quarta-feira, 26 de março de 2008

O dia de ontem rendeu

7:00AM - Alguns meses atrás, numa ida ao supermercado (rara, porque não moro sozinho e não sou eu quem abastece a casa), eu me deparei uma pasta de dente de baunilha (!), a Sorriso Vanilla Mint. Comprei para provar, e vi nela uma ótima aliada contra a larica de sobremesa que sempre tenho após o almoço: como ela é docinha (sem deixar de ser refrescante) e tem cara de pavê, basta escovar os dentes logo depois de comer, que eu perco a vontade de comer doce. Pois hoje experimentei um novo sabor de Sorriso: menta com guaraná. É ainda mais gostoso - parece aqueles refrescos de guaraná da minha infância.

1:55PM - Não tenho o hábito de ler a Superinteressante, porque muitos dos assuntos curiosos que eles abordam não despertam o meu interesse. Mas adorei a matéria de capa deste mês, um mergulho no universo dos presídios, onde a vida segue leis paralelas e tudo tem seu preço, desde telefone celular até o direito de continuar vivo. A seriedade do tema poderia render uma reportagem sisuda e deprê, requentando o livro Estação Carandiru, mas a dupla de repórteres soube inovar: costurou suas descobertas em um texto surpreendentemente saboroso e bem-humorado - sem deixar de ser informativo e trazer curiosidades que são, afinal, o mote da revista (a receita caseira de "maria-louca", por exemplo). E a editoria de arte da Super - acostumada a transformar assuntos pesados em matérias visualmente atraentes - fez, mais uma vez, um trabalho colorido e vibrante.

4:20PM - Gosto de descobrir comidinhas gostosas na cidade e cultuá-las como se fossem pequenos segredos que só eu conheço. Um desses tesouros escondidos era o Desfrutti, uma casinha com jeito praiano na Rua Tabapuã, que fazia ótimas vitaminas e os melhores wraps da cidade - com pão-folha fininho e crocante (bem diferente do borrachudo da cadeia Wraps) e recheios fartos, em deliciosas combinações. Aos poucos, a receita foi dando certo. Primeiro, rendeu uma filial bem maior na Faria Lima; depois, novos pontos na Vila Olímpia e na Alameda Santos (onde ficava o Pequi). Agora, eles vão desocupar a casinha da Tabapuã e abrir uma nova loja no Itaim, na Rua Joaquim Floriano. O melhor: eles estão crescendo sem perder o sabor e a qualidade do começo. Estive na filial da Alameda Santos e constatei que meu wrap favorito, o Nias, continua irresistível, assim como o suco de limão, hortelã e leite condensado light.

6:45PM - Cheguei à faculdade um pouco mais cedo, fui matar o tempo na biblioteca e me encantei com a Lürzer's Archive, uma revista que seleciona as melhores campanhas publicitárias do mundo. Espécie de bíblia dos diretores de arte e criação, foi criada em 1984 e tem cinco edições (americana, européia, alemã, chinesa e internacional), que circulam bimestralmente - a capa da edição internacional nº 06/2007 traz Gisele Bündchen nua, coberta por uma espécie de jato de água, que imita um vestido esvoaçante de caimento perfeito. Os trabalhos selecionados são absolutamente fascinantes: criativos, irreverentes, geniais. Dá vontade de virar publicitário amanhã - de preferência, em um país onde não se façam propagandas grosseiras e retardadas do tipo "Nã-Nã-Nã-Nã" e "Zeca-Feira".

8:20PM - No segundo ano do meu curso de jornalismo, duas disciplinas fazem um panorama crítico da história recente do Brasil, discutindo, por exemplo, as conseqüências do regime militar e os planos econômicos que se sucederam após a abertura política. É um amadurecimento dos conteúdos de história que os alunos tiveram no colégio, para ajudá-los a entender melhor o país em que vivem (vale lembrar que a maioria deles nasceu entre 1987 e 1989). Vendo vídeos da época das Diretas Já e também das campanhas presidenciais de 1989, fiquei impressionado ao ver como, mesmo após 20 anos de repressão política, a sociedade brasileira era muito mais mobilizada. Hoje, somos todos apáticos, entorpecidos mesmo. Sentimo-nos impotentes, maldizemos os políticos em geral - e desistimos, tocando a vidinha diária e cuidando dos nossos interesses individuais. Uma manifestação popular como as que ocupavam a Sé e a Cinelândia seria impensável nos dias de hoje - no máximo, protestamos sentados na internet, e olhe lá.

8 comentários:

TONY GOES disse...

Esqueceu de mencionar o presentinho que eu te mandei por e-mail.

mgerzely disse...

Caro,
Ler seu blog tem sido um prazer para mim.Adoro a versatilidade dos seus assuntos(literalmente de A a Z)e a despretensão amável de seus comentários.Saiba que tem um fã virtual que admira sobremaneira sua escrita introspectiva compartilhada. Um grande abraço, Márcio.

Clebs disse...

Eu até tento, mas não consigo filtrar toda aquela quantidade de informação que recebemos durante o dia inteiro.

Você consegue??

Antonio disse...

é...realmente, como diz Clóvis Rossi, somos um bando de bovinos sendo pastados, passivos, desarticulados (eu estou começando a acreditar que isso jah está se tornando uma daquelas características intrínsecas do brasileiro, mesmo porq nossos vizinhos são muito mais articulados)...
Ponto para o sistema que deu um "plus" na nossa permanente e irreversível medíocridade....
seus textos sempre interessantes...! bjos
:P

Alexandre Lucas disse...

A politização de nossa intelectualidade está realmente decepcionante...

Gui disse...

Se é a campanha que eu to pensando, é da sandalia Ipanema G2B (H20 + GB, neam?).

Gisele linda como sempre.

Thiago Lasco disse...

mgerzely: obrigadão!

Tony: vamos deixar os leitores na curiosidade! ;)

Clebs: É tanta informação vindo de tantos lugares, em tantas direções, que nem sei mais de qual você está falando! :P

Antonio e Alexandre: Dizem que só apertando no bolso é que a classe média grita. Espero que não seja preciso um novo confisco...

Gui: Pois é! E me dá um certo alento saber que o mesmo país da Zeca-Feira é capaz de produzir pérolas como aquela.

Gui Sillva disse...

os jovens de antigamente era mais mobilizados. não pensavam individualmente. hj esquecemos tudo muito rápido.

já experimentei a pasta de dentes de guaraná. uma delícia!!!