Tirei a noite de ontem para ver dois filmes argentinos, Um Conto Chinês e Medianeras, cada um deles bonitinho à sua maneira. As histórias são bastante diferentes entre si, mas trazem um denominador comum: brincam com a questão do acaso, que aproxima pessoas, cruza seus caminhos - ou não.
No primeiro filme, um chinês está prestes a pedir sua amada em casamento, num barquinho típico no meio de um lago, quando uma vaca cai do céu (!?), muda tudo e ele vai parar em Buenos Aires, onde é roubado pelo táxi, termina na sarjeta e conhece o personagem vivido pelo onipresente Ricardo Darín. No segundo, um cara urbanóide-descolado mora no prédio em frente a uma garota urbanóide-descolada, eles têm tudo a ver e tudo para ficar juntos, só que não se conhecem e não sabem disso. Um argumento parecido com o do curta abaixo, que rodou a internet alguns anos atrás.
As duas histórias comportam interpretações que variam com a fé de cada um. Quem acredita no acaso certamente julgará que os personagens foram unidos por casualidades: a bovina calhou de cair do céu logo em cima daquele barquinho, e os pombinhos moderninhos foram entrar no chat justamente na mesma hora. Já quem acredita em destino poderá, tranquilamente, sustentar que as coisas "eram para ser" da maneira que foram, estava tudo escrito.
Saí do cinema ainda mais confuso e indeciso, sem saber em que acredito. Às vezes acho que sou totalmente dono do meu futuro, que tenho milhares de bifurcações diante do meu nariz e o dom de mudar meu caminho a cada nova escolha. Outras, sinto que as bifurcações existem, mas desde o começo já estava escrito quais direções eu iria tomar e onde iria chegar. Seja lá como for, a ignorância parece ser uma bênção. Já quis muito saber como será o amanhã; hoje, acho que sofro menos vivendo um dia de cada vez, fazendo menos planos longos e deixando a vida me levar. Já tenho coisas suficientes para lidar no presente, sem saber o meu futuro.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Rapidinhas gastronômicas
BUTCHER'S MARKET [foto] O segmento de hamburguerias diferenciadas está cada vez mais concorrido em SP. A novidade do pedaço é essa casa, com jeitão de bar e acabamento falsamente rústico, com tijolos aparentes e decoração dentro do tema "açougue". É pequeno e está na moda, ou seja, a espera é inevitável. Testei o mushroom burger, que custa R$27 - sem batatas fritas, pagas à parte. O hambúrguer veio no ponto pedido (gosto da carne realmente malpassada), mas sem sal; por cima, uma fatia de queijo quase desonesta de tão fina, e cogumelos apenas cozidos, sem qualquer tempero. Pelo preço praticado, deveria ser bem melhor. Onde: Rua Bandeira Paulista, 164, Itaim.
COSÍ Escondido em uma rua improvável de Santa Cecília, tem fachada envidraçada e ambiente clean, mas aconchegante. O cardápio, curto, apresenta massas, carnes e risotos, com roupagem contemporânea. Adorei os raviólis de pupunha com creme de limão e camarão - massa delicada, molho leve, recheio surpreendentemente interessante (não sou lá muito chegado em palmito) e camarões carnudos. Gostei tanto que pedi uma segunda porção. A casa abriu recentemente uma filial na Vila Nova Conceição, com preços 20% mais caros. Onde: Rua Barão de Tatuí, 302, Santa Cecília.
PIAZZA 36 Quem trabalha ou circula pelo centro velho da cidade tem poucas opções charmosas para o almoço. Faltam lugares que preencham o hiato entre os quilos populares e os restaurantes mais tradicionais, caros para o dia-a-dia. Esta casa fica no meio do caminho: por um preço fixo (R$49 por pessoa) oferece uma convidativa de mesa de saladas, antepastos e petiscos, e mais dois pratos quentes por dia - normalmente uma massa e um risoto, que podem ser acompanhados por um grelhado. Tudo bem apresentado e gostoso. Onde: Praça da República, 36, Centro (fica na esquina da Rua Basílio da Gama).
NOU Uma graça esse lugar! Casa pequena, com cara de residência adaptada e algumas mesas no quintal, na parte mais tranquila de Pinheiros. O cardápio segue uma linha até trivial, mas com pitadas de bossa. Um exemplo bem ilustrativo é o bife à milanesa, empanado numa macia crosta de pão e acompanhado por um risoto de limão-siciliano de delicado perfume. Durante a semana, serve almoço executivo a R$27,90 - as opções do dia, escritas numa lousa, incluem truta com linguini ao pesto de rúcula e medalhão ao gorgonzola com batata rösti. Onde: Rua Ferreira de Araújo, 419, Pinheiros.
FIGO A poucos passos do Parque do Ibirapuera, esse restaurante bonitinho é outro que segue a linha contemporânea, com pratos como a fraldinha na cerveja com cebola caramelizada e o camarão thai ao curry, com leite de coco, abacaxi e arroz de jasmim. As mesas mais disputadas ficam numa espécie de varanda coberta, na frente da casa. Muito simpática, a chef passa pelas mesas para saber se a comida agradou. Onde: Rua Diogo Jácome, 372, Vila Nova Conceição.
[Foto: Fernando Moraes/VEJA]
COSÍ Escondido em uma rua improvável de Santa Cecília, tem fachada envidraçada e ambiente clean, mas aconchegante. O cardápio, curto, apresenta massas, carnes e risotos, com roupagem contemporânea. Adorei os raviólis de pupunha com creme de limão e camarão - massa delicada, molho leve, recheio surpreendentemente interessante (não sou lá muito chegado em palmito) e camarões carnudos. Gostei tanto que pedi uma segunda porção. A casa abriu recentemente uma filial na Vila Nova Conceição, com preços 20% mais caros. Onde: Rua Barão de Tatuí, 302, Santa Cecília.
PIAZZA 36 Quem trabalha ou circula pelo centro velho da cidade tem poucas opções charmosas para o almoço. Faltam lugares que preencham o hiato entre os quilos populares e os restaurantes mais tradicionais, caros para o dia-a-dia. Esta casa fica no meio do caminho: por um preço fixo (R$49 por pessoa) oferece uma convidativa de mesa de saladas, antepastos e petiscos, e mais dois pratos quentes por dia - normalmente uma massa e um risoto, que podem ser acompanhados por um grelhado. Tudo bem apresentado e gostoso. Onde: Praça da República, 36, Centro (fica na esquina da Rua Basílio da Gama).
NOU Uma graça esse lugar! Casa pequena, com cara de residência adaptada e algumas mesas no quintal, na parte mais tranquila de Pinheiros. O cardápio segue uma linha até trivial, mas com pitadas de bossa. Um exemplo bem ilustrativo é o bife à milanesa, empanado numa macia crosta de pão e acompanhado por um risoto de limão-siciliano de delicado perfume. Durante a semana, serve almoço executivo a R$27,90 - as opções do dia, escritas numa lousa, incluem truta com linguini ao pesto de rúcula e medalhão ao gorgonzola com batata rösti. Onde: Rua Ferreira de Araújo, 419, Pinheiros.
FIGO A poucos passos do Parque do Ibirapuera, esse restaurante bonitinho é outro que segue a linha contemporânea, com pratos como a fraldinha na cerveja com cebola caramelizada e o camarão thai ao curry, com leite de coco, abacaxi e arroz de jasmim. As mesas mais disputadas ficam numa espécie de varanda coberta, na frente da casa. Muito simpática, a chef passa pelas mesas para saber se a comida agradou. Onde: Rua Diogo Jácome, 372, Vila Nova Conceição.
[Foto: Fernando Moraes/VEJA]
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Chateaubriand, coerência e companhias
Ontem participei de uma entrevista coletiva com o José Nêumanne Pinto, jornalista e escritor que lançou em agosto o livro O que eu sei de Lula. A obra faz uma interpretação muito pessoal do processo de ascensão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de aspectos insólitos colhidos nos bastidores - e, por isso, vem causando certo alvoroço no meio político. Ainda não li o livro, mas, nas entrevistas que tem feito, Nêumanne (que é uma figura!) acaba dando uma boa ideia do que se pode esperar da leitura - nesta aqui, por exemplo, ele deu várias declarações repetidas ontem diante de nossos bloquinhos e gravadores.
Nêumanne conhece Lula desde 1975 e acompanhou de camarote sua escalada política, desde as primeiras conquistas até a construção de sua figura mítica e intocável. Ele nutre sentimentos ambíguos pelo ex-presidente: ao mesmo tempo, acha o cara um gênio, "o maior político brasileiro de todos os tempos", "o maior self-made man da história do capitalismo" e também um grande picareta, por razões que comenta publicamente, mas talvez tenha preferido não registrar no livro. Mas não deixa de reconhecer, e até admirar, os méritos e predicados que ajudaram o metalúrgico a chegar onde chegou. Lula nunca teve hábitos de leitura, mas aprendeu rápido pelo ouvido, absorvendo o que lhe era dito. Tornou-se um excelente comunicador, falando a língua do outro. E subiu na vida apoiando-se sobretudo em sua vocação para conciliar.
"O Brasil teve grandes conciliadores, e Lula reúne as virtudes de todos eles. Ele tomava cachaça com dona Marisa num boteco em São Bernardo e conseguia unia correntes sindicais que não se bicavam”, recordou Nêumanne. “Foi o primeiro cara que uniu a esquerda", continuou, lembrando que depois Lula fez alianças até mesmo com as figuras políticas mais execráveis, como Collor e Sarney. Uma manobra desonrosa, em que Lula traiu a própria história? Curiosamente, Nêumanne não pensa assim, e se justifica com uma das pérolas de autoria do sujeito que ilustra este texto. "Já dizia Assis Chateaubriand: a coerência é a virtude dos imbecis". Ou seja, esperto foi Lula, que transitou e manobrou conforme a conveniência. Sabendo se adaptar ao meio, chegou mais longe. Depois da entrevista, interceptei Nêumanne na entrada do elevador e perguntei se ele considerava esse ensinamento válido em todas as esferas, incluindo a vida privada. "Claro que sim", respondeu, enquanto a porta se fechava.
Fiz um rápido retrospecto e concluí que minhas relações pessoais haviam sido pautadas justamente pela coerência. Sempre fui a mesma pessoa, nunca usei máscaras e nem mudei o discurso no meio do caminho. Quando me deparei com pessoas que agiram contra valores que eu considerava importantes, afastei-me delas. Também tesourei aqueles que só estavam disponíveis quando lhes interessava, ou que queriam apenas se aproveitar de mim. Sempre fiz questão de não me cercar de gente falsa, calhorda, parasita, interesseira, com quem eu não pudesse contar. Para mim, só fazia sentido ser coerente. Por outro lado, se puser as coisas dentro dessa lógica do Nêumanne, concluirei que eu fechei portas sem necessidade e me isolei, quando deveria ter feito o contrário: tirado proveito dos outros e feito alianças circunstanciais. Talvez um dia eu me arrependa disso. Hoje, eu ainda acho que, ao se cercar más companhias, a gente mais perde do que ganha. Quem dorme com cães acorda com pulgas.
Nêumanne conhece Lula desde 1975 e acompanhou de camarote sua escalada política, desde as primeiras conquistas até a construção de sua figura mítica e intocável. Ele nutre sentimentos ambíguos pelo ex-presidente: ao mesmo tempo, acha o cara um gênio, "o maior político brasileiro de todos os tempos", "o maior self-made man da história do capitalismo" e também um grande picareta, por razões que comenta publicamente, mas talvez tenha preferido não registrar no livro. Mas não deixa de reconhecer, e até admirar, os méritos e predicados que ajudaram o metalúrgico a chegar onde chegou. Lula nunca teve hábitos de leitura, mas aprendeu rápido pelo ouvido, absorvendo o que lhe era dito. Tornou-se um excelente comunicador, falando a língua do outro. E subiu na vida apoiando-se sobretudo em sua vocação para conciliar.
"O Brasil teve grandes conciliadores, e Lula reúne as virtudes de todos eles. Ele tomava cachaça com dona Marisa num boteco em São Bernardo e conseguia unia correntes sindicais que não se bicavam”, recordou Nêumanne. “Foi o primeiro cara que uniu a esquerda", continuou, lembrando que depois Lula fez alianças até mesmo com as figuras políticas mais execráveis, como Collor e Sarney. Uma manobra desonrosa, em que Lula traiu a própria história? Curiosamente, Nêumanne não pensa assim, e se justifica com uma das pérolas de autoria do sujeito que ilustra este texto. "Já dizia Assis Chateaubriand: a coerência é a virtude dos imbecis". Ou seja, esperto foi Lula, que transitou e manobrou conforme a conveniência. Sabendo se adaptar ao meio, chegou mais longe. Depois da entrevista, interceptei Nêumanne na entrada do elevador e perguntei se ele considerava esse ensinamento válido em todas as esferas, incluindo a vida privada. "Claro que sim", respondeu, enquanto a porta se fechava.
Fiz um rápido retrospecto e concluí que minhas relações pessoais haviam sido pautadas justamente pela coerência. Sempre fui a mesma pessoa, nunca usei máscaras e nem mudei o discurso no meio do caminho. Quando me deparei com pessoas que agiram contra valores que eu considerava importantes, afastei-me delas. Também tesourei aqueles que só estavam disponíveis quando lhes interessava, ou que queriam apenas se aproveitar de mim. Sempre fiz questão de não me cercar de gente falsa, calhorda, parasita, interesseira, com quem eu não pudesse contar. Para mim, só fazia sentido ser coerente. Por outro lado, se puser as coisas dentro dessa lógica do Nêumanne, concluirei que eu fechei portas sem necessidade e me isolei, quando deveria ter feito o contrário: tirado proveito dos outros e feito alianças circunstanciais. Talvez um dia eu me arrependa disso. Hoje, eu ainda acho que, ao se cercar más companhias, a gente mais perde do que ganha. Quem dorme com cães acorda com pulgas.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Créu ou crau
No segundo dia do Curso Estado de Jornalismo, logo cedo pela manhã, uma mulher entrou na sala dos focas, que já a aguardavam. Encheu os pulmões de ar, abriu a boca e desatou a falar, falar e falar. Emendava uma na outra, ágil, esperta, verborrágica. Aquela era uma carioca que dançava o créu na velocidade 5, e nunca perdia o rebolado. Diante daquela criatura tão agitada, fiquei entre perplexo e maravilhado. "Mas o que foi que deram para essa mulher tomar?". Estávamos tão interessados que a aula evaporou e metade do grupo cercou a coitada, que quase perdeu a hora de almoço. A mulher parecia incansável, e queríamos sugar todo o néctar dela.
Não tive dúvidas: aquela era uma típica representante da minha nova profissão. Reconheci nela algo muito familiar, tive a mesma sensação que já experimentara quando me metia em rodinhas de jornalistas, nos bares e festas da vida. Verdadeiras metralhadoras giratórias, eles tiravam da manga os assuntos mais variados e díspares, cruzavam mil referências, estavam sempre ligados em tudo, em uma vígilia constante do que se passava no mundo, na TV, nas bolsas de valores, nas paradas de sucesso. Perto deles, eu era uma ameba lenta e analógica, sem a menor condição de acompanhar aquele comboio supersônico frenético que era mezzo enciclopédia, mezzo anfetamina.
Aos poucos, acredito que o Curso nos deixará mais próximos desses seres elétricos. Não falo aqui de experiência ou conhecimento, que só virão com o tempo e as inevitáveis cabeçadas, mas de sintonia, velocidade, ritmo. Estamos no décimo sexto dia, e até agora não tivemos um único dia de descanso - quando não tem aula, tem pauta para bolar na rua e reportagem para fazer. E olha que a brincadeira mal começou. Quando entrarmos nas redações, e tivermos que conciliar também as demandas do trabalho, os plantões, aí sim entenderemos porque nossos veteranos são tão acelerados, e entraremos no mesmo esquema. Não tem outro jeito: é créu ou crau, afinal o tempo urge e o fechamento se aproxima.
E quem disse que os jornalistas não gostam? Filomena Salemme, papisa do rádio que veio nos fazer uma visita um dia desses, não quer outra coisa da vida. "Sabe quando a gente fica feliz? Quando muda tudo, e a gente tem que sair correndo. Amamos essa adrenalina!". O que eu acho de tudo isso? Quando eu era advogado, havia alguma reviravolta no processo e eu tinha que sair correndo para apagar o incêndio, confesso que eu não gostava muito, não. Agora que deixei para trás aquele mundo de mogno, mármore e carpete, no qual eu parecia congelado para sempre, tudo ganha um novo sentido. Sinto-me vivo outra vez, novas possibilidades estão se abrindo e vejo uma onda de excitação me contagiar. Se for preciso correr, então vam'bora! O Jornalismo, que parecia tão distante, está prestes a me tragar em seu redemoinho. Não parem o mundo, que eu não quero descer.
Não tive dúvidas: aquela era uma típica representante da minha nova profissão. Reconheci nela algo muito familiar, tive a mesma sensação que já experimentara quando me metia em rodinhas de jornalistas, nos bares e festas da vida. Verdadeiras metralhadoras giratórias, eles tiravam da manga os assuntos mais variados e díspares, cruzavam mil referências, estavam sempre ligados em tudo, em uma vígilia constante do que se passava no mundo, na TV, nas bolsas de valores, nas paradas de sucesso. Perto deles, eu era uma ameba lenta e analógica, sem a menor condição de acompanhar aquele comboio supersônico frenético que era mezzo enciclopédia, mezzo anfetamina.
Aos poucos, acredito que o Curso nos deixará mais próximos desses seres elétricos. Não falo aqui de experiência ou conhecimento, que só virão com o tempo e as inevitáveis cabeçadas, mas de sintonia, velocidade, ritmo. Estamos no décimo sexto dia, e até agora não tivemos um único dia de descanso - quando não tem aula, tem pauta para bolar na rua e reportagem para fazer. E olha que a brincadeira mal começou. Quando entrarmos nas redações, e tivermos que conciliar também as demandas do trabalho, os plantões, aí sim entenderemos porque nossos veteranos são tão acelerados, e entraremos no mesmo esquema. Não tem outro jeito: é créu ou crau, afinal o tempo urge e o fechamento se aproxima.
E quem disse que os jornalistas não gostam? Filomena Salemme, papisa do rádio que veio nos fazer uma visita um dia desses, não quer outra coisa da vida. "Sabe quando a gente fica feliz? Quando muda tudo, e a gente tem que sair correndo. Amamos essa adrenalina!". O que eu acho de tudo isso? Quando eu era advogado, havia alguma reviravolta no processo e eu tinha que sair correndo para apagar o incêndio, confesso que eu não gostava muito, não. Agora que deixei para trás aquele mundo de mogno, mármore e carpete, no qual eu parecia congelado para sempre, tudo ganha um novo sentido. Sinto-me vivo outra vez, novas possibilidades estão se abrindo e vejo uma onda de excitação me contagiar. Se for preciso correr, então vam'bora! O Jornalismo, que parecia tão distante, está prestes a me tragar em seu redemoinho. Não parem o mundo, que eu não quero descer.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Uma questão de tato
Uma das coisas que mais chamaram a minha atenção na minha última viagem aos Estados Unidos foi a falta de contato físico entre as pessoas. As pessoas se cumprimentam com distantes apertos de mão, isso quando não se limitam a um aceno com a cabeça. Beijos são reservados para pessoas muito íntimas (os de língua são horríveis, diga-se de passagem). Abraços, apenas quando se dá parabéns no aniversário, ou pêsames à viúva, e ainda assim estritamente protocolares. Num bar ou boate, a própria paquera se mantém dentro de limites: não se veem casais se beijando, abraçados ou mesmo de mãos dadas.
Concluí que eu era o destoante ali, pelo fato de ser brasileiro, supondo que nossa cultura era "latina", "passional", "caliente" e outras pérolas do senso comum. No entanto, já de volta ao Brasil, estou vivendo um choque cultural parecido, no curso que estou fazendo no Estadão. Somos 30 jovens jornalistas (a maioria entre 23 e 26 anos), de várias regiões do Brasil - metade do grupo veio de outros Estados do Sudeste, do Sul e do Nordeste, e há duas meninas de Brasília. Passamos oito horas por dia juntos, e a tendência é que o grupo se aproxime ainda mais, com a intensificação do ritmo de atividades e as viagens que foram programadas pelo curso. Estudamos, conversamos, almoçamos, rimos, eventualmente bebemos. Pois bem, já estamos nesse grude há quinze dias, e as pessoas ainda se cumprimentam com um "bom dia" dado de longe. Não há beijos ou apertos de mão, quem dirá abraços.
Não sei se outros colegas também estranharam isso. Talvez alguns tenham observado o comportamento contido do grupo e seguido o exemplo. Para mim, essa falta de contato é esquisita. Já me sinto à vontade com vários dos meus colegas, e tenho que ficar me policiando para não tocá-los. Sou um cara muito tátil. Sinto necessidade de expressar meu afeto e isso inclui buscar uma proximidade física, tanto com as garotas como com os rapazes. É natural para mim dar um abraço gostoso na hora de cumprimentar, ou mesmo para manifestar que minha convivência com determinada pessoa está sendo prazerosa, e que eu gosto dela.
Agora que comecei a reparar mais nisso, lembrei que já tinha amigos com quem também existia essa distância física. O mais curioso é que vários deles são pessoas com quem tenho muita intimidade, a ponto de dividir segredos e questões delicadas. Depois da terceira vez em que me dirigi a eles e recebi abraços frios, ossudos, sem aconchego, percebi que eles funcionavam de outra forma. Que gostavam de mim de verdade, mas não realizavam esse afeto no plano físico. Tive que me adaptar, mas às vezes ainda sofro um pouco. Sinto vontade de pegar neles, e com isso mostrar meu carinho, mas sei que nesse particular nós não falamos a mesma língua.
Talvez o ponto fora da curva seja mesmo eu. Parte disso vem da minha criação. Meu pai era um cara extremamente afetuoso, desses que acabam sendo a amálgama do grupo. Era ele quem agitava os encontros dos amigos da faculdade, uma turma que permanece unida até hoje. Tê-lo perdido cedo, com tanta coisa sem ter sido dita, me ensinou a não deixar passar as oportunidades de expressar meus sentimentos às pessoas de que eu gosto. Ainda assim, sou forçado a podar minha natureza para não me sentir inadequado. Afinal, não tem nada mais constrangedor do que não ser correspondido no abraço (como naquelas fotos famosas em que fãs da Britney Spears abraçavam a cantora e ela fazia cara de nojinho), ou mesmo se despedir de alguém ao telefone com "um beijo", e receber de volta "um abraço" ou mesmo um "até mais". Nessas horas, dá vontade de pedir desculpas e desaparecer. Ops, foi mal aê.
Concluí que eu era o destoante ali, pelo fato de ser brasileiro, supondo que nossa cultura era "latina", "passional", "caliente" e outras pérolas do senso comum. No entanto, já de volta ao Brasil, estou vivendo um choque cultural parecido, no curso que estou fazendo no Estadão. Somos 30 jovens jornalistas (a maioria entre 23 e 26 anos), de várias regiões do Brasil - metade do grupo veio de outros Estados do Sudeste, do Sul e do Nordeste, e há duas meninas de Brasília. Passamos oito horas por dia juntos, e a tendência é que o grupo se aproxime ainda mais, com a intensificação do ritmo de atividades e as viagens que foram programadas pelo curso. Estudamos, conversamos, almoçamos, rimos, eventualmente bebemos. Pois bem, já estamos nesse grude há quinze dias, e as pessoas ainda se cumprimentam com um "bom dia" dado de longe. Não há beijos ou apertos de mão, quem dirá abraços.
Não sei se outros colegas também estranharam isso. Talvez alguns tenham observado o comportamento contido do grupo e seguido o exemplo. Para mim, essa falta de contato é esquisita. Já me sinto à vontade com vários dos meus colegas, e tenho que ficar me policiando para não tocá-los. Sou um cara muito tátil. Sinto necessidade de expressar meu afeto e isso inclui buscar uma proximidade física, tanto com as garotas como com os rapazes. É natural para mim dar um abraço gostoso na hora de cumprimentar, ou mesmo para manifestar que minha convivência com determinada pessoa está sendo prazerosa, e que eu gosto dela.
Agora que comecei a reparar mais nisso, lembrei que já tinha amigos com quem também existia essa distância física. O mais curioso é que vários deles são pessoas com quem tenho muita intimidade, a ponto de dividir segredos e questões delicadas. Depois da terceira vez em que me dirigi a eles e recebi abraços frios, ossudos, sem aconchego, percebi que eles funcionavam de outra forma. Que gostavam de mim de verdade, mas não realizavam esse afeto no plano físico. Tive que me adaptar, mas às vezes ainda sofro um pouco. Sinto vontade de pegar neles, e com isso mostrar meu carinho, mas sei que nesse particular nós não falamos a mesma língua.
Talvez o ponto fora da curva seja mesmo eu. Parte disso vem da minha criação. Meu pai era um cara extremamente afetuoso, desses que acabam sendo a amálgama do grupo. Era ele quem agitava os encontros dos amigos da faculdade, uma turma que permanece unida até hoje. Tê-lo perdido cedo, com tanta coisa sem ter sido dita, me ensinou a não deixar passar as oportunidades de expressar meus sentimentos às pessoas de que eu gosto. Ainda assim, sou forçado a podar minha natureza para não me sentir inadequado. Afinal, não tem nada mais constrangedor do que não ser correspondido no abraço (como naquelas fotos famosas em que fãs da Britney Spears abraçavam a cantora e ela fazia cara de nojinho), ou mesmo se despedir de alguém ao telefone com "um beijo", e receber de volta "um abraço" ou mesmo um "até mais". Nessas horas, dá vontade de pedir desculpas e desaparecer. Ops, foi mal aê.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
SPRW: Prato meio vazio
Quem diria: estou perdendo o tesão na São Paulo Restaurant Week.
A cada nova edição do festival, eu repetia o ritual: entrava no site, estudava os cardápios de cada uma das centenas de casas participantes e montava uma programação, feito aqueles cinéfilos em véspera de Mostra. Depois, ainda dividia minha seleção no blog e no Facebook. Desta vez, não me sinto motivado a repetir a dose. Há erros e acertos, tive experiências que valeram a pena, outras nem tanto. Mas os inconvenientes têm pesado cada vez mais.
Pra começar, com a popularidade do evento, as casas estão invariavelmente lotadas, e muitas passaram a reservar mesas com antecedência, então você liga e eles já não têm mais vaga até o fim do festival. Em relação aos menus, sempre foi preciso fazer uma peneira para achar pratos interessantes. Para continuar fechando a conta no preço estipulado pelo festival, os restaurantes foram diminuindo o tamanho das porções, e hoje em dia a esmagadora maioria serve pratos tão reduzidos que o comensal nem chega a saborear a comida direito.
Isso sem falar que o fator economia, principal chamariz da SPRW, está cada vez mais relativo. A conta não fica nos R$32 ou R$42 por pessoa anunciados, pois o preço dos menus não inclui o couvert sorrateiramente deixado sobre a mesa, as bebidas cada vez mais inflacionadas (o Santa Gula cobra quase R$9 por um suco de tangerina!), nem o serviço. Movido pelo apelo de aproveitar a duração limitada do festival, você acaba comendo fora muito mais vezes e gastando muito mais dinheiro no fim do mês do que num período normal, o que significa que a SPRW acaba saindo uma brincadeira cara.
No fim das contas, acaba valendo mais a pena ir aos restaurantes fora da SPRW, nem que seja para pedir apenas o prato principal. Para gastar a mesma coisa do festival, você sacrifica a entrada e/ou a sobremesa, mas pelo menos recebe um prato feito e servido com boa vontade (ainda existem casas que tratam o cliente da SPRW como cidadão de segunda classe), numa porção honesta, sem cara de amostra grátis. E sem passar pelo perrengue de reservas, filas e lotação, que vai deixando a experiência de comer fora cada vez menos prazerosa.
A cada nova edição do festival, eu repetia o ritual: entrava no site, estudava os cardápios de cada uma das centenas de casas participantes e montava uma programação, feito aqueles cinéfilos em véspera de Mostra. Depois, ainda dividia minha seleção no blog e no Facebook. Desta vez, não me sinto motivado a repetir a dose. Há erros e acertos, tive experiências que valeram a pena, outras nem tanto. Mas os inconvenientes têm pesado cada vez mais.
Pra começar, com a popularidade do evento, as casas estão invariavelmente lotadas, e muitas passaram a reservar mesas com antecedência, então você liga e eles já não têm mais vaga até o fim do festival. Em relação aos menus, sempre foi preciso fazer uma peneira para achar pratos interessantes. Para continuar fechando a conta no preço estipulado pelo festival, os restaurantes foram diminuindo o tamanho das porções, e hoje em dia a esmagadora maioria serve pratos tão reduzidos que o comensal nem chega a saborear a comida direito.
Isso sem falar que o fator economia, principal chamariz da SPRW, está cada vez mais relativo. A conta não fica nos R$32 ou R$42 por pessoa anunciados, pois o preço dos menus não inclui o couvert sorrateiramente deixado sobre a mesa, as bebidas cada vez mais inflacionadas (o Santa Gula cobra quase R$9 por um suco de tangerina!), nem o serviço. Movido pelo apelo de aproveitar a duração limitada do festival, você acaba comendo fora muito mais vezes e gastando muito mais dinheiro no fim do mês do que num período normal, o que significa que a SPRW acaba saindo uma brincadeira cara.
No fim das contas, acaba valendo mais a pena ir aos restaurantes fora da SPRW, nem que seja para pedir apenas o prato principal. Para gastar a mesma coisa do festival, você sacrifica a entrada e/ou a sobremesa, mas pelo menos recebe um prato feito e servido com boa vontade (ainda existem casas que tratam o cliente da SPRW como cidadão de segunda classe), numa porção honesta, sem cara de amostra grátis. E sem passar pelo perrengue de reservas, filas e lotação, que vai deixando a experiência de comer fora cada vez menos prazerosa.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Centrão, terra estrangeira
Minha primeira missão como "foca" do Curso de Jornalismo do Estadão começou às 9h30 da manhã do último sábado, em plena Praça da Sé. Eu e meus 29 colegas encontramos um de nossos professores para um rápido giro pelo Centro - que pelo menos metade do grupo não conhecia, já que muitos alunos são de outras regiões do Brasil. Depois do tour de contato, que foi bem pouco esclarecedor, o grupo se dispersou e cada um tinha que achar sua própria pauta e produzir uma reportagem, que seria entregue por e-mail no dia seguinte. Podia ser qualquer coisa, desde que surgisse no Centro. Decidi investigar como a cidade mais cosmopolita do país estava tratando seus visitantes estrangeiros, a menos de três anos da Copa do Mundo.
Para isso, tirei partido da minha genética calabresa e me passei por um turista gringo - James Hetfield, norte-americano, nice to meet you. Saí com cara de perdido, pedindo informações básicas (onde encontro um banheiro público? como faço pra chegar na Paulista?) e, como era de se esperar, a maior parte das pessoas não conseguiu interagir comigo. Na feira de artesanato da República, eu apontava a mercadoria e o dono da barraca me mostrava o preço digitando os algarismos no telefone celular. Nas bancas de jornal ou no comércio local, não foi muito diferente. Entre os bares e restaurantes, só lugares maiores, como Almanara, O Gato Que Ri e Bar da Dona Onça tinham cardápios em inglês - e nem sempre garçons que conseguissem se comunicar em outra língua.
Ainda como falso turista, testei um dos Centros de Informação Turística oferecidos pela São Paulo Turismo. O quiosque da República era novinho e a atendente, muito solícita, tinha um inglês bastante satisfatório - com erros de tradução tipicamente brasileiros, é verdade, mas nada que comprometesse seu trabalho. Eu disse que estava caindo de paraquedas na cidade e não tinha ideia do que fazer e ela, paciente, me deu explicações por quase uma hora. Ponto para ela. Quando pedi que me recomendasse uma boa balada, ela me disse para pegar a linha 4 (amarela) do metrô e o trem da CPTM até a Vila Olímpia - "os lugares de música eletrônica estão todos nessa área", explicou, desenhando um grande quadrado no mapa. Gafe dupla: a linha 4 não opera nos fins de semana, e a Vila Olímpia deixou de ser conhecida pelas baladas há muito tempo. Imaginei como um gringo desavisado ia pastar no meu lugar, andando desenganado pelo bairro. Quando perguntei sobre restaurantes, ela se limitou a dizer "Caminhe pelos Jardins, estão todos lá". Ah, tá.
Depois disso, me despi do personagem e saí à caça de turistas gringos para entrevistar. Queria saber como estavam sentindo a recepção e também suas impressões sobre o Centro. Cruzei com gente da Espanha, Holanda, Alemanha e até Nova Zelândia. Todos reconheceram que faltava gente que falasse inglês com eles, mas boa parte já tinha se preparado psicologicamente para isso, e alguns até carregavam aqueles livrinhos de português para viagem. Apesar das falhas de comunicação, a buena onda do brasileiro acabava pesando a favor na avaliação. Em relação ao Centro, atrações como o Mercado Municipal e a Pinacoteca agradavam, mas não faltaram comentários sobre a sujeira, os mendigos e o cheiro de urina em alguns lugares. E pensar que, antes da revitalização, a coisa era muito pior...
Terminei minha apuração conversando com os funcionários de alguns hotéis da região. Eles contaram que o eixo Paulista-Jardins ainda é o preferido pelos turistas, mas o Centro também tem uma clientela cativa, pela própria posição geográfica "perto de tudo", pelo fácil acesso à rede de metrô e pelos preços mais em conta. Quando perguntei se achavam que a cidade estava preparada para receber os turistas para a Copa, ouvi críticas das mais variadas, e uma delas chamou minha atenção. "Se uma simples feira de negócios como a Couromodas esgota os leitos da cidade, e obriga os visitantes a dormir em Santo André, Guarulhos e Itaquá, como será com os milhares de torcedores que virão ver os jogos?", perguntou a recepcionista do Marabá. Pelo visto, o buraco é mais embaixo do que eu pensava - e ainda temos muita lição de casa pela frente.
Para isso, tirei partido da minha genética calabresa e me passei por um turista gringo - James Hetfield, norte-americano, nice to meet you. Saí com cara de perdido, pedindo informações básicas (onde encontro um banheiro público? como faço pra chegar na Paulista?) e, como era de se esperar, a maior parte das pessoas não conseguiu interagir comigo. Na feira de artesanato da República, eu apontava a mercadoria e o dono da barraca me mostrava o preço digitando os algarismos no telefone celular. Nas bancas de jornal ou no comércio local, não foi muito diferente. Entre os bares e restaurantes, só lugares maiores, como Almanara, O Gato Que Ri e Bar da Dona Onça tinham cardápios em inglês - e nem sempre garçons que conseguissem se comunicar em outra língua.
Ainda como falso turista, testei um dos Centros de Informação Turística oferecidos pela São Paulo Turismo. O quiosque da República era novinho e a atendente, muito solícita, tinha um inglês bastante satisfatório - com erros de tradução tipicamente brasileiros, é verdade, mas nada que comprometesse seu trabalho. Eu disse que estava caindo de paraquedas na cidade e não tinha ideia do que fazer e ela, paciente, me deu explicações por quase uma hora. Ponto para ela. Quando pedi que me recomendasse uma boa balada, ela me disse para pegar a linha 4 (amarela) do metrô e o trem da CPTM até a Vila Olímpia - "os lugares de música eletrônica estão todos nessa área", explicou, desenhando um grande quadrado no mapa. Gafe dupla: a linha 4 não opera nos fins de semana, e a Vila Olímpia deixou de ser conhecida pelas baladas há muito tempo. Imaginei como um gringo desavisado ia pastar no meu lugar, andando desenganado pelo bairro. Quando perguntei sobre restaurantes, ela se limitou a dizer "Caminhe pelos Jardins, estão todos lá". Ah, tá.
Depois disso, me despi do personagem e saí à caça de turistas gringos para entrevistar. Queria saber como estavam sentindo a recepção e também suas impressões sobre o Centro. Cruzei com gente da Espanha, Holanda, Alemanha e até Nova Zelândia. Todos reconheceram que faltava gente que falasse inglês com eles, mas boa parte já tinha se preparado psicologicamente para isso, e alguns até carregavam aqueles livrinhos de português para viagem. Apesar das falhas de comunicação, a buena onda do brasileiro acabava pesando a favor na avaliação. Em relação ao Centro, atrações como o Mercado Municipal e a Pinacoteca agradavam, mas não faltaram comentários sobre a sujeira, os mendigos e o cheiro de urina em alguns lugares. E pensar que, antes da revitalização, a coisa era muito pior...
Terminei minha apuração conversando com os funcionários de alguns hotéis da região. Eles contaram que o eixo Paulista-Jardins ainda é o preferido pelos turistas, mas o Centro também tem uma clientela cativa, pela própria posição geográfica "perto de tudo", pelo fácil acesso à rede de metrô e pelos preços mais em conta. Quando perguntei se achavam que a cidade estava preparada para receber os turistas para a Copa, ouvi críticas das mais variadas, e uma delas chamou minha atenção. "Se uma simples feira de negócios como a Couromodas esgota os leitos da cidade, e obriga os visitantes a dormir em Santo André, Guarulhos e Itaquá, como será com os milhares de torcedores que virão ver os jogos?", perguntou a recepcionista do Marabá. Pelo visto, o buraco é mais embaixo do que eu pensava - e ainda temos muita lição de casa pela frente.
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