1 - O tempo esteve maciçamente lindo, com dias incríveis de céu azul e muito sol - o que por si só já deixa a cidade com um ótimo astral. Quem já viveu Réveillons e Carnavais de céu cinza e chuva diária sabe que tempo bom faz toda a diferença no Rio.
2 - Percebia-se a ausência de algumas figurinhas carimbadas que resolveram optar por Floripa dessa vez, mas ainda assim a praia lo-tou, o Bofetada lo-tou, as festas lo-taram e a sauna... tinha fila de espera de até 50 pessoas do lado de fora, esperando alguns foliões saírem da casa absolutamente intransitável para que outros pudessem entrar. Ou seja: o ibope do Rio continua muito bem, obrigado.
3 - Com as areias da Farme totalmente malocadas, a tal "Faixa de Gaza" entre a Farme e a Vinícius consagrou-se como o melhor lugar para ficar. Mais espaço entre os guarda-sóis (eu me recuso a chamá-los de "barracas", como os cariocas), mais limpeza, menos bagaceirice (mas não menos gayness) e um clima muito mais relaxante. E, vale lembrar, a pouquíssimos passos do basfond.
4 - Não rolou coió. Os pitboys andaram ameaçando, mas a reação da comunidade veio rápido, com reforço da Polícia Militar e um ato contra a homofobia em plena Vieira Souto, onde foi estendida uma bandeira de arco-íris de 200 metros. Foi uma resposta oportuna e muito bem-vinda. Deixem as bichas em paz e vão resolver os conflitos interiores de vocês, rapazes.
5 - A Banda de Ipanema está voltando às raízes e tornando-se cada vez mais plural, para não dizer heterossexual. Nada de cenas de baixaria explícita no meio da rua - o que se via era a brincadeira inocente de pessoas de todos os tipos entoando marchinhas de carnaval em uníssono, como se estivessem todos na canção de Chico Buarque, vendo a banda passar cantando coisas de amor. Já era hora de as bilus fazerem a sua parte e mostrarem um pouco mais de educação e compostura, se querem ser aceitas pela sociedade como pessoas dignas e merecedoras de tratamento equivalente.
6 - Se no meio eletrônico-gay o que dá a tônica são as festas e chillouts, entre os héteros o que pega mesmo são os blocos de carnaval de rua. Alguns tornaram-se tão mega que passaram a divulgar horários falsos - marcavam para as 14h00, mas saíam na surdina às 9h00, para afugentar a lotação. E ainda assim, não davam conta. O folião carioca-padrão encara até três blocos num dia, sem perder a ginga nem a hidratação. É um espírito carnavalesco bastante arraigado - e totalmente estranho aos paulistanos.
7 - Falando em héteros, a cena carioca mostrou o que quem freqüenta Ibiza sabe faz tempo: uma boa festa com público mixed é muito mais bacana do que uma noite em um gueto. A festa organizada pela TIM no Jockey Clube, com o Deep Dish, foi maravilhosa em todos os sentidos. Boa produção (uma tenda enorme com acústica impecável e toda a vista do Jockey do lado de fora), ótimo som (não só do Deep Dish, que serviu a salada moderna de progressive e electrohouse que os fãs adoram, mas também da gatinha Miss Nine, que está abrindo para eles na turnê mundo afora) e gente linda linda linda. Aliás, a quantidade de homem bonito era desconcertante. Corpos fortes, pele dourada e beleza natural, de camiseta de algodão, sem frescuras. Sair da festa e ver aquele monte de marmanjo gostoso mijando na calçada, de um jeito maroto que só o carioca tem... não tem preço.
8 - Já entre as festas gays, os destaques foram dois: (1) a B.I.T.C.H., que conseguiu abarrotar a imponente Estação Leopoldina para a performance apoteótica de Offer Nissim - a cruza exótica de Danuza Leão com Marília Gabriela desceu de um elevador e fez um set bem dosado, misturando divas pop com momentos mais pesados e levando o público ao delírio; e (2) a E.njoy, que depois de tantas dificuldades finalmente conseguiu acertar no Vivo Rio a apresentação do top top top Peter Rauhofer. Para variar, o carudo entrou mudo e saiu calado, mas seu som não precisa de sorrisos para agradar. A mistura precisa de progressive e tech house com vocais femininos atmosféricos é perfeita para a colocação, é tudo o que as festas gays deveriam tocar - e tem tanta personalidade que, assim que começa, você sabe que é ele tocando, mesmo que você esteja trancado no banheiro. Completada por uma estrutura impecável, com ar condicionado bombando e bares e banheiros de sobra, a E.njoy causou sensação, numa noite de puro devaneio que acabou às 9 da manhã - e, para quem estava lá, ainda foi pouco.
9 - Já Fábio Monteiro pelo visto ainda não se livrou de sua maré de azar. A clássica X-Demente de sábado na Fundição foi chamada de "morna" pela maior parte das pessoas que lá se aventuraram. Só o caldeirão teve (algum) movimento - nem sinal das noites de puro brilho no terraço, que os modernos realmente abandonaram, em prol de eventos mais direcionados como a festa do DJ Hell no Circo Voador. E, para estragar a X da Marina e soterrar Fábio de vez, Rosane Amaral resolveu esticar sua pool party de terça até às 2 da manhã. A X está acontecendo neste momento, enquanto escrevo (já de SP), mas duvido que, depois da jogação superluxo do Peter Rauhofer e de mais um dia de praia e pool party, as pessoas tenham tido ânimo para encarar a Marina. (update: pelo que eu soube depois, a X na Marina super rolou, as bees guerreiras se jogaram sim!)
10 - Floripa pode ter tido um upgrade incrível, Salvador pode render uma boa beijação, mas, quando o assunto é macho bonito, o Rio ainda é the place to be. Não tem jeito... na praia, nos cafés da Farme, na loja de suco, nas festas, na fila do supermercado, no calçadão, em toda parte, transbordam por todos os lados belíssimos espécimes para todos os gostos, o que mostra que nenhuma outra cidade do mundo tem uma convergência de homens tão especial como o Rio de Janeiro. E duvido que um dia isso deixe de ser assim. E tenho dito.
6 comentários:
@ ANDRÉ F: Sou paulista sim, mas vou com muita freqüência para o Rio, que realmente ADORO (sem aspas...). O Pecado eu já conheço, mas prefiro os pratos do Zazá (de quem o Pecado é cria), acho as combinações de sabores mais agradáveis e o ambiente mais acolhedor (especialmente lá em cima).
Sobre o Ítalo e a Lindi, sou amigos de ambos... eles já foram bastante pro Rio, mas sempre naquele esquema 'jogação em alta temporada', e por isso acabam se limitando a um olhar sobre a cidade que é mais superficial, típico do turista gay que não explora nada além do gueto.
Mais um comentário: não sei nada sobre teus amigos, mas o problema do paulistano não é exatamente ser exigente, e sim esperar encontrar São Paulo nas cidades que visita. Aliás, vc me deu um ótimo assunto para um próximo post...
Thi, captou bem o que conversamos no quesito 10. Vou usar para finalizar o que foi o Rio para nós. Quanto ao moço que falou que não entendemos nada no Rio, só posso dizer que não curto falar de restaurantes, docinhos e guloseimas, mas fomos felizes nas tardes gastronômicas no Leblon e no Jardim Botânico.
@ ÍTALO: recado dado, amigo...
Pô, foi mal, não sabia que era amigo deles. Mas a coisa é que é muito caricato o que eles mostram do Rio (quer dizer, o blog da Lindinalva é caricata). Enfim, é muuuito engraçado. É uma pena que as vezes as pessoas vem aqui na época errada. O ultimo dia do carnaval aqui em Ipanema estava um nojo, a rua parecia um chiqueiro. Fui correndo prá casa (mas hoje o final de tarde estava de gritar!!!!).
Mas vai aqui alguns lugares (talvez já conheça): Dama, Fosfobox, Pista 3, OO, La Cueva, Matriz, Galeria, Piola domingo a noite, Redondo domingo a noite, festas no Joquei, festas no Circo Voador, Buraco da Lacraia (divertidissimo), Lapa 6a feira (vários lugares lá - bem mix). Tudo bem que não tem aquela produção dos lugares de sp, mas diversão é garantida. Achei ótima a idéia do seu proximo post. Inclusive porque os meus amigos mineiros, gauchos, baianos vem prá cá e não tenho nenhuma preocupação. E todo mundo se diverte muuuuuuito.
Só mais uma coisa: leva alguém especial prá jantar no Lulu (Jardim Botanico). Se quiser depois mando lugares "off road" para comer.... Abraços.
P.S.: ADORO sp e meus amigos paulistas.
@ ANDRÉ: valeu pela resposta, nada com que se desculpar. Entendo perfeitamente qdo vc fala em "época errada", tanto é que vou o ano todo praí e muitas vezes evito justamente Réveillon e Carnaval.
Dos lugares que vc cita, não conheço apenas a Pista 3 (afinal, a Maja está sendo feita há pouquíssimas semanas ! mas sei q é na SJB), a Casa da Matriz (curto rock em casa, mas não na night) e o Buraco da Lacraia - não por falta de vontade, mas pq meus amigos cariocas são todos metidos a finos e JAMAIS me acompanhariam a um lugar desses, já tentei de todo jeito... queria muito ir lá, e tb à 1140, tenho certeza de que vou encontrar muita gente legal, não só bichinha como tb uns caras bacanas, gostosos e sem as frescuras e 'viciosidades' do eixo Ipa-Copa.
Ah sim, o Lulu eu tb não conheço, se não me engano li algo a respeito na Elle... mas restaurantes especiais dependem de companhias especiais, como vc disse... anyway, valeu pela dica ! Se quiser manter contato, pega meu email: thiago78@gmail.com. Abraço !
Amen !!
Mal acredito que to lendo um paulistano...
Esse carnaval no rio foi tudo mesmo, e os cariocas estao de parabens.
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