sábado, 23 de agosto de 2008

Truques para uma Europa mais econômica

Alguns posts atrás, um leitor deixou um comentário pedindo dicas de como viajar "sem gastar muito". Bem, com a moeda européia mais forte e valorizada do que nunca, não dá para fazer milagres (como dizia um ditado americano, não existe almoço grátis). Mas dá para cortar várias "gordurinhas" do orçamento. São pequenas atitudes que, no fim das contas, podem acabar fazendo uma boa diferença, especialmente em viagens mais longas. A idéia não é seguir à risca todas essas orientações, mas apenas tê-las em mente durante o percurso e fazer algumas escolhas mais econômicas.

::: Planejamento é fundamental para voar mais barato. Quem se antecipa gasta muito menos. Fechando com seis meses de antecedência, toda a minha parte aérea para quatro destinos diferentes, incluindo ida e volta do Brasil, saiu por menos de R$ 2500. Passagens de trem também saem mais em conta se você comprar bem antes ou topar viajar em horários "malucos" (no meio da madrugada, por exemplo).

::: Como já dito neste post, no verão europeu (especialmente os meses de julho e agosto) tudo sai bem mais caro. Na Grécia, os preços da hospedagem chegam a dobrar. Se quiser aproveitar o tempo ensolarado sem pagar o pato, vá em junho ou setembro (no começo do mês, o clima ainda está bem quente e há bastante movimento).

::: Vai viajar sozinho? Quarto single de hotel sai caríssimo. Dispa-se de eventuais preconceitos e considere a idéia de ficar num albergue - alguns são limpos, confortáveis e descolados, e você ainda conhece gente nova. Mesmo se estiver viajando com mais gente, cogite a hipótese: vocês podem pegar um quarto só para vocês, às vezes até com banheiro privativo. Pesquise aqui.

::: Quanto mais central for a localização do hotel, mais cara será a diária. Se o hotel for mais afastado, mas tiver metrô na porta, a economia pode compensar. Paris, por exemplo, tem praticamente uma estação de metrô a cada 500 metros. No entanto, considere que o metrô tem hora para fechar - e voltar para casa de táxi sairá mais caro se você estiver longe do centro. Além disso, nas estações mais distantes, o metrô deserto demais pode ser pouco aconselhável para mulheres desacompanhadas.

::: Leve do Brasil os artigos de toilette e higiene pessoal que vai usar. Assim, você não precisa gastar seus euros em coisas básicas, como espuma de barbear. É um peso a mais na mala? Sim, mas você pode minimizá-lo se levar shampoo em frascos pequenos e perfumes em miniatura, por exemplo.

::: É muito comum que os restaurantes ofereçam menus do dia (formules, na França) com entrada, prato principal, sobremesa e bebida por um preço bem menor do que os pratos do cardápio. Caso você esteja propenso a fazer apenas uma refeição completa por dia, escolha o almoço: os menus são bem mais baratos que os do jantar.

::: Baguetes, quiches, doces, sorvetes e outros quitutes "portáteis" saem mais baratos se você pedir para viagem, ao invés de consumir no próprio café ou restaurante (já no Brasil saem mais caros, porque se cobra a embalagem). Além disso, em alguns lugares é mais caro sentar nas disputadas mesas da calçada ou do terraço: há um cardápio próprio, com preços diferenciados, ou então é cobrada uma taxa adicional de até 15% sobre a conta.

::: Uma maneira charmosa de comer economizando é comprar queijos, frios, pães, doces, frutas e uma garrafa de vinho e fazer um piquenique. O hábito é mais comum na França (Paris tem áreas especialmente convidativas), mas em vários outros países você encontra pessoas fazendo sua boquinha em parques e praças, sobretudo na primavera e no verão. Mas atenção: para o barato não sair caro, compre seu farnel num supermercado, não numa épicerie fina (aliás, se você tem orgasmos na Casa Santa Luzia ou no Garcia & Rodrigues, passe bem longe da Fauchon, templo maior do consumo gastronômico francês).

::: Para se locomover, familiarize-se com os passes múltiplos, mais econômicos. Algumas cidades têm vários tipos de bilhetes; antes de comprar o primeiro por impulso, veja se é o mais adequado para os seus planos. Um passe que permite uso ilimitado de metrô e ônibus por um período (2, 3 ou 4 dias) só compensa se você for efetivamente bater perna como um louco e em pouco tempo. Caso contrário, pode ser mais barato comprar um bilhete de 10 viagens sem validade. Dentro do mesmo raciocínio, bilhetes turísticos como o BerlinWelcome e o BarcelonaCard, mais caros porque incluem descontos em várias atrações, só interessam se você for usufruir dessas vantagens. Pense, compare e faça uma escolha racional.

::: Se você tem pouco tempo numa cidade, a opção mais cômoda e descomplicada para conhecer os pontos turísticos é fazer um daqueles sightseeing tours. São ônibus de dois andares (o de cima é descoberto) que percorrem todas as atrações, em um ou dois circuitos diferentes. O passe, que custa entre 20 e 25 euros, dá direito a descer do veículo nas atrações que lhe interessarem e continuar o passeio no ônibus seguinte (que passará dali a 15 minutos). Por outro lado, em várias cidades, você pode dispensar esse serviço e fazer tudo sozinho (muitas vezes, a pé mesmo) se não estiver com a agenda tão apertada.

::: Não se esqueça: qualquer coisa dentro ou ao redor de atrações turísticas custa muito mais caro. Seja para um lanche rápido, um sorvete ou os inevitáveis suvenires e cartões postais, a diferença pode bater os 400%. Dentro do Castelo de Praga, por exemplo, o único bar disponível vende uma garrafinha d'água a inacreditáveis 6 euros (a República Checa perdeu a inocência de outros tempos, meu bem). Visite as atrações, mas suma da área logo em seguida; procure comer e fazer suas compras com os nativos, não com os turistas.

::: Se você resolveu comprar suas lembrancinhas numa área escancaradamente turística (como as ruelas de Staré Mesto, o centro antigo de Praga), não saia comprando tudo na primeira loja. Não é o caso de desperdiçar a tarde fazendo pesquisa de preços (são milhares de lojas!), mas dê uma olhadinha em algumas concorrentes. Gostou, mas achou caro? Pechinche, sem medo de parecer cafona (o europeu valoriza até os centavos).

::: Há diversas formas de economizar nos museus. Alguns oferecem um dia de entrada gratuita (no Louvre, por exemplo, é o primeiro domingo do mês). Outros dão descontos para turistas que compraram os bilhetes múltiplos (como o Paris Visite) de que falei mais acima. Com carteira internacional de estudante (aquela verdinha da ISIC), a tarifa também é reduzida (mas não pela metade). Nos museus de arte moderna, você gastará menos se quiser ver apenas o acervo permanente, abrindo mão de exposições temporárias que nem sempre são interessantes (avalie).

::: Vai ficar muito tempo na mesma cidade? Depois que inventaram o celular, passamos a ter a necessidade de ser acessíveis onde estivermos. Não estou falando do seu escritório em São Paulo (você está em férias, lembre-se), e sim dos seus anfitriões na Europa, assim como os peguetes e namoricos que forem aparecendo pelo caminho. Ao invés de contratar o roaming internacional do seu celular (caro, ele interessa apenas ao seu chefe, que te amolará gastando pouco), leve apenas seu aparelho e compre um chip pré-pago local (os nativos agradecerão!). Para falar com o Brasil, ligue a cobrar pelo BrasilDireto da Embratel ou compre cartões DDI pré-pagos (você raspa, introduz a senha e vai usando, é prático e barato). Só faça ligações do quarto do hotel (uma facada em qualquer lugar!) em caso de emergência.

::: Para fazer suas compras, fuja dos preços salgados de Londres e Paris. As coisas costumam ser mais baratas na Espanha (Barcelona tem ótimos outlets), Itália e Portugal; Berlim também não é cara. Aproveite as épocas de grandes liquidações, em janeiro e julho - na Europa, "liquidação" não é descontinho mixuruca, é abatimento de 50% ou mais. Tente concentrar suas compras na mesma loja, assim é mais fácil atingir o valor mínimo para pleitear a devolução do imposto ao deixar a Europa.

::: Não deixe que sua preocupação com os gastos transforme sua viagem numa sucessão de privações. É importante saber usufruir do dinheiro e até se premiar com algumas extravagâncias. Se for para comer pão com manteiga e regular dinheiro de ingresso, é melhor nem sair de casa - e adiar os planos para ir com um orçamento menos apertado. Aqui, vale a máxima do Carnaval de Salvador: "se não agüenta, por que é que veio?"

18 comentários:

Anonymous disse...

Introspecthive,
Maravilhosas as suas dicas, vou guardar todas prum giro por lá em outubro. Tô morando na África e aqui há coisas bárbaras tb.
abs
P

cameliadepedra.blogspot.com disse...

Nossa suas dicas sao sensacionais. Voce devia escrever um livro sobre isso. Eu ja viajei tanto e nunca pensei dessa forma tao simples de encomizar dinheiro. Parabens! Ontem encontrei minha amiga alemã naquela livraria. Quando ela começar a fazer de novo aquelas mesas, quer ir?
Meu e-mail é cameliadepedra_1@yahoo.com.br
Quando quiser me escreva, me mande seu tel, por que acabei nao anotando.
Beijos,
Cam

Pegante disse...

Só acrescentaria uma coisa:

dar uma olhada nos sites das companhias aéreas "low-cost" para fazer os trechos internos na Europa.
Easyjet, Ryanair, Air Berlin, Vueling, Wizzair, etc.
Nem sempre vale a pena ou encaixa no itinerário. E as menos conhecidas tem o risco de falir antes de vc embarcar.
Algumas voam para aeroportos meio longe das grandes cidades, tem que levar tudo em conta para decidir.
Mas conheço vários casos onde deu tudo certo e a economia foi substancial.

Clebs disse...

Planejamento....essa é a dica mais importante. Sabendo o que irá acontecer e o que fazer, as outras serão melhores aproveitadas...

Claro que é sempre bom tirar um dia para se perder!!!!

poor guy fashion victim disse...

Certo rapaz;) Óptimas (ops parece que ainda não consegui aderir ao tratado, fica então Ótimas) sugestões para deixar os euros voarem mais devagarinho da carteira.

Apenas uma não concordo. Viajar médias distâncias de comboio na Europa sai tão caro quanto de avião, desde que se trate do centro da Europa e se compre com muita antecedência bilhete de avião numa low cost.

Há uma dica muito importante para alojamento que não referiu e que é a casa dos amigos ;))

Já respondi à sua questão relativa à presença de conterrâneos seus na pool party.

Abraço
http://poorguyfashionvictim.blogspot.com/

UFFF come back to real life is so hard!!!!

Über Brazil disse...

Olha que legal... Primeio achei que meu blog nao era visto (Über Brazil), até pq ando mtooooo relaxado, sem atualizações a séculos. E segundo, por encontrar alguém que goste de metros... como disse.. adoro.. me sinto 'total cidadao do mundo'. hehe. Ja li mto teu blog, confesso que andei um tempinho ausente. Mas vendo os ultimos post, me identifiquei mto. Principalmente com algumas danceterias que mencionastes na europa. Trabalho com entretenimento noturno, sou arquiteto. na pratica, projetos danceterias. E conheço mtas, principalmente na Europa. Pego como referência as TOP 10 da DjMag. Otimas tuas dicas. Tens 'feeeling' para isso. Abração.
Mateus (mateus@sinos.net)

Celso Dossi disse...

HAHAHAHAH
Eu adorei a máxima do carnaval de Salvador: "se não agüenta, por que é que veio?".
E não agüento mais mesmo, não irei por um bom tempo. ;)

B. Lex disse...

Ja disse que to indo pra europa nos proximos dias né; esse post é de extrema importancia pra mim. hehehe. E concordo com o ultimo topico, se nao tiver dinheiro suficiente pra voltar satisfeito é bom esperar mais um pouco e ficar no google earth.

cameliadepedra.blogspot.com disse...

Turista Acidental. Lembrou de pegar o filme?
Bjos,
Cam

Anonymous disse...

Euro forte??? Na verdade desde 1994, no lançamento do plano real, qualquer moeda internacional nunca esteve tão barata. Independente se vai gastar em Euro ou em Dolar, as vantagens para viajar no momento são muitas.
Então o correto é você dizer: "...com a moeda européia mais fraca e desvalorizada que nunca com relação ao REAL..."

Abraço

Thiago Lasco disse...

Anônimo 1: Não duvido que haja coisas bárbaras por aí... e a gente, que tem um baita preconceito em relação a África aqui no Brasil, nem sabe o que está perdendo...

Cam: Obrigadão. Vamos nos falar sim. E preciso ver o tal filme...

Pegante: Eu até lembrei das cias. baratinhas (eu só conhecia as duas primeiras), mas tenho um agente de viagens tão bom e tão eficiente que preferi deixar tudo na mão dele. Mas concordo que a dica ficaria ótima no post!

Clebs: Poder se dar ao luxo de sair do cronograma e se perder é fundamental, afinal são férias. Mas que dá uma peninha quando se tem pouco tempo, isso dá! ;^)

Über Brazil: Obrigado, Mateus! Apareça!

Celso Dossi: Agora eu também preciso de uma boa quarentena! :^P

Bruno Lex: Google Earth também não, né... melhor ver as fotos nas revistas de turismo! Boa viagem!

Anônimo 2: A moeda européia, "mais fraca e desvalorizada do que nunca com relação ao real"?! Por acaso você lê jornal? rs

Anonymous disse...

oi intro,

queria q vc desse umas dicas pra quem vai se jogar sozinho na europa!!
me joguei sozinho em buenos aires e nao gostei, as pessoas nao sao nem um pouco receptivas, ou eu tava fazendo carão demais... queria umas diquinhas de quais lugares sao melhores p conhecer gente, q tipo de roupa vestir, enfim...
help!!
beijos e boas viagens

g.

Anonymous disse...

Vamos lá:
Achei um histórico da cotação do Euro no site do Banco Central.
Olha qto cada euro custou na média, em relação ao real, nos anos seguintes:

2001 - 2,28
2002 - 3,15
2003 - 3,40
2004 - 3,71
2005 - 2,85
2006 - 2,73
2007 - 2,65
2008 - 2,39

Vc não concorda que é mais barato comprar um euro em 2008 do que nos 6 anos anteriores?
Isso quer dizer que o Euro se "desvalorizou", ou seja, ficou mais barato.
Então, como pode dizer que a "moeda européia esteve tão forte e valorizada que nunca"?
E ainda fala que eu não leio jornal?...sacanagem...
Agora vc pode entender pq eh tão mais fácil para brasileiros viajarem para o exterior nos últimos anos (como vc pode ler nos "jornais")...pq é mais barato comprar a moeda deles...entendeu?

Thiago Lasco disse...

Você disse que a moeda européia está fraca e desvalorizada em relação ao real. Se EUR 1,00 = BR$ 2,30, não me parece que o euro esteja fraco e desvalorizado em relação ao real... mas talvez seja só uma opinião, não é?

Anonymous disse...

Não. Tanto o Euro como o Dolar estão ambos muito baratos. Mas muito baratos mesmo. Que tanto que a última vez que se teve notícia de dolar tão barato no Brasil foi em 1994 com a paridade 1 para 1 real/dolar...vc deve lembrar...

Bem, foi apenas um comentário sobre o que vc escreveu no seu texto. Você pode até achar que esteja caro baseado em motivos pessoais...seu salário, capacidade de pagamento ou poder aquisitivo. Mas a verdade eh que vc gastaria muito mais para viajar nos últimos 6 anos do que agora.
Concluindo, o Euro está mais desvalorizado do que nunca para nossotros brasileiros. Se tah difícil viajar agora para vc, seria muito mais no passado.

Thiago Lasco disse...

O euro pode estar mais barato do que antes - mas ainda é uma moeda mais valorizada do que o real. Isso é matemática. Quando um real comprar 2 euros, aí sim você poderá dizer que o euro está "desvalorizado" em relação ao real. Isso não tem nada a ver com "motivos pessoais" de qualquer espécie. Obrigado pelo interesse!

Anonymous disse...

Risos. Ainda não faz sentido.
Vc tem que se basear na história pra provar a sua argumentação...não na matemática "diretamente".
Historicamente isso nunca aconteceu...e "provavelmente" nunca vai acontecer de 1R$ valer 2Euros.
Desde o lançamento do Euro em 1999 a paridade nunca foi menor que 1 euro para 2 reais (em torno).
Então se desde o primeiro dia de lançamento a cotação nunca foi menor que dois euros, vc quer dizer que nunca será possível dizer que o real passou por um processo de valorização e, consequentemente, o euro de desvalorização e está desvalorizado? Concorda que não está certo?
Então dizer que " o Euro está mais forte e valorizada que nunca" como vc disse no seu texto está errado. Pq na verdade ela está bem fraquinha como vc pode ver nos comentários diários com relação à crise americana e européia.

Ivo disse...

Dear, depois do calor fora de época que peguei em Bs. As., concluí que minha praia não é no verão (oxímoro como sou, hehehe). AMEI o seu guia, como sempre.

Beijo,

I.