Os afters gays estão bombando como nunca. Depois de um período de recesso, em que a bola da vez eram as pool parties, eles voltaram com força para agitar a cena. São quatro projetos diferentes: Mary Pop, Code Club, Energy e After du Caju. A cada domingo, apenas um deles funciona - uma sábia estratégia que garante pista cheia, já que não haveria público suficiente se todos abrissem ao mesmo tempo. Vários amigos meus vinham dizendo que o Code era diferente dos outros e "de longe, o melhor de São Paulo". Ontem deixei de passar um domingo ensolarado à beira da piscina e fui tirar a prova.
Cheguei às onze e meia da manhã e o lugar estava lo-ta-do [melhor assim: se tivesse chegado às nove, teria amargado uma fila enorme na porta, sob um sol escaldante]. O ambiente principal é um amplo galpão; o DJ fica à esquerda, no canto de um palco onde go-go-dancers se apresentam, emoldurados por um telão. O bar ao fundo tem seu longo balcão transformado em "queijo" por rapazes fervidíssimos, que dão close como se estivessem numa passarela. À direita, camarotes com acesso reservado a quem recebeu uma pulseirinha - sem esse acessório, não se faz mais noite gay em São Paulo. No poste colocado bem no meio do salão, algumas loucas fazem um curioso pole dancing invertido: penduram-se na parte superior e vão descendo de ponta-cabeça, com as pernas para o ar. Se eu não estivesse lúcido, juraria que a viagem foi minha.
Na pista, escura na medida certa para um after, o clima é bem animado. Como nos outros afters e pools, o público é aquela mistura de barbies, cafuçus e casais héteros-super-simpatizantes que formam a ala menos pheena da TW (aliás, vi mais meninas do que esperava). Nos falantes, como não poderia deixar de ser, muito tribal e hard house - começando bem vocal e pesando mais com o passar das horas. Todos já sabem que esse gênero não faz a minha cabeça, então digo apenas que o som do after é cumpridor e coerente com o que se espera. Se alguma alma corajosa ousasse uma direção musical diferente, as bichas provavelmente torceriam o nariz, e as casas preferem embolsar dinheiro fácil a correr riscos. E para alguns, a música nem faz tanta diferença assim.
Mas por que esse não é um after qualquer? Por causa da locação. Quando não abriga o after, o Code Club é uma casa hétero "para casais liberais", dessas que barram solteiros na entrada, entenderam? Um corredor lateral conduz ao segundo ambiente, onde há várias cabines para quem quiser mandar ver ali mesmo. As fendas e glory holes nas paredes permitem não só o voyeurismo como também a interação com os vizinhos. Em outro recinto, uma carcaça aberta de Kombi com faróis vermelhos e uma cama coletiva no meio recebe quem precisa dar uns malhos, ou apenas esperar o pileque passar. No fim das contas, esse hardware erótico da casa é mais do que bem-vindo para um after, onde a conjunção de músculos suados e espíritos exaltados muitas vezes faz a temperatura esquentar. Ou seja, o Code acaba tendo aquela pimentinha extra que nenhum outro projeto tem.
Sob uma perspectiva mais "poliana", os afters podem ser vistos como uma alternativa até mais saudável de diversão. Afinal, em tese não é preciso comprometer o organismo virando a noite sem dormir. Cheguei ao Code descansado, de banho tomado e com duas gotas de Kenzo atrás da orelha; depois de me divertir por algumas horinhas, ainda passei o resto da tarde na piscina. Mas algo me diz que essa está longe de ser a preocupação da maioria. Discretos e praticamente isentos de fiscalização, os afters proporcionam o clima de permissividade que os grandes clubes e as raves perderam. O clima de vale-tudo é o maior chamariz para quem gosta de se jogar de verdade e deixar as preocupações lá fora, ainda que por algumas horas. E isso, o Code tem de sobra.
11 comentários:
Na grande maioria das vezes os afters são bem mais bacanas que as próprias festas. Sonoramente falando, eles trazem umas produções mais primorosas, menos comerciais com aqueles “lalalas”... Mas ainda não consigo gostar da vibe pesada dos afters, me incomoda e quebram qualquer vontade de estar nesse ambiente. Até porque no Rio de Janeiro after caiu em desuso.
:)
Nunca fui em um after...preciso conhecer.
No Rio, os afters têm a forte concorrência da praia. Alguns se confundem com day parties e no final, nenhum decola.
Já fui no Code e ó... É bafo!
Thiago, vai abrir uma nova domingayra em SP dia 13 e acho que vale a pena você saber e quem sabe dar um pulo lá.
Essa festa é a domingayra hard gay, organizada pelo Heitor Werneck, se você já conhece o Luxúria, ao menos de nome, a domingayra é um luxúria mais gay e também com dress code. Os preços varia de free (entrada nu), 30 (latex, couro, vinil), 50 (todo de preto) e 80 (roupas comuns). Depois dá uma entrada no site (www.projetoluxuria.com.br) e vê o que acha, hehe
Abs
Fui em dois afters na vida, sempre depois de uma balada pesada e ODIEI. Não é para mim, definitivamente.
E só de pensar em me enfiar numa boate escura com o sol bombando lá fora me dá uma certa aflição...
Mas que bom que dá para se "divertir" no Code. Putaria nunca é demais.
Saudades da pioneira TRADE...
Afters = Bocas de fumo com direito a musica. Prefiro ficar numa cama com o meu travesseiro ou um macho do bem
quem não se arranjou até às 04:am. deve ir p casa, não foi seu dia!!!
Na minha opiniao after sao feitos somente pra galera continuar usando droga. Ja fui no Code e no Mary Pop.
O MP tem uma vibe bem menos pesada, realmente.
Nao curto afters justamente pelo ambiente muito pesado e pelo peso na consciencia de estar nma balada ao meio dia, e nao dormindo ou aproveitando o domingo, como uma pessoa normal e saudavel.
Marcelo
KKK after do Heitor Wernck! Medo, muito medo.
Concordo com os comentários anteriores. O clima do after é sempre pesado, me dão muita agonia... Já fui a alguns, mas hoje em dia, prefiro uma boa noite de sono!
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