes tipo Mercado Mundo Mix, comes e bebes e engraçados shows de drag queens garantem a animação.
12 - FAÇA UMA PEGAÇÃOZINHA. Sejamos francos: ninguém é de ferro, e turistas adoram aprontar quando estão fora de casa. Nesse aspecto, São Paulo tem uma oferta de saunas, cinemas, bares e festas de pegação que nenhuma outra cidade do Brasil tem. Entre as saunas, o grande destaque é a recém-inaugurada 269, com uma estrutura nunca antes vista no Brasil (com exceção de Recife); outras opções são a Termas For Friends (limpa, ampla e cheia de cacuras), a Labirinttu’s (escura, suja e movimentada, por ser 24 horas), a Lagoa (que tem os melhores michês da cidade) e a Wild (pequena e limitada, mas que se transforma nas festas especiais que organiza). A Station, primeiro cruising bar do País, é um clássico ponto de encontro antes da balada. E, para quem gosta de pegar muitos ao mesmo tempo, os clubes de sexo Gladiators (numa travessa da Frei Caneca) e Blackout (no Centrão) disputam espaço com a RG31, uma casa semi-fechada que promove surubas concorridas em plena Vila Mariana. Não se esqueça da camisinha!
sexta-feira, 1 de junho de 2007
Guia da Parada 2007, parte 2: onde comer
Vamos aos fatos: você pode até não ser ligado em gastronomia mas, mesmo assim, entre uma jogação e outra terá que se alimentar. E São Paulo é uma das cidades onde melhor se come no mundo – tanto que seu enorme circuito de restaurantes é uma atração turística em si.
Para orientar você, aqui vão algumas indicações, divididas em três grupos. Para quem quer ferver até na hora de comer, 6 lugares onde a freqüência GLS é garantida; para uma comida mais caprichada, 6 restaurantes especiais que estão entre meus favoritos (num futuro próximo, farei aqui meu top 20 paulistano, nos mesmos moldes do meu top 20 carioca); e, para aquela fome fora de hora que você quer matar rápido e sem gastar muito, 6 lugares descomplicados que não vão te deixar na mão na madrugada – afinal, São Paulo não pára.
6 LUGARES PARA DAR PINTA, VER E SER VISTO
RITZ. Entra ano e sai ano e o Ritz continua sendo um dos lugares mais freqüentados pelas bees que se jogam nos Jardins. Charmoso, aconchegante e com um quê de pub, tem bons drinques e comida excelente. Os hambúrgueres estão entre os melhores de SP, há pratos incríveis como o lingüini com camarão e abobrinha, e a porção de bolinhos de arroz é um verdadeiro clássico. Não é um lugar barato, mas o clima gostoso, o povo do bem e a comida valem o investimento. A freqüência é maciçamente GLS, mas o lugar não se assume como tal. Alameda Franca, 1088, Jardins.
SPOT. Reúne modernos, formadores de opinião, famosos, descolados e gente que simplesmente quer ver e ser vista. Um dos restaurantes mais badalados de São Paulo desde 1994 – e são poucos os lugares que conseguem se manter em evidência por tanto tempo. A longa espera pela mesa é inevitável e faz parte da diversão, e muitos preferem nem jantar e ficar nos drinques no bar mesmo. Uma pena, porque a comida é de primeira linha. O penne com melão e presunto cru é um destaque do cardápio, que também conta com boas saladas, peixes e carnes com ótimos acompanhamentos. Por essas e outras é que as finas simplesmente amam o Spot. Rua Ministro Rocha Azevedo, 72, Cerqueira César.
MESTIÇO. Um dos lugares mais queridos da cidade, o Mestiço é freqüentado em peso pelos gays, que vão em turma, com as amigas hétero ou com os namorados. Os pratos atiram em várias direções (Itália, Brasil, Tailândia), mas é nos de influência thai que a cozinha mais se destaca (experimente o hua hin ou o bangkok, à base de frango, ou o novo ko phan, de peixe, todos deliciosos). Enquanto espera pela mesa, peça uma porção de krathong thong, deliciosas cestinhas crocantes recheadas de milho, frango e especiarias. E não deixe de pedir sobremesa: entre o sorvete de limão com calda de baba-de-moça, o brownie com calda e sorvete e o frozen yogurt com frutas vermelhas, é difícil decidir qual a melhor. Rua Fernando de Albuquerque, 277, Consolação.
BELLA PAULISTA. Misto de padaria, empório, café e lanchonete, funciona 24 horas e está sempre lotada. O cardápio é longo: desde salgados e sandubas até pratos quentes tipo filé à parmegiana, há praticamente tudo que se possa imaginar, menos sushi e feijoada. Os sanduíches são gigantescos (é difícil dar conta sozinho). Outro destaque são os bufês (de café da manhã, chá da tarde ou sopas, conforme o horário). Os doces não fazem feio – se você curte leite condensado, prove a mousse de limão, e se gosta de chocolate, leve pra casa ou pro hotel uma bandejinha de brownies (que são divinos). Normalmente, já é tão freqüentada pelos gays que é quase impossível não encontrar gente conhecida; por causa da parada, vai virar um verdadeiro inferno, então vá preparado. Rua Haddock Lobo, 354, Consolação.
CONSULADO MINEIRO. Incrustado bem no meio do babado da Praça Benedito Calixto, o Consulado ferve principalmente aos sábados, com movimento ininterrupto desde a hora do almoço até à noite. Como muitos preferem sentar do lado de fora para ver o fervo, as mesas externas não dão conta e o povo se aglomera como pode, ocupando toda a calçada e se misturando com quem veio dar close na praça. A cozinha serve pratos típicos mineiros feitos com capricho, em porções generosas (dois pratos alimentam cinco pessoas), além de doces típicos e 43 tipos de aguardentes mineiras. As meninas adoram e batem cartão. Praça Benedito Calixto, 74, Pinheiros.
L’OPEN. Se os outros lugares deste roteiro são apenas freqüentados por gays, mas não se assumem como “GLS”, este é literalmente um restaurante gay, aliás o único da categoria em São Paulo. Oferece sanduíches, saladas, massas e grelhados com uma boa relação custo-benefício – gasta-se menos do que em outros lugares semelhantes. O frango ao champagne é bem gostosinho. Não perca o ótimo petit gâteau de limão siciliano e chocolate branco. Quem não quiser jantar pode ficar nos drinques mesmo, no balcão ou nos pufes do mezanino. Alameda Itu, 1466, Jardins.
6 LUGARES PARA AQUELA COMIDINHA ESPECIAL
CARLOTA. Meu restaurante preferido e um dos melhores contemporâneos da cidade. Cardápio versátil, com carnes, peixes, risotos, massas e ótimas entradas e sobremesas. O filé mignon ao vinho do Porto e balsâmico com risoto de figos é maravilhoso até para quem, como eu, não come figos e jamais pediria isso. Leia minha crítica mais detalhada do Carlota (com sugestões de pratos) aqui. Rua Sergipe, 753, Higienópolis.
MORI SUSHI. O povo freqüenta mais o Kayomix, dois quarteirões para cima, mas, enquanto lá os sushis são mais tradicionais, aqui você vai encontrar aqueles enrolados mais diferentes, com direito a alguns invencionismos ocidentais, como flambados, empanados e muito molho tarê. A grande dica é sentar no próprio balcão e pedir pelo "festival": lá, você pode interagir com o sushiman e praticamente customizar o seu sushi. Se não quiser pensar muito, deixe tudo na mão dele: as criações divinas que ele vai servir vão ficar na sua memória, especialmente o “urakouve”, que você não pode deixar de provar. Rua da Consolação, 3610, Jardins.
À CÔTÉ / RUELLA. São dois restaurantes da mesma dona, Danielle Dahoui, que também cuidava do excelente Bar d’Hôtel no Rio de Janeiro. A culinária é francesa contemporânea e a decoração é, ao mesmo tempo, exuberante e intimista. O À Côté é mais novo e mais bonito, mas é no menu do Ruella que estão os pratos que eu amo de paixão, como o confit de pato caramelizado com tagliatelle e shimeji à provençal e a inesquecível sobremesa trois laits. O À Côté fica na Rua Bela Cintra, 1709 (Jardins) e o Ruella fica na Rua João Cachoeira, 1507 (Itaim).
LANCHONETE DA CIDADE. Sanduicheria bem-freqüentada, faz provavelmente os melhores milk shakes da cidade, em combinações riquíssimas como doce de leite com calda de nutella e chocolate com calda de brigadeiro. Os hambúrgueres, feitos num pão francês redondo especialmente desenvolvido para a casa, também apostam em ingredientes diferenciados (meus prediletos são o leblon, com queijo camembert, alface, tomate e bacon, e o incrível vegetariano). E o lugar em si é lindíssimo, todo inspirado no Brasil modernista dos anos 50/60. Só pelo lugar e pelo milk shake, já vale a visita. Al. Tietê, 110, Jardins.
RÁSCAL. Num salão amplo e bonito, com freqüência totalmente “família”, oferece, além de pizzas e pratos do cardápio, um excelente bufê a preço fixo. A mesa de saladas e antepastos tem tanta coisa gostosa que já valeria o preço do bufê. Depois, bem no meio do salão, há uma espécie de cozinha aparente em que são preparadas, na hora, porções de massa que você pode escolher entre cinco opções do dia (o ravióli ráscal, massa verde recheada de mussarela de búfala, com molho de tomates frescos, sai diariamente e é tudo de bom). Al. Santos, 870, Jardim Paulista.
SANTA GULA. Móveis antigos, luz de velas e plantas em profusão criam um ambiente exótico e aconchegante (se você é carioca, dá pra traçar um paralelo com o Aprazível, em Santa Teresa). O medalhão de mignon ao molho de vinho do Porto com trouxinhas de creme de queijo mascarpone é uma pedida infalível, assim como o rigatoni recheado de queijo gruyère com molho de funghi. Entre as sobremesas, merece destaque a ótima crême brulée de pistache, mas há várias outras delícias. Ótimo para um jantar a dois, no interessantíssimo bairro da Vila Madalena. Rua Fidalga, 340, Vila Madalena.
6 ÓTIMOS QUEBRA-GALHOS DA MADRUGADA
GALERIA DOS PÃES. Criou a fórmula de sucesso que depois foi seguida pela já citada Bella Paulista: padaria, loja de conveniência chique e sanduicheria, 24 horas por dia. Não é tão versátil como a rival (não serve pratos quentes, apenas sanduíches, salgados e doces), mas também tem bufês de café da manhã e sopas no mezanino. E também costuma lotar (o que acaba afetando o capricho na apresentação dos sanduíches). Sua freqüência resume a fauna que circula pelos Jardins: grupos de adolescentes abonados, madames de meia idade, gays saindo das boates de madrugada. Rua Estados Unidos, 1645, Jardins.
PASTA & VINO. Este simpático restaurante italiano é um dos mais tradicionais da Barão de Capanema, pequeno corredor gastronômico dos Jardins que alinha nomes de peso como Charlô, D.O.M. e a rotisserie Paola di Verona. O Pasta serve massas frescas, carnes, cabritos e o que mais o cliente mandar até 7 da manhã. Recomendo o capelete de carne com molho rosê gratinado. Dá pra pedir porção normal ou meia, conforme a sua fome. Tem uma freguesia cativa que não arreda o pé. Rua Barão de Capanema, 206, Jardins.
OFNER. Doceria tradicional na cidade, com salgados, doces, bolos, café e sorvetes, é outra mão na roda na madrugada: três de suas unidades ficam abertas 24 horas por dia, com mesas à vontade para comer e conversar por horas. Entre os salgados, gosto da maravilha de camarão e, entre os doces, meu predileto é o creme holandês. Endereços 24 horas: Al. Campinas, 1160 (Jardins), Av. Nove de Julho, 5623 (Itaim) e Av. Ibirapuera, 2033 (Moema).
O PEDAÇO DA PIZZA. Em dois endereços na Rua Augusta (e mais um no Itaim), serve pizzas de pedaço de um jeito bem informal. As redondas semiprontas ficam dentro de uma vitrine, você escolhe o sabor e o pizzaiolo leva ao forno na hora, enquanto você paga e pega sua bebida na geladeira. O lugar é fofo, com luminárias retrô e mesas coletivas bem rústicas, com jeitão de fazenda. Abre até 5h00 nos fins de semana. Não é uma excelente pizza (como a do Camelo, por exemplo), mas um excelente quebra-galho. A portuguesa e a quatro queijos são minhas preferidas; se quiser algo diferente, peça a de shimeji com couve crocante. Rua Augusta, 1463 (vizinho ao Espaço Unibanco de Cinema) e 2931 (entre Oscar Freire e Estados Unidos).
TEMAKI EXPRESS. Pioneiro em uma idéia que aos poucos está se espalhando pela cidade: a das temakerias rápidas (temaki, se você não sabe, é um primo do sushi: um cone de alga recheado de salmão, atum etc. que se come com a mão). Não dá pra ser muito exigente: é um fast food - portanto, às vezes se nota que o peixe que usam não é fresco, e sim congelado. Mas não deixa de ser uma opção rápida, leve e barata na madrugada. Rua da Consolação, 3113, Jardins. (Se puder ir até o Itaim, prefira a Ícone Temakeria, na Leopoldo Couto de Magalhães Jr. com a Clodomiro Amazonas: lá tem um temaki do chefe – salmão, shimeji e cream cheese – que é ótimo).
FRAN'S CAFÉ. É um dos primeiros lugares que vêm à cabeça do paulistano quando o assunto é um belisco em horário inusitado. Seu único predicado é ter uma filial sempre por perto: o serviço é amador e os preços são exorbitantes diante da qualidade do que é oferecido. Muito usado para ponto de encontro de internautas (que atire a primeira pedra quem nunca marcou um blind date no Fran’s), fica mais cheio no inverno, quando as sopas feitas dentro do pão italiano fazem sucesso, ao lado do chocolate submarino. Faz sanduíches razoáveis, ladeados por batatas chips de pacote, lasanha de pacote... até a sopa de ervilhas é pré-pronta (de latinha, da Campbell). Tem sempre um Fran’s perto de você, sendo que a unidade dos Jardins (Rua Haddock Lobo, 586) é praticamente gay.
Para orientar você, aqui vão algumas indicações, divididas em três grupos. Para quem quer ferver até na hora de comer, 6 lugares onde a freqüência GLS é garantida; para uma comida mais caprichada, 6 restaurantes especiais que estão entre meus favoritos (num futuro próximo, farei aqui meu top 20 paulistano, nos mesmos moldes do meu top 20 carioca); e, para aquela fome fora de hora que você quer matar rápido e sem gastar muito, 6 lugares descomplicados que não vão te deixar na mão na madrugada – afinal, São Paulo não pára.
6 LUGARES PARA DAR PINTA, VER E SER VISTO
RITZ. Entra ano e sai ano e o Ritz continua sendo um dos lugares mais freqüentados pelas bees que se jogam nos Jardins. Charmoso, aconchegante e com um quê de pub, tem bons drinques e comida excelente. Os hambúrgueres estão entre os melhores de SP, há pratos incríveis como o lingüini com camarão e abobrinha, e a porção de bolinhos de arroz é um verdadeiro clássico. Não é um lugar barato, mas o clima gostoso, o povo do bem e a comida valem o investimento. A freqüência é maciçamente GLS, mas o lugar não se assume como tal. Alameda Franca, 1088, Jardins.
SPOT. Reúne modernos, formadores de opinião, famosos, descolados e gente que simplesmente quer ver e ser vista. Um dos restaurantes mais badalados de São Paulo desde 1994 – e são poucos os lugares que conseguem se manter em evidência por tanto tempo. A longa espera pela mesa é inevitável e faz parte da diversão, e muitos preferem nem jantar e ficar nos drinques no bar mesmo. Uma pena, porque a comida é de primeira linha. O penne com melão e presunto cru é um destaque do cardápio, que também conta com boas saladas, peixes e carnes com ótimos acompanhamentos. Por essas e outras é que as finas simplesmente amam o Spot. Rua Ministro Rocha Azevedo, 72, Cerqueira César.
MESTIÇO. Um dos lugares mais queridos da cidade, o Mestiço é freqüentado em peso pelos gays, que vão em turma, com as amigas hétero ou com os namorados. Os pratos atiram em várias direções (Itália, Brasil, Tailândia), mas é nos de influência thai que a cozinha mais se destaca (experimente o hua hin ou o bangkok, à base de frango, ou o novo ko phan, de peixe, todos deliciosos). Enquanto espera pela mesa, peça uma porção de krathong thong, deliciosas cestinhas crocantes recheadas de milho, frango e especiarias. E não deixe de pedir sobremesa: entre o sorvete de limão com calda de baba-de-moça, o brownie com calda e sorvete e o frozen yogurt com frutas vermelhas, é difícil decidir qual a melhor. Rua Fernando de Albuquerque, 277, Consolação.
BELLA PAULISTA. Misto de padaria, empório, café e lanchonete, funciona 24 horas e está sempre lotada. O cardápio é longo: desde salgados e sandubas até pratos quentes tipo filé à parmegiana, há praticamente tudo que se possa imaginar, menos sushi e feijoada. Os sanduíches são gigantescos (é difícil dar conta sozinho). Outro destaque são os bufês (de café da manhã, chá da tarde ou sopas, conforme o horário). Os doces não fazem feio – se você curte leite condensado, prove a mousse de limão, e se gosta de chocolate, leve pra casa ou pro hotel uma bandejinha de brownies (que são divinos). Normalmente, já é tão freqüentada pelos gays que é quase impossível não encontrar gente conhecida; por causa da parada, vai virar um verdadeiro inferno, então vá preparado. Rua Haddock Lobo, 354, Consolação.
CONSULADO MINEIRO. Incrustado bem no meio do babado da Praça Benedito Calixto, o Consulado ferve principalmente aos sábados, com movimento ininterrupto desde a hora do almoço até à noite. Como muitos preferem sentar do lado de fora para ver o fervo, as mesas externas não dão conta e o povo se aglomera como pode, ocupando toda a calçada e se misturando com quem veio dar close na praça. A cozinha serve pratos típicos mineiros feitos com capricho, em porções generosas (dois pratos alimentam cinco pessoas), além de doces típicos e 43 tipos de aguardentes mineiras. As meninas adoram e batem cartão. Praça Benedito Calixto, 74, Pinheiros.
L’OPEN. Se os outros lugares deste roteiro são apenas freqüentados por gays, mas não se assumem como “GLS”, este é literalmente um restaurante gay, aliás o único da categoria em São Paulo. Oferece sanduíches, saladas, massas e grelhados com uma boa relação custo-benefício – gasta-se menos do que em outros lugares semelhantes. O frango ao champagne é bem gostosinho. Não perca o ótimo petit gâteau de limão siciliano e chocolate branco. Quem não quiser jantar pode ficar nos drinques mesmo, no balcão ou nos pufes do mezanino. Alameda Itu, 1466, Jardins.
6 LUGARES PARA AQUELA COMIDINHA ESPECIAL
CARLOTA. Meu restaurante preferido e um dos melhores contemporâneos da cidade. Cardápio versátil, com carnes, peixes, risotos, massas e ótimas entradas e sobremesas. O filé mignon ao vinho do Porto e balsâmico com risoto de figos é maravilhoso até para quem, como eu, não come figos e jamais pediria isso. Leia minha crítica mais detalhada do Carlota (com sugestões de pratos) aqui. Rua Sergipe, 753, Higienópolis.
MORI SUSHI. O povo freqüenta mais o Kayomix, dois quarteirões para cima, mas, enquanto lá os sushis são mais tradicionais, aqui você vai encontrar aqueles enrolados mais diferentes, com direito a alguns invencionismos ocidentais, como flambados, empanados e muito molho tarê. A grande dica é sentar no próprio balcão e pedir pelo "festival": lá, você pode interagir com o sushiman e praticamente customizar o seu sushi. Se não quiser pensar muito, deixe tudo na mão dele: as criações divinas que ele vai servir vão ficar na sua memória, especialmente o “urakouve”, que você não pode deixar de provar. Rua da Consolação, 3610, Jardins.
À CÔTÉ / RUELLA. São dois restaurantes da mesma dona, Danielle Dahoui, que também cuidava do excelente Bar d’Hôtel no Rio de Janeiro. A culinária é francesa contemporânea e a decoração é, ao mesmo tempo, exuberante e intimista. O À Côté é mais novo e mais bonito, mas é no menu do Ruella que estão os pratos que eu amo de paixão, como o confit de pato caramelizado com tagliatelle e shimeji à provençal e a inesquecível sobremesa trois laits. O À Côté fica na Rua Bela Cintra, 1709 (Jardins) e o Ruella fica na Rua João Cachoeira, 1507 (Itaim).
LANCHONETE DA CIDADE. Sanduicheria bem-freqüentada, faz provavelmente os melhores milk shakes da cidade, em combinações riquíssimas como doce de leite com calda de nutella e chocolate com calda de brigadeiro. Os hambúrgueres, feitos num pão francês redondo especialmente desenvolvido para a casa, também apostam em ingredientes diferenciados (meus prediletos são o leblon, com queijo camembert, alface, tomate e bacon, e o incrível vegetariano). E o lugar em si é lindíssimo, todo inspirado no Brasil modernista dos anos 50/60. Só pelo lugar e pelo milk shake, já vale a visita. Al. Tietê, 110, Jardins.
RÁSCAL. Num salão amplo e bonito, com freqüência totalmente “família”, oferece, além de pizzas e pratos do cardápio, um excelente bufê a preço fixo. A mesa de saladas e antepastos tem tanta coisa gostosa que já valeria o preço do bufê. Depois, bem no meio do salão, há uma espécie de cozinha aparente em que são preparadas, na hora, porções de massa que você pode escolher entre cinco opções do dia (o ravióli ráscal, massa verde recheada de mussarela de búfala, com molho de tomates frescos, sai diariamente e é tudo de bom). Al. Santos, 870, Jardim Paulista.
SANTA GULA. Móveis antigos, luz de velas e plantas em profusão criam um ambiente exótico e aconchegante (se você é carioca, dá pra traçar um paralelo com o Aprazível, em Santa Teresa). O medalhão de mignon ao molho de vinho do Porto com trouxinhas de creme de queijo mascarpone é uma pedida infalível, assim como o rigatoni recheado de queijo gruyère com molho de funghi. Entre as sobremesas, merece destaque a ótima crême brulée de pistache, mas há várias outras delícias. Ótimo para um jantar a dois, no interessantíssimo bairro da Vila Madalena. Rua Fidalga, 340, Vila Madalena.
6 ÓTIMOS QUEBRA-GALHOS DA MADRUGADA
GALERIA DOS PÃES. Criou a fórmula de sucesso que depois foi seguida pela já citada Bella Paulista: padaria, loja de conveniência chique e sanduicheria, 24 horas por dia. Não é tão versátil como a rival (não serve pratos quentes, apenas sanduíches, salgados e doces), mas também tem bufês de café da manhã e sopas no mezanino. E também costuma lotar (o que acaba afetando o capricho na apresentação dos sanduíches). Sua freqüência resume a fauna que circula pelos Jardins: grupos de adolescentes abonados, madames de meia idade, gays saindo das boates de madrugada. Rua Estados Unidos, 1645, Jardins.
PASTA & VINO. Este simpático restaurante italiano é um dos mais tradicionais da Barão de Capanema, pequeno corredor gastronômico dos Jardins que alinha nomes de peso como Charlô, D.O.M. e a rotisserie Paola di Verona. O Pasta serve massas frescas, carnes, cabritos e o que mais o cliente mandar até 7 da manhã. Recomendo o capelete de carne com molho rosê gratinado. Dá pra pedir porção normal ou meia, conforme a sua fome. Tem uma freguesia cativa que não arreda o pé. Rua Barão de Capanema, 206, Jardins.
OFNER. Doceria tradicional na cidade, com salgados, doces, bolos, café e sorvetes, é outra mão na roda na madrugada: três de suas unidades ficam abertas 24 horas por dia, com mesas à vontade para comer e conversar por horas. Entre os salgados, gosto da maravilha de camarão e, entre os doces, meu predileto é o creme holandês. Endereços 24 horas: Al. Campinas, 1160 (Jardins), Av. Nove de Julho, 5623 (Itaim) e Av. Ibirapuera, 2033 (Moema).
O PEDAÇO DA PIZZA. Em dois endereços na Rua Augusta (e mais um no Itaim), serve pizzas de pedaço de um jeito bem informal. As redondas semiprontas ficam dentro de uma vitrine, você escolhe o sabor e o pizzaiolo leva ao forno na hora, enquanto você paga e pega sua bebida na geladeira. O lugar é fofo, com luminárias retrô e mesas coletivas bem rústicas, com jeitão de fazenda. Abre até 5h00 nos fins de semana. Não é uma excelente pizza (como a do Camelo, por exemplo), mas um excelente quebra-galho. A portuguesa e a quatro queijos são minhas preferidas; se quiser algo diferente, peça a de shimeji com couve crocante. Rua Augusta, 1463 (vizinho ao Espaço Unibanco de Cinema) e 2931 (entre Oscar Freire e Estados Unidos).
TEMAKI EXPRESS. Pioneiro em uma idéia que aos poucos está se espalhando pela cidade: a das temakerias rápidas (temaki, se você não sabe, é um primo do sushi: um cone de alga recheado de salmão, atum etc. que se come com a mão). Não dá pra ser muito exigente: é um fast food - portanto, às vezes se nota que o peixe que usam não é fresco, e sim congelado. Mas não deixa de ser uma opção rápida, leve e barata na madrugada. Rua da Consolação, 3113, Jardins. (Se puder ir até o Itaim, prefira a Ícone Temakeria, na Leopoldo Couto de Magalhães Jr. com a Clodomiro Amazonas: lá tem um temaki do chefe – salmão, shimeji e cream cheese – que é ótimo).
FRAN'S CAFÉ. É um dos primeiros lugares que vêm à cabeça do paulistano quando o assunto é um belisco em horário inusitado. Seu único predicado é ter uma filial sempre por perto: o serviço é amador e os preços são exorbitantes diante da qualidade do que é oferecido. Muito usado para ponto de encontro de internautas (que atire a primeira pedra quem nunca marcou um blind date no Fran’s), fica mais cheio no inverno, quando as sopas feitas dentro do pão italiano fazem sucesso, ao lado do chocolate submarino. Faz sanduíches razoáveis, ladeados por batatas chips de pacote, lasanha de pacote... até a sopa de ervilhas é pré-pronta (de latinha, da Campbell). Tem sempre um Fran’s perto de você, sendo que a unidade dos Jardins (Rua Haddock Lobo, 586) é praticamente gay.
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