Se em 2011 só deu Adele, este parece ser o ano de Lana Del Rey. Pelo menos entre as bilus que estão sempre procurando uma nova cantora para chamar de sua. Vários amigos meus já adotaram, e eu acho que ela tem mesmo potencial para virar uma diva gay. O clipe de "Born To Die", com aquela aura de mistério e todo aquele carão poderoso, é queer até a medula, e certamente será refeito por drag queens em palcos diversos mundo afora. O disco, irregular, tem alguns bons momentos, mas não tem apelo radiofônico. O que é ótimo, pois a superexposição pode ser uma praga: vide a própria Adele, que orkutizou tanto que virou tema de novela e até nome de rua em Santo Amaro.É evidente que tudo em Lana Del Rey é fabricado, dos lábios botocadérrimos à tal "aura de mistério" do vídeo. Mas ingênuos seríamos nós de acreditar que o universo pop ainda tem artistas crus, seminais e autênticos. A própria noção de autenticidade virou clichê, assim como o rótulo de "alternative rock" que rádios e lojas dos Estados Unidos colam em bandas que há muito viraram mainstream, como Green Day e Foo Fighters. Alternativo a quê, cara-pálida?
Melhor deixar essa discussão de lado e se inspirar pela voz lânguida e derramada de Lana, que, se bem trabalhada, pode render até bons hinos de pista. O André Garça fez um rework de "Video Games" que me deixou simplesmente pretérito. Ele jogou uma linha de baixo rebolativa, acrescentou uma percussãozinha pra dar aquela latinizada (bem sutil e chique), e transformou o que era um momento introspectivo e invernal em um vulcão house, sofisticado e sensual. E o melhor, soube fazer isso sem descaracterizar Lana. As guei vão tudo pirar: o remix ficou perfeito para colocar uns óculos bem caros e sair jogando o ombrinho e dando close por aí. Confira o resultado aqui.
