Uma boa chocolatada feita na panela e engrossada com leite condensado, com textura aveludada, para encher a xícara e repetir. Massas com molhos espessos, sem economizar no creme de leite. Suflês gratinados com bastante queijo gruyère. Fondue. Petit gâteau. O frio abre o apetite, e as comidas que apetecem são as mais calóricas possíveis. O problema é que o inverno passa rápido, mas livrar-se dos quilos acumulados demora bem mais - sobretudo quando já não se é mais um(a) garotinho(a). Como estou engajado no projeto Tio+20 para envelhecer com dignidade, tratei de buscar alternativas de comidas quentinhas que não fizessem tanto estrago na balança. Divido com vocês duas dicas paulistanas que caem superbem nos dias frios e não comprometem tanto a silhueta.
A primeira é o Tea Connection, um lugarzinho pra lá de aconchegante na Alameda Lorena, nos Jardins. Primeira filial brasileira de um negócio que tem meia dúzia de endereços em Buenos Aires, eles têm o foco principal no chá, com uma carta extensa de opções, entre chás pretos, vermelhos, verdes e infusões, com aromas que convencem até os mais céticos, como eu. O cardápio de comidas é interessantíssimo, com uma pegada saudável, sem ser natureba, com saladas, wraps e pratos com um pé no étnico e outro no moderninho. Comi ali uma das duas ou três melhores saladas da minha vida: rúcula, queijo brie, cogumelos portobello, pistaches assados e um chutney de tomate saboroso dando liga nos demais ingredientes. Valeu por uma refeição, sem pesar. Para o calor, eles têm chás gelados, sucos e umas águas de frutas bem refrescantes; para os momentos de indulgência, servem sobremesas como a argentiníssima chocotorta.
O outro lugarzinho estratégico é o Lamen Kazu, clássico bom-bonito-e-barato da Liberdade. Trata-se de um restaurante japonês especializado em lamen. Não pensem em macarrão instantâneo tipo Miojo: aqui, a massa é artesanal e vem numa panela de porcelana, imersa num reconfortante caldo que pode ser à base de sal, missô ou shoyu (segundo a escolha do freguês), junto com cebolinha, nabo, lombo cozido e outros ingredientes pedidos à parte. Minha pedida de sempre é o shoyu tyashu, com caldo de shoyu, três fatias extras de lombo, mais milho e manteiga por minha conta. Você toma o caldo com uma colher de porcelana e ao mesmo tempo vai pinçando os ingredientes sólidos com hashis. Comfort food de japonês é isso aí. O lugar é pequeno, vive cheio e fecha cedo (às 22h30, mas antes disso eles param de aceitar clientes que já não estejam lá dentro). A qualidade da comida e o preço realmente honesto ajudam a explicar o sucesso do lugar.