A parte 1, você encontra aqui.
BELISCOS E GULOSEIMASO
Cafeína (de novo ele!) é uma espécie de coringa: tem cafeteria, salgados, doces, sanduíches e até refeições mais substanciosas. Cada vez mais pop, tornou-se a primeira lembrança de muitos quando bate aquela fome da tarde - afinal, é prático encontrar tudo num lugar só. Mas meus preferidos são outros. Os melhores salgados são os da
delicatessen The Bakers, em Copacabana - a quiche Provol'onionz, de queijo provolone com cebola, é um arraso. Para sanduíches, difícil superar o
Talho Capixaba, no Leblon: com algum talento, você monta um lanche incrível, escolhendo pães, frios, pastas e outros recheios em uma lista gigantesca de ingredientes. No Centro da cidade, sou louco pelo
Ateliê Culinário, anexo ao Cine Odeon, que manda bem tanto nas quiches e salgados como em pratos quentes. E se para você comida é uma preocupação secundária, sente-se em uma das mesas externas da
Confeitaria Colombo do Forte de Copacabana e admire a vista espetacular - é ela que ficará em sua memória, não os quitutes de lá.
Bateu aquela vontade de comer doce? A tentadora mesa do quilo
Fellini tem uma torta alemã com calda de chocolate morno que é de comer de joelhos. Para rivalizar com ela, só mesmo a torta maravilha (de morango ou banana) da
Torta & Cia., no Humaitá e no Leblon. Os bolos da
Doce Delícia também não decepcionam. Em termos de sorvete, o Rio me agrada até mais do que São Paulo. Fãs de sabores cremosos na linha La Basque têm orgasmos na rede
Itália - o sorvete de torta alemã é algo! Para paladares mais refinados, a
Mil Frutas é um programa imperdível: entre sabores de fruta e cremosos, há mais de 180 opções, e a casa não cansa de surpreender com novidades. É cara como Haagen-Dazs, mas vale cada centavo.
Ipanema lança novos modismos a cada verão, e isso também vale para comidinhas. Primeiro vieram as temakerias; depois, as lojinhas de
frozen yogurt; no verão passado, surgiu ali uma estranha mania de comer
kebab, o famoso churrasco grego, em versão desestigmatizada. Em todos os casos, uma casa lança a ideia, faz sucesso e, na semana seguinte, dezenas de imitações já se espalharam pelos quarteirões. Melhor ficar com os pioneiros: os temakis da
Koni Store e o
frozen yogurt da
Yogoberry. Confesso que não tenho a
menor vontade de provar um kebab carioca: se a ideia é um petisco étnico, me apetecem mais as
tapas espanholas do
Venga!, ou as
bruschettas da
Prima Bruschetteria.
JANTARComer fora também é programa de carioca, como não? Com direito às mesmas esperas intermináveis que eles acham ruins quando vêm passear em São Paulo, é bom dizer. Nos restaurantes mais buxixados, como o japonês
Sushi Leblon, a distração de quem fica plantado esperando mesa é ver e ser visto (alguém pensou no Spot?) e dar de cara com alguma celebridade. Outros japas de responsa são o
Ten Kai, em Ipanema, o
Manekineko, para quem curte invencionismos ocidentais, e o
Azumi, que é o extremo oposto de todos os anteriores: tradicional, purista e frequentado por "japoneses de verdade". Agora eu quero conhecer o
Nao, no Fashion Mall, que serve
esqueminhas (menus-degustação) criados por Nao Hara, o
sushiman do elogiado Shin Miura.
A cozinha contemporânea tem vários representantes dignos na cidade. Meu favorito é o
Zazá Bistrô Tropical, um sobrado colorido, de cardápio bem criativo - o
curry de frango e o rosbife de cordeiro são simplesmente matadores. No andar superior, você tira os sapatos e come em mesas baixas, jogado em almofadões, à luz de velas. O
Bar d'Hôtel, no primeiro andar do Marina All Suites, serve pratos de inspiração francesa, na linha do nosso Ruella (cuja chef já foi sócia do BDH). No
Miam Miam [
foto], a proposta é
comfort food: receitas caseiras, que tragam conforto e lembranças de infância, relidas de forma moderna. O lugar é charmoso e bem retrô, como uma casa de avó. Vários amigos meus adoram o
Zuka, mas o cardápio de lá não me atrai tanto; o
Bazzar, por outro lado, tem um menu bem amplo e versátil. Uma dica que muitos me deram e ainda não conferi é o restaurante da
Roberta Sudbrack, primeira mulher a comandar a cozinha no Palácio do Planalto. Não há cardápio: você embarca numa viagem de vários pratos servidos em esquema degustação pela
chef.
Para um jantarzinho a dois, algumas sugestões são o
Copa Café, super intimista, que prepara hambúrgueres sofisticados no prato (criados pelo chef do nosso B&B Burger Bistrot), o
Juice & Co., que faz a linha saudável, com receitas mais leves e uma carta de 60 sucos, e o
Nam Thai, um tailandês fantástico - melhor até que o
Sawasdee, o
thai da moda. Os paulistanos
Carlota e
Le Vin também têm filiais no Rio. Se, por outro lado, a ideia é badalar, boas pedidas são os já citados
Sushi Leblon e
Bar d'Hôtel, além do despretensioso
Via Sete e do
Felice, unanimidade absoluta entre o público gay.
E, para desfazer certos mitos, vale avisar que no Rio também se comem ótimas pizzas. É verdade que a pizzaria da moda é a paulistaníssima
Bráz, que já tem duas filiais cariocas. Mas há outras boas opções, como a
Stravaganze, de ambiente moderno, a
Capricciosa, pizzaria de grife, considerada por muitos como a melhor da cidade, e, numa linha mais informal, os discos fininhos e crocantes da
Pizza Park (Cobal do Humaitá e Cobal do Leblon) e da pizzaria do supermercado
Zona Sul. Carioca colocando
catchup na pizza, eu só vi mesmo no Pizza Park, que tem cara de bar...
FOME DA MADRUGADAAté aqui eu vinha dizendo que o Rio não ficava devendo a SP em nenhum aspecto. Pensando melhor, fica sim: a oferta de comida na madrugada é bastante inferior. Mesmo sem bons restaurantes ou padarias 24 horas, porém, há vários lugares que podem quebrar o galho. Dá para tomar um bom lanche em lojas de suco como
Kicê (até 2h; até 3h no fds),
Bibi (até 2h; até 3h no fds) e
BB Lanches (até 3h; 5h no fds), ou comer um temaki na
Koni Store da Farme (até 3h; qui./sáb., até 6h). Se um salgado for suficiente, a
Fornalha tem três lojas que funcionam 24h.
No clássico
Cervantes (até 4h; até 6h no fds), os sanduíches de pernil ou filé com abacaxi (equivalentes em fama ao nosso sanduíche de pernil do Estadão) abastecem a eclética fauna noturna de Copacabana há 55 anos. No
Jobi, um dos mais importantes botequins do Rio, a saideira vai até 4h (5h no finde) e pode incluir pratos quentes. Se estiver pela Lapa, o também tradicional restaurante
Nova Capela fecha às 5h todos os dias - mas não é qualquer um que consegue traçar um cabrito com arroz de brócolis de madrugada. Só não me peça para recomendar a
Pizzaria Guanabara (até 7h): o lugar pode ser fervido e cheio de histórias (Cazuza e seus amigos sempre terminavam a noite ali), mas a pizza é intragável.