quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Devo ser um cara "do contra", porque...
... detesto Coca Light (tem gosto de remédio). Idem para a Coca Zero (só mudaram o remédio). Vi o tal vídeo do "atoron perigon" em nove versões - e não achei graça em nenhuma. A última coisa que eu faria depois de ver aquelas propagandas chatérrimas do Unibanco no cinema é abrir uma conta lá. Cerveja pra mim tem gosto de cera de ouvido. Não fico arrasado quando o Brasil perde a Copa. Acho o DJ Offer Nissim o truque dos truques. Aliás, tenho pouca paciência para house tribal (se for do estilo pool-party-da-laje, pior ainda). Não tenho a menor vontade de comprar um iPhone (razões não faltam). Sneakermaníacos que me perdõem, mas esses tênis desenterrados dos anos 80 já são feios de doer. Coloridos, então... Acho quase todas essas novas bandinhas hype de uma pobreza atroz. Não pago pau para nenhum galã global (quer dizer, não pagava, até que chegou o Malvino Salvador). Não tenho o menor interesse por Star Wars. Nem O Senhor dos Anéis. Nem Harry Potter. Nem o último da Britney, ou o próximo da Mariah. Não gostei da nova loja da Diesel. Acho que a MTV brasileira se transformou em uma emissora acéfala que jura que é moderna. Não vejo graça alguma no Marcos Mion. Aliás, não conheço nenhum programa de humor da TV que me agrade. Me recuso a passar recibo de trouxa e pagar R$720 para ver a Madonna. Acho a Osklen e a Reserva pra lá de overrated. Me arrependi de ter comprado um iPod: o som é baixo e depender do iTunes pra tudo é uó. Para mim, a azeitona é uma barata que nasceu vegetal (sirva bem longe do meu prato). Não acho cool quem mendiga para ser vip. Não tenho gostado de nenhum oclón que as lojas vendem por aí (gosto mesmo é de óculos máscara). Tentei ler Cem Anos de Solidão e não agüentei ler nem 40 páginas, de tão chato. Não vou comprar nenhum jeans branco nesse verão. Nunca me interessei em acompanhar o Big Brother Brasil. Prefiro mil vezes um bom cecê do que um perfume ruim. Nada me parece mais pavoroso do que videokê.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Buenas noches Cinderella
Apesar de já ter estourado minha cota de viagens deste ano, resolvi fazer uma extravagância pelo meu amigão que não conhece Buenos Aires e vou me jogar no Creamfields semana que vem (mais informações sobre o festival, você vê neste post). Enquanto fazia minha habitual pesquisa pré-viagem, qual não foi minha surpresa ao descobrir que o golpe do "boa noite cinderela" chegou com tudo à Argentina.
A droga usada nos golpes é conhecida como burundanga, tem sido manipulada com facilidade em laboratórios clandestinos em Buenos Aires e costuma ser dada às vítimas nas baladas (lá chamadas de boliches). O que se segue não é o roubo da vítima, como no Brasil, mas o estupro - por quem ofereceu a bebida e por seus comparsas, que agem em grupos de 3 ou 4. Os efeitos da droga chegam a durar até dois dias. A matéria (em espanhol) que trata do assunto, você pode conferir aqui, aqui e aqui; informações (em inglês) sobre a droga, aqui. Não pensem que isso só acontece com meninas: consta que um rapaz brasileiro de 20 anos também sofreu o golpe, e acordou em seu quarto de hotel em Bariloche com indícios de ter sido estuprado.
Papai e mamãe sempre nos dizem para não aceitar nada de estranhos. Mas, nas festas e afters da vida, não é nada raro as pessoas relevarem isso e tomarem golinhos disso e daquilo de pessoas que elas mal conhecem. Como dizem os portenhos, Ojo!
A droga usada nos golpes é conhecida como burundanga, tem sido manipulada com facilidade em laboratórios clandestinos em Buenos Aires e costuma ser dada às vítimas nas baladas (lá chamadas de boliches). O que se segue não é o roubo da vítima, como no Brasil, mas o estupro - por quem ofereceu a bebida e por seus comparsas, que agem em grupos de 3 ou 4. Os efeitos da droga chegam a durar até dois dias. A matéria (em espanhol) que trata do assunto, você pode conferir aqui, aqui e aqui; informações (em inglês) sobre a droga, aqui. Não pensem que isso só acontece com meninas: consta que um rapaz brasileiro de 20 anos também sofreu o golpe, e acordou em seu quarto de hotel em Bariloche com indícios de ter sido estuprado.
Papai e mamãe sempre nos dizem para não aceitar nada de estranhos. Mas, nas festas e afters da vida, não é nada raro as pessoas relevarem isso e tomarem golinhos disso e daquilo de pessoas que elas mal conhecem. Como dizem os portenhos, Ojo!
domingo, 19 de outubro de 2008
Uma luz para os pais desorientados
Para quem é bem resolvido, conta com a compreensão dos entes queridos e tem autonomia para levar a vida que quiser, sem prestar contas aos outros o tempo todo, ser gay ou lésbica não é nenhum estorvo. A sociedade ainda tem um longo caminho a percorrer em direção à aceitação da diversidade, mas nós driblamos o preconceito construindo um círculo social com pessoas tolerantes e amigas e passando a maior parte de nosso tempo dentro dele. Isso dá o conforto emocional de que precisamos e, de certa forma, nos blinda contra a homofobia. De repente, não sentimos mais na carne o tal "peso de ser diferente", já que na nossa bolha gay-friendly isso não é um problema.
Engana-se, porém, quem pensa que esse bem-estar vem da noite para o dia. A descoberta e aceitação da própria condição sexual pode ser um processo doloroso, especialmente quando se vive em um ambiente familiar pouco receptivo (o que é bastante comum). Muitos LGBTs se vêem desamparados quando os pais, completamente desorientados com a revelação, passam a reprimi-los, tornando as coisas ainda mais difíceis para todos os envolvidos.
Para o adolescente homo, o acesso fácil ao meio gay (que perdeu o estigma de clandestinidade de 20 anos atrás) e a overdose de referências trazida pela internet logo se encarregam de mostrar o caminho. Ao constatar que não está sozinho e receber exemplos positivos de seus semelhantes, ele se sente encorajado a assumir a própria identidade e descobre que, apesar dos pesares, é perfeitamente possível se encontrar e ser feliz sem ter que negar sua condição. Já os pais custam a assimilar a novidade, sobretudo porque têm mais dificuldade em encontrar pessoas com quem possam se abrir, elaborar e digerir o assunto.
Foi pensando nisso que a professora e escritora Edith Modesto [foto], mãe de um rapaz gay, fundou o Grupo de Pais de Homossexuais, em 1999. O GPH começou com quatro mães e hoje já tem 200 associados, entre pais e mães de todo o Brasil. Esses quase dez anos de experiências, Edith compilou no livro Mãe sempre sabe? Mitos e verdades sobre pais e seus filhos homossexuais (Editora Record), lançado ontem em São Paulo. No coquetel de lançamento, tive o prazer de encontrar Edith e conhecer um pouco mais da história de sua ONG, que tem feito um trabalho belíssimo e já ajudou muitas famílias a vencer o inevitável estranhamento inicial e se reaproximar. Do GPH, exclusivo para pais, nasceu o Projeto Purpurina, que é voltado para os próprios adolescentes que também procuravam o grupo.
Edith já teve a oportunidade de divulgar as atividades de seu grupo em espaços nobres da mídia, como os programas de Jô Soares e Marília Gabriela e o jornal O Estado de S. Paulo. Inteiramente voluntário e sustentado por doações, o GPH conta com apoios pontuais da Prefeitura de São Paulo, mas ainda tem outros desafios pela frente. O maior deles é conseguir o empréstimo de um imóvel que possa ser usado como "casa de passagem": um lugar onde adolescentes massacrados pelos seus pais após o outing ou mesmo expulsos de casa possam passar um tempo, enquanto as coisas se acalmam. Enquanto torço para que isso aconteça logo, aproveito para divulgar aqui o GPH e convidar todos vocês a conhecer o site do grupo.
Engana-se, porém, quem pensa que esse bem-estar vem da noite para o dia. A descoberta e aceitação da própria condição sexual pode ser um processo doloroso, especialmente quando se vive em um ambiente familiar pouco receptivo (o que é bastante comum). Muitos LGBTs se vêem desamparados quando os pais, completamente desorientados com a revelação, passam a reprimi-los, tornando as coisas ainda mais difíceis para todos os envolvidos.
Para o adolescente homo, o acesso fácil ao meio gay (que perdeu o estigma de clandestinidade de 20 anos atrás) e a overdose de referências trazida pela internet logo se encarregam de mostrar o caminho. Ao constatar que não está sozinho e receber exemplos positivos de seus semelhantes, ele se sente encorajado a assumir a própria identidade e descobre que, apesar dos pesares, é perfeitamente possível se encontrar e ser feliz sem ter que negar sua condição. Já os pais custam a assimilar a novidade, sobretudo porque têm mais dificuldade em encontrar pessoas com quem possam se abrir, elaborar e digerir o assunto.
Foi pensando nisso que a professora e escritora Edith Modesto [foto], mãe de um rapaz gay, fundou o Grupo de Pais de Homossexuais, em 1999. O GPH começou com quatro mães e hoje já tem 200 associados, entre pais e mães de todo o Brasil. Esses quase dez anos de experiências, Edith compilou no livro Mãe sempre sabe? Mitos e verdades sobre pais e seus filhos homossexuais (Editora Record), lançado ontem em São Paulo. No coquetel de lançamento, tive o prazer de encontrar Edith e conhecer um pouco mais da história de sua ONG, que tem feito um trabalho belíssimo e já ajudou muitas famílias a vencer o inevitável estranhamento inicial e se reaproximar. Do GPH, exclusivo para pais, nasceu o Projeto Purpurina, que é voltado para os próprios adolescentes que também procuravam o grupo.
Edith já teve a oportunidade de divulgar as atividades de seu grupo em espaços nobres da mídia, como os programas de Jô Soares e Marília Gabriela e o jornal O Estado de S. Paulo. Inteiramente voluntário e sustentado por doações, o GPH conta com apoios pontuais da Prefeitura de São Paulo, mas ainda tem outros desafios pela frente. O maior deles é conseguir o empréstimo de um imóvel que possa ser usado como "casa de passagem": um lugar onde adolescentes massacrados pelos seus pais após o outing ou mesmo expulsos de casa possam passar um tempo, enquanto as coisas se acalmam. Enquanto torço para que isso aconteça logo, aproveito para divulgar aqui o GPH e convidar todos vocês a conhecer o site do grupo.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Quer passear comigo pelas ruas de Praga?
De todos os tipos de texto que eu redijo, os guias de viagem estão entre os que mais gosto de escrever. Durante essa última viagem à Europa, vira e mexe eu me pegava fazendo anotações e pensando em como poderia transformar meus achados e impressões em matérias de turismo. Voltei com um bloquinho cheio de rabiscos e, aos poucos, esses garranchos vão ganhando o mundo, sob a forma de textos mais coerentes.
A convite da revista DOM, preparei um roteiro caprichado de Praga, a cidade mais visitada do Leste Europeu. Entre passeios, comidinhas e fervos, tudo o que você precisa saber está lá, num texto recheado de endereços e dicas, que vão desde o outlet da Diesel até o almoço no terraço com a vista mais incrível da cidade. A matéria foi incluída na edição 8 (outubro/2008) da revista, que já está nas bancas.
[Foto: entardecer na Ponte Carlos, cartão-postal de Praga]
A convite da revista DOM, preparei um roteiro caprichado de Praga, a cidade mais visitada do Leste Europeu. Entre passeios, comidinhas e fervos, tudo o que você precisa saber está lá, num texto recheado de endereços e dicas, que vão desde o outlet da Diesel até o almoço no terraço com a vista mais incrível da cidade. A matéria foi incluída na edição 8 (outubro/2008) da revista, que já está nas bancas.
[Foto: entardecer na Ponte Carlos, cartão-postal de Praga]
Madrinha do pau oco
No post do dia 7 de setembro, sobre o fiasco do DJ Junior Vasquez na TW, eu disse que brasileiro tem falta de memória e insiste nos mesmos erros, "vide pessoas do naipe de Maluf, Collor e Marta passando óleo de peroba e apelando à boa vontade do povo para pedir uma nova chance". Batata: foi só alfinetar a "madrinha dos gays" que choveram hate comments defendendo a dita cuja e o PT. Ri por dentro e nem me dei ao trabalho de rebatê-los, porque sei que a História sempre se encarrega de dizer quem tem razão.
E até que dessa vez a História veio a cavalo, rápido demais. Marta tratou de mostrar que essa bandeira de defensora da diversidade não passa de mera demagogia para conseguir votos de eleitores incautos, que escolhem seus candidatos com base em rótulos e aparências, como eu também já comentei aqui. Na tentativa desesperada de reverter a desvantagem nas urnas perante Kassab, o vídeo de sua campanha que faz uma insinuação velada sobre a sexualidade do adversário para tentar desqualificá-lo foi um verdadeiro tiro no pé. Ficou tão chato para ela que até alguns petistas se constrangeram - o comitê LGBT do partido divulgou nota reconhecendo que "esse tipo de crítica é moralista e preconceituosa, pois reforça a heteronormatividade (que considera aceitável apenas a heterossexualidade) ao insinuar que só será um bom gestor público aquele/a que tem cônjuge e filhos".
O mais engraçado é que, em recente sabatina realizada por jornalistas da Folha, a mesma Marta se irritou quando foi perguntada sobre sua separação e respondeu que não falaria sobre sua vida pessoal. E também disse que desconhecia o tal vídeo. O que não é de se admirar, afinal o CorruPT nunca sabe de nada que se passa debaixo do próprio nariz, não é mesmo? Lula que o diga. Se essa senhora não tem controle nem sobre os vídeos da própria campanha, o que dirá sobre os mandos e desmandos realizados pelos seus secretários?
É... São Paulo está mesmo num mato sem cachorro. A mim, resta tirar o chapéu para o Rio que tem o Gabeira!
E até que dessa vez a História veio a cavalo, rápido demais. Marta tratou de mostrar que essa bandeira de defensora da diversidade não passa de mera demagogia para conseguir votos de eleitores incautos, que escolhem seus candidatos com base em rótulos e aparências, como eu também já comentei aqui. Na tentativa desesperada de reverter a desvantagem nas urnas perante Kassab, o vídeo de sua campanha que faz uma insinuação velada sobre a sexualidade do adversário para tentar desqualificá-lo foi um verdadeiro tiro no pé. Ficou tão chato para ela que até alguns petistas se constrangeram - o comitê LGBT do partido divulgou nota reconhecendo que "esse tipo de crítica é moralista e preconceituosa, pois reforça a heteronormatividade (que considera aceitável apenas a heterossexualidade) ao insinuar que só será um bom gestor público aquele/a que tem cônjuge e filhos".
O mais engraçado é que, em recente sabatina realizada por jornalistas da Folha, a mesma Marta se irritou quando foi perguntada sobre sua separação e respondeu que não falaria sobre sua vida pessoal. E também disse que desconhecia o tal vídeo. O que não é de se admirar, afinal o CorruPT nunca sabe de nada que se passa debaixo do próprio nariz, não é mesmo? Lula que o diga. Se essa senhora não tem controle nem sobre os vídeos da própria campanha, o que dirá sobre os mandos e desmandos realizados pelos seus secretários?
É... São Paulo está mesmo num mato sem cachorro. A mim, resta tirar o chapéu para o Rio que tem o Gabeira!
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Pergunta para o casal de Baby Love: não querem me adotar também?
Um dos fortes candidatos ao troféu de filme-gracinha de 2008 é o francês Comme Les Autres, que no Brasil recebeu o título de Baby Love. O protagonista é Emmanuel, pediatra gay que sonha em adotar uma criança. O primeiro obstáculo a esse desejo, Manu encontra dentro de casa: seu companheiro Philippe simplesmente abomina a idéia de criar um bebê, o que coloca a relação do casal em xeque-mate. Para complicar ainda mais, a mesma França que tem uma postura permissiva em relação ao aborto não admite a adoção por gays. Depois de tentar enganar o serviço social passando-se por hétero, Manu vê em uma imigrante argentina a chance de realizar o sonho de ser pai. Mas essa solução não será tão fácil quanto ele imagina.
O longa fez sucesso na França, onde foi assistido por mais de 1 milhão de pessoas. Já a crítica brasileira não se entusiasmou muito com ele. Meus amigos, em geral, adoraram: alguns disseram que até saíram do cinema com vontade de adotar uma criança, sendo que nunca haviam cogitado a possibilidade até então. Eu, que sempre tive ojeriza a crianças (inclusive quando eu também era uma), jamais chegaria a esse ponto. Mas adorei o filme. Baby Love aborda um tema delicado com sobriedade e leveza, e desenvolve os conflitos entre as personagens de uma forma bastante humana, enxergando o lado de todos os envolvidos. O filme é redondo, com doses equilibradas de drama, comédia e romance - fica até difícil classificá-lo.
Mas o que realmente me ganhou foram os atores Lambert Wilson e Pascal Elbé, que formam o casal gay do filme. Elbé, em especial, é tão fofo que eu fui me derretendo, me desmanchando e, no final da exibição, já estava completamente dissolvido na poltrona e apaixonado por ele. É um marido desses que eu quero ter ao meu lado. Talvez esteja aí a maior virtude do filme: ele conseguiu dobrar minha fase Leila Diniz e me mostrou que, por baixo desta criatura independente, prática e sexualmente emancipada, ainda bate um coração pra lá de romântico.
O longa fez sucesso na França, onde foi assistido por mais de 1 milhão de pessoas. Já a crítica brasileira não se entusiasmou muito com ele. Meus amigos, em geral, adoraram: alguns disseram que até saíram do cinema com vontade de adotar uma criança, sendo que nunca haviam cogitado a possibilidade até então. Eu, que sempre tive ojeriza a crianças (inclusive quando eu também era uma), jamais chegaria a esse ponto. Mas adorei o filme. Baby Love aborda um tema delicado com sobriedade e leveza, e desenvolve os conflitos entre as personagens de uma forma bastante humana, enxergando o lado de todos os envolvidos. O filme é redondo, com doses equilibradas de drama, comédia e romance - fica até difícil classificá-lo.
Mas o que realmente me ganhou foram os atores Lambert Wilson e Pascal Elbé, que formam o casal gay do filme. Elbé, em especial, é tão fofo que eu fui me derretendo, me desmanchando e, no final da exibição, já estava completamente dissolvido na poltrona e apaixonado por ele. É um marido desses que eu quero ter ao meu lado. Talvez esteja aí a maior virtude do filme: ele conseguiu dobrar minha fase Leila Diniz e me mostrou que, por baixo desta criatura independente, prática e sexualmente emancipada, ainda bate um coração pra lá de romântico.
domingo, 12 de outubro de 2008
Colección Visible: arte e homocultura no Ibirapuera
Finalmente, aquela frente fria chata foi embora de São Paulo - e o Climatempo prevê temperaturas máximas de até 31°C nos próximos dias. Se o tempo bom animar você a um passeio pelo Parque do Ibirapuera, a dica é dar uma passada no Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), que ocupa uma parte do prédio da Bienal e pouca gente visita. Até o próximo domingo, 19 de outubro, estará sendo exibida a Colección Visible, uma mostra de cerca de 90 trabalhos de artistas internacionais que têm relação com os temas amor, desejo e homocultura.
A exposição chegou ao MAC no dia 9 de setembro, trazida pelo Centro Cultural da Espanha em São Paulo. Há pinturas, desenhos, charges e cartoons, fotografias, colagens e vídeos, realizados por artistas de 19 países - alguns deles bastante conhecidos, como o alemão Ralf König, o japonês Gengoroh Tagame (meu ídolo!) e o finlandês Tom of Finland. Tem até um desenho de Pablo Picasso.
Ainda que algumas das obras tenham um certo apelo erótico, o olhar da coleção vai muito além do sexo, fugindo da idéia de que os gays só pensam "naquilo" e todas as suas manifestações emanam do instinto sexual. Há trabalhos que contemplam a homoafetividade, a celebração do amor, o desejo de constituir família e a conquista de direitos civis, assim como retratos despretensiosos do cotidiano. O que não é de se estranhar, já que gays, lésbicas e travestis têm os mesmos anseios e necessidades e dedicam-se às mesmas atividades corriqueiras que o restante da sociedade.
A Colección Visible pode ser visitada de terça à domingo, das 10h às 18h. A entrada é franca.
A exposição chegou ao MAC no dia 9 de setembro, trazida pelo Centro Cultural da Espanha em São Paulo. Há pinturas, desenhos, charges e cartoons, fotografias, colagens e vídeos, realizados por artistas de 19 países - alguns deles bastante conhecidos, como o alemão Ralf König, o japonês Gengoroh Tagame (meu ídolo!) e o finlandês Tom of Finland. Tem até um desenho de Pablo Picasso.
Ainda que algumas das obras tenham um certo apelo erótico, o olhar da coleção vai muito além do sexo, fugindo da idéia de que os gays só pensam "naquilo" e todas as suas manifestações emanam do instinto sexual. Há trabalhos que contemplam a homoafetividade, a celebração do amor, o desejo de constituir família e a conquista de direitos civis, assim como retratos despretensiosos do cotidiano. O que não é de se estranhar, já que gays, lésbicas e travestis têm os mesmos anseios e necessidades e dedicam-se às mesmas atividades corriqueiras que o restante da sociedade.
A Colección Visible pode ser visitada de terça à domingo, das 10h às 18h. A entrada é franca.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Notícias do reino das cerejinhas
Mantendo o espírito de mistura entre gays e héteros do post anterior, volto a falar sobre o Pacha, meu endereço eletrônico preferido na cidade por ser um dos que mais investem em house e progressive house (Clash, D-Edge, Vegas e Glória só são generosos com o electro, o techno, o minimal e aqueles gêneros híbridos bem inorgânicos do underground). Apesar da freqüência ser majoritariamente straight, os gays também marcam presença. Na recente apresentação da dupla Chus & Ceballos, por exemplo, encontrei um monte de amigos na pista.
Em tempos de Lei Seca, a casa buscou alternativas. Instalou um ponto de táxi lá dentro e passou a oferecer vouchers de desconto na corrida para quem gastar acima de R$ 50. Quem deixar o carro estacionado na casa pode ir buscá-lo até às 16h do dia seguinte, sem ônus adicional. E os clientes do camarote têm uma van à disposição para buscá-los e levá-los em casa. Mas a promoção mais simpática é a chamada “piloto da vez”: um grupo de quatro amigos escolhe o motorista da noite e este não paga o valor da entrada, se não consumir bebida alcoólica.
Entre as próximas atrações escaladas para tocar no clube em São Paulo, estão Infected Mushroom (10/10), Deep Dish (só o Sharam, em 17/10), Paul Woolford e Gui Boratto (25/10), David Guetta (5/11), Roger Sanchez (na festa de aniversário de 2 anos da casa, em 14/11), Bob Sinclair (28/11) e Danny Howells (5/12), presentão para fãs de progressive house como eu.
E já que estamos falando em Pacha, as novidades não se limitam a São Paulo. A franquia de Búzios vai receber uma edição da festa E.njoy, label party de André Garça (Cena Carioca), no dia 17/10. A festa é parte das comemorações do Búzios Free, um oba-oba GLS que vai trazer ao balneário (que eu morro de vontade de conhecer) festas, cinema, palestras e exposições - o gran finale será uma Parada Gay em versão náutica, a 1ª Barqueata do Orgulho LGBT. Já na filial de Buenos Aires, meu xodó Martín García fará a macacada argentina pular e gritar, em outra de suas apresentações bombásticas, no dia 18/10.
Para encerrar, a inauguração da esperada Pacha de Florianópolis (ilha querida por todos menos ele) já tem data quase certa: 13/11, com o top Roger Sanchez. Em Jurerê Internacional (onde mais?), o novo clube terá estrutura-monstro, com área de 110 mil m² (para efeito de comparação, a Pacha de SP é um galpão de 10 mil m²) e capacidade de até 12 mil pessoas. A dobradinha básica pista principal + terrazza externa será incrementada por 9 bares, 25 camarotes, um palco ao ar livre, espaço gourmet com pizza e sushi e um estacionamento para 3 mil carros. Enquanto o verão não chega, já para ter um aperitivo do que está por vir pela imagem abaixo:
Em tempos de Lei Seca, a casa buscou alternativas. Instalou um ponto de táxi lá dentro e passou a oferecer vouchers de desconto na corrida para quem gastar acima de R$ 50. Quem deixar o carro estacionado na casa pode ir buscá-lo até às 16h do dia seguinte, sem ônus adicional. E os clientes do camarote têm uma van à disposição para buscá-los e levá-los em casa. Mas a promoção mais simpática é a chamada “piloto da vez”: um grupo de quatro amigos escolhe o motorista da noite e este não paga o valor da entrada, se não consumir bebida alcoólica.
Entre as próximas atrações escaladas para tocar no clube em São Paulo, estão Infected Mushroom (10/10), Deep Dish (só o Sharam, em 17/10), Paul Woolford e Gui Boratto (25/10), David Guetta (5/11), Roger Sanchez (na festa de aniversário de 2 anos da casa, em 14/11), Bob Sinclair (28/11) e Danny Howells (5/12), presentão para fãs de progressive house como eu.
E já que estamos falando em Pacha, as novidades não se limitam a São Paulo. A franquia de Búzios vai receber uma edição da festa E.njoy, label party de André Garça (Cena Carioca), no dia 17/10. A festa é parte das comemorações do Búzios Free, um oba-oba GLS que vai trazer ao balneário (que eu morro de vontade de conhecer) festas, cinema, palestras e exposições - o gran finale será uma Parada Gay em versão náutica, a 1ª Barqueata do Orgulho LGBT. Já na filial de Buenos Aires, meu xodó Martín García fará a macacada argentina pular e gritar, em outra de suas apresentações bombásticas, no dia 18/10.
Para encerrar, a inauguração da esperada Pacha de Florianópolis (ilha querida por todos menos ele) já tem data quase certa: 13/11, com o top Roger Sanchez. Em Jurerê Internacional (onde mais?), o novo clube terá estrutura-monstro, com área de 110 mil m² (para efeito de comparação, a Pacha de SP é um galpão de 10 mil m²) e capacidade de até 12 mil pessoas. A dobradinha básica pista principal + terrazza externa será incrementada por 9 bares, 25 camarotes, um palco ao ar livre, espaço gourmet com pizza e sushi e um estacionamento para 3 mil carros. Enquanto o verão não chega, já para ter um aperitivo do que está por vir pela imagem abaixo:
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Palmitos na prateleira
Quando viajamos, o contato com outras culturas nos ensina muito sobre a nossa própria, que temos em casa. É uma oportunidade única para vermos - de fora - a vida que levamos e os valores que regem as nossas relações. Nesse último giro europeu, fiquei impressionado como as pessoas fazem escolhas e interagem de um jeito muito mais livre, sem tantos padrões e preconceitos. E logo vi como nós aqui do Brasil limitamos as nossas possibilidades. Resolvemos nossos problemas de identidade assumindo posições de forma definitiva. Mergulhamos em um vidro com um rótulo, fechamos a tampa e ya está. Como palmitos na prateleira de um supermercado.
A naturalidade com que héteros e gays convivem e se misturam na Europa só revela o quanto a sexualidade de cada um não precisa ser determinante o tempo todo. Nas melhores baladas, que são mistas, no papo com gente nova as pessoas não querem saber se você é hétero ou gay - porque isso não faz a menor diferença. As pessoas saem de casa com o único propósito de se divertir e conhecer outras pessoas, sem delimitarem seu olhar, muito menos se separarem em tribos. Aqui no Brasil, é cada um no seu quadrado: techno para os "clubbers ortodoxos", trance para os "playboyzinhos eletrônicos", drum n'bass para os "manos", electro para os "moderninhos" e tribal para os "viados". Os héteros que ousam quebrar essas barreiras e ir à The Week agem como se estivessem num zoológico, e depois ainda ficam se vangloriando da proeza, como se visitar um espaço gay os credenciasse como pessoas "de cabeça aberta" e "modernas".
Enquanto isso, em clubes europeus como Berghain, Space, Razzmatazz e Rex, pessoas de diferentes backgrounds, sexualidades, estilos e condições financeiras (tomo aqui o cuidado de não dizer "tribos") sabem que a noite é mais divertida quando a pista é eclética: há muito mais coisas para trocar quando os universos envolvidos são diferentes. Aqui, busca-se anular a diferença, massificando os gostos e padronizando o vestuário, na ânsia de pertencer; lá, a individualidade é respeitada e até apreciada - a marca pessoal de cada um é mais do que bem-vinda. Pertencer para quê, se eu posso estar quando eu quiser, e depois mudar?
Mas foi nos antros da perdição que eu tive o maior choque: a dicotomia ATIVO x PASSIVO não existe. Isso é coisa de brasileiro (e norte-americano). Aqui, quando você se interessa pelo amigo do seu amigo, invariavelmente "levanta a ficha" do possível pretendente: mas o que ele curte, hein? Os dois são ativos? "Luta de espadas, melhor não!" Dois passivos? "Quebrar louça, Deus me livre!". Lá não existe uma preocupação antecipada (e pré-eliminatória) com a questão: é o momento que dirá o que vai rolar entre os dois. E ninguém perde a viagem, pode apostar - se o cara é interessante, as possibilidades são infinitas.
Aposto um milhão de dólares que vários caras com quem eu estive tinham a mesma "polaridade" que a minha - e foram momentos ótimos, intensos, saboreados, que renderam. Sem papéis, prisões, grilos, neuras. Gosta de ser o machão? Fine! Nasceu para ser putinha a vida inteira? Que bom! Mas se de repente o machão quiser ser dominado, ou a mulher-de-malandro decidir virar a mesa, ninguém vai reclamar de "incoerência" - como em incontáveis perfis do site Disponível, que são taxativos, aos berros: "não quero versáteis! quero quem sabe e assume o que quer!". Ora, não pode ser muito mais legal não saber o que se quer e ter a oportunidade de descobrir? Poder se entregar a uma vida de delícias, passar um tempão sem um comer logo o outro e consumar a divisão de tarefas homem-mulher, e ainda assim ambos gozarem por todos os poros, sentirem o cheiro, o gosto e desejarem o corpo inteiro um do outro, não só o pipi e o popô?
Aqui no Brasil, não se consegue isso. Por que? Porque vivemos uma vida de pré-conceitos e não temos coragem de ir além. Negros têm pauzão. Garotos namoram coroas por interesse. Bombados são passivérrimos. Japonesas são gueixas submissas na cama. Mora na Zona Leste ou além do Rebouças? "Urgh". Quem vive em Manaus vai de cipó para o trabalho. Somos apenas isso porque nós nos condenamos a isso. Mas poderíamos passear, transitar e ter o mundo inteiro para nós, se quiséssemos. E encher o nosso carrinho de supermercado com muito mais do que uma montanha de vidros de palmito.
A naturalidade com que héteros e gays convivem e se misturam na Europa só revela o quanto a sexualidade de cada um não precisa ser determinante o tempo todo. Nas melhores baladas, que são mistas, no papo com gente nova as pessoas não querem saber se você é hétero ou gay - porque isso não faz a menor diferença. As pessoas saem de casa com o único propósito de se divertir e conhecer outras pessoas, sem delimitarem seu olhar, muito menos se separarem em tribos. Aqui no Brasil, é cada um no seu quadrado: techno para os "clubbers ortodoxos", trance para os "playboyzinhos eletrônicos", drum n'bass para os "manos", electro para os "moderninhos" e tribal para os "viados". Os héteros que ousam quebrar essas barreiras e ir à The Week agem como se estivessem num zoológico, e depois ainda ficam se vangloriando da proeza, como se visitar um espaço gay os credenciasse como pessoas "de cabeça aberta" e "modernas".
Enquanto isso, em clubes europeus como Berghain, Space, Razzmatazz e Rex, pessoas de diferentes backgrounds, sexualidades, estilos e condições financeiras (tomo aqui o cuidado de não dizer "tribos") sabem que a noite é mais divertida quando a pista é eclética: há muito mais coisas para trocar quando os universos envolvidos são diferentes. Aqui, busca-se anular a diferença, massificando os gostos e padronizando o vestuário, na ânsia de pertencer; lá, a individualidade é respeitada e até apreciada - a marca pessoal de cada um é mais do que bem-vinda. Pertencer para quê, se eu posso estar quando eu quiser, e depois mudar?
Mas foi nos antros da perdição que eu tive o maior choque: a dicotomia ATIVO x PASSIVO não existe. Isso é coisa de brasileiro (e norte-americano). Aqui, quando você se interessa pelo amigo do seu amigo, invariavelmente "levanta a ficha" do possível pretendente: mas o que ele curte, hein? Os dois são ativos? "Luta de espadas, melhor não!" Dois passivos? "Quebrar louça, Deus me livre!". Lá não existe uma preocupação antecipada (e pré-eliminatória) com a questão: é o momento que dirá o que vai rolar entre os dois. E ninguém perde a viagem, pode apostar - se o cara é interessante, as possibilidades são infinitas.
Aposto um milhão de dólares que vários caras com quem eu estive tinham a mesma "polaridade" que a minha - e foram momentos ótimos, intensos, saboreados, que renderam. Sem papéis, prisões, grilos, neuras. Gosta de ser o machão? Fine! Nasceu para ser putinha a vida inteira? Que bom! Mas se de repente o machão quiser ser dominado, ou a mulher-de-malandro decidir virar a mesa, ninguém vai reclamar de "incoerência" - como em incontáveis perfis do site Disponível, que são taxativos, aos berros: "não quero versáteis! quero quem sabe e assume o que quer!". Ora, não pode ser muito mais legal não saber o que se quer e ter a oportunidade de descobrir? Poder se entregar a uma vida de delícias, passar um tempão sem um comer logo o outro e consumar a divisão de tarefas homem-mulher, e ainda assim ambos gozarem por todos os poros, sentirem o cheiro, o gosto e desejarem o corpo inteiro um do outro, não só o pipi e o popô?
Aqui no Brasil, não se consegue isso. Por que? Porque vivemos uma vida de pré-conceitos e não temos coragem de ir além. Negros têm pauzão. Garotos namoram coroas por interesse. Bombados são passivérrimos. Japonesas são gueixas submissas na cama. Mora na Zona Leste ou além do Rebouças? "Urgh". Quem vive em Manaus vai de cipó para o trabalho. Somos apenas isso porque nós nos condenamos a isso. Mas poderíamos passear, transitar e ter o mundo inteiro para nós, se quiséssemos. E encher o nosso carrinho de supermercado com muito mais do que uma montanha de vidros de palmito.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Mamma mia, que viagem deliciosa!
Quatro vezes por ano, a sobrecarga de semana de provas mais escritório me obriga a sumir do mapa, até a tormenta passar e eu conseguir dar conta de tudo. Aí, quando volto à vida normal, tenho um moooonte de leituras e filmes acumulados para colocar em dia. Ontem fui ver Mamma Mia!, versão para o cinema de um musical de sucesso feito a partir das canções do saudoso grupo sueco ABBA. Eu definitivamente não sou um cara de musicais: costumo achá-los cansativos, me irrita esse lance de toda hora o enredo ser interrompido e os atores pararem de interpretar para cantar. Mas adorei esse - um dos filmes mais legais que eu vi no ano, pelo menos até agora.
Numa ilha grega deslumbrante, a jovem Sophie, filha de mãe solteira, está às vésperas do seu casamento. Lendo relatos amorosos de um antigo diário da mãe, sem que a dita cuja saiba, ela descobre seus três possíveis pais - e decide convidá-los para a cerimônia. No desenrolar da história, os sucessos do ABBA vão aparecendo um a um: "Super Trouper", "Voulez-vous", "Dancing Queen", "Gimme Gimme Gimme", "S.O.S.", "Take a Chance On Me" - e a faixa que dá título ao musical, é claro. Só senti falta de "One Of Us" (que aprendi a gostar com a versão do A-Teens, grupinho efêmero que regravou os hits do quarteto em 2000).
Meryl Streep - que conquista minha admiração mais e mais a cada dia - arrasa no papel principal (Donna, a mãe de Sophie), mostrando surpreendentes dotes de cantora (sua interpretação de "The Winner Takes It All" tem uma carga dramática quase visceral). Mas todos os demais atores do elenco têm a sua vez de soltar o gogó, e eles se saem muito bem - até mesmo Pierce Brosnan, o homem mais charmoso da Inglaterra, que eu jamais imaginaria num musical. As duas atrizes que fazem as fiéis amigas de Donna são divertidíssimas - destaco a Christine Baranski, uma atriz cujo nome eu nunca acertei (só me saía "Christina Prochaska") e que tem uma veia cômica nata. Eu gosto dessa mulher de graça, até de boca fechada.
O mais surpreendente é como as músicas vão se casando com perfeição ao enredo. Um incauto poderia até pensar que o finado quarteto compôs as músicas para esse filme, de tão natural que é o encaixe. E as interpretações dos atores conseguem dar um fôlego renovado ao trabalho do grupo. O musical tem um ritmo redondo (não dá aquela "desandada" no meio) e o visual paradisíaco da Grécia é um deleite extra para os olhos (só confirmou que essa será minha próxima grande viagem, não importa quanto tempo isso vá demorar). Mais do que isso, é a melhor terapia para um domingo chocho, porque você logo entra no esquema e acaba cantando junto o tempo todo (eu me surpreendi ao constatar que conhecia as letras mais do que pensava). Mas quem não conhece também se diverte, porque Mamma Mia! tem um astral altíssimo, com direito a uma inesperada reviravolta no final. Saí de lá leve, alegre e com uma vontade enorme de ouvir mais ABBA. Se meu primeiro namorado ainda estivesse vivo, eu faria questão de encontrá-lo só para a gente cantar "Voulez-Vous" falando o "a-ha!" um na cara do outro, como nos nossos velhos tempos.
Numa ilha grega deslumbrante, a jovem Sophie, filha de mãe solteira, está às vésperas do seu casamento. Lendo relatos amorosos de um antigo diário da mãe, sem que a dita cuja saiba, ela descobre seus três possíveis pais - e decide convidá-los para a cerimônia. No desenrolar da história, os sucessos do ABBA vão aparecendo um a um: "Super Trouper", "Voulez-vous", "Dancing Queen", "Gimme Gimme Gimme", "S.O.S.", "Take a Chance On Me" - e a faixa que dá título ao musical, é claro. Só senti falta de "One Of Us" (que aprendi a gostar com a versão do A-Teens, grupinho efêmero que regravou os hits do quarteto em 2000).
Meryl Streep - que conquista minha admiração mais e mais a cada dia - arrasa no papel principal (Donna, a mãe de Sophie), mostrando surpreendentes dotes de cantora (sua interpretação de "The Winner Takes It All" tem uma carga dramática quase visceral). Mas todos os demais atores do elenco têm a sua vez de soltar o gogó, e eles se saem muito bem - até mesmo Pierce Brosnan, o homem mais charmoso da Inglaterra, que eu jamais imaginaria num musical. As duas atrizes que fazem as fiéis amigas de Donna são divertidíssimas - destaco a Christine Baranski, uma atriz cujo nome eu nunca acertei (só me saía "Christina Prochaska") e que tem uma veia cômica nata. Eu gosto dessa mulher de graça, até de boca fechada.
O mais surpreendente é como as músicas vão se casando com perfeição ao enredo. Um incauto poderia até pensar que o finado quarteto compôs as músicas para esse filme, de tão natural que é o encaixe. E as interpretações dos atores conseguem dar um fôlego renovado ao trabalho do grupo. O musical tem um ritmo redondo (não dá aquela "desandada" no meio) e o visual paradisíaco da Grécia é um deleite extra para os olhos (só confirmou que essa será minha próxima grande viagem, não importa quanto tempo isso vá demorar). Mais do que isso, é a melhor terapia para um domingo chocho, porque você logo entra no esquema e acaba cantando junto o tempo todo (eu me surpreendi ao constatar que conhecia as letras mais do que pensava). Mas quem não conhece também se diverte, porque Mamma Mia! tem um astral altíssimo, com direito a uma inesperada reviravolta no final. Saí de lá leve, alegre e com uma vontade enorme de ouvir mais ABBA. Se meu primeiro namorado ainda estivesse vivo, eu faria questão de encontrá-lo só para a gente cantar "Voulez-Vous" falando o "a-ha!" um na cara do outro, como nos nossos velhos tempos.
domingo, 5 de outubro de 2008
Folha de S. Paulo tem bola de cristal
Chique mesmo é estar na frente e enxergar longe. A Folha de S. Paulo tem esse dom: já sabia o resultado do primeiro turno das eleições em São Paulo antes de todos nós. Às 22h00 de sábado - portanto, dez horas antes que a votação tivesse início na cidade - a prestigiosa publicação diária finalizava a edição de domingo, com a seguinte manchete estampada: "Marta e Kassab vão disputar 2° turno".
Não é a primeira vez que o "jornalismo adivinhativo" dá as caras por aqui. Exemplo recente foi a capa da revista Veja de 23 de abril deste ano, que selou o destino dos pais da pequena Isabella, atirada da janela de um prédio na Zona Norte. "Foram eles", sentenciava a manchete, adiantando-se às investigações e promovendo a condenação do casal por conta própria, em flagrante violação ao princípio constitucional da presunção de inocência ("ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória").
O que fazer diante da inusitada vocação futuróloga da Folha? Aproveitar, é claro. Afinal, há uma série de incertezas que nos afligem e que já devem ter sido dissipadas pela bola de cristal do jornal. Já me pus a escrever um e-mail para a equipe com algumas perguntas: e nos EUA, vai dar Obama? Qual será a data mais vantajosa para eu comprar meus pesos argentinos? Que música a Madonna vai usar para fechar o primeiro show em São Paulo? Ela vai cantar "Secret", minha predileta? Quais os números sorteados no próximo concurso da MegaSena?
Só quem fosse além da manchete e continuasse lendo o texto da notícia saberia que o "furo" do resultado foi apenas a conclusão de uma pesquisa do instituto Datafolha. Assim como a Veja colocou, nas entrelinhas, que a certeza de que "foram eles" era da polícia e não dela. Não pode. Na ânsia de provocar impacto e vendas, atitudes irresponsáveis como essas manipulam a opinião de toda a população. A Folha jamais poderia ter dado essa manchete. Não hoje. Deveria ter feito como o Estadão, que se saiu muito melhor: "Marta com 35% e Kassab com 27% disputam segundo turno, diz Ibope". Essas duas palavrinhas no final fazem toda a diferença.
Não é a primeira vez que o "jornalismo adivinhativo" dá as caras por aqui. Exemplo recente foi a capa da revista Veja de 23 de abril deste ano, que selou o destino dos pais da pequena Isabella, atirada da janela de um prédio na Zona Norte. "Foram eles", sentenciava a manchete, adiantando-se às investigações e promovendo a condenação do casal por conta própria, em flagrante violação ao princípio constitucional da presunção de inocência ("ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória").
O que fazer diante da inusitada vocação futuróloga da Folha? Aproveitar, é claro. Afinal, há uma série de incertezas que nos afligem e que já devem ter sido dissipadas pela bola de cristal do jornal. Já me pus a escrever um e-mail para a equipe com algumas perguntas: e nos EUA, vai dar Obama? Qual será a data mais vantajosa para eu comprar meus pesos argentinos? Que música a Madonna vai usar para fechar o primeiro show em São Paulo? Ela vai cantar "Secret", minha predileta? Quais os números sorteados no próximo concurso da MegaSena?
Só quem fosse além da manchete e continuasse lendo o texto da notícia saberia que o "furo" do resultado foi apenas a conclusão de uma pesquisa do instituto Datafolha. Assim como a Veja colocou, nas entrelinhas, que a certeza de que "foram eles" era da polícia e não dela. Não pode. Na ânsia de provocar impacto e vendas, atitudes irresponsáveis como essas manipulam a opinião de toda a população. A Folha jamais poderia ter dado essa manchete. Não hoje. Deveria ter feito como o Estadão, que se saiu muito melhor: "Marta com 35% e Kassab com 27% disputam segundo turno, diz Ibope". Essas duas palavrinhas no final fazem toda a diferença.
Uni-duni-tê: quem será o novo síndico do Autorama?
Às vésperas das eleições municipais, a "comunidade GLBTT" (tenho minhas dúvidas se é possível juntar grupos tão díspares sob o mesmo guarda-chuva, mas enfim) se vê diante da necessidade de se posicionar e tenta dar conta da missão como pode. A escolha do voto, como se sabe, é a materialização da postura política de cada um, o resultado de seu engajamento ou sua alienação. Enquanto uns dedicam atenção ao assunto e procuram se manter informados, outros não acham nem que sim nem que não, muito pelo contrário, e juram que está bom assim. Mas dentro de algumas horas todos serão obrigados a influenciar o destino de seus conterrâneos.
E daí que eu tenho ficado abismado ao ver que uma parte substancial da bibarada está decidindo seu voto com base em rótulos, que dizem pouco ou nada sobre os candidatos e em alguns casos escondem armadilhas. Marta é a "rainha dos gays", Alckmin é o "picolé de chuchu", Kassab é o "enrustido" e Soninha é a "maconheira". E pronto, é isso, estamos conversados! Como é que o desempate de uma questão tão séria se faz em bases tão superficiais? Ah, tem também o Maluf, o "rouba mas faz, estupra mas não mata", eu tinha até esquecido dele.
Além de terem pouca ou nenhuma informação sobre o histórico pessoal, a carreira política e as realizações passadas dos candidatos, outro pecado de muitos gays é ver a questão com a habitual miopia do gueto, como se estivéssemos prestes a eleger o síndico do Autorama e não o governante de onze milhões de pessoas. Simpatia pela causa gay é bem-vinda - a promoção da diversidade, o combate à homofobia, a educação das polícias e o apoio à Parada são todas bandeiras importantes - mas o que está em jogo é muito mais do que isso. São Paulo vai muito além dos nossos umbigos. Ainda que alguns de nós só consigam enxergar até o muro da boate.
Mais do que eleger quem conseguir parecer mais gay friendly (o site ACapa e o blog Bota Dentro fizeram entrevistas com os candidatos e, vejam só, da noite para o dia todos viraram "íntimos de oliveira" das questões glbtt), temos que escolher quem tem preparo, idoneidade e boas companhias para gerir os recursos públicos, tomar decisões complexas e resolver os problemas da cidade de forma ética e responsável. Alguém que se preocupe com a precariedade da saúde pública municipal, não alguém que dá tchauzinho para as bees de cima do trio elétrico mas transforma cargos públicos em cabides, substituindo técnicos competentes por gente despreparada de sua corja.
Antes de dar seu veredito pessoal, reflita. Tirando a ex-VJ da MTV, todos os candidatos já estiveram no poder e deram exemplos concretos de sua forma de governar e fazer política. Mire-se neles. Como você avalia o seu candidato, do ponto de vista ético? Qual sua trajetória pessoal recente? Ele parece preparado para exercer a função que lhe será confiada? Tem um plano de governo coerente? O que propõe de concreto e novo? Você ficou satisfeito com o governo anterior do seu candidato? Considera que a cidade esteve bem cuidada? E os serviços públicos? O que foi feito pelo seu bairro, pela cidade que você efetivamente usufrui? Vale a pena repetir a experiência?
Não se esqueça de que você está escolhendo não apenas uma pessoa, mas um partido inteiro, um pacote completo que virá de brinde com o eleito e tomará conta da administração da cidade, se infiltrará nas secretarias, fará mandos e desmandos. Você confia no partido do seu candidato, considera-o íntegro, honesto, ou ele já esteve envolvido em tramóias que mancharam sua reputação? Vote com seriedade. Não dá para lavar as mãos: a responsabilidade da escolha é de todos nós.
E daí que eu tenho ficado abismado ao ver que uma parte substancial da bibarada está decidindo seu voto com base em rótulos, que dizem pouco ou nada sobre os candidatos e em alguns casos escondem armadilhas. Marta é a "rainha dos gays", Alckmin é o "picolé de chuchu", Kassab é o "enrustido" e Soninha é a "maconheira". E pronto, é isso, estamos conversados! Como é que o desempate de uma questão tão séria se faz em bases tão superficiais? Ah, tem também o Maluf, o "rouba mas faz, estupra mas não mata", eu tinha até esquecido dele.
Além de terem pouca ou nenhuma informação sobre o histórico pessoal, a carreira política e as realizações passadas dos candidatos, outro pecado de muitos gays é ver a questão com a habitual miopia do gueto, como se estivéssemos prestes a eleger o síndico do Autorama e não o governante de onze milhões de pessoas. Simpatia pela causa gay é bem-vinda - a promoção da diversidade, o combate à homofobia, a educação das polícias e o apoio à Parada são todas bandeiras importantes - mas o que está em jogo é muito mais do que isso. São Paulo vai muito além dos nossos umbigos. Ainda que alguns de nós só consigam enxergar até o muro da boate.
Mais do que eleger quem conseguir parecer mais gay friendly (o site ACapa e o blog Bota Dentro fizeram entrevistas com os candidatos e, vejam só, da noite para o dia todos viraram "íntimos de oliveira" das questões glbtt), temos que escolher quem tem preparo, idoneidade e boas companhias para gerir os recursos públicos, tomar decisões complexas e resolver os problemas da cidade de forma ética e responsável. Alguém que se preocupe com a precariedade da saúde pública municipal, não alguém que dá tchauzinho para as bees de cima do trio elétrico mas transforma cargos públicos em cabides, substituindo técnicos competentes por gente despreparada de sua corja.
Antes de dar seu veredito pessoal, reflita. Tirando a ex-VJ da MTV, todos os candidatos já estiveram no poder e deram exemplos concretos de sua forma de governar e fazer política. Mire-se neles. Como você avalia o seu candidato, do ponto de vista ético? Qual sua trajetória pessoal recente? Ele parece preparado para exercer a função que lhe será confiada? Tem um plano de governo coerente? O que propõe de concreto e novo? Você ficou satisfeito com o governo anterior do seu candidato? Considera que a cidade esteve bem cuidada? E os serviços públicos? O que foi feito pelo seu bairro, pela cidade que você efetivamente usufrui? Vale a pena repetir a experiência?
Não se esqueça de que você está escolhendo não apenas uma pessoa, mas um partido inteiro, um pacote completo que virá de brinde com o eleito e tomará conta da administração da cidade, se infiltrará nas secretarias, fará mandos e desmandos. Você confia no partido do seu candidato, considera-o íntegro, honesto, ou ele já esteve envolvido em tramóias que mancharam sua reputação? Vote com seriedade. Não dá para lavar as mãos: a responsabilidade da escolha é de todos nós.
sábado, 4 de outubro de 2008
... e a bíblia alternativa
O amigo blogueiro Celso Dossi, uma das pessoas de maior presença de espírito do meu círculo social, fez um comentário pertinente sobre meu post anterior, a respeito do Guia Comer & Beber. Ele disse que acha a revista Veja São Paulo "descaradamente vendida" (mas ressalvou que assina e adora) e perguntou se eu não achava que essa edição especial era "patrocinada".
Querido, essa é uma discussão que nós também temos aqui em casa - quando mostrei à minha mãe os vencedores deste ano, acabamos caindo nesse assunto novamente. Os textos bem redigidos me agradam e muitas vezes servem como um primeiro filtro, mas depois sempre tiro a prova para fazer meu próprio julgamento. No fim das contas, acabo usando o Guia mais como um catálogo de endereços, um diretório bastante funcional que me ajuda a satisfazer alguma necessidade específica (outro dia, por exemplo, amigos cariocas me perguntaram onde tomar uma boa sopa em SP e eu, que não tenho esse hábito, não sabia o que responder) - ou quando quero simplesmente variar.
A boa nova é que, em breve, quem tem um pé atrás com o guia da Vejinha terá uma alternativa. A principal concorrente, a revista Época, está correndo por fora para apresentar a sua versão do produto. A Época São Paulo, que sai uma vez por mês (alguém sabe se a revista está fazendo edições similares em outras capitais?), tem trazido um ótimo roteiro de restaurantes, bares e baladas. O projeto gráfico caprichado tem pitadas de VIP e Maxim, enquanto o logotipo é descaradamente chupado da Rolling Stone, e as resenhas têm uma pegada menos pomposa e mais arejada que as da Veja. Agora, a equipe da revista está preparando sua edição especial O Melhor de São Paulo. O trabalho de meses virá ao mundo em novembro. É esperar para ver.
Bom, aí você vai me dizer que, se a Veja é "vendida", qualquer coisa que venha das Organizações Globo deve ser vista com o triplo de desconfiança. Concordo, mas não é assim com qualquer veículo de comunicação em massa? Se quiser independência, vá ler um blog (e pior que nem todos se encaixam nisso, não é mesmo?). Os cariocas, que consomem O Globo sem sofrer com questionamentos desse tipo, já têm sua opção ao guia da Vejinha: a edição especial Rio Show Gastronomia, que veio com o jornal do domingo passado e também está bem bacana.
Querido, essa é uma discussão que nós também temos aqui em casa - quando mostrei à minha mãe os vencedores deste ano, acabamos caindo nesse assunto novamente. Os textos bem redigidos me agradam e muitas vezes servem como um primeiro filtro, mas depois sempre tiro a prova para fazer meu próprio julgamento. No fim das contas, acabo usando o Guia mais como um catálogo de endereços, um diretório bastante funcional que me ajuda a satisfazer alguma necessidade específica (outro dia, por exemplo, amigos cariocas me perguntaram onde tomar uma boa sopa em SP e eu, que não tenho esse hábito, não sabia o que responder) - ou quando quero simplesmente variar.
A boa nova é que, em breve, quem tem um pé atrás com o guia da Vejinha terá uma alternativa. A principal concorrente, a revista Época, está correndo por fora para apresentar a sua versão do produto. A Época São Paulo, que sai uma vez por mês (alguém sabe se a revista está fazendo edições similares em outras capitais?), tem trazido um ótimo roteiro de restaurantes, bares e baladas. O projeto gráfico caprichado tem pitadas de VIP e Maxim, enquanto o logotipo é descaradamente chupado da Rolling Stone, e as resenhas têm uma pegada menos pomposa e mais arejada que as da Veja. Agora, a equipe da revista está preparando sua edição especial O Melhor de São Paulo. O trabalho de meses virá ao mundo em novembro. É esperar para ver.
Bom, aí você vai me dizer que, se a Veja é "vendida", qualquer coisa que venha das Organizações Globo deve ser vista com o triplo de desconfiança. Concordo, mas não é assim com qualquer veículo de comunicação em massa? Se quiser independência, vá ler um blog (e pior que nem todos se encaixam nisso, não é mesmo?). Os cariocas, que consomem O Globo sem sofrer com questionamentos desse tipo, já têm sua opção ao guia da Vejinha: a edição especial Rio Show Gastronomia, que veio com o jornal do domingo passado e também está bem bacana.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
A bíblia dos gulosos
Finalmente pus as mãos no Guia Comer & Beber 2008-2009, edição especial que a revista Veja São Paulo edita uma vez por ano, elegendo os melhores restaurantes, bares e comidinhas da cidade. Referência obrigatória para glutões de todos os tipos, o anuário - que já soma 464 páginas - esgota e mastiga a extensa cena gastronômica paulistana, num volume fácil de consultar (não fossem os trocentos anúncios ao lado das páginas do índice). É uma boa fonte de referência para conhecer lugares novos, fora do circuito habitual. Eu guardo todas as edições e ainda peço para amigos me mandarem as de outras capitais, em especial Rio, Curitiba e Salvador (que devem estar para sair, pois costumam ser lançados pouco depois da Veja SP).
Depois da previsibilidade dos últimos anos, desta vez o Guia veio com várias novidades para espantar a mesmice. A mais interessante foi a criação de uma categoria especial para premiar os endereços da "alta gastronomia". Com isso, pesos-pesados que sempre monopolizavam as premiações (D.O.M., Fasano, Jun Sakamoto) foram aglutinados nela e não puderam concorrer em suas especialidades originais, abrindo espaço para que restaurantes como Maní, Aizomê e Ici Bistrô ganhassem os louros. Alguns favoritos continuam inabaláveis, como o espanhol Don Curro, mas outros foram destronados - depois de sete títulos, a sorveteria Häagen-Dazs passou a coroa para a carioca Mil Frutas. Para acompanhar as novas manias alimentares da cidade, agora o Guia premia também as melhores temakerias e kebaberias.
Já atualizei minha relação de próximos lugares a visitar. Estão na minha mira, entre outros, os contemporâneos Sal Gastronomia, Cantaloup e Balneário das Pedras, o judaico AK Delicatessen, os italianos Pasquale, Vicolo Nostro e Supra, os brasileiros Tordesilhas e Bananeira, os franceses Allez Allez, Paris 6 e Lola Bistrot, o brunch do Trio, os portugueses A Bela Sintra e Ora Pois!, o Prêt do MAM no Parque do Ibirapuera, os indianos Curry e Tandoor, os japas Kosushi, Kinoshita e Mosaic, os naturais Gaia e Banana Verde, os doces da Sódoces e da Patisserie Mara Mello e o tailandês Thai Gardens, além do Tomates & Bananas - que não serve nem uma coisa nem outra, e sim camarões. Muitos já estão nessa lista há meses ou até anos, mas é difícil jantar em lugares novos quando seus amigos só querem saber de Mestiço, Ritz e Spot. Por esse mesmo motivo, outros 34 restaurantes aguardam na fila a vez de matarem minha saudade.
Só não sei onde vou arranjar dinheiro suficiente para deixar a agenda gastronômica em dia. Depois de alguns meses sem comer fora por conta da minha viagem, tive um choque com os preços da comida por aí. No General Prime Burger, favorito de outros tempos, gastei salgados R$35 por um simples hambúrguer com suco (sem batatas nem sobremesa!). E, nos bons restaurantes, é cada vez mais comum os pratos à la carte chegarem na casa dos R$50 - valor que antes só era cobrado pelo camarão. Desse jeito, minha lista vai continuar rolando anos afora...
Depois da previsibilidade dos últimos anos, desta vez o Guia veio com várias novidades para espantar a mesmice. A mais interessante foi a criação de uma categoria especial para premiar os endereços da "alta gastronomia". Com isso, pesos-pesados que sempre monopolizavam as premiações (D.O.M., Fasano, Jun Sakamoto) foram aglutinados nela e não puderam concorrer em suas especialidades originais, abrindo espaço para que restaurantes como Maní, Aizomê e Ici Bistrô ganhassem os louros. Alguns favoritos continuam inabaláveis, como o espanhol Don Curro, mas outros foram destronados - depois de sete títulos, a sorveteria Häagen-Dazs passou a coroa para a carioca Mil Frutas. Para acompanhar as novas manias alimentares da cidade, agora o Guia premia também as melhores temakerias e kebaberias.
Já atualizei minha relação de próximos lugares a visitar. Estão na minha mira, entre outros, os contemporâneos Sal Gastronomia, Cantaloup e Balneário das Pedras, o judaico AK Delicatessen, os italianos Pasquale, Vicolo Nostro e Supra, os brasileiros Tordesilhas e Bananeira, os franceses Allez Allez, Paris 6 e Lola Bistrot, o brunch do Trio, os portugueses A Bela Sintra e Ora Pois!, o Prêt do MAM no Parque do Ibirapuera, os indianos Curry e Tandoor, os japas Kosushi, Kinoshita e Mosaic, os naturais Gaia e Banana Verde, os doces da Sódoces e da Patisserie Mara Mello e o tailandês Thai Gardens, além do Tomates & Bananas - que não serve nem uma coisa nem outra, e sim camarões. Muitos já estão nessa lista há meses ou até anos, mas é difícil jantar em lugares novos quando seus amigos só querem saber de Mestiço, Ritz e Spot. Por esse mesmo motivo, outros 34 restaurantes aguardam na fila a vez de matarem minha saudade.
Só não sei onde vou arranjar dinheiro suficiente para deixar a agenda gastronômica em dia. Depois de alguns meses sem comer fora por conta da minha viagem, tive um choque com os preços da comida por aí. No General Prime Burger, favorito de outros tempos, gastei salgados R$35 por um simples hambúrguer com suco (sem batatas nem sobremesa!). E, nos bons restaurantes, é cada vez mais comum os pratos à la carte chegarem na casa dos R$50 - valor que antes só era cobrado pelo camarão. Desse jeito, minha lista vai continuar rolando anos afora...
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