sexta-feira, 29 de julho de 2011

Minhas descobertas gastronômicas de julho

MARCELINO PAN Y VINO [foto] Instalado num antigo casarão de esquina, tem cara de restaurante durante o dia e de bar quando escurece. O cardápio, assinado pela chef do Lola Bistrot, oferece sanduíches diferentões, saladas e uma seleção bastante concisa de pratos quentes, complementada pelas sugestões do dia escritas numa lousa. Para abrir o apetite, há vários petiscos - as bruschettas de queijo de cabra com compota de tomate são perfeitas. Investi num tortelli de mussarela com tomate fresco e manjericão que estava tão bom que tive que pedir outro (!). Pena que não sobrou espaço para o pavê de brigadeiro. Além do ambiente da foto, há uma varanda com mesas (nos dias frios, os comensais recebem simpáticas mantinhas) e um quintal com duas mesas comunitárias. Se não dá pra dizer que seja despretensioso (porque tudo na Vila Madalena tenta passar essa impressão, que é milimetricamente calculada), o lugar é bem aconchegante, perfeito para um late lunch de sábado. O efeito colateral é que as pessoas terminam de comer e vão ficando, e com isso sobra para quem está na fila esperando mesa. Onde: Rua Girassol, 451, esquina com Wisard, Vila Madalena.

NOOD Esta é a primeira filial brasileira de uma rede de cozinha asiática rápida com casas em Portugal e na Espanha. Quando vi as bobagens escritas no site ("um lugar para estar"! e alguém abre um lugar para as pessoas não irem, ó pá?!), fiquei com um certo pé atrás, mas a curiosidade foi maior e fui conferir. O cardápio atira em várias direções: tem entradinhas (gyoza, espetinhos, camarões empanados), massas servidas como sopa (tipo lamen) ou feitas na wok, carnes (frango, salmão) servidas no prato com arroz japonês e, é claro, o inevitável sushi. Eu e meu amigo testamos três pratos. O que mais agradou, o teriyaki de salmão, era também o mais simples de todos, difícil de errar. O ramen de frango está muito aquém daqueles servidos nos bons noodle bars da Liberdade, como o Lamen Kazu. Quem busca excelência culinária corre o risco de se frustrar. Mas o menu bem eclético, o clima moderninho e os preços corretos devem agradar a paladares menos exigentes. Onde: Rua Pedroso Alvarenga, 890, Itaim.

LA GRASSA Clara e moderna, sem deixar de ser acolhedora, essa cantina tem feito bastante sucesso em uma rua tranquila de Moema. Os sócios também são donos do restaurante Praça São Lourenço. Se naquela casa a opulência do lugar, feito sob medida para encantar turistas, ofusca a qualidade bem mediana da cozinha, aqui a comida está à altura do ambiente. O forte são as massas frescas, como o tagliolini à carbonara, e recheadas, como o tortelli de ricota com tomate fresco, pancetta e rúcula e o ravióli de abóbora na manteiga de sálvia com avelãs douradas. Os preços são justos, uma bênção nestes tempos em que as casas perderam completamente a noção. No almoço durante a semana, pelo preço do prato separado, você também ganha o couvert e a sobremesa - com uma bebida sem álcool e mais os 10% de serviço, sua refeição completa sai por cerca de R$40. Onde: av. Juriti, 32, Moema.

SMU No embalo do fervo do Baixo Augusta, este lugarzinho fofo se apresenta como um smoothie bar. O carro-chefe, portanto, são aquelas bebidas geladas à base de frozen yogurt batido com frutas. São dezenas de combinações, que podem vir com ou sem álcool. Para acompanhá-las, há sanduíches em pão bagel ou ciabatta, além de uma competente cheesecake com várias opções de calda (vá por mim: peça a de doce de leite com lascas de amêndoa!). A casa, que fica aberta até 0h30, tem um certo clima pré-balada, a começar pelo logotipo meio Dancin' Days que muda de cor e enfeita a fachada. As paredes revestidas de ladrilhos negros contrastam com as mesinhas brancas, iluminadas por luzes dicróicas que também mudam de cor, criando um efeito que lembra uma pista de dança. As cartolas dos funcionários dão um toque irreverente. Os preços são bem ok: o combo promocional com um smoothie, um sanduíche e um pedaço de cheesecake sai por R$27,90. Uma opção simpática e original para um lanche rápido na região. Onde: rua Fernando de Albuquerque, 89, Consolação.

BRIGADERIA Depois das temakerias e lojas de frozen yogurt, achei maravilhosa essa onda das docerias especializadas em brigadeiros, que são uma das minhas razões de viver. Mas ainda não tinha visto uma casa que realmente fizesse minha cabeça. A Maria Brigadeiro é pretensiosa, o tamanho de cada docinho é insuficiente, a consistência mais firme não agrada ao meu gosto pessoal e os preços são caríssimos. Esta aqui é a perfeita antítese da outra: os brigadeiros são mais generosos, bem molinhos, desmancham na boca e custam R$3 a unidade. Se a ideia é fazer um agrado a alguém, há embalagens que não deixam nada a desejar para as da concorrente. Entre os sabores, três me conquistaram: Bailey's, suave e nada enjoativo, Vanilla Cookie e Limão (esses dois são feitos com brigadeiro branco). Onde: nos shoppings Market Place, Pátio Paulista e Higienópolis.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Responsabilidade

Claro que eu fiquei triste com a morte da Amy Winehouse. Eu não era um fã ardoroso - gosto de Back to Black de cabo a rabo, e de três músicas dele de forma especial, mas não do álbum anterior, e não quis ir ao show. Em vários momentos da carreira dela, enquanto eu lia as notícias de suas idas e vindas, eu pensei que talvez ela precisasse de mais amor, de braços para os quais ela pudesse correr em busca de carinho, proteção, atenção. Sim, ela tinha talento e sensibilidade. Sim, foi uma perda enorme. Sim, a dependência química é uma doença. Mais do que as homenagens que vieram e virão, Amy merece toda a nossa compaixão.

Por outro lado, por mais que eu tenha me sensibilizado com o que aconteceu, acho que, no calor da comoção, muitas pessoas erraram ao pintar Amy unicamente como uma vítima, como se suas atitudes não tivessem colaborado para que ela tivesse o fim que teve. As pessoas têm livre-arbítrio, e nisso se inserem as decisões de começar a beber e usar drogas. Essas são escolhas individuais, que oferecem riscos, assim como outras tantas atividades lícitas e ilícitas que fazem parte da vida do homem, incluindo fazer sexo, jogar bola e andar de avião. Todo mundo sabe que álcool e drogas oferecem recompensas, mas também fazem mal. Se alguém não sabe disso e/ou não é capaz de fazer o respectivo juízo de valor, então não tem maturidade para usar. Simples assim.

Não é porque certas substâncias afetam a nossa capacidade de avaliação que deixamos de ser responsáveis por aquilo que nos acontece. Cabe a cada um segurar a própria onda, nem que seja para ter alguém de confiança por perto nos momentos mais vulneráveis, evitando comportamentos de risco, como dirigir um carro, por exemplo. O bêbado não consegue tomar uma decisão prudente, o drogado não percebe onde está a zona de perigo? Oras, então não vá pirar o cabeção sozinho! À liberdade de agir como um adulto, corresponde o dever de se proteger e não fazer burradas. E quando a coisa foge de controle, se a pessoa não tem o discernimento e/ou a força para se segurar, o melhor caminho é buscar ajuda. Diferente de outras pessoas que não têm a mesma sorte e as mesmas condições, Amy teve acesso a todos os tratamentos possíveis. Mas isso não deu certo para ela.

É um dos riscos que se corre. Quantos de nós não bebem ou usam drogas, e ainda assim conseguem tomar conta de si, e se equilibrar sem fazer nenhuma besteira maior? Muitas pessoas vão conseguir conciliar o lado A e o lado B, explorar as sensações e minimizar os danos, e tocar suas vidas sem maiores sustos. Mas algumas vão se dar mal. Às vezes não é nem por falta de "vocação" pra ser um bom bebedor ou um drogado profissional, mas sim por uma questão biológica, de ter os receptores mais vulneráveis à adição, à dependência. É um terreno pantanoso, os perigos são reais, não é só glamour e oba-oba como as pessoas gostariam.

E antes que comecem com o mimimi nos comentários, não há nada de moralismo ou hipocrisia no meu discurso. Não estou apontando o dedo para o usuário, demonizando-o, dizendo que colhe o que planta e não merece pena. Não há que se falar em culpa, mas em responsabilidade. Sou um defensor ferrenho da liberdade individual, mas ela tem essa contrapartida: a responsabilidade. Não podemos eximir ninguém da responsabilidade pelos seus próprios atos. Nem mesmo Amy. Nunca estaremos como era estar no lugar dela, nunca saberemos o que ela sentia de verdade, como ela sofria, e por isso não podemos julgá-la. Só não vamos esquecer que nesse caminho triste, quem deu o primeiro passo foi ela, adulta e dona do próprio nariz.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Overdose

Ando sem cabeça pra postar no blog. E não só por conta dos freelas que, felizmente, começaram a pipocar. Confesso que estou meio cansado de algumas polêmicas, tipo ter ou não ter beijo gay na novela, ou a declaração inadequada desse ou daquele asno com visibilidade pública. Nesses assuntos, vários colegas meus já estão dando o recado com maestria, e não tenho nada de realmente novo a acrescentar, sem soar redundante. Continuo achando que se indignar, querer avanços, semear mudanças de mentalidade, vale a pena. Essa é uma luta cotidiana de todos nós. Mas também reconheço que estamos vivendo uma overdose do assunto na mídia, num espaço muito curto de tempo. Isso cansa os ouvidos dos leigos e, por conta disso, acaba enfraquecendo a própria discussão. Muita gente bem-intencionada e até francamente simpatizante não aguenta mais ouvir falar em causa gay o tempo todo. No fim das contas, isso dá munição para uma das falácias mais levianas usada contra nós: a de que estamos querendo instaurar uma ditadura da minoria, uma patrulha gay empurrada goela abaixo da maioria. Será que não estamos errando a mão?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

FOMO, o medo de ficar de fora

Há algumas semanas, a Folha de S.Paulo publicou, na capa do caderno de informática Tec, a reportagem "Carência afetiva 2.0". O texto fala sobre um fenômeno que os americanos denominaram fear of missing out, tão discutido por aquelas bandas que já é conhecido pela sigla FOMO. O tal "medo de ficar de fora", ou de estar perdendo algo, tem sido desencadeado sobretudo pelo Facebook, que provoca nas pessoas um sentimento de exclusão. De repente, surgem na sua frente fotos e relatos de festas, passeios, reuniões e momentos incríveis, em que todo mundo está aproveitando, se divertindo e vivendo a vida intensamente - todo mundo menos você, que não estava lá e sente que perdeu o bonde.

Esse mal moderno é, antes de mais nada, um subproduto dos tempos de hiperconectividade em que vivemos. Grudados em nossos inseparáveis smartphones, fazemos questão de ficar online o tempo todo (inclusive durante o jantar com amigos no restaurante), porque queremos ver tudo, saber de tudo, ficar por dentro de tudo o que está acontecendo. Com tamanho bombardeio de informação, a sensação de estar perdendo algo imperdível passa a ser frequente, como ilustram algumas aspas colhidas pela reportagem. "Quando vejo na rede uma balada legal, não consigo deixar de pensar que deveria estar lá também. Por que ninguém me avisou?", diz um internauta. "Toda vez que eu escolho um programa, logo depois descubro que o melhor é aquele a que não fui", lamenta outro.

Eu já havia falado neste post sobre como o excesso de opções pode deixar as pessoas perdidas. A psicóloga Rosely Sayão, também ouvida pela reportagem, resume o problema. "Todo mundo quer 'tudo ao mesmo tempo agora', não é? O problema é que não dá", explica. "Uma das características do mundo contemporâneo é que você acorda e já tem que fazer escolhas. Como escolher ficar em casa, se há tantas coisas boas acontecendo lá fora? Qual será a melhor balada? Isso é pirante", continua. Já senti isso na carne mais de uma vez.

Outra questão sensível, e aqui já estou extrapolando a abordagem feita pelo texto, é que as redes sociais potencializam o instinto competitivo que já existe em cada um de nós. Dentro do Facebook, todo mundo leva uma vida extraordinária, em meio a churrascos na piscina, brindes de champagne, baladas alucinantes e muitas viagens para o Exterior. Aqueles seres com sorrisos constantes e o corpo sempre em dia parecem habitar um mundo paralelo, e a comparação é inevitável: "Por que será que a minha vida social não é tão boa assim? Eu também quero aquele abdome! Com certeza estou errando em algum lugar".

O calo aperta de verdade quando você constata que as pessoas que estavam ali se divertindo são seus amigos - e você só ficou sabendo do fervo depois, pelo Facebook, pois eles nem pensaram em te chamar. Não tem jeito: com as redes sociais, ficou mais fácil perceber quando você não foi lembrado ou convidado. Está tudo lá. Pior ainda é se existiu um namoro que terminou mal, ou mesmo uma amizade que azedou ou deixou de ser correspondida. Receber no seu mural feeds da pessoa em questão exalando felicidade - uma felicidade que não inclui você, obviamente - é pedir para se machucar.

A matéria da Folha não desenvolve o assunto direito, nem dá soluções. O que fazer? Não tenho receita pronta, mas bolei algumas estratégias de sobrevivência que têm funcionado para mim. A mais imediata é controlar a exposição ao agente desencadeador do problema - ou seja, dosar o contato com o Facebook, um passatempo viciante, que rouba um tempo precioso do seu trabalho e drena a sua criatividade (inclusive para manter um blog!). Em relação aos ingratos de plantão, amigos que viraram as costas, affairs mal resolvidos e afins, quando não é o caso de excluí-los definitivamente da sua rede, basta configurar o feed e parar de receber as atualizações dessas pessoas. Enquanto avalia se vale ou não a pena tirar a situação a limpo, você aproveita o 'descanso virtual' para repensar o espaço e a importância que essas pessoas devem ter na sua vida.

Outra dica, tão valiosa quanto óbvia, é vencer a inércia e correr atrás das coisas que você quer ou de que sente falta. Isso significa, inclusive, não viver na sombra de outras pessoas, especialmente aquelas que você admira. Não precisa fugir quando seus amigos quiserem dividir o sucesso deles, mas preocupe-se também em viver a sua própria história, construir o seu próprio hype. As coisas boas só acontecem para quem se prepara e faz a lição de casa. E se bater aquele sentimento ruim, transforme a cobiça, ou mesmo a inveja, em uma força produtiva que te levará a se empenhar mais na busca dos seus objetivos. É bem mais sensato e produtivo gastar essa energia em si mesmo do que no Facebook.

Por fim, é preciso tentar não se cobrar tanto. A gente não precisa estar em todos os lugares ao mesmo tempo, ir a todas as festas, participar de tudo. Saiba filtrar quando disserem que tal balada foi in-crí-vel - a melhor festa é sempre aquela que você perdeu, enquanto aquelas a que você vai nunca são tããão mágicas assim, já reparou? Quando bater uma insatisfação (ou até mesmo uma invejinha, porque ninguém é de ferro), não custa lembrar que a grama do vizinho é sempre mais verde. Ou, como li outro dia por aí, "ninguém é tão feio como na carteira de identidade, tão bonito como no Orkut, tão feliz quanto no Facebook, tão simpático como no Twitter, tão ausente como no Skype, tão ocupado como no MSN e nem tão bom quanto diz no currículo".

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Andanças gastronômicas em São Paulo

AK VILA [foto] A jovem e simpática Andrea Kaufmann despontou na cena com o AK Delicatessen, em que apresentava uma releitura moderna da culinária judaica. Na casa nova, paredes de cimento queimado com painéis estofados de veludo, mesas de madeira envelhecida e um bonito grafite sobre a janela da cozinha, criando um ambiente descolado, que remete ao Bar 6 de Buenos Aires. O menu é descomplicado: metade dos pratos são carnes feitas na grelha, servidas com molhinhos - a maionese de manjericão é deliciosa. Os acompanhamentos são pagos à parte. Para não deixar os fãs na mão, há alguns pratos da casa antiga, como o pastrami de língua, o goulash de vitela, o bagel de salmão defumado, as incomparáveis varenikes e as sobremesas clássicas de Andrea, como a crème brulée de mel com figos e o pain perdu (espécie de rabanada). Só não gostei muito que o medalhão de mignon recheado de pastrami, queijo brie e cogumelos, que eu adorava, agora virou um hambúrguer, com os mesmos ingredientes. Outro senão é o cardápio "rotativo", que muda ao sabor do dia: pode ser que você não encontre aquele prato apetitoso que você viu no menu pelo site, antes de sair de casa. O lugar anda concorrido, portanto vale chegar cedo, tanto no almoço como no jantar. Onde: R. Fradique Coutinho, 1240, Vila Madalena.

LAS CHICAS Esta é a nova cria da chef Carla Pernambuco, que comanda um dos meus restaurantes favoritos em São Paulo, o Carlota. Aqui, ela e sua sócia transformaram uma pequena garagem em uma espécie de delicatessen, onde se come de um jeito mais informal (e barato!) que na casa-mãe. Em uma vitrine, ficam expostos salgados, quiches, bolos e doces, que podem ser consumidos a qualquer hora (a casa abre já para o café da manhã e funciona até as 23h) e também levados para casa. Tudo é muito apetitoso. As refeições são servidas em bufê no almoço (os pratos mudam diariamente, R$75/kg) e à la carte no jantar. O menu tem a mesma pegada multicultural do Carlota e coleciona vários acertos, como o "risoto" de queijo mascarpone, figos e presunto cru (feito não com arroz, mas com macarrão risoni), o rosbife com molho de queijo e papas bravas, e uma espécie de pot pie de frango superdiferente, com um tempero oriental bem condimentado. Nem pense em pular a parte doce: o "pot de chocolate quente" é a melhor sobremesa de chocolate que comi em muito, muito tempo. Um lugar para voltar, e voltar, e voltar. Onde: Rua Oscar Freire, 1607, Pinheiros.

LE JAZZ BRASSERIE Embora se autodenomine brasserie, o Le Jazz pode ser considerado um bistrô, no sentido autêntico da palavra: um restaurante francês pequeno e aconchegante, com preços mais camaradas - algo cada vez mais difícil de se encontrar em SP. Não por acaso, suas mesas enchem rápido - a partir das 20h30, esteja preparado para esperar na fila. O cardápio conquista a freguesia já na seção de entradas. A melhor é o calamar à Carbonara: tentáculos de lula, finos e macios, em um delicado molho de creme de leite, gema de ovo e crisps de presunto de Parma, para comer com rodelas de pão italiano. Mais surpreendente ainda é a sopa de cebola caramelizada, um caldo consistente e bem temperado, com fartas lascas de queijo gruyère e uma fatia de pão, tudo gratinado no forno. Essa sensacional sopa, sozinha, já justifica a espera pela mesa. Nos pratos principais, opções clássicas como steak tartare (ótimo), filé ao molho poivre, peito de pato ao balsâmico e tagine de cordeiro com cuscuz marroquino. O público da casa, maciçamente formado por grupos de mulheres de 25 a 45 anos, faz você se sentir na redação da revista Marie Claire. E a água como cortesia é uma atitude pra lá de simpática. Onde: Rua dos Pinheiros, 254, Pinheiros.

BACIO DI LATTE Aberta no início do ano no primeiro quarteirão da Oscar Freire, longe do burburinho das lojas, essa pequena sorveteria tem atraído multidões. O charmoso interior, todo decorado em branco, tenta recriar uma leiteria italiana, com direito a latões de leite transformados em banquetas para os clientes sentarem. A textura cremosa e aveludada se faz presente mesmo nos sabores de fruta, como limão siciliano, morango, figo, pera e abacaxi com hortelã, que não são doces demais. Quem, como eu, prefere derivados de creme e chocolate, encontra boas opções como nutellina (leite, creme, açúcar e microfiapos de Nutella) e chocolate belga (o meu novo vício! parece um Danette que estudou na Sorbonne). Os copinhos, em três tamanhos, saem por R$8, R$10 e R$12, sendo que até mesmo o menor deles permite escolher três sabores. Onde: Rua Oscar Freire, 136, Jardins.

TATINI Na ativa desde 1954, o Tatini é fiel representante de um estilo que está praticamente extinto em São Paulo: aqueles restaurantes em que o maître traz os ingredientes à mesa e finaliza os pratos na frente dos comensais, usando um réchaud para preparar os molhos e flambar as carnes. O menu traz clássicos da cozinha internacional, como o imortal steak à Diana (que leva manteiga e molhos rôti, de tomate, de mostarda e inglês, e acompanha arroz puxado no próprio molho) e os camarões à Mary Stuart (flambados com whisky, creme de leite e maçã). Os preços giram em torno de R$60 (filés) e R$110 (camarões), ou seja, não é um lugar barato, e sim um restaurante mais classudo, para uma comemoração em família. A decoração antiquada e a frequência com predomínio da terceira idade ajudam a criar a sensação de lugar parado no tempo. Onde: Rua Batataes, 508, Jardim Paulista.