quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Idéias e planos para um futuro incerto
Fazer um curso de oratória. Voltar a desenhar. Saltar de pára-quedas mais uma vez. Deixar meu francês igual ao meu espanhol, meu espanhol igual ao meu inglês e meu inglês igual ao meu português. Voltar a San Francisco com minha mãe. Fazer alongamento até conseguir pegar meus pés com as pernas esticadas (nem que isso leve vinte anos). Providenciar um template novo para este blog. Fazer um curso de pilotagem e direção defensiva. Conhecer a Vista Chinesa. Transcender o sushi e ir mais fundo na culinária japonesa, começando pelo sukiyaki. Passar um feriado numa fazenda, andar a cavalo e tomar banho de rio pelado. Armar uma exposição com algumas das minhas fotografias. Começar um plano de previdência privada. Praticar algum tipo de trabalho voluntário. Tirar férias longas no Ceará. Fazer uma retrospectiva escrita de tudo o que eu vivi nesses 30 anos. Puxar muito ferro até meu corpo ficar como eu sempre quis. Depois de cinco anos curtindo o resultado, abstrair de vez a musculação e passar a fazer só pilates e ioga. Ir ao teatro todo mês. Aprender a trocar pneu. Conferir se Búzios é mesmo a minha cara, como meus amigos dizem. Pintar alguns quadros, just for fun. Investir mais em restaurantes que façam pratos gostosos com legumes que eu não como. Encontrar uma arte marcial com que eu me dê bem. Conhecer a Grécia. Achar algum livro facinho de economia que me faça entender por que diabos a emissão de moeda gera inflação. Manter minha decisão de ser um pouco menos crítico. Voltar a nadar com freqüência. Pegar do zero a série Sex And The City. Assistir também as caixas de Queer As Folk, Absolutely Fabulous e Desperate Housewives. Conhecer Maceió. Aprender a cozinhar (pelo menos alguma coisa). Fazer o Curso Abril de Jornalismo. Botar aparelho nos dentes. Voltar a Boipeba com um namorado. Poder voltar a me dar o luxo de ler livros apenas por prazer e não mais por obrigação. Descer um rio fazendo rafting. Fazer terapia do choro assistindo a Dançando no Escuro. Dar um rolê de bicicleta por Petrópolis. Comprar um apartamento e decorá-lo do meu jeito. Aprender a fazer uma boa massagem. Jogar fora todos os meus livros e cadernos de Direito. Conseguir me encontrar profissionalmente.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Banquete no museu
Nosso querido Museu de Arte de São Paulo, um dos ícones da cidade, já viveu dias melhores. O furto de um Picasso e de um Portinari de seu acervo, em invasão ocorrida em dezembro passado [ambos os quadros foram recuperados, algumas semanas depois], reacendeu o debate em torno da situação jurídica do museu: há quem defenda que ele passe a ser administrado pelo poder público, e assim possa receber recursos do erário. Problemas de gestão à parte, além de ser um ótimo programa cultural, o MASP esconde uma surpresa em seu subsolo: um dos melhores almoços da região da Avenida Paulista.
O espaço onde funcionava o antigo Restaurante do MASP foi entregue em fevereiro ao pessoal do UNI, conhecida casa do Itaim Bibi que faz um dos bons bufês da cidade. Se o amplo refeitório com ares modernistas continua intacto (e nem precisava de retoques), o mesmo não pode ser dito da cozinha, que ganhou um senhor upgrade em termos de qualidade. Fiquei muito bem impressionado com o que vi e comi.
Para começar, uma estação de saladas bastante vistosa, com folhas variadas, queijos e algumas frescurinhas frias, como terrines, galantines, musselines e outras ines de plantão. Nos pratos quentes de hoje, delicadas postas de saint-pierre que desmanchavam na boca, com leve molhinho de pimenta rosa à parte, uma macia maminha fatiada com ervas finas e uma sobrecoxa de frango em crosta de aveia deliciosa, com molho de frutas em separado. Para acompanhar, batatas recheadas com queijo cremoso, bolinhos de arroz, creme de espinafre, legumes ao vapor e outras guarnições. Tudo bem apresentado e saboroso. Como cheguei às 11h50, pude desvirginar todas as travessas em que me servi.
A mesa de sobremesas é uma atração à parte, com todas as tentações doces já catalogadas em língua portuguesa. Entre os mais de 20 tipos de guloseimas, um interessante bolo trufado, uma levíssima torta de limão, um brigadeirão pastoso e doce na medida certa, merengue de morango, pavê de banana, dois tipos de pudim, crepes de chocolate e mais algumas opções diet, para quem realmente tiver força de vontade.
Tudo isso pelo preço único de R$24,20 (R$26 aos sábados e domingos), que me parece muito honesto, considerando o nível e a variedade da cozinha, em uma região que é bastante cara. As bebidas são cobradas à parte, não há taxa de serviço e aniversariantes não pagam. O UNI no Masp funciona inclusive às segundas, quando o museu não abre. Uma ótima pedida para quem estiver na Av. Paulista e quiser fugir das praças de alimentação.
O espaço onde funcionava o antigo Restaurante do MASP foi entregue em fevereiro ao pessoal do UNI, conhecida casa do Itaim Bibi que faz um dos bons bufês da cidade. Se o amplo refeitório com ares modernistas continua intacto (e nem precisava de retoques), o mesmo não pode ser dito da cozinha, que ganhou um senhor upgrade em termos de qualidade. Fiquei muito bem impressionado com o que vi e comi.
Para começar, uma estação de saladas bastante vistosa, com folhas variadas, queijos e algumas frescurinhas frias, como terrines, galantines, musselines e outras ines de plantão. Nos pratos quentes de hoje, delicadas postas de saint-pierre que desmanchavam na boca, com leve molhinho de pimenta rosa à parte, uma macia maminha fatiada com ervas finas e uma sobrecoxa de frango em crosta de aveia deliciosa, com molho de frutas em separado. Para acompanhar, batatas recheadas com queijo cremoso, bolinhos de arroz, creme de espinafre, legumes ao vapor e outras guarnições. Tudo bem apresentado e saboroso. Como cheguei às 11h50, pude desvirginar todas as travessas em que me servi.
A mesa de sobremesas é uma atração à parte, com todas as tentações doces já catalogadas em língua portuguesa. Entre os mais de 20 tipos de guloseimas, um interessante bolo trufado, uma levíssima torta de limão, um brigadeirão pastoso e doce na medida certa, merengue de morango, pavê de banana, dois tipos de pudim, crepes de chocolate e mais algumas opções diet, para quem realmente tiver força de vontade.
Tudo isso pelo preço único de R$24,20 (R$26 aos sábados e domingos), que me parece muito honesto, considerando o nível e a variedade da cozinha, em uma região que é bastante cara. As bebidas são cobradas à parte, não há taxa de serviço e aniversariantes não pagam. O UNI no Masp funciona inclusive às segundas, quando o museu não abre. Uma ótima pedida para quem estiver na Av. Paulista e quiser fugir das praças de alimentação.
domingo, 23 de novembro de 2008
Depois de dar dicas, chegou a hora de pedi-las
Estou indo para Vitória na semana que vem, a trabalho. Ficarei por lá de quinta a domingo. Não conheço a cidade e, na minha coleção antiga de revistas de turismo, não existe uma única reportagem sobre a capital capixaba. Sei que poderei contar com o auxílio de um amigo blogueiro, mas não quero abusar da gentileza dele. Por isso, se vocês tiverem alguma dica para me dar (comidinhas, passeios, fervos etc.), será muito bem-vinda. Se meus dias forem proveitosos, quem sabe eu não me anime a postar um mini-guia aqui quando voltar...
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Balanço portenho tardio
Tudo conspirava contra essa minha viagem a Buenos Aires. A crise econômica mundial desregulou as taxas de câmbio: no auge do pânico coletivo, o peso argentino, que minha mãe comprou a R$0,52 em julho, chegou a picos de R$0,87. Tony voltou de lá dizendo que tudo estava custando os olhos da cara, não havia mais vida noturna, enfim, o horror. No escritório, caiu sobre minha cabeça uma chuva de pepinos e problemas (ainda não inteiramente solucionados). Meu avô foi parar na UTI, com septicemia, e meu companheiro de viagem ameaçou desistir, porque no mesmo finde estava marcada uma festa com a "top DJ" Ana Paula, sua favorita. Para dar o arremate na uruca, esta seria (e foi) minha visita número 13. Ufa.
Felizmente, tudo deu mais do que certo. Nossa escapada portenha correu às mil maravilhas. Pegamos quatro dias lindíssimos de primavera, o céu de brigadeiro contrastando com o roxo dos jacarandás-mimosos [foto] e um clima mais do que agradável para curtir os lugares cool de Palermo, como o Olsen, onde tivemos um almocinho supimpa no sábado. Tudo está mais caro sim: os menus dos restaurantes foram remarcados e o valor das corridas de táxi praticamente dobrou (antes era quase ridículo). Mesmo assim, os preços novos continuam mais convidativos do que os nossos. Dá para fazer boas compras, ainda que não se possa mais falar em orgia consumista. Levei bastante dinheiro em pesos (consegui comprá-los a R$0,70) e a fatura dolarizada do meu cartão de crédito virá bem magrinha.
Fiz minha ronda habitual e fui vendo o que havia mudado de julho de 2007 para cá. Fui conhecer a filial portenha do Axel, o famoso hotel gay de Barcelona: o deck lembra a matriz, mas a piscina é bem maior (e eles estão fazendo pool party todo domingo). O hotel está isolado numa área meio morta de San Telmo (onde, aliás, o tímido renascimento ainda está longe de ser uma movida). Em Palermo, a buena onda continua, mas uma das minhas lojas favoritas, a Bokura, fechou as portas. Na mesma calle Gurruchaga, a Nike Soho agora só vende artigos vintage, preguiça total. No Parque 3 de Febrero, a prefeitura fez o favor de interditar todo o Rosedal para obras de restauração, então não pude mostrar ao Xande um de meus cantinhos favoritos. No capítulo baladas, o Palacio Alsina está mesmo fechado; o site fala em reformas, mas corre por aí o boato de que o novo boliche será hétero. Quem torce o nariz para o público mixed do Pacha tem que se contentar com o Amerika.
Mas minha agenda noturna em Buenos Aires estava tomada com o Creamfields, a principal razão da viagem. A edição deste ano foi uma boa surpresa. Em contraste com a selvageria adolescente de 2004, neste ano o público me pareceu bem mais tranqüilo e civilizado. A adoração coletiva pela música eletrônica continua, o povo ainda vibra e grita nas viradas, mas as tendas gigantescas do Autódromo agora dão espaço para todo mundo dançar sem atropelos. Na Cream Arena, onde finquei os pés, meu darling Martín García manteve o bom padrão, mas quem realmente arrebentou foi Steve Lawler - ele fez um set absurdo, impecável, que sozinho já valeu a viagem. A produção do festival me pareceu mais pobre e o Autódromo é longe pra dedéu, mas beleza: com boas companhias na mesma onda que eu, la pasé bárbaro.
Surpresa maior eu tive quando cheguei no Caix, onde nas manhãs de domingo o after Fiction segue firme como a melhor balada fixa de Buenos Aires. Eles deram um merecido upgrade no fervo, que agora rola em uma área maior, atrás do sobradinho quadrado de antigamente. O novo espaço tem uma pista mais ampla e um delicioso terraço que contorna o Rio da Prata, onde também dá para dançar (tem várias caixas de som). O lugar parece perfeito para uma festa de réveillon, sem perder a vocação underground. Duas janelas ao redor da cabine do DJ mostram o belo visual de fora para quem esqueceu de trazer o oclón e prefere fritar lá dentro. Aldo Haydar estava muito mais cómodo em seu próprio habitat (aliás, é com aquele lugar que o som dele combina, embora eu ache louvável a iniciativa da The Week de trazê-lo de vez em quando). E a freqüência é a mesma de sempre: diversificada, desencanada, divertida. A manhã passa rápido e, quando você vê, já passa da uma da tarde e é hora de ir embora.
Tudo isso ajudou a viagem a ser divina - meu acompanhante novato se encantou com Buenos Aires e já pensa em voltar nos próximos seis meses. Mas o melhor, para mim, ainda é simplesmente flanar por lá e ver que a empatia e a identificação que sinto pela cidade continuam intocadas. Gosto de Buenos Aires de graça - mesmo sem festival, sem bafão. Gosto do humor irônico deles diante das adversidades e amo o castellano portenho. Não deixo de adorar outros lugares do mundo que visito, mas é na capital argentina que eu realmente me sinto à vontade: ao longo dos anos, fui criando uma relação de cumplicidade, de familiaridade, como se ali também fosse a minha casa. Aliás, é um dos poucos lugares do mundo onde eu poderia morar para sempre (o outro é Madrid). Que bom que posso continuar indo para lá, comendo os Sorrentinos Tony do Broccolino, andando de táxi pela Avda. Del Libertador, curtindo minha própria companhia na Plaza San Martín, fazendo contrabando de sorvete da Persicco para o Brasil... Acho que ficarei nesse pingue-pongue entre São Paulo, Rio e Buenos Aires pelo resto da minha vida.
Felizmente, tudo deu mais do que certo. Nossa escapada portenha correu às mil maravilhas. Pegamos quatro dias lindíssimos de primavera, o céu de brigadeiro contrastando com o roxo dos jacarandás-mimosos [foto] e um clima mais do que agradável para curtir os lugares cool de Palermo, como o Olsen, onde tivemos um almocinho supimpa no sábado. Tudo está mais caro sim: os menus dos restaurantes foram remarcados e o valor das corridas de táxi praticamente dobrou (antes era quase ridículo). Mesmo assim, os preços novos continuam mais convidativos do que os nossos. Dá para fazer boas compras, ainda que não se possa mais falar em orgia consumista. Levei bastante dinheiro em pesos (consegui comprá-los a R$0,70) e a fatura dolarizada do meu cartão de crédito virá bem magrinha.
Fiz minha ronda habitual e fui vendo o que havia mudado de julho de 2007 para cá. Fui conhecer a filial portenha do Axel, o famoso hotel gay de Barcelona: o deck lembra a matriz, mas a piscina é bem maior (e eles estão fazendo pool party todo domingo). O hotel está isolado numa área meio morta de San Telmo (onde, aliás, o tímido renascimento ainda está longe de ser uma movida). Em Palermo, a buena onda continua, mas uma das minhas lojas favoritas, a Bokura, fechou as portas. Na mesma calle Gurruchaga, a Nike Soho agora só vende artigos vintage, preguiça total. No Parque 3 de Febrero, a prefeitura fez o favor de interditar todo o Rosedal para obras de restauração, então não pude mostrar ao Xande um de meus cantinhos favoritos. No capítulo baladas, o Palacio Alsina está mesmo fechado; o site fala em reformas, mas corre por aí o boato de que o novo boliche será hétero. Quem torce o nariz para o público mixed do Pacha tem que se contentar com o Amerika.
Mas minha agenda noturna em Buenos Aires estava tomada com o Creamfields, a principal razão da viagem. A edição deste ano foi uma boa surpresa. Em contraste com a selvageria adolescente de 2004, neste ano o público me pareceu bem mais tranqüilo e civilizado. A adoração coletiva pela música eletrônica continua, o povo ainda vibra e grita nas viradas, mas as tendas gigantescas do Autódromo agora dão espaço para todo mundo dançar sem atropelos. Na Cream Arena, onde finquei os pés, meu darling Martín García manteve o bom padrão, mas quem realmente arrebentou foi Steve Lawler - ele fez um set absurdo, impecável, que sozinho já valeu a viagem. A produção do festival me pareceu mais pobre e o Autódromo é longe pra dedéu, mas beleza: com boas companhias na mesma onda que eu, la pasé bárbaro.
Surpresa maior eu tive quando cheguei no Caix, onde nas manhãs de domingo o after Fiction segue firme como a melhor balada fixa de Buenos Aires. Eles deram um merecido upgrade no fervo, que agora rola em uma área maior, atrás do sobradinho quadrado de antigamente. O novo espaço tem uma pista mais ampla e um delicioso terraço que contorna o Rio da Prata, onde também dá para dançar (tem várias caixas de som). O lugar parece perfeito para uma festa de réveillon, sem perder a vocação underground. Duas janelas ao redor da cabine do DJ mostram o belo visual de fora para quem esqueceu de trazer o oclón e prefere fritar lá dentro. Aldo Haydar estava muito mais cómodo em seu próprio habitat (aliás, é com aquele lugar que o som dele combina, embora eu ache louvável a iniciativa da The Week de trazê-lo de vez em quando). E a freqüência é a mesma de sempre: diversificada, desencanada, divertida. A manhã passa rápido e, quando você vê, já passa da uma da tarde e é hora de ir embora.
Tudo isso ajudou a viagem a ser divina - meu acompanhante novato se encantou com Buenos Aires e já pensa em voltar nos próximos seis meses. Mas o melhor, para mim, ainda é simplesmente flanar por lá e ver que a empatia e a identificação que sinto pela cidade continuam intocadas. Gosto de Buenos Aires de graça - mesmo sem festival, sem bafão. Gosto do humor irônico deles diante das adversidades e amo o castellano portenho. Não deixo de adorar outros lugares do mundo que visito, mas é na capital argentina que eu realmente me sinto à vontade: ao longo dos anos, fui criando uma relação de cumplicidade, de familiaridade, como se ali também fosse a minha casa. Aliás, é um dos poucos lugares do mundo onde eu poderia morar para sempre (o outro é Madrid). Que bom que posso continuar indo para lá, comendo os Sorrentinos Tony do Broccolino, andando de táxi pela Avda. Del Libertador, curtindo minha própria companhia na Plaza San Martín, fazendo contrabando de sorvete da Persicco para o Brasil... Acho que ficarei nesse pingue-pongue entre São Paulo, Rio e Buenos Aires pelo resto da minha vida.
sábado, 15 de novembro de 2008
Finalmente, a nossa maratona de cinema
Como se não bastasse tudo o que eu já estou tendo que conciliar e encaixar nesses loucos dias de equilibrista na corda bamba, agora começou mais um Festival Mix Brasil, e eu vou ter que dar um jeito de escapar das incansáveis obrigações para assistir a alguma coisa. Tenho um carinho enorme pelo Mix, que há muitos anos é uma das datas fixas mais esperadas do meu calendário pessoal. É uma chance única de ver longas e curtas sensacionais (e alguns bem ruinzinhos também), que jamais teriam espaço no circuito oficial, mesmo em se tratando de uma cidade tão ávida por bens culturais ligados à diversidade sexual como São Paulo.
Todo ano, faço minha listinha e vou encaixando na minha rotina como dá. Gosto especialmente das comédias gays, que costumam ser leves, bem-resolvidas e inteligentes (embora algumas ainda resvalem em clichês bastante surrados), mas também me interesso por alguns títulos mais melancólicos (um traço que eu sempre carreguei em mim) e pelos documentários - de questões familiares da vidinha gay urbana até realidades absolutamente distantes de nós, o festival é uma janela aberta para o mundo, e abre a cabeça de quem embarca nele.
E tem todo o fervo em volta, claro. Sempre digo pros amigos não-iniciados que o Mix é um dos eventos onde mais se conhece gente bacana. Carinhas com quem você esbarraria na noite e também pessoas muito interessantes que você simplesmente não vê por aí e te fazem perguntar: "mas onde será que eles se escondem?". Nascem ótimos papos, amizades renovadoras e, às vezes, outros teretetês. Sou contra a idéia de sair de casa com a idéia fixa de "arranjar alguém", mas, que o Mix é um celeiro cheio de bons partidos, disso não tenho dúvida.
Comecei a vasculhar a programação agora e já vi que terei muito trabalho. Aqui vão os links de alguns filmes deste fim-de-semana que chamaram minha atenção: Fuera de Carta (que já passou na Mostra), 30 é o novo 20, Devotee, Good Boys, Xaviera Hollander, Roxxxane, Sexo dos Anormais, Another Gay Sequel II e Too Hot in Tel-Aviv. Entre os curtas, os da mostra Competitiva parecem promissores (um deles parte dos contos do Caio Fernando Abreu, outro é protagonizado por Ney Matogrosso e um terceiro promete aquela dose de pastelão que eu sempre achei bem-vinda) e os da Sexy Boys, sempre divertidinhos, desta vez têm argumentos menos bobos do que os das últimas edições do festival.
Tem gente que questiona se ainda existe um motivo para termos uma mostra de cinema gay, a começar pela própria diretora do Mix, Suzy Capó (que eu não conheço pessoalmente, mas com quem sempre simpatizei). Isso foi, inclusive, o objeto de um debate no MIS anteontem. Da minha parte, acho que os propósitos do festival continuam válidos. Iniciativas interessadas no tal pink money pipocam aqui e ali, mas os grandes investidores, los dueños de la bufunfa, ainda são bastante resistentes a aplicar seus tostões e ter sua imagem associada à cultura "GLS". Prova disso são as próprias dificuldades financeiras que o festival ainda enfrenta, aos dezesseis anos de idade. E outra: se existe sentido em uma mostra de cinema brasileiro, italiano, francês ou judaico, por que não um festival que agregue obras do mundo todo que tenham como denominador comum a expressão livre e plural das sexualidades?
Todo ano, faço minha listinha e vou encaixando na minha rotina como dá. Gosto especialmente das comédias gays, que costumam ser leves, bem-resolvidas e inteligentes (embora algumas ainda resvalem em clichês bastante surrados), mas também me interesso por alguns títulos mais melancólicos (um traço que eu sempre carreguei em mim) e pelos documentários - de questões familiares da vidinha gay urbana até realidades absolutamente distantes de nós, o festival é uma janela aberta para o mundo, e abre a cabeça de quem embarca nele.
E tem todo o fervo em volta, claro. Sempre digo pros amigos não-iniciados que o Mix é um dos eventos onde mais se conhece gente bacana. Carinhas com quem você esbarraria na noite e também pessoas muito interessantes que você simplesmente não vê por aí e te fazem perguntar: "mas onde será que eles se escondem?". Nascem ótimos papos, amizades renovadoras e, às vezes, outros teretetês. Sou contra a idéia de sair de casa com a idéia fixa de "arranjar alguém", mas, que o Mix é um celeiro cheio de bons partidos, disso não tenho dúvida.
Comecei a vasculhar a programação agora e já vi que terei muito trabalho. Aqui vão os links de alguns filmes deste fim-de-semana que chamaram minha atenção: Fuera de Carta (que já passou na Mostra), 30 é o novo 20, Devotee, Good Boys, Xaviera Hollander, Roxxxane, Sexo dos Anormais, Another Gay Sequel II e Too Hot in Tel-Aviv. Entre os curtas, os da mostra Competitiva parecem promissores (um deles parte dos contos do Caio Fernando Abreu, outro é protagonizado por Ney Matogrosso e um terceiro promete aquela dose de pastelão que eu sempre achei bem-vinda) e os da Sexy Boys, sempre divertidinhos, desta vez têm argumentos menos bobos do que os das últimas edições do festival.
Tem gente que questiona se ainda existe um motivo para termos uma mostra de cinema gay, a começar pela própria diretora do Mix, Suzy Capó (que eu não conheço pessoalmente, mas com quem sempre simpatizei). Isso foi, inclusive, o objeto de um debate no MIS anteontem. Da minha parte, acho que os propósitos do festival continuam válidos. Iniciativas interessadas no tal pink money pipocam aqui e ali, mas os grandes investidores, los dueños de la bufunfa, ainda são bastante resistentes a aplicar seus tostões e ter sua imagem associada à cultura "GLS". Prova disso são as próprias dificuldades financeiras que o festival ainda enfrenta, aos dezesseis anos de idade. E outra: se existe sentido em uma mostra de cinema brasileiro, italiano, francês ou judaico, por que não um festival que agregue obras do mundo todo que tenham como denominador comum a expressão livre e plural das sexualidades?
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Satisfação
Já tem amigo me ligando e perguntando por quê eu parei com o blog. Não parei, não: passei os últimos quatro dias em Buenos Aires, os anteriores correndo com trabalho e preparativos, e estes seguintes correndo com mais trabalho, faculdade e algumas tramóias sórdidas (alheias, of course) que fariam Agatha Christie ressuscitar. Tenho um monte de posts na cabeça, mas eles terão que esperar. Afinal, se eu não salvar minha pele primeiro, não sobrará Introspective nenhum para contar história aqui.
domingo, 2 de novembro de 2008
Rapidinhas do fim-de-semana
TIPO MATRIX. O finde começou animado, com a apresentação do Fuerza Bruta, sexta-feira no Parque Villa-Lobos. Esqueça os espetáculos de dança tradicionais, que pedem uma contemplação estática e à distância. Aqui, você fica em pé dentro de um galpão escuro e as coisas acontecem ao seu redor - a idéia é justamente provocar a interação do público. Os dançarinos, argentinos e umas graças, fazem acrobacias aéreas presos em cabos, atravessam muros que explodem e nadam em uma piscina transparente colocada acima do público, em uma vibrante viagem de 50 minutos que mistura dança, artes plásticas, circo, música eletrônica e uma pitada de Matrix. Dica: para tirar o máximo da experiência, tome um ou dois drinques pouco antes de entrar (eu me joguei nos apple martinis, que estavam ótimos).
VOLTA ÀS ORIGENS. Com a banalização dos rodízios de comida japonesa, começaram a pipocar pela cidade lugares aventureiros, de gosto duvidoso, e no final a gente acaba nem se chocando quando oferecem "sushi" de rúcula e tomate seco. Por isso, é bom descobrir que ainda há restaurantes sérios que fazem bons festivais, sem viajar na maionese. Depois de um sábado de muito trabalho, fui espairecer na Praça Benedito Calixto e voltei ao Sushi-Yá, quebrando um jejum de uns quatro anos. E me deparei com um festival excelente: o básico sem firulas (nigirizushis, uramakis, no máximo uns hot rolls e olhe lá), mas muito saboroso, feito com o capricho e a honestidade que hoje em dia infelizmente não se acham em qualquer rodízio. Nada como lembrar que um bom salmon skin não tem gosto de scotch brite (nem assolan)! O festival, servido em barquinhas que bóiam em uma canaleta que corre o balcão (tipo um kaiten-zushi analógico), oferece peixes que vão muito além da habitual trinca salmão-atum-robalo; você paga R$ 27,50 (2ª a 6ª, 12h-13h45) e R$33 (diariamente, 18h-21h30), e pode consumir 10 pratinhos, mais 1 temaki, dois gyozas e 5 fatias de sashimi, ou então apenas 15 pratinhos. É suficiente, e sai mais barato do que o rodízio ilimitado (R$45).
TODO MUNDO NA RUA. Num final de semana sem festas especiais (além da Fórmula 1) e com um tempinho bem marromeno, o mundinho paulistano está vivendo uma inusitada animação (será que foi o dia do pagamento?). O lounge do Fuerza Bruta estava um fervo só, a bombação na pracinha não dava sinais de cansaço às 20h30 e a The Week estava tão abarrotada que até os mictórios tinham fila. Parecia uma daquelas festas da semana da Parada. Não cheguei a botar os pés na pista, intransitável; preferi ficar lá fora o tempo todo, pulando de rodinha em rodinha e encontrando pessoas de todos os naipes, estirpes e quilates. Ouvi boas bobagens, dei muitas risadas, recebi o carinho de alguns leitores do blog e me atualizei sobre os bafos. Agora já posso dar outra sumida em paz...
PINGOS NOS IS. A revista Veja de hoje traz nas páginas amarelas uma interessante entrevista com o sociólogo Demétrio Magnoli. Ele explica o significado que os conceitos de "direita" e "esquerda" têm na atualidade e faz uma leitura lúcida sobre os valores das esquerdas na América Latina e a trajetória recente do PT. Com idéias expostas e defendidas de forma bastante clara, seu depoimento é uma fonte a mais para que cada um possa desenvolver suas próprias convicções e pontos de vista.
VOLTA ÀS ORIGENS. Com a banalização dos rodízios de comida japonesa, começaram a pipocar pela cidade lugares aventureiros, de gosto duvidoso, e no final a gente acaba nem se chocando quando oferecem "sushi" de rúcula e tomate seco. Por isso, é bom descobrir que ainda há restaurantes sérios que fazem bons festivais, sem viajar na maionese. Depois de um sábado de muito trabalho, fui espairecer na Praça Benedito Calixto e voltei ao Sushi-Yá, quebrando um jejum de uns quatro anos. E me deparei com um festival excelente: o básico sem firulas (nigirizushis, uramakis, no máximo uns hot rolls e olhe lá), mas muito saboroso, feito com o capricho e a honestidade que hoje em dia infelizmente não se acham em qualquer rodízio. Nada como lembrar que um bom salmon skin não tem gosto de scotch brite (nem assolan)! O festival, servido em barquinhas que bóiam em uma canaleta que corre o balcão (tipo um kaiten-zushi analógico), oferece peixes que vão muito além da habitual trinca salmão-atum-robalo; você paga R$ 27,50 (2ª a 6ª, 12h-13h45) e R$33 (diariamente, 18h-21h30), e pode consumir 10 pratinhos, mais 1 temaki, dois gyozas e 5 fatias de sashimi, ou então apenas 15 pratinhos. É suficiente, e sai mais barato do que o rodízio ilimitado (R$45).
TODO MUNDO NA RUA. Num final de semana sem festas especiais (além da Fórmula 1) e com um tempinho bem marromeno, o mundinho paulistano está vivendo uma inusitada animação (será que foi o dia do pagamento?). O lounge do Fuerza Bruta estava um fervo só, a bombação na pracinha não dava sinais de cansaço às 20h30 e a The Week estava tão abarrotada que até os mictórios tinham fila. Parecia uma daquelas festas da semana da Parada. Não cheguei a botar os pés na pista, intransitável; preferi ficar lá fora o tempo todo, pulando de rodinha em rodinha e encontrando pessoas de todos os naipes, estirpes e quilates. Ouvi boas bobagens, dei muitas risadas, recebi o carinho de alguns leitores do blog e me atualizei sobre os bafos. Agora já posso dar outra sumida em paz...
PINGOS NOS IS. A revista Veja de hoje traz nas páginas amarelas uma interessante entrevista com o sociólogo Demétrio Magnoli. Ele explica o significado que os conceitos de "direita" e "esquerda" têm na atualidade e faz uma leitura lúcida sobre os valores das esquerdas na América Latina e a trajetória recente do PT. Com idéias expostas e defendidas de forma bastante clara, seu depoimento é uma fonte a mais para que cada um possa desenvolver suas próprias convicções e pontos de vista.
Assinar:
Postagens (Atom)