O circuito eletrônico de São Paulo acaba de ganhar um novo endereço. O Lions Nightclub, parceria entre sócios dos clubes Vegas, Clash e Royal, abriu as portas na última quarta-feira, em uma localização tão charmosa quanto improvável: o número 277 da Brigadeiro, quase na esquina com Maria Paula, já no Centrão (a Praça da Sé fica a apenas 100 metros). A casa ocupa o primeiro andar de um prédio dos anos 50, e o projeto valoriza referências estéticas dessa época. Pé-direito altíssimo, pesadas cortinas de veludo, paredes ornadas por azulejos (de Anita Malfatti, segundo li por aí), sofás de couro, piso de tacos e até animais empalhados dão o tom e recriam a atmosfera dos antigos clubes fechados para cavalheiros, inspiração declarada do sócio Facundo Guerra nesse novo empreendimento. O resultado é de um requinte antiquado, escurinho e intimista – mal comparando, é como se jogassem no mesmo liquidificador o clube Vegas, o edifício Copan, a lanchonete Frevo e o finado restaurante Pandoro.
O bar ocupa o centro do salão principal, dividindo-o em dois ambientes: um deles é uma área “social”, para conversar em pé, e o outro é o lobby, que funciona como uma pista secundária de dança e tem um janelão envidraçado com vista para os prédios do Centro. A tal área social tem ainda dois camarotes vips, construídos sobre pequenos tablados, com sofás de veludo e os tais azulejos de época para enfeitar. Em uma das extremidades, uma porta giratória conduz à pista principal, isolada acusticamente, com projeções sobre os espelhos das paredes, emulando uma espécie de efeito 3D. A parte mais bacana da casa, porém, é a enorme varanda que se acessa pelo lobby, e que revela uma linda vista da região, incluindo a cúpula da Catedral da Sé e as copas das árvores que margeiam a 23 de Maio, avenida que passa ali embaixo.
O conceito de clube de cavalheiros não orienta apenas a decoração. Seguindo o exemplo de antigas casas como o Gallery paulistano, o Lions é um clube para sócios. Mil pessoas estão sendo escolhidas pela casa (“as pessoas mais bacanas da noite, moda, cultura, arte, rock e música eletrônica, entre DJs, promoters, agitadores culturais, travestis, gays, héteros, playboys e undergrounds”, segundo Facundo) para receber um cartão de sócio, que as dispensará do pagamento de entrada e consumação e permitirá que convidem quatro amigos por mês, com a mesma isenção de custo. O acesso a quem não for contemplado com a tal carteirinha não é totalmente fechado: a casa permitirá a entrada de 100 não-sócios por noite, impondo uma consumação mínima entre R$80 e R$120. Quem conseguir colocar o nome na lista de algum DJ amigo pode garfar um descontinho.
Na programação, as quintas-feiras ficam por conta do núcleo de festas Chocolate, com black, funk, soul e afins; as sextas seguem a sistemática do Vegas e alternam vários projetos – incluindo MOO e Buati, as festas que têm feito a cabeça dos modernos do Rio de Janeiro; já os sábados são de responsabilidade da 3Plus, maior agência de DJs do país, que tem em seu casting nomes como Mau Mau, Marky e Renato Cohen. Para surpreender o público, os DJs serão convidados a inovar, tocando estilos que fujam de suas especialidades – Marky, lenda do drum n’bass, pode fazer um set de house, por exemplo.
Fui conferir o Lions anteontem. Magal e Márcio Vermelho recebiam o inglês Tim Sweeney (do selo DFA, o mesmo do Hot Chip e LCD Soundsystem), mais os DJs da festa carioca Moo. Clube novinho em folha, inauguração hypada pela imprensa, cardápio musical de qualidade: fui preparado para uma noite de flashes, brilhos e muita lotação, com direito a drama na porta. Qual não foi minha surpresa ao me deparar com um clube tranquilo e até meio morno – a casa devia estar operando com uns 30% de sua capacidade, quando muito. A maior parte das pessoas ficou dançando na pista secundária do lobby ou conversando na varanda, e a pista principal foi fechada na metade da noite, após ter recebido não mais do que vinte pessoas. Foi uma noite agradável, sem dúvida, mas eu esperava mais – no mínimo, um clube cheio e bombante, animado pelo frisson da novidade.
Talvez meu raciocínio tenha sido condicionado pela minha experiência clubber recente, vivida quase exclusivamente na noite gay, que é muito mais polarizada. Ali, as pessoas devoram as novidades loucamente, e aderem com paixão aos seus clubes do coração – theweekeiros e bubuzeiros são tão fiéis às bandeiras que carregam como corintianos ou palmeirenses o são com seus times. Na noite moderna, isso não acontece tanto: as pessoas transitam mais entre lugares diferentes, e escolhem sua noite muito mais com base nas atrações convidadas do que pelo clube em si. Nesse sentido, o Lions não veio para ameaçar ou desbancar os outros clubes – ele é apenas mais uma opção no circuito, mais uma casa em que bons nomes da eletrônica poderão se apresentar, um lugar para ir dançar ocasionalmente.
E o público? As meninas vieram vestidas de periguete-dos-anos-80, com maquiagem daquela época e cabelo repicado ou com penteado poodle; entre os homens, muito bigodinho de líder sindical, alguns de gravata fininha com All Star e outros tantos com pólos listradas à la marinheiro, tipo aquelas roupas da Staroup e US Top que eu via nas araras da Mesbla quando era pequeno. OK, brincadeiras à parte, na segunda noite de funcionamento após a inauguração, ainda é cedo para traçar um perfil dos frequentadores da casa. Mas achei o público menos gay e carudo que o do D-Edge, menos flashy e fashionista do que o do Glória, menos teenager que o do Clash e, sem dúvida, muito menos despojado que o do Vegas.
Também, com os preços praticados pela casa, não poderia ser diferente: por um suco de uva, cobram-se R$9. Os drinques, preparados por barmen engomadinhos em camisas de listras finas, não são nada generosos e custam a partir de R$24 – além de coquetéis clássicos como Cosmopolitan, Bellini e Kir Royal, há poucas invenções, como o cremoso Saphari (vodka, abacaxi e lima), a R$28. A vodka mais barata, com energético, custa R$29. Não convém exagerar, já que é preciso estar sóbrio na hora de conferir a conta – tive bebidas cobradas em duplicidade e precisei reclamar com a gerência. E eles ainda cobram mais 10% de serviço.
O Lions é uma novidade bem-vinda na cena eletrônica paulistana, que acabou de ganhar o Hot Hot e em breve terá também a expansão do D-Edge. O próprio Facundo Guerra abrirá um segundo clube no Centro, o Pan Am, que terá perfil menos elitista e receberá os projetos remanescentes do Vegas (que fechará as portas). Essa política de clube para sócios com preços salgados será um entrave para a popularização da casa, mas, pelo visto, a proposta é justamente essa: ser um espaço mais exclusivo e para um público mais velho, bem diferente da bombação do D-Edge e das filas nonsense do Hot Hot. Muitas pessoas certamente apreciarão esse diferencial, sobretudo os clubbers da Velha Guarda.
Sabem o que eu acharia realmente incrível? Se alguém alugasse o espaço do Lions para uma festa gay na semana da Parada. Ideal seria um grande after (o clima decadente do Centro e a luz baixa do ambiente dão ao clube uma inegável vocação de inferninho), ou mesmo uma day party de inverno, tipo das 9h às 19h. As bichas ficariam deslumbradas com o espaço, o terraço seria palco de momentos inesquecíveis, e nós teríamos uma dessas raras festas que entram para a história. Fica a dica para os produtores que leem este blog...[Lions Nightclub na noite de inauguração - foto de Paulo Otero]
domingo, 28 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Bloco do Eu Sozinho
"Excesso de informações, conexões, expectativas, demandas, novidades... como lidar com isso e administrar o tempo enquanto não aumentam as horas do dia?". Essa linha-fina antecipa o conteúdo do ensaio "Era da Moderação", de Ronaldo Bressane, publicado pela Livraria Cultura na Revista da Cultura de janeiro. O autor explica que vivemos uma era em que o mundo virtual nos bombardeia com uma quantidade monstruosa de informação e cultura. A digitalização da produção e distribuição dessa informação permite que nós tenhamos acesso a tantos livros, vídeos, jornais, músicas e revistas quanto quisermos. Por outro lado, paradoxalmente, usufruímos cada vez menos de tudo isso: descartamos as coisas muito rápido, pois a velocidade com que a informação nos é oferecida não deixa que a gente se concentre e se detenha por muito tempo nela, antes que venha o próximo bombardeio. São discos que baixamos pela internet e deixamos de lado sem antes tê-los ouvido por inteiro, por exemplo.
Diz o pensador de cultura digital Gustavo Bittencourt, citado no ensaio: "Temos uma vasta oferta e uma fome interminável, porém uma capacidade cada vez mais limitada de prestar atenção e investir tempo no consumo de todo esse manancial a nós ofertado. Estamos à frente de um banquete, beliscando rapidamente um pedacinho de tudo que nos põem à frente, maravilhados com a variedade e quantidade de sabores, mas perigando perder lentamente a noção de desfrute". Outra fonte ouvida por Bressane, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, faz uma comparação parecida. "O mundo cheio de possibilidades é como uma mesa de bufê com tantos pratos deliciosos, que nem o mais dedicado comensal poderia esperar provar de todos. A infelicidade dos consumidores deriva do excesso, e não da falta de escolha: será que utilizei os meios à minha disposição da melhor maneira possível?".
Pois bem, sabem onde fui sentir isso na carne? Justamente no Carnaval de Florianópolis, tema do post anterior, e ao qual hoje volto com mais sobriedade, agora que o pileque de vodka passou e a volta à vida real se impôs.
A cena se monta como o bufê desenhado por Bauman. Milhares de homens belíssimos, vindos de várias partes do Brasil e até do Exterior, depois de dedicar meses (anos) a dietas e treinos intermináveis na academia, e comprar os óculos e sungas da hora, chegam sedentos à Ilha da Magia, dispostos a viver uma maxiexperiência hedonista carnavalesca. Compram logo o "combo" que dá direito a frequentar todas as festas, ainda que isso implique passar cinco dias seguidos dormindo e comendo pouco ou nada. E se jogam, com fé e força. Para onde quer que você olhe, na praia ou no clube, são tantos, mas tantos. Um mais bonito e sarado que o outro. É difícil mesmo fixar o olhar em alguém, porque logo passa um melhor, e mais outro. Parece mesmo o paraíso.
Eu também me preparei para o Carnaval, física e psicologicamente. À minha maneira, acho que cumpri minha missão a contento, pois cheguei pronto para o melhor, sentindo-me bem, com a autoestima em dia, louco para matar a saudade dos cenários, rever os amigos de fora e conhecer pessoas novas. Quando pisei ali, não consegui conter o deslumbramento: uau! Os dias foram passando, estive nos lugares certos nas horas certas. E me diverti, sim. Mas, estranhamente, com tanta gente linda em volta, não vi surgir ali nenhum casinho, nenhuma historinha gostosa. Apenas algumas pegações pra lá de fugazes (não raro, anônimas), e olhe lá. Voltei pra casa satisfeito pela metade: eu não tinha ido a Floripa para procurar namorado, ou mesmo me prender a alguém, mas achei que poderia ter vivido pelo menos uns momentos mais significativos, e nada aconteceu.
Eu já estava começando a pensar que talvez meu poder de fogo não estivesse tão bom assim, e eu deveria me preparar melhor para 2011, quando comecei a falar com outras pessoas que também haviam ido para lá. E fui descobrindo que com eles havia acontecido a mesma coisa. Pouquíssimos haviam voltado para casa com histórias para contar. A maioria não tinha ficado com ninguém - incluindo algumas pessoas de quem não se esperaria isso, como C., um personal trainer que tem o tipo de corpo que todas as bilus querem pegar. Ficou todo mundo tão apalermado com a quantidade de oferta no bufê, que ninguém conseguiu se servir. Ficaram ali se olhando, se olhando, e só. Mesmo os que ficaram com alguém viram a coisa evaporar antes que pudessem dizer "rama-ramama-ah, gaga-oh-la-la".
Talvez eu não devesse ter me surpreendido tanto com o saldo do Carnaval. Afinal, não é de hoje que as relações sociais que se constroem no nosso meio vem sendo empobrecidas pela ânsia do imediato e do descartável. Que encontra um símbolo apropriado nas redes sociais virtuais: eu canso de receber pedidos de "add", no Facebook e Orkut, de pessoas que não me conhecem, e nem estão efetivamente interessadas a me conhecer. Assim como outros tantos "amigos" que engordam meu círculo virtual são pessoas que podem passar por mim ou mesmo estar ao meu lado na boate sem sequer me cumprimentarem (esses, eu periodicamente deleto da minha rede, mas faxina virtual é o tipo de coisa que a gente só tem saco de fazer quando está realmente ocioso).
Aliás, na boate, o interesse nasce, evolui para beijos e agarros e dura somente o tempo em que os aditivos agem no corpo. Passada a onda, tudo se esfarela, um (ou o outro) mira um ponto no horizonte, sai de fininho e desaparece. Valeu. Entre um drink e outro, meu amigo L.A. me diz que "essa sua geração parece ter vindo de fábrica sem o chip para relacionamentos". M., num papo animado ao telefone, divide comigo sua última lição: aprendeu que o approach na balada tem que ser minimalista. Oi, tudo bem? Tá tudo essa festa, quero pegar você, crau. Qualquer palavrinha a mais, tipo perguntar coisas básicas sobre o cara, querer saber algo sobre ele, é papo de "gente que quer arranjar namorado", ihhh, mela tudo na hora. Então tá, lição anotada.
E olha que nem precisamos entrar na velha e cansada discussão de "namoro versus aversão a compromisso". Até a sacanagem pura e simples está sendo prejudicada pela síndrome do fast-eject. Vejam o caso de B., um sujeito bastante prático, que não tem paciência para se relacionar com ninguém, e assume sem pudores ou rodeios seu interesse exclusivo pela putaria. Pois bem: no começo do mês, B. foi a uma dessas festas-do-cabide onde se pratica a fagocitose múltipla por atacado (ou seja, uma suruba). Machos fogosos, luz baixa, zero inibições, estrutura e conforto necessários para arranjos acrobáticos típicos de molécula química complexa. Pois bem, disse ele que chegou disposto, brincou com uns vinte e cinco e... gozou litros, saiu com o bilau esfolado e ficou três dias sem sentar? Não: foi embora pra casa sem gozar. "Cada brincadeira não durava mais do que dois minutos. Quando a coisa começava a ficar boa, o cara se dispersava, ia trepar com outro, depois outro". Sair sem gozar de uma suruba é, decididamente, sinal de que alguma coisa está fora da ordem, não acham?
Enfim, parece que nosso universo gay está tão super-mega-hiper que ficamos prostrados diante de tantas opções, protagonistas de um videogame coletivo em que tudo é descartável e ninguém chega feliz ao final. O texto de Bressane sugere que cada um encontre seu jeito para desacelerar, cavar brechas na loucura e escapar da pressão dos estímulos, simplificando a vida. Talvez a própria noite gay seja uma ciranda da qual às vezes é preciso dar um tempo para a cabeça. Passado o Carnaval, as atenções começam a se voltar para a próxima big thing: as festas da Parada de São Paulo, em junho. Por incrível que pareça, já tem amigo meu planejando os preparativos até lá. Sempre aguardei essa época do ano com muita alegria. Agora, começo a pensar que o bufê que não mata a fome irá apenas mudar de lugar.
Diz o pensador de cultura digital Gustavo Bittencourt, citado no ensaio: "Temos uma vasta oferta e uma fome interminável, porém uma capacidade cada vez mais limitada de prestar atenção e investir tempo no consumo de todo esse manancial a nós ofertado. Estamos à frente de um banquete, beliscando rapidamente um pedacinho de tudo que nos põem à frente, maravilhados com a variedade e quantidade de sabores, mas perigando perder lentamente a noção de desfrute". Outra fonte ouvida por Bressane, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, faz uma comparação parecida. "O mundo cheio de possibilidades é como uma mesa de bufê com tantos pratos deliciosos, que nem o mais dedicado comensal poderia esperar provar de todos. A infelicidade dos consumidores deriva do excesso, e não da falta de escolha: será que utilizei os meios à minha disposição da melhor maneira possível?".
Pois bem, sabem onde fui sentir isso na carne? Justamente no Carnaval de Florianópolis, tema do post anterior, e ao qual hoje volto com mais sobriedade, agora que o pileque de vodka passou e a volta à vida real se impôs.
A cena se monta como o bufê desenhado por Bauman. Milhares de homens belíssimos, vindos de várias partes do Brasil e até do Exterior, depois de dedicar meses (anos) a dietas e treinos intermináveis na academia, e comprar os óculos e sungas da hora, chegam sedentos à Ilha da Magia, dispostos a viver uma maxiexperiência hedonista carnavalesca. Compram logo o "combo" que dá direito a frequentar todas as festas, ainda que isso implique passar cinco dias seguidos dormindo e comendo pouco ou nada. E se jogam, com fé e força. Para onde quer que você olhe, na praia ou no clube, são tantos, mas tantos. Um mais bonito e sarado que o outro. É difícil mesmo fixar o olhar em alguém, porque logo passa um melhor, e mais outro. Parece mesmo o paraíso.
Eu também me preparei para o Carnaval, física e psicologicamente. À minha maneira, acho que cumpri minha missão a contento, pois cheguei pronto para o melhor, sentindo-me bem, com a autoestima em dia, louco para matar a saudade dos cenários, rever os amigos de fora e conhecer pessoas novas. Quando pisei ali, não consegui conter o deslumbramento: uau! Os dias foram passando, estive nos lugares certos nas horas certas. E me diverti, sim. Mas, estranhamente, com tanta gente linda em volta, não vi surgir ali nenhum casinho, nenhuma historinha gostosa. Apenas algumas pegações pra lá de fugazes (não raro, anônimas), e olhe lá. Voltei pra casa satisfeito pela metade: eu não tinha ido a Floripa para procurar namorado, ou mesmo me prender a alguém, mas achei que poderia ter vivido pelo menos uns momentos mais significativos, e nada aconteceu.
Eu já estava começando a pensar que talvez meu poder de fogo não estivesse tão bom assim, e eu deveria me preparar melhor para 2011, quando comecei a falar com outras pessoas que também haviam ido para lá. E fui descobrindo que com eles havia acontecido a mesma coisa. Pouquíssimos haviam voltado para casa com histórias para contar. A maioria não tinha ficado com ninguém - incluindo algumas pessoas de quem não se esperaria isso, como C., um personal trainer que tem o tipo de corpo que todas as bilus querem pegar. Ficou todo mundo tão apalermado com a quantidade de oferta no bufê, que ninguém conseguiu se servir. Ficaram ali se olhando, se olhando, e só. Mesmo os que ficaram com alguém viram a coisa evaporar antes que pudessem dizer "rama-ramama-ah, gaga-oh-la-la".
Talvez eu não devesse ter me surpreendido tanto com o saldo do Carnaval. Afinal, não é de hoje que as relações sociais que se constroem no nosso meio vem sendo empobrecidas pela ânsia do imediato e do descartável. Que encontra um símbolo apropriado nas redes sociais virtuais: eu canso de receber pedidos de "add", no Facebook e Orkut, de pessoas que não me conhecem, e nem estão efetivamente interessadas a me conhecer. Assim como outros tantos "amigos" que engordam meu círculo virtual são pessoas que podem passar por mim ou mesmo estar ao meu lado na boate sem sequer me cumprimentarem (esses, eu periodicamente deleto da minha rede, mas faxina virtual é o tipo de coisa que a gente só tem saco de fazer quando está realmente ocioso).
Aliás, na boate, o interesse nasce, evolui para beijos e agarros e dura somente o tempo em que os aditivos agem no corpo. Passada a onda, tudo se esfarela, um (ou o outro) mira um ponto no horizonte, sai de fininho e desaparece. Valeu. Entre um drink e outro, meu amigo L.A. me diz que "essa sua geração parece ter vindo de fábrica sem o chip para relacionamentos". M., num papo animado ao telefone, divide comigo sua última lição: aprendeu que o approach na balada tem que ser minimalista. Oi, tudo bem? Tá tudo essa festa, quero pegar você, crau. Qualquer palavrinha a mais, tipo perguntar coisas básicas sobre o cara, querer saber algo sobre ele, é papo de "gente que quer arranjar namorado", ihhh, mela tudo na hora. Então tá, lição anotada.
E olha que nem precisamos entrar na velha e cansada discussão de "namoro versus aversão a compromisso". Até a sacanagem pura e simples está sendo prejudicada pela síndrome do fast-eject. Vejam o caso de B., um sujeito bastante prático, que não tem paciência para se relacionar com ninguém, e assume sem pudores ou rodeios seu interesse exclusivo pela putaria. Pois bem: no começo do mês, B. foi a uma dessas festas-do-cabide onde se pratica a fagocitose múltipla por atacado (ou seja, uma suruba). Machos fogosos, luz baixa, zero inibições, estrutura e conforto necessários para arranjos acrobáticos típicos de molécula química complexa. Pois bem, disse ele que chegou disposto, brincou com uns vinte e cinco e... gozou litros, saiu com o bilau esfolado e ficou três dias sem sentar? Não: foi embora pra casa sem gozar. "Cada brincadeira não durava mais do que dois minutos. Quando a coisa começava a ficar boa, o cara se dispersava, ia trepar com outro, depois outro". Sair sem gozar de uma suruba é, decididamente, sinal de que alguma coisa está fora da ordem, não acham?
Enfim, parece que nosso universo gay está tão super-mega-hiper que ficamos prostrados diante de tantas opções, protagonistas de um videogame coletivo em que tudo é descartável e ninguém chega feliz ao final. O texto de Bressane sugere que cada um encontre seu jeito para desacelerar, cavar brechas na loucura e escapar da pressão dos estímulos, simplificando a vida. Talvez a própria noite gay seja uma ciranda da qual às vezes é preciso dar um tempo para a cabeça. Passado o Carnaval, as atenções começam a se voltar para a próxima big thing: as festas da Parada de São Paulo, em junho. Por incrível que pareça, já tem amigo meu planejando os preparativos até lá. Sempre aguardei essa época do ano com muita alegria. Agora, começo a pensar que o bufê que não mata a fome irá apenas mudar de lugar.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Carnaval de Floripa, num caleidoscópio sem lógica
De 2008 pra cá, o crescimento do Carnaval gay de Floripa saltou aos olhos: a muvuca em torno do Bar do Deca agora se esparrama até as pedras do canto esquerdo e mais uns 50 metros em direção à metade hétero da Praia Mole. Orkutização define. Não sei se tem a ver com esse boom, mas faltou luz dois dias seguidos nas imediações. Chinelo Calvin Klein Jeans is the new sunga Aussiebum: mais carne-de-vaca, impossível. Receita de sucesso? Estômago vazio, bee. Pro abdome ficar chapadinho e fazer bonito na praia, pra onda bater mais rápido, pra conseguir achar a comida do Bar do Deca comível. Por esse mesmo motivo, passei bem longe do Bistrô Isadora Duncan, Mar Massas, Patagônia, Café Riso ou qualquer refeição que pudesse ser comida com garfo e faca: sobrevivi basicamente à base de uns poucos sanduíches naturais e muitos sucos-vitaminas-exóticos (hits absolutos: os servidos pelo Oculto, que veio substituir o antigo Quiosque da Mole). Com uma estrutura majestosa, staff ultramegacordial e eficiente, vibe lá em cima e homens lindos saindo pelo ladrão, a The Week Floripa em 2010 esteve próxima do impecável. Pra não dizer que foi absolutely flawless: levei um certo tempo para digerir os ingressos a R$150, e achei uó o bar vender Pepsi (mas quem se importa? o povo se jogou no Gatorade). Bem que eles podiam adotar o sistema de "dinheirinhos The Week" o ano todo, fikadika! Sensacional mesmo foi a derradeira pool party de terça, que terminaria à 1h, ser esticada em três horas por conta do set-surpresa de ninguém menos do que Mr. Peter Rauhofer, que já tinha feito long set na véspera e ostentava um raro bom humor. E que obsessão é essa que o Peter tem com "Everybody Wants To Rule The World" do Tears for Fears, hein? Será que alguém foi à Concorde neste Carnaval? Maniqueísmos à parte, André Almada passou o rolo compressor sobre a concorrência: todas as bunitas bateram cartão na TW nos cinco dias em que a casa funcionou, incansáveis. Se Floripa em si era só ais e uis com tantas beldades, na TW rolou a peneira da peneira. Quem quiser aparecer em 2011 precisa investir no corpitcho desde já, and I mean it! Este foi meu quarto carnaval na ilha, e posso dizer: nunca vi tanto homem bonito all around. Chega uma hora em que você fica até anestesiado. E olha que desta vez não deu tempo de ir pra Jurerê, Campeche, Itajaí, Balneário: fiquei só no circuitinho Mole-TW mesmo. Aliás, o Carnaval daqui tá ameaçando o do Rio neste aspecto. É claro que o Rio é de se descabelar e bater com a cabeça na parede no quesito "corpos pecadores". Só que ali a beleza é muito mais massificada e homogênea: no gueto gay, às vezes parece que só existe aquele tipinho barbie-michele-pseudomarrenta-de-corrente-grossa-que-pega-no-pau-por-cima-da-calça-e-quer-se-encostar-em-um-namorado-gringo-rico, enquanto em Floripa existem vários tipos de beleza (e olha, o pessoal do Sul aprendeu a moldar o corpo direitinho! a inocência de outrora se foi, meu bem!). Agora, um ponto para o Rio: eu não aguento mas descer trilha e subir trilha enlameada para ir e voltar da praia, e ficar com a perna toda imunda e as unhas profundamente encardidas mesmo depois de um banho demorado! Ainda bem que é a locadora que vai limpar o assoalho do carro... Por outro lado, o serviço nos bares e restaurantes em Floripa consegue ser tão ruim quanto o do Rio: é menos grosso, mas muito mais demorado. De Salvador para mais! A Lei Seca parece inexistir em Florianópolis. Se tivessem colocado uma blitzinha que fosse na estrada que liga a Praia Mole à Barra da Lagoa, metade de São Paulo teria saído presa, for sure. Estou fazendo uma enquete com os amigos mais atentos sobre qual foi o hino do Carnaval 2010 de Floripa, e todos apontam para uma música instrumental, que começa "pam pam... pam pam pam pam pam pam". Assim fica difícil, né! "Sweet Disposition" (Axwell & Dirty South Remix), do Temper Trap. Outra que rendeu bastante foi "Sweet Dreams", da Beyoncé (mas não sei em qual remix). Claro que o ladygaguismo marcou presença, mas, mesmo assim, ouvi bem menos "Bad Romance" do que eu esperava. Uó mesmo foram os temporais do fim da tarde - e ficar preso dentro do Bar do Deca até a tormenta passar, enquanto guardassóis voavam, grelhas de queijo coalho idem, calhas e toldos despejavam as Cataratas de Paulo Afonso e bichas desesperadas se debatiam, numa espécie de 2012 gay. E, no melhor estilo limões-que-viram-limonada, os espertos reinventaram a própria sorte e transformaram o que seria um simples refúgio bagaceiro contra a chuva num beach club bombadíssimo. Ah, o poder da vodka! Aliás, foi esse mesmo feitiço que embalou a feitura deste post verborrágico, que estou despejando freneticamente no teclado de uma lan house cheia de argentinos com franjas emo. No cansaço físico e mental em que me encontro, o relato deste Carnaval não poderia ter sido feito de outro modo. Continuo amando o Rio com todas as minhas vísceras (confesso que no começo até me senti culpado, traindo a Cidade Maravilhosa), mas estou seriamente tentado a repetir Floripa em 2011. O Rio, eu já tenho a sorte de frequentar várias vezes por ano, graças a Deus. Mas Floripa tem um descompromisso e um astral de praia e férias que o purgatório carioca da beleza e do caos jamais conseguirá ter, sorry. Vou mandar logo pro ar este post, pro assunto não ficar velho, mas ainda tenho 24 horas em Floripa, com direito a uma edição manezinha do Café Com Vodka, daqui a 45 minutos [update: foi incrível! terraço com vista linda, gente idem e a Cella arrasando no som] e, oxalá, um lindo dia de sol e praia amanhã. Porque Floripa pode ter 1001 encantos mas, para mim, nenhum deles bate a praia da Galheta. Aquele lugar me devolve o equilíbrio, zera meus contadores, pacifica meus sentimentos, é um lugar único onde consigo estar em contato comigo mesmo. Amo! E não, seus maldosos, isso não tem nada a ver com a tal ecopegação (assunto que poderia render um post próprio ou até uma tese de mestrado, mas, como diz o ditado, "what happens in Vegas stays in Vegas")! Espero que todos tenham aproveitado o Carnaval, até a próxima!
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Floripa 2010: roteiro gastronômico
Eu juro que ia postar aqui um roteirinho gastronômico caprichado de Floripa. Esse é o tipo de texto que eu adoro escrever. Mas as circunstâncias não estão colaborando comigo: tempo, tarefas, disposição, problemas paralelos, tudo conspira contra. Como a largada já é depois de amanhã, eu já estava ficando preocupado e achando que ia acabar deixando meus leitores na mão. Até que os gentilíssimos Destemperados me avisaram que postaram um roteiro sob medida para quem vai passar o carnaval na ilha. Li e respirei aliviado: gostei muito.
Das indicações na região da Lagoa (as mais úteis para as bees, que vão aderir ao combo Mole-TW), a maioria já me era familiar: o italiano Mar Massas (um clássico), o asiático Thai (sempre tento ir e nunca consigo, mas desta vez não passa; pretendo jantar lá no domingo, alguém topa?), o charmoso Bistrô Isadora Duncan (meu favorito até hoje), os frutos do mar do Ponta das Caranhas. Mas também há dicas no Centro e na parte norte da ilha, incluindo umas boas boquinhas al mare na cena jetsetter de Jurerê Internacional. O post é bem redondinho, tem fotos dos pratos e links para resenhas individuais dos restaurantes, com endereço e serviço. Passem lá e prestigiem!
Das indicações na região da Lagoa (as mais úteis para as bees, que vão aderir ao combo Mole-TW), a maioria já me era familiar: o italiano Mar Massas (um clássico), o asiático Thai (sempre tento ir e nunca consigo, mas desta vez não passa; pretendo jantar lá no domingo, alguém topa?), o charmoso Bistrô Isadora Duncan (meu favorito até hoje), os frutos do mar do Ponta das Caranhas. Mas também há dicas no Centro e na parte norte da ilha, incluindo umas boas boquinhas al mare na cena jetsetter de Jurerê Internacional. O post é bem redondinho, tem fotos dos pratos e links para resenhas individuais dos restaurantes, com endereço e serviço. Passem lá e prestigiem!
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Retratos póstumos
Quando nos deparamos com a morte de um ente querido, todos nós atravessamos um período de luto, em que elaboramos e digerimos a perda que sofremos. Cada um tem sua maneira de viver esse processo, mas há um certo comportamento que parece ser muito comum. Temos tendência a construir um retrato póstumo bastante parcial do falecido: nossa memória seletiva filtra ou suaviza os dados desagradáveis e potencializa as virtudes e os bons momentos, pintando um quadro idealizado, que valoriza principalmente o que o morto tinha de melhor. O tempo ajuda a depurar essa memória, e garante que lembremos de quem se foi com saudade e muito carinho. Isso é especialmente freqüente quando, antes de morrer, a pessoa viveu uma fase difícil, em que deixou de ser quem sempre foi (por ter ficado muito doente, por exemplo). Na nossa cabeça, o falecido surgirá sempre em sua melhor forma. É melhor que seja assim.
Mas não é só dos mortos que nós construímos esses retratos póstumos. Também fazemos isso com aquelas pessoas que condenamos à "morte em vida". São pessoas que já foram muito importantes para nós, muito próximas, muito amadas, até que decidiram morrer em nossas vidas, levando-nos a matá-las. Na melhor das hipóteses, é o caso clássico da diferença de timing, quando dois amigos perdem a sintonia e passam a viver em compassos diferentes. Mas há casos bem menos suaves, em que o sujeito surta e simplesmente passa a jogar no time contrário. É como um câncer: uma célula da mesma família de repente se volta contra a própria irmã e passa a atacá-la, feri-la, buscar destruí-la. O contato azeda de tal forma que se torna predatório, leonino e, por isso mesmo, insustentável.
Nessas situações, em que decretar a morte em vida torna-se necessário, o melhor a fazer é usar toda a doçura possível na hora de pintar o retrato póstumo, carregando nos tons alegres, que predominaram no passado. Retratar o morto em vida com generosidade ajuda a minimizar o nosso desgaste, sobretudo quando ele continua pertencendo ao nosso convívio e, portanto, somos obrigados a lidar com sua imagem. Terminado o trabalho, pendura-se o quadro em uma parede qualquer (nunca a principal do recinto), e a vida segue. Com alguma sorte, não haverá motivos para se lamentar: a lacuna deixada será preenchida por outras pessoas, que saberão entregar o companheirismo, a lealdade e a solidariedade que um dia se esperou de quem só ofereceu veneno, rancor e ingratidão. Além disso, a morte em vida tem um diferencial: ao contrário da morte de verdade, ela nem sempre é definitiva. Às vezes, ocorrem inesperadas ressurreições, verdadeiros milagres. Se até o câncer tem cura...
Mas não é só dos mortos que nós construímos esses retratos póstumos. Também fazemos isso com aquelas pessoas que condenamos à "morte em vida". São pessoas que já foram muito importantes para nós, muito próximas, muito amadas, até que decidiram morrer em nossas vidas, levando-nos a matá-las. Na melhor das hipóteses, é o caso clássico da diferença de timing, quando dois amigos perdem a sintonia e passam a viver em compassos diferentes. Mas há casos bem menos suaves, em que o sujeito surta e simplesmente passa a jogar no time contrário. É como um câncer: uma célula da mesma família de repente se volta contra a própria irmã e passa a atacá-la, feri-la, buscar destruí-la. O contato azeda de tal forma que se torna predatório, leonino e, por isso mesmo, insustentável.
Nessas situações, em que decretar a morte em vida torna-se necessário, o melhor a fazer é usar toda a doçura possível na hora de pintar o retrato póstumo, carregando nos tons alegres, que predominaram no passado. Retratar o morto em vida com generosidade ajuda a minimizar o nosso desgaste, sobretudo quando ele continua pertencendo ao nosso convívio e, portanto, somos obrigados a lidar com sua imagem. Terminado o trabalho, pendura-se o quadro em uma parede qualquer (nunca a principal do recinto), e a vida segue. Com alguma sorte, não haverá motivos para se lamentar: a lacuna deixada será preenchida por outras pessoas, que saberão entregar o companheirismo, a lealdade e a solidariedade que um dia se esperou de quem só ofereceu veneno, rancor e ingratidão. Além disso, a morte em vida tem um diferencial: ao contrário da morte de verdade, ela nem sempre é definitiva. Às vezes, ocorrem inesperadas ressurreições, verdadeiros milagres. Se até o câncer tem cura...
sábado, 6 de fevereiro de 2010
No próximo bloco...
O Carnaval já está batendo à porta e, como de costume, vou deixar algumas dicas para os leitores que vão se jogar nos principais destinos gays, Rio de Janeiro e Florianópolis (quem sabe num futuro próximo eu não possa dar dicas para o Carnaval de Salvador também?).
A essa altura do campeonato, todo mundo está com transporte e acomodação reservados e já conferiu o calendário das festas (eu postei a programação de Santa Catarina aqui; a agenda carioca, vocês conferem aqui). Em relação a Floripa, eu já postei algumas dicas mais gerais aqui e aqui; quem está indo pela primeira vez pode ler meu balanço do Carnaval 2008, ter uma ideia de como a coisa rola por lá - e depois comparar o texto com 2010, para ver se todo ano é sempre igual. O Rio de Janeiro dispensa maiores apresentações, né? Em todo caso, aqui vão algumas dicas que escrevi para o Carnaval de 2007, quando este blog era bem menos conhecido.
Do que falta falar então? De comida, ora - um assunto importante, mas que muitas vezes acaba negligenciado nessas viagens, por falta de informação e preguiça de correr atrás. Vou montar roteiros de boas comidinhas no Rio e em Floripa. Já indiquei os meus restaurantes prediletos do Rio, mas o texto, de 2006, merece uma boa atualizada. Para as dicas de Floripa, como tenho muito menos vivência ali, pedi uma ajudinha para os guris do Destemperados, um blog gaúcho fofíssimo que disseca as melhores mesas de todo o Sul. Aguardem os próximos posts.
[UPDATE 7/2/10: Hoje, meu avô faleceu, depois de oito meses de muito sofrimento no hospital. Sei que ele está melhor agora e a morte não deixa de ser um alívio e uma libertação, mas não sei se terei cabeça para cumprir a promessa deste post e montar os roteiros gastronômicos a tempo. Conto com a compreensão de todos.]
A essa altura do campeonato, todo mundo está com transporte e acomodação reservados e já conferiu o calendário das festas (eu postei a programação de Santa Catarina aqui; a agenda carioca, vocês conferem aqui). Em relação a Floripa, eu já postei algumas dicas mais gerais aqui e aqui; quem está indo pela primeira vez pode ler meu balanço do Carnaval 2008, ter uma ideia de como a coisa rola por lá - e depois comparar o texto com 2010, para ver se todo ano é sempre igual. O Rio de Janeiro dispensa maiores apresentações, né? Em todo caso, aqui vão algumas dicas que escrevi para o Carnaval de 2007, quando este blog era bem menos conhecido.
Do que falta falar então? De comida, ora - um assunto importante, mas que muitas vezes acaba negligenciado nessas viagens, por falta de informação e preguiça de correr atrás. Vou montar roteiros de boas comidinhas no Rio e em Floripa. Já indiquei os meus restaurantes prediletos do Rio, mas o texto, de 2006, merece uma boa atualizada. Para as dicas de Floripa, como tenho muito menos vivência ali, pedi uma ajudinha para os guris do Destemperados, um blog gaúcho fofíssimo que disseca as melhores mesas de todo o Sul. Aguardem os próximos posts.
[UPDATE 7/2/10: Hoje, meu avô faleceu, depois de oito meses de muito sofrimento no hospital. Sei que ele está melhor agora e a morte não deixa de ser um alívio e uma libertação, mas não sei se terei cabeça para cumprir a promessa deste post e montar os roteiros gastronômicos a tempo. Conto com a compreensão de todos.]
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Corrida maluca
Suellen entrou na faca. Rosemary passou a tarde na Oscar Freire e entrou no cheque especial. Soraya associou Coscarque e Magrins. Samanta comprou O Pequeno Príncipe e dois livros de auto-ajuda. Solange pediu pra vizinha trazer de Ciudad del Este um estojo de maquiagem da MAC. Pamela cobriu a tatuagem com o nome do ex-bofe. Grace está sobrevivendo à base de atum enlatado e clara de ovo frita. Fabíola já separou o dente de alho contra o mau olhado. Veronika comprou uns óculos iguais aos da Lady Gaga. Alexandra enviou uma caixa de bombons enorme para cada rival amiga. Shirley está fazendo um curso de pompoarismo anal. Wannessah fez um estoque de comprimidos para as mais variadas necessidades. Linda besuntou o corpo de óleo de cozinha e foi fritar na laje. Samara mostrou uma foto da Rihanna para seu cabelereiro no Méier e pediu um corte igual. Kátia alugou o vídeo de malhação da Jane Fonda. Marriucha está fazendo aplicações diárias de florais no bumbum. Quando viram que o ingresso de cada festa custaria inacreditáveis 150 reais, Estela soltou uma gargalhada alta, Alicinha teve que recorrer a um empréstimo pessoal, Bruna voltou a fazer programas e Sueli achou melhor ficar em casa mesmo. Ludmilla investiu em aulas de pole dancing. Valkyria grudou uma foto da Solange Frazão de biquíni na porta da geladeira. Magali comprou uma calça jeans dois números menor - e sem elastano. Selma aprendeu a dublar "Bad Romance". Natasha fez uma simpatia poderosa e encomendou seis dias de sol. E agora... quem chegará mais preparada ao Carnaval de Florianópolis?
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