Nesses dias pipocaram no meu MSN e na minha caixa de entrada mensagens de amigos/leitores perguntando: o que aconteceu com o blog? Cadê os posts novos? Tanta coisa acontecendo no mundinho, e você não vai falar nada???
Bom, revendo os blogs amigos e repassando as tais "tantas coisas" que aconteceram nesse intervalo, vi que os assuntos foram sempre mais ou menos os mesmos: o tal brinquedo proibido que continha água-de-gisele, o curta dos Telebambis que gongou as barbies e a TW, a coleção de verão das sungas, e a nova boate que promete revolucionar a noite e propor uma experiência musical "nunca antes vista" (uau, será que vamos dançar de ponta-cabeça? e como faz para bater o cabelo então?). Agora o grito do momento é uma certa white party "exclusivíssima" organizada por um estilista: convites disputados a tapa, ansiedade nas rodinhas (tem até fóruns discutindo qual a roupa certa para usar!), enfim, todo um escarcéu para depois a coluna social mostrar que os tais "seletíssimos" e "vipíssimos" eram as mesmas caras de sempre que você encontra todo sábado na Babylon (OK, pelo menos o fervo é beneficente).
O fato é que não me senti muito atraído a repetir esses mesmos assuntos, que já estão sendo tratados à exaustão pelos meus colegas blogueiros. Se algum desses temas me interessasse de verdade, eu obviamente não resistiria a dar o meu pitaco; mas não é o caso, e este blog não tem a pretensão de ser mais um "informativo do mundinho" - nos meus links tem uma porção de endereços que fazem isso muito bem e, quando quero esse tipo de informação, já sei onde encontrar. Mas confesso que ultimamente tenho preferido flanar por textos mais variados e de cabeça mais aberta, como os redondíssimos e irreverentes posts do Tony (meu atual predileto! meu sonho é escrever tão poucas linhas quanto ele!) e as crônicas fofas do Celso, criadas a partir das notícias reais mais improváveis. Mais inteligência, menos deslumbramento e menos pretensão são sempre bem-vindos.
Aqui no blog, falo só sobre as coisas que me dão prazer de escrever, porque blog para mim é isso: prazer. No dia em que o blog se tornar mais uma das minhas tarefas burocráticas, eu paro. Por enquanto, posso me dar ao luxo de sumir, reaparecer e só escrever quando der na telha. Tenho mais uns 2 ou 3 posts inacabados no forno, esperando a hora certa de nascer. Um dia eles chegam - enquanto isso, tenho preferido pensar menos e viver mais. Até mesmo para poder voltar aqui renovado e com mais coisas para contar.
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Panela velha é que faz comida boa
Sempre tive muito carinho pelo festival de cinema Mix Brasil, que nesse ano está fazendo sua 15ª edição em São Paulo. É uma chance única de ver filmes que jamais entrariam em cartaz por aqui, mesmo nos chamados "cinemas de arte". E tem também todo um oba-oba que se monta em torno do festival. Nas sessões mais concorridas, o saguão do Espaço Unibanco fica abarrotado - ótimo para conhecer gente nova, divertida e interessante, com horizontes mais amplos do que os muros da boate.
Para estar na programação do Mix, não é preciso discutir diretamente a homossexualidade. Claro que existem os filmes que tratam de temas específicos do universo GLS, mas há também aqueles com tramas absolutamente banais - e que, por acaso, têm algum personagem gay. E há também espaço para outras sexualidades que não a homo - afinal, é um festival "da diversidade sexual", e não simplesmente gay ou lésbico. Sem falar dos documentários, retrospectivas de grandes cineastas e, last but not least, programas de curta-metragens que vão desde o experimentalismo até o mais divertido nonsense.
Com tanta variedade, montar a própria grade de filmes vai do gosto de cada um. Alguns vão atrás de atores gostosões; outros procuram temas de seu interesse (como a adoção de crianças por gays, o hedonismo desenfreado das circuit parties, os fetiches do mundo leather etc.). Mas algumas das boas surpresas do Mix estão reservadas justamente para os que se arriscam a olhar para fora de seu mundinho habitual e experimentam filmes que mostram outras realidades: de outros grupos sociais, de outros países ou até mesmo de outras épocas.
Nessa 15ª edição do festival, o que mais me encantou até agora foi um documentário de 20 minutos chamado 69 - Praça da Luz. Assinado por Joana Galvão e Carolina Marcowicz, ele investiga um universo que eu desconhecia completamente: o das prostitutas de meia-idade que fazem ponto no Parque da Luz, atrás da Pinacoteca do Estado, no centro de SP. Alternando trechos dos depoimentos de cinco dessas senhoras, o filme consegue ser ao mesmo tempo engraçado (as confissões dos gostos e taras dos clientes rendem momentos impagáveis) e comovente (ao mostrar o passado sofrido e o desencanto delas com os homens e o amor), sem jamais se render a fórmulas fáceis, muito menos julgá-las. Cada uma do seu jeito, são mulheres valentes que ainda batem um bolão.
69 faz parte do programa Competitiva 2, que mostra outros 4 documentários (dois deles muito interessantes), e terá mais duas exibições em São Paulo, antes de passar por Porto Alegre, Rio e Brasília.
Para estar na programação do Mix, não é preciso discutir diretamente a homossexualidade. Claro que existem os filmes que tratam de temas específicos do universo GLS, mas há também aqueles com tramas absolutamente banais - e que, por acaso, têm algum personagem gay. E há também espaço para outras sexualidades que não a homo - afinal, é um festival "da diversidade sexual", e não simplesmente gay ou lésbico. Sem falar dos documentários, retrospectivas de grandes cineastas e, last but not least, programas de curta-metragens que vão desde o experimentalismo até o mais divertido nonsense.
Com tanta variedade, montar a própria grade de filmes vai do gosto de cada um. Alguns vão atrás de atores gostosões; outros procuram temas de seu interesse (como a adoção de crianças por gays, o hedonismo desenfreado das circuit parties, os fetiches do mundo leather etc.). Mas algumas das boas surpresas do Mix estão reservadas justamente para os que se arriscam a olhar para fora de seu mundinho habitual e experimentam filmes que mostram outras realidades: de outros grupos sociais, de outros países ou até mesmo de outras épocas.
Nessa 15ª edição do festival, o que mais me encantou até agora foi um documentário de 20 minutos chamado 69 - Praça da Luz. Assinado por Joana Galvão e Carolina Marcowicz, ele investiga um universo que eu desconhecia completamente: o das prostitutas de meia-idade que fazem ponto no Parque da Luz, atrás da Pinacoteca do Estado, no centro de SP. Alternando trechos dos depoimentos de cinco dessas senhoras, o filme consegue ser ao mesmo tempo engraçado (as confissões dos gostos e taras dos clientes rendem momentos impagáveis) e comovente (ao mostrar o passado sofrido e o desencanto delas com os homens e o amor), sem jamais se render a fórmulas fáceis, muito menos julgá-las. Cada uma do seu jeito, são mulheres valentes que ainda batem um bolão.
69 faz parte do programa Competitiva 2, que mostra outros 4 documentários (dois deles muito interessantes), e terá mais duas exibições em São Paulo, antes de passar por Porto Alegre, Rio e Brasília.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Guia de Buenos Aires, parte 3: conselhos de mãe
Para encerrar o guia de Buenos Aires, aqui vão algumas dicas acumuladas em 18 anos de experiência... boa viagem aos que vão!
1 - A maioria dos turistas vai a Buenos Aires com pacotes - que incluem, além de passagens, acomodação e city tour, os traslados do aeroporto de Ezeiza para o hotel e vice-versa. Se estiver indo por conta própria, cuidado: você será abordado por várias pessoas oferecendo táxi (como na rodoviária do Rio), mas não aceite (há ladrões misturados). Assim que cruzar a porta corrediça após a inspeção das bagagens, você verá no saguão uma "ilha" azul com um serviço de transfer confiável. Você pode reservar: info@taxiezeiza.com.ar ou (+54) 11 5480-0066. Se quiser economizar, vá de micro-ônibus - procure o guichê da empresa Manuel Tienda León, logo após a porta corrediça.
2 - Você poderá gastar seu cartão de crédito à vontade em lojas e restaurantes. Mesmo assim, é importante ter algum dinheiro em espécie para táxis, baladas, gorjetas e gastos do dia-a-dia. Os brasileiros insistem em trazer dólares, mas o ideal é já chegar com pesos argentinos mesmo (as boas casa de câmbio do Brasil vendem). Se você trocar reais por dólares e depois por pesos, perderá dinheiro duas vezes. Vários lugares aceitam dólar, mas aproveitam para tirar vantagem em cotações bastante desfavoráveis ao turista. De qualquer forma, se precisar comprar pesos por lá, nada de trocar no hotel, muito menos no aeroporto. Vá à Metropolis, uma casa de câmbio confiável, que fica na Florida, quase esquina com a Avenida Córdoba. A preocupação com notas falsas é, infelizmente, necessária.
3 - Como país membro do Mercosul, a Argentina não exige passaporte dos turistas brasileiros: basta o RG original, desde que a cédula esteja em bom estado (não servem carteiras de identificação profissional, tipo OAB). Caso você leve o passaporte, ande na rua com uma cópia e deixe o original guardado no cofre do hotel. Buenos Aires não é uma cidade ostensivamente perigosa, mas ladrões de bolsas e carteiras atacam em áreas com grande fluxo de turistas, em especial os calçadões da Florida e Lavalle. Afaste-se das rodinhas de gente que se abrem em volta dos dançarinos de tango e outros artistas que se apresentam na rua - esse tipo de aglomeração é um alvo preferencial - e não dê atenção a criancinhas pedintes, por mais fofas que pareçam. Nem dê bobeira com sua câmera digital.
4 - Para se locomover, use e abuse dos táxis, que são muito mais baratos do que em qualquer capital brasileira. Os motoristas costumam ser simpáticos e falantes - se você der trela, o papo vai embora, mesmo se você só fala português (é mais difícil para o hispânico entender português do que para o brasileiro entender espanhol, mas em Buenos Aires todos já se acostumaram com a invasão brazuca). Mas traga troco, sempre - inclusive suas moedinhas. Familiarize-se logo com as notas argentinas, para não correr o risco de receber dinheiro velho ou falso de algum taxista de má fé. E, por questão de segurança, só entre em carros que trazem na porta a inscrição "radio taxi".
5 - Lembre-se: taxistas recusam passageiros saídos de eventos eletrônicos - com medo de que eles portem drogas, estejam sujos, façam bagunça ou simplesmente não paguem a corrida. Por isso, pense com antecedência na sua volta do Creamfields. O ideal é contratar um rádio-táxi que te leve e depois te pegue, em uma hora e local a combinar (de preferência, antes das 6h, quando o som pára nas tendas e as 70 mil pessoas saem de uma vez). Se você não contratou táxi ou ele deu o cano, não se desespere: dá para ir andando até o premetro, espécie de trem que é conectado à rede de metrô (subte). Você sobe na estação General Savio, desce na Plaza de Los Virreyes (última estação da linha E do metrô), e de lá chega onde quiser no centro, fazendo as combinaciones necessárias. O problema é que o festival acaba às 6h e, aos domingos, os trens só começam a operar às 8 da manhã.
6 - Quando for fazer compras, não se esqueça de pedir o formulário para receber o reembolso do ICMS. Para ter direito ao benefício, o turista (sem residência na Argentina) deve gastar, na mesma fatura, um mínimo de 70 pesos, e os produtos devem ser nacionais, ou seja, argentinos - portanto, tênis da Nike e calça da Diesel estão fora. As lojas conveniadas com o sistema (nem todas são) possuem o adesivo "tax free" na vitrine. Apresente os formulários preenchidos (junto com as notas) no guichê do aeroporto, para conferência e carimbo, antes de fazer o check in (você pode ter que exibir os produtos). Depois de atravessar a Polícia Federal, haverá outro guichê, onde você escolherá como deseja receber o imposto: na hora, em pesos, ou por meio de crédito na fatura do seu cartão.
7 - Vai se esbaldar nas churrascarias argentinas? O portunhol corre solto, mas é de bom tom saber ao menos explicar em que ponto prefere comer sua carne. Mal-passado é jugoso ("rugôsso"), ao ponto é al punto e bem-passado é bien hecho ("bienêtcho"). Na hora de escolher os acompanhamentos, esqueça o arroz - o argentino não tem esse costume e, portanto, as poucas casas que oferecem no cardápio (para os brasileiros) não sabem fazer bem. Prefira batatas - se quiser comer de um jeito típico, peça papas provenzal, fritas com alho e salsinha. E, na hora de colocar sal, cuidado: o saleiro deles tem furos mais largos do que o nosso, de modo que uma "sacudida à brasileira" pode acabar estragando sua comida.
8 - Para fazer ligações telefônicas, só use o telefone do quarto em caso de emergência - os hotéis cobram uma verdadeira fortuna pelas llamadas (amigos desavisados que passaram apenas 5 dias no hotel pagaram quase R$150 em telefonemas). Para qualquer tipo de ligação, use sempre os locutorios, postos telefônicos onde você fala confortavelmente, sentado numa cabine individual, controlando o total gasto em um mostrador digital. Muito mais baratos, os locutorios estão por toda parte (especialmente na Florida, Santa Fe e adjacências), e a maioria também possui computadores com acesso à internet.
9 - Na hora de comprar presentes para os amigos do Brasil, a maioria pensa mesmo nos tradicionais alfajores da Havanna, que são vendidos em caixas de 6, 12 ou 24 unidades, em vários sabores (o melhor é o de doce de leite, nozes e castanhas de caju, coberto com chocolate branco). Saem muito mais barato lá do que aqui (R$ 1,40 cada um, contra uns bons R$ 5 no Havanna Café em São Paulo) e podem ser encontrados em qualquer lugar, inclusive no duty free shop do aeroporto de Ezeiza (para alívio dos esquecidos, com seus presentes de última hora). Mas não deixe de ver a validade no fundo da caixa: algumas lojas menores não querem perder seus estoques e continuam vendendo mesmo após o vencimento.
10 - Não esqueça, em hipótese alguma, de guardar US$ 18 (ou a quantia correspondente em pesos) para pagar a taxa de embarque da volta no aeroporto de Ezeiza. A taxa, que é destinada à manutenção dos aeroportos argentinos, pode ser paga em dinheiro vivo ou em cartão de crédito Visa (os outros cartões não são aceitos). Sem essa taxa paga, você não embarca!!! [UPDATE: desde maio de 2009, a taxa de embarque de Ezeiza passou a vir embutida no próprio valor da passagem, como sempre foi praxe em qualquer país civilizado do mundo. Portanto, este item 10 não se aplica mais].
[Foto: Plaza San Martín, no Centro, meu cantinho preferido em Buenos Aires]
1 - A maioria dos turistas vai a Buenos Aires com pacotes - que incluem, além de passagens, acomodação e city tour, os traslados do aeroporto de Ezeiza para o hotel e vice-versa. Se estiver indo por conta própria, cuidado: você será abordado por várias pessoas oferecendo táxi (como na rodoviária do Rio), mas não aceite (há ladrões misturados). Assim que cruzar a porta corrediça após a inspeção das bagagens, você verá no saguão uma "ilha" azul com um serviço de transfer confiável. Você pode reservar: info@taxiezeiza.com.ar ou (+54) 11 5480-0066. Se quiser economizar, vá de micro-ônibus - procure o guichê da empresa Manuel Tienda León, logo após a porta corrediça.
2 - Você poderá gastar seu cartão de crédito à vontade em lojas e restaurantes. Mesmo assim, é importante ter algum dinheiro em espécie para táxis, baladas, gorjetas e gastos do dia-a-dia. Os brasileiros insistem em trazer dólares, mas o ideal é já chegar com pesos argentinos mesmo (as boas casa de câmbio do Brasil vendem). Se você trocar reais por dólares e depois por pesos, perderá dinheiro duas vezes. Vários lugares aceitam dólar, mas aproveitam para tirar vantagem em cotações bastante desfavoráveis ao turista. De qualquer forma, se precisar comprar pesos por lá, nada de trocar no hotel, muito menos no aeroporto. Vá à Metropolis, uma casa de câmbio confiável, que fica na Florida, quase esquina com a Avenida Córdoba. A preocupação com notas falsas é, infelizmente, necessária.
3 - Como país membro do Mercosul, a Argentina não exige passaporte dos turistas brasileiros: basta o RG original, desde que a cédula esteja em bom estado (não servem carteiras de identificação profissional, tipo OAB). Caso você leve o passaporte, ande na rua com uma cópia e deixe o original guardado no cofre do hotel. Buenos Aires não é uma cidade ostensivamente perigosa, mas ladrões de bolsas e carteiras atacam em áreas com grande fluxo de turistas, em especial os calçadões da Florida e Lavalle. Afaste-se das rodinhas de gente que se abrem em volta dos dançarinos de tango e outros artistas que se apresentam na rua - esse tipo de aglomeração é um alvo preferencial - e não dê atenção a criancinhas pedintes, por mais fofas que pareçam. Nem dê bobeira com sua câmera digital.
4 - Para se locomover, use e abuse dos táxis, que são muito mais baratos do que em qualquer capital brasileira. Os motoristas costumam ser simpáticos e falantes - se você der trela, o papo vai embora, mesmo se você só fala português (é mais difícil para o hispânico entender português do que para o brasileiro entender espanhol, mas em Buenos Aires todos já se acostumaram com a invasão brazuca). Mas traga troco, sempre - inclusive suas moedinhas. Familiarize-se logo com as notas argentinas, para não correr o risco de receber dinheiro velho ou falso de algum taxista de má fé. E, por questão de segurança, só entre em carros que trazem na porta a inscrição "radio taxi".
5 - Lembre-se: taxistas recusam passageiros saídos de eventos eletrônicos - com medo de que eles portem drogas, estejam sujos, façam bagunça ou simplesmente não paguem a corrida. Por isso, pense com antecedência na sua volta do Creamfields. O ideal é contratar um rádio-táxi que te leve e depois te pegue, em uma hora e local a combinar (de preferência, antes das 6h, quando o som pára nas tendas e as 70 mil pessoas saem de uma vez). Se você não contratou táxi ou ele deu o cano, não se desespere: dá para ir andando até o premetro, espécie de trem que é conectado à rede de metrô (subte). Você sobe na estação General Savio, desce na Plaza de Los Virreyes (última estação da linha E do metrô), e de lá chega onde quiser no centro, fazendo as combinaciones necessárias. O problema é que o festival acaba às 6h e, aos domingos, os trens só começam a operar às 8 da manhã.
6 - Quando for fazer compras, não se esqueça de pedir o formulário para receber o reembolso do ICMS. Para ter direito ao benefício, o turista (sem residência na Argentina) deve gastar, na mesma fatura, um mínimo de 70 pesos, e os produtos devem ser nacionais, ou seja, argentinos - portanto, tênis da Nike e calça da Diesel estão fora. As lojas conveniadas com o sistema (nem todas são) possuem o adesivo "tax free" na vitrine. Apresente os formulários preenchidos (junto com as notas) no guichê do aeroporto, para conferência e carimbo, antes de fazer o check in (você pode ter que exibir os produtos). Depois de atravessar a Polícia Federal, haverá outro guichê, onde você escolherá como deseja receber o imposto: na hora, em pesos, ou por meio de crédito na fatura do seu cartão.
7 - Vai se esbaldar nas churrascarias argentinas? O portunhol corre solto, mas é de bom tom saber ao menos explicar em que ponto prefere comer sua carne. Mal-passado é jugoso ("rugôsso"), ao ponto é al punto e bem-passado é bien hecho ("bienêtcho"). Na hora de escolher os acompanhamentos, esqueça o arroz - o argentino não tem esse costume e, portanto, as poucas casas que oferecem no cardápio (para os brasileiros) não sabem fazer bem. Prefira batatas - se quiser comer de um jeito típico, peça papas provenzal, fritas com alho e salsinha. E, na hora de colocar sal, cuidado: o saleiro deles tem furos mais largos do que o nosso, de modo que uma "sacudida à brasileira" pode acabar estragando sua comida.
8 - Para fazer ligações telefônicas, só use o telefone do quarto em caso de emergência - os hotéis cobram uma verdadeira fortuna pelas llamadas (amigos desavisados que passaram apenas 5 dias no hotel pagaram quase R$150 em telefonemas). Para qualquer tipo de ligação, use sempre os locutorios, postos telefônicos onde você fala confortavelmente, sentado numa cabine individual, controlando o total gasto em um mostrador digital. Muito mais baratos, os locutorios estão por toda parte (especialmente na Florida, Santa Fe e adjacências), e a maioria também possui computadores com acesso à internet.
9 - Na hora de comprar presentes para os amigos do Brasil, a maioria pensa mesmo nos tradicionais alfajores da Havanna, que são vendidos em caixas de 6, 12 ou 24 unidades, em vários sabores (o melhor é o de doce de leite, nozes e castanhas de caju, coberto com chocolate branco). Saem muito mais barato lá do que aqui (R$ 1,40 cada um, contra uns bons R$ 5 no Havanna Café em São Paulo) e podem ser encontrados em qualquer lugar, inclusive no duty free shop do aeroporto de Ezeiza (para alívio dos esquecidos, com seus presentes de última hora). Mas não deixe de ver a validade no fundo da caixa: algumas lojas menores não querem perder seus estoques e continuam vendendo mesmo após o vencimento.
10 - Não esqueça, em hipótese alguma, de guardar US$ 18 (ou a quantia correspondente em pesos) para pagar a taxa de embarque da volta no aeroporto de Ezeiza. A taxa, que é destinada à manutenção dos aeroportos argentinos, pode ser paga em dinheiro vivo ou em cartão de crédito Visa (os outros cartões não são aceitos). Sem essa taxa paga, você não embarca!!! [UPDATE: desde maio de 2009, a taxa de embarque de Ezeiza passou a vir embutida no próprio valor da passagem, como sempre foi praxe em qualquer país civilizado do mundo. Portanto, este item 10 não se aplica mais].
[Foto: Plaza San Martín, no Centro, meu cantinho preferido em Buenos Aires]
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Guia de Buenos Aires, parte 2: onde comer
Com um povo que descende de várias nacionalidades e leva o prazer de comer a sério, Buenos Aires só poderia ter uma cena gastronômica riquísima. Dá para passar meses conhecendo e testando lugares novos, que vão das tradicionais carnes e massas até pratos da cozinha contemporânea, passando por ótimos frutos do mar - isso sem falar dos inesquecíveis sorvetes e do famoso dulce de leche.
É importante explicar aos marinheiros de primeira viagem o que significa o cubierto que virá cobrado na conta. Não tem nada a ver com o nosso couvert (portanto, nem adianta dispensar o pão). É uma taxa fixa, que os restaurantes cobram de todos, pelo uso dos talheres ("cubierto" em espanhol = garfo + faca + colher). Também não se trata de gorjeta (propina, em espanhol), que é dada à parte pelo freguês ao seu gosto (muitos restaurantes não aceitam incluí-la no cartão de crédito).
Em relação aos horários, algumas particularidades. Durante o dia, alguns restaurantes fecham após as 15h ou 16h e só reabrem à noite. E se você chegar para jantar antes das 21h, provavelmente só verá os garçons e o cozinheiro - como bom boêmio que é, o portenho janta tarde. Obviamente, se você resolver chegar às 23h00 num restaurante concorrido como o Green Bamboo, vai esperar em pé até que a primeira leva que lotou as mesas comece a ir embora.
Aqui vão minhas 10 dicas de comida:
1 - Entra ano e sai ano, e meu predileto continua sendo o bom e velho BROCCOLINO (Esmeralda, 776), um restaurante simples e honesto que tem um quê das cantinas italianas de NY e vive cheio. Meu prato do coração são os sorrentinos Tony (de presunto, ricota e queijo, com um saboroso molho de tomates frescos, mussarela e manjericão), mas tudo que eles fazem é maravilhoso, não dá para errar. Tente as cintitas nero di seppia profumo di mare - um macarrão linguini negro, feito com tinta de lula, com molho de salmão, creme de leite e frutos do mar. Ou divida com alguém o enorme linguado com um molho cremoso de vinho branco e camarões, mais purê de batata. Nham-nham.
2 - Também não falta nas minhas viagens a boa pizza do FILO (San Martín, 975). O restaurante segue a mesma linha colorida-moderninha do PIOLA (que fica na Libertad, 1078), mas a comida é mais caprichada e o staff, mais atencioso - eles sempre sabem qual é a boa da noite e, se não souberem, os muitos flyers do balcão do bar podem ajudar. As pizzas são finas e leves, mas sem a miséria de recheio do Piola. Peço sempre a Al Prosciutto, com cogumelos como ingrediente extra. Eles também fazem metade de cada sabor, como no Brasil. Vale lembrar que a pizza pequena tem 6 pedaços - pode ser uma boa para um casal sem muita fome.
3 - Que tal andar por um grande salão com várias pequenas cozinhas, onde simpáticos chefs preparam na sua frente pequenas porções de massas, carnes, pescados, comida internacional e doces, tudo gostoso e sofisticado, para você ir provando e repetindo como quiser? E mais, pagando algo como R$26 por pessoa? Esse verdadeiro achado, quase bom demais para ser verdade, atende pelo nome de MARINI GOURMET (Avda. Santa Fe, 3666) Abre para almoço e jantar, sendo que no jantar e nos almoços de fim-de-semana a comida tende a ser mais diferenciada do que nos almoços comuns.
4 - Naturalmente, você vai querer provar uma boa carne argentina. Qualquer lugar decente sabe fazer um bom bife de chorizo - o famoso contra-filé argentino, que é uma espécie de "pretinho básico" que nunca falha quando não se sabe o que pedir. Mas há outros cortes que merecem ser provados, como o bife de tira (meu preferido), o asado de tira e o vacío. Quem está acostumado a abrir a carteira no Rubaiyat paulistano pode conhecer o braço argentino da rede, o CABAÑA LAS LILAS, em Puerto Madero. Agora, se quiser comer uma carne do mesmo nível sem gastar tanto, vá ao LA CABALLERIZA (tem em Puerto Madero e no Village Recoleta).
5 - Gosta de comida asiática? Buenos Aires tem boas opções que vão muito além do sushi e do frango xadrez. No Centro, prove a comida tailandesa do EMPIRE (Tres Sargentos, 427) que é totalmente gay friendly. Recomendo os langostinos (camarões) empanados com molho de shoyu e tamarindo e a sopa de cubos de frango, leite de coco, gengibre, capim-limão e cogumelos. E em Palermo, não perca o GREEN BAMBOO (Costa Rica, 5802), um bar-restaurante vietnamita descolado, escurinho e aconchegante (a comida vietnamita não destoa muito da tailandesa; para ter uma idéia, veja o cardápio deles aqui). Convém reservar, já que é pequeno e lota cedo.
6 - O bairro de Las Cañitas também tem ótimas opções de gastronomia. Minha favorita lá é o EH! SANTINO (Baez, 194), um desses lugares que deixam você naquelas "sinucas de bico" entre 4 ou 5 pratos do menu. Felizmente, eles tem uma opção que se chama trio de pastas: você combina 3 massas com 3 molhos, num pratão retangular para duas pessoas. Eu, por exemplo, gosto de pedir assim: (a) gnocchi de espinafre com uma espécie de ragu de tomate e vinho e mais cogumelos frescos e secos; (b) sorrentinos negros (feitos com tinta de lula), recheados com lagostins, camarões e kani kama moídos, com molho rosado e pesto; e (c) agnolottis de presunto, mussarela e ricota, com creme, tomate concassé e manjericão. De lamber o prato.
7 - Vai garimpar as lojas descoladas de Palermo Viejo? Um ótimo lugar para sentar com as sacolas e fazer um lanche é o MARK'S (El Salvador, 4701), um café com comidinhas simpático e bem freqüentado, que faz sanduíches incrementados no pão ciabatta e bolos caseiros bem com cara de vovó. Outra opção bacaninha é o versátil BAR 6 (Armenia, 1676): dá pra tomar café da manhã, almoçar, beliscar algo à tarde e até jantar - mas, para jantar por ali, prefiro comer um risoto de vitela, cogumelos e parmesão no CLUNY (El Salvador, 4618), ou um crepe de caranguejo gratinado do LA BAITA (Thames, 1603).
8 - Sua ida a Buenos Aires não será completa se você não cair de boca nos melhores sorvetes do mundo. O título sempre foi da FREDDO. Mas a família que criou a rede recebeu uma boa proposta de um grupo estrangeiro e passou a marca adiante. O Freddo continua igualzinho e delicioso, mas seus fundadores conseguiram criar uma sorveteria ainda melhor: a PERSICCO. É de comer de joelhos. Na Freddo (que tem na Santa Fe, em Puerto Madero, na Recoleta e nos shoppings), prove os sorvetes feitos com pelotas de dulce de leche mole dentro, como chocolate suizo, crema tramontana e banana split. Na Persicco (Jerónimo Salguero, esquina com Cabello), você também pode pedir todos esses, mas não deixe de provar mousse de chocolate, tarta de limón e crema mascarpone, com gosto de cheesecake e frutas vermelhas.
9 - Se, já que você está gastando dinheiro para jantar, você quer ver e ser visto, arrisque o pretensioso CASA CRUZ (Uriarte, 1658), se você for hétero, ou o bar-restaurante-cabaré CHUECA (Honduras, 5255), se for gay. Ou então vá tomar um drink no bar do FAENA (atrás de Puerto Madero), design hotel de cair o queixo projetado por Phillippe Starck. Em Palermo, outros lugares para um bom drink são o gay ANDY (Jorge Luís Borges, 1975) e o alternativo KIM Y NOVAK (Güemes, 4900).
10 - Por fim, se você não tem nada para fazer no almoço de domingo (um after no Caix, uma festinha particular, uma excursão ao Uruguai), considere seriamente a idéia de tomar um champagne brunch nos hotéis ALVEAR (o mais caro da cidade) ou FOUR SEASONS. Nos dois casos, a comida é farta e sofisticadíssima, e os garçons não deixarão sua taça de champagne ficar abaixo da metade. O preço gira em torno de 130 pesos por pessoa (algo como R$90), o que é muito barato para um banquete de luxo em que você é tratado como um rei. Os brunches só são servidos aos domingos e é preciso reservar com uma certa antecedência.
[Foto: sorrentinos Tony @ Broccolino]
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Guia de Buenos Aires, parte 1: o que fazer
A pedidos, começo aqui uma série de 3 posts com dicas de Buenos Aires, para os amigos que estão indo ao festival Creamfields (e os outros que estiverem lendo depois). Nesta primeira parte, vou fazer um apanhado sobre passeios, compras e baladas. Na parte dois, uma seleção de 10 lugares do meu roteiro gastronômico pessoal. E, na última parte, 10 conselhos úteis para aproveitar a viagem ao máximo e evitar dores de cabeça.
1 - Tem city tour no pacote? Então faça logo. Você tem uma visão panorâmica da Buenos Aires turística, tira eventuais dúvidas com a guia local e, de quebra, já vê/fotografa/risca da lista aquelas atrações que basta ver uma vez na vida e pronto, como o Obelisco, a Plaza de Mayo, a Casa Rosada e as casinhas coloridas do Caminito em La Boca. O passeio te toma uma manhã inteira (das 9h às 13h) e, a partir daí, você está livre para se aprofundar e curtir com calma o que realmente interessa.
2 - Uma das atrações que você só vê de longe da janela do ônibus e merecem ser curtidas com calma é o Parque 3 de Febrero, também conhecido como "Bosques de Palermo". Pulmão verde da cidade, é onde os portenhos vão para namorar, andar de bicicleta ou passear com as crianças e os cachorros.
O parque é bem grande e muito bonito, especialmente os jardins em estilo parisiense do Rosedal (peça para o taxista te deixar nesse pedaço). Passeie pelas alamedas floridas e depois espere na beira do lago pelo pôr-do-sol. Um dos lugares mais românticos de Buenos Aires, é ótimo para dar um tempo da agitação urbana/consumista - ou despoluir a cabeça depois de uma intensa jogação eletrônica.
3 - Gosta de programas culturais? Não perca os dois melhores museus de Buenos Aires. O Museo Nacional de Bellas Artes é, guardadas as proporções devidas, o Louvre da cidade: é grandão e tem um pouco de tudo, entre pinturas, esculturas, tapeçaria, arqueologia etc. Já o MALBA, menorzinho, é uma coleção de arte moderna, que em pouco mais de uma hora se vê inteira e com folga. Fanáticos por política podem agendar uma visita à Casa Rosada por dentro; já o imponente Teatro Colón continua fechado para reforma.
4 - No domingo você provavelmente vai amanhecer no Creamfields e acabar de meter o pé na jaca, em grande estilo, no Caix. Não fosse isso, você poderia fazer um passeio bastante típico: ir à Plaza Dorrego, no bairro histórico de San Telmo, a partir das 11 da manhã. Na praça, há um concorrido mercado de pulgas, com antiguidades variadas; nas esquinas, casais de bailarinos dançam tango, para deleite da turistada. Depois de anos de descaso, San Telmo está querendo ser cool, com lojinhas bacanas abrindo aos poucos, dois cafés gays fofos (o La Farmacia e o Pride Café) e, a partir do dia 10, o primeiro hotel gay da América Latina - o hypado Axel.
5 - Outros lugares gostosos de bater perna são La Recoleta e Puerto Madero. La Recoleta é o bairro das madames chiques de Buenos Aires (as maisons da alta costura estão todas na Avenida Alvear). Na praça ao redor do Cemitério da Recoleta,onde Evita está enterrada, há cafés com ar parisiense e, nas tardes de domingo, uma gostosa feirinha de artesanato, com apresentações de artistas de rua e um vaivém interessante de famílias, jovens e turistas. Puerto Madero é a região das docas, salva da degradação por um projeto de revitalização que transformou os galpões em restaurantes. São lugares, em sua maioria, caretas, turísticos e caros, mas é gostoso dar uma andada pela passarela ao longo do rio tomando um sorvetinho da Freddo.
6 - As duas principais ruas de compras são a calle Florida e a Avenida Santa Fe. A Florida, um calçadão infestado de turistas, já perdeu o brilho de outros tempos, mas ainda é boa para comprar tênis (tem muitas lojas com todas as marcas), CDs (na bem-abastecida Tower Records) e roupas da Zara (a maior das cinco filiais da cidade está ali). A Santa Fe tem filiais de algumas grifes locais, lojas próprias de todas as marcas de tênis que importam (Nike, Adidas, Puma, Reebok), a El Ateneo Grand Splendid, uma megastore de livros e CDs instalada dentro de um belo teatro restaurado, e a Galería Bond Street, que faz as vezes de Ouro Fino local, com street wear, tattoos, piercings, bullets, camisetas de bandas e emos argentinos. A avenida é bastante longa; o melhor trecho de compras fica entre as ruas Libertad e Riobamba.
7 - Para quem tem pouco tempo e gosta da praticidade dos shoppings centers, Buenos Aires tem ótimas opções. O Alto Palermo concentra todas as boas lojas de roupa argentinas (Bensimon, Ona Saez, Kosiuko, Tascani, Key Biscayne etc.). O Paseo Alcorta tem jeitão de mall dos Estados Unidos, com pé-direito alto, muita luz natural e uma Emporio Armani novinha. O Galerías Pacífico fica no coração da Florida, tem bem menos opções de lojas, mas vale uma olhada pela belíssima arquitetura européia - parece uma miniatura da Galeria Vittorio Emmanuelle de Milão.
8 - Em Palermo Viejo fica o comércio realmente descolado de Buenos Aires. Os endereços certos não estão comodamente enfileirados em uma única rua, como na nossa Oscar Freire, e sim espalhados, como na Vila Madalena. Para não ficar perdidão, abra seu mapa, trace um quadrado entre as ruas Malabia, Gorriti, Jorge Luis Borges e Costa Rica e ande dentro dele. Minha rua predileta é a Gurruchaga - tem lojas bacanas como Felix e Bokura, a loja própria da Diesel, a multimarcas Red Store (que recebe da Diesel as coleções passadas, a preços bem baixos) e a Nike Soho, que vende os produtos da linha diferenciada da marca. É uma zona para garimpar e explorar sem pressa.
9 - Baladas: o Creamfields sozinho já vale a viagem, mas quem tem energia de sobra pode começar a gastá-la bem antes, já que a noite de Buenos Aires acontece todos os dias da semana. Você chega na quinta-feira? Vá dançar house e electro com os héteros na Club 69 (Federico Lacroze, 3455), ou arrisque a boate gay Amerika (Gascón, 1040), depois de uma passadinha opcional no pequeno Glam (Cabrera, 3046). Na sexta, você pode escolher entre um megaclube eletrônico estilo Ibiza (o Crobar, no Paseo de La Infanta) ou uma boate gay que parece uma catedral (o Palacio Alsina, na Alsina 940). Sábado seria dia de Pacha (Av. Costanera Norte), principal clube eletrônico do país, mas devido ao festival a casa nem deve abrir. Na manhã de domingo, o melhor after, sem dúvida alguma, é o do Caix (em Costa Salguero) mas, se você precisa escutar tribal até em Buenos Aires, vá bater cabelo no Palacio Alsina, que fará um after especial para as bees.
10 - Para aqueles que vivem reclamando que meus guias são pudicos demais e não têm dicas de pegação, vamos lá. A pré-balada gay oficial é no bar Chueca (Honduras, 5255), um bom lugar para tomar os primeiros tragos e paquerar, chegar junto, treinar seu espanhol ou mesmo falar o bom e velho português (cuja sonoridade dá tesão em 9 entre 10 argentinos). Agora, se você não quer saber de papo furado, tem dois cruising bars que você precisa conhecer. Ambos são dos mesmos donos e têm uma estrutura parecida, de surpreendente limpeza e bom gosto, com bar, música inesperadamente boa, um lounge escurinho com pufes, cabines com vídeo e labirintos. O Tom's, mais antigo, fica na região da Florida (Viamonte, 638) e o Zoom, na região da Santa Fe (Uriburu, 1018). Dá pra passar na happy hour, antes ou depois da balada - de sexta a domingo, eles funcionam 24hs. Boa sorte.
[Fotos: Caminito e ponte sobre o lago do Parque 3 de Febrero]
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
O sobe-e-desce do Creamfields Buenos Aires 2007
No próximo sábado, acontece em Buenos Aires a edição 2007 do festival de música eletrônica Creamfields. Vários amigos (e também alguns leitores do blog que não conheço) estão aproveitando o pretexto do festival para visitar a cidade pela primeira vez, e me pediram dicas. Por isso, vou postar nos próximos dias um guia em três partes, com restaurantes, passeios, compras e conselhos úteis.
Enquanto o guia não vem, quem quiser pode ler meus posts anteriores sobre a cidade, a noite portenha e o festival. E falando em festival, mesmo sem poder ir desta vez, me arrisco a fazer um sobe-e-desce com base nas minhas experiências anteriores...
UAU:
1) O LINE UP CHEIO DE ESTRELAS. Carl Cox, Chemical Brothers, John Digweed, Hernán Cattáneo, Mark Farina, Tiefschwarz, 2ManyDJs, James Zabiela... o festival argentino tem muito mais bala na agulha para trazer nomes do primeiro escalão da eletrônica do que o nosso cada vez mais mirrado Skol Beats. No quesito "top DJs", o Creamfields não economiza: é muito mais atração boa pelo seu dinheiro.
2) A ESTRUTURA MEGA ORGANIZADA. Ao longo dos seus seis anos de existência, o Creamfields cresceu e virou um colosso, que neste ano já espera receber 70 mil pessoas. Um evento desse tamanho ou funciona muito bem, ou simplesmente não funciona. Felizmente, tudo ali é organizado de forma altamente profissional, desde a entrada (que anda rápido e sem dramas na revista), até a sinalização das tendas, passando pela oferta de bares e banheiros, sem esquecer do cada vez mais importante plantão médico.
3) O AFTER DO CAIX. Se o festival costuma ser bom (com variações de ano para ano conforme as atrações escaladas), o "segundo round" no Caix consegue ser ainda melhor. Em domingos normais, a combinação de música boa, gente descolada e fervida e vista para o Rio da Prata já faz dessa a melhor balada fixa da cidade; quando tem algum festival antes, todo mundo que importa vai pra lá depois, e o que já era babado fica incrível. Aos menos resistentes, vale até sair mais cedo do festival e descansar um pouco no hotel, para não deixar de ir ao Caix.
4) A PAIXÃO DOS ARGENTINOS POR PROGRESSIVE HOUSE. Poucos povos no mundo têm uma adoração por música eletrônica e uma energia tão contagiante como os argentinos. Em pistas como a do Pacha, as pessoas gritam, pulam e dançam eufóricas - especialmente se o som for progressive house, a paixão nacional. Não por acaso, a tenda que o festival dedica a esse gênero (Cream Arena) é, de longe, a maior de todas. Dançar nela é uma experiência única. A resposta da multidão ao som de Hernán Cattáneo e Martín García, maiores expoentes do prog e verdadeiros heróis locais, é simplesmente indescritível. A tenda inteira vibra, ovula e parece sair do chão. E até aspirina deixa você feliz.
UÓ:
1) O DRAMA DO TRANSPORTE. Os taxistas de Buenos Aires têm uma peculiaridade: simplesmente não aceitam passageiros saídos de eventos eletrônicos. Por melhor que seja o seu estado, você chama, eles dizem que não e passam reto - sempre foi assim. Isso quer dizer que todo mundo que não veio de carro ou não contratou previamente um rádio-táxi com hora marcada para buscá-lo é obrigado a ir embora a pé. Quando o Creamfields era na Costanera Sur, era quase uma hora de caminhada até uma área onde passassem táxis que não sabiam do festival e parassem. Agora que o evento mudou para o Autódromo, que é lá na casa do capeta, a situação vai ser muito pior. Serão 70 mil pessoas saindo de uma vez, e pelo menos metade terá dificuldades para voltar para casa.
2) A DEMORA EM SOLTAR OS HORÁRIOS DAS TENDAS. Todo ano é a mesma coisa. O site entra no ar em agosto, as principais atrações são divulgadas aos poucos a partir de setembro - mas nada dos horários dos DJs nas tendas. Enquanto o Skol Beats solta logo os line ups completos e o público pode planejar sua noite com dois meses de antecedência, quem vai ao Creamfields só fica sabendo na véspera quem vai tocar onde e quando - e precisa se virar para decidir os conflitos de tendas, que fatalmente acontecem (é muita gente boa tocando ao mesmo tempo).
3) A SELVAGERIA AO QUADRADO DA MOLECADA ARGENTINA. Todo mundo sabe que grandes festivais são para quem tem espírito esportivo: a muvuca e a confusão são praticamente inevitáveis. Mas, se no Brasil já é preciso ter paciência com os inconvenientes que estragam a festa dos outros, na Argentina o buraco é mais embaixo: o povo fica ensandecido e a falta de educação é generalizada. E isso piora a cada ano, com a popularização da música eletrônica atraindo gente cada vez mais nova para os festivais. No Creamfields, impera a "lei da selva": empurrões nas tendas lotadas, cotoveladas nos balcões dos bares, gente furando a fila do banheiro na maior cara-de-pau. E olha que lá não tem pitboy...
4) A PAIXÃO DOS ARGENTINOS POR PROGRESSIVE HOUSE. Progressive house é o gênero mais adorado pelos argentinos. E por isso a tenda dedicada a ele tem quase o dobro de tamanho das outras tendas (como acontecia com o drum n'bass no Skol Beats). Mas, por maior que seja, a Cream Arena não é suficiente para acomodar as, digamos, 40 mil pessoas que são fanáticas por progressive, Hernán e Martín. Isso significa que a lotação da tenda vai muito além do que seria tolerável: as pessoas se empurram, se espremem, se machucam - e sair para comprar uma água pode levar 45 minutos. Uma verdadeira operação de guerra.
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