Dez dias antes do Carnaval 2007, fiz
um post colocando na balança as propostas do Rio de Janeiro e de Florianópolis. Neste ano, faz sentido reescrever o texto: bastante coisa mudou nas duas cidades, especialmente na cena noturna. De repente, o mundo acordou para Floripa, que vive um
boom inédito de investimentos, com clubes e festas eletrônicas para gays e héteros (e um mar de turistas interessados em conferir as novidades de perto). O Rio também não é mais o mesmo: elogios e críticas à parte, a chegada da The Week mudou completamente o cenário das festas cariocas. Aqui vão alguns prós e contras das duas opções.
CINCO RAZÕES PORQUE VOCÊ DEVERIA ESCOLHER FLORIPA:1)
AS FESTAS GAYS. A programação pode ser a mesma nas duas cidades, mas o cenário do Praia Mole Eco Village, em meio a uma área verde e com vista para a Lagoa da Conceição, certamente garantirá um astral bem mais leve para as festas da
The Week do que o do clube fechado e escuro da Saúde. Para os amantes de Offer Nissim, a mesma TW Floripa promete uma pista bem mais selecionada do que a
B.I.T.C.H. carioca (que em 2007 deixou todo mundo espremido na Leopoldina, e desta vez lotará o anfiteatro da Fundição Progresso). Deixando a TW de lado, em Floripa os gays ainda têm a
Sunrise, uma festona à bordo de um barco que fará um lindo passeio ao redor da ilha, a
E-Joy, com o convidado Chris Cox, e a bagaceira animada do clube
Concorde; já o Rio será praticamente um
déjà vu do último
réveillon, com
Rosane Amaral promovendo festas nas mesmas locações, mas com DJs piores, e
Le Boy e
Cine Ideal na lanterninha fazendo a linha popular.
2)
AS PRAIAS DE FLORIPA. Florianópolis tem muita coisa boa a oferecer nesse quesito - e são poucos os turistas que realmente aproveitam. Eterna campeã de freqüência, a
Praia Mole é muito maior do que o cantinho onde os gays se concentram em torno do precário Bar do Deca. A linda
Galheta é um paraíso de paz e sossego, perfeita para alguns momentos curtindo a própria companhia. Pegando o carro, dá para fazer uma porção de passeios legais:
Ribeirão da Ilha, com casinhas açorianas e um ótimo restaurante (Ostradamus) onde os garçons vestem farda de marinheiro,
Baía dos Golfinhos,
Ilha do Campeche... Enquanto isso, no Rio, nossa amada
Ipanema estará cheia de corpos belos, mas mais suja do que nunca, parecendo um cortiço com tanto lixo deixado por cariocas e turistas.
3)
O NOVO LUXO PRAIANO DE JURERÊ INTERNACIONAL. As finas que torcem o nariz para a maloca do Bar do Deca encontraram sua salvação no
El Divino Beach e no
P12, que oferecem um mar de gente bonita e estrutura de praia européia, com limpeza, conforto e comidinhas. Para os
jetsetters convictos, o
Taikô e o
Café de La Musique vão ainda mais fundo na proposta - é comum ver beldades se esbaldando em sushis e entornando garrafas de champagne em plena praia. Parece afetação demais para você? Pois saiba que o número de homens - gays - bonitos que resolveram trocar a Mole por Jurerê cresce a cada ano. E, à noite, o
El Divino Club receberá Fatboy Slim, David Guetta e Tiësto.
4)
A PRAIA BRAVA DE ITAJAÍ. A apenas 80km de Florianópolis (uma esticada perfeitamente viável, portanto), a Praia Brava de Itajaí não tem nada a ver com a farofada aborrecente da vizinha Balneário Camboriú (e só é acessível de carro, o que ajuda a peneirar os freqüentadores). Se a mauricinha Jurerê Internacional é para quem, em Ibiza, pega praia em Salinas e vai dançar no Pacha, este é o lugar de quem ferve em Playa d'en Bossa e se joga no terraço da Space: gente linda, sorridente e festeira. Aqui estão o superclube
Warung, espécie de Sirena em estilo balinês, que deve fazer as noites mais incríveis do carnaval catarinense (é claro que estarei lá!), e o
Kiwi, que de dia faz festas bombadas na praia e à noite recebe o público em suas instalações de extremo bom-gosto.
5)
TODOS OS AMIGOS LÁ. Mais do que em qualquer outro carnaval, neste ano
um monte de gente resolveu apostar suas fichas em Floripa. E, para muitos, o melhor Carnaval é sempre aquele em que os amigos estão. Em São Paulo, a adesão foi maciça; mesmo em outros estados do Sudeste (RJ inclusive), o número de adeptos da idéia de "um carnaval diferente do de sempre" cresceu bastante. Alguns fatores depõem contra o Rio: é perto o suficiente para ir a qualquer hora (não precisa ser Carnaval), muitos acharam que as festas do
réveillon carioca ficaram abaixo das expectativas, e o curto espaço de tempo entre os dois feriados (apenas 32 dias) não ajuda as pessoas a "desenjoar" e querer repetir o prato.
CINCO RAZÕES PORQUE VOCÊ DEVERIA ESCOLHER O RIO:1)
FÁCIL ACESSO. A menos que você seja gaúcho ou curitibano, o Rio é muito mais perto e fácil de se chegar do que Florianópolis. Se as festas que mais chamaram a sua atenção foram as da The Week, você pode ver todas as mesmas atrações gastando menos dinheiro com passagem, ou evitando o perrengue que é dirigir até Santa Catarina (especialmente o trecho entre São Paulo e Curitiba). E já que falei em festas, só aqui é que existem
pool parties de verdade (as da Rosane Amaral, já que chamar aquele lava-pés da TW Rio de piscina é um pouco demais) e carnaval de verdade (os desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, a Banda de Ipanema, os blocos de rua).
2)
ESTRUTURA. Floripa com chuva pifa. Se São Pedro fica de mal da região Sul do País (que é a primeira a receber as frentes frias da Argentina!) e o tempo fecha, não há o que fazer, não há plano B. Para quem está acostumado às comodidades de cidades maiores, Floripa não tem estrutura, não tem gastronomia de ponta, não tem cultura, não tem nada. Até o número de salas de cinema é pífio. Já no Rio... os humores também azedam quando o tempo fecha, mas dá pra escapar do fracasso de diversas maneiras. Restaurantes incríveis, centros de compras completos, um bom circuito cultural e, por que não, duas saunas movimentadas garantem ocupação enquanto as festas da noite não chegam.
3)
CIRCULAÇÃO. Em Florianópolis, você precisa de carro para tudo. Como a ilha não foi planejada para receber tantos turistas, o trânsito chega a ser desesperador, especialmente na volta da praia: o engarrafamento começa no final da Mole, dá a volta na Lagoa da Conceição e se prolonga em direção ao Centro. "Bem capaz, tá tudo trancado!", exclamam os gaúchos. Já no Rio, se quiser você pode fazer tudo a pé o tempo todo: ir à praia, almoçar, fazer pegação, quem sabe alguma comprinha de última hora... No máximo, você pega um ônibus (rapidinho) para voltar para casa, se estiver hospedado no começo de Copacabana. Táxi, só na hora de ir para a festa, e sem drama: são muitos (em Floripa, quase não existem) e muito mais baratos.
4)
OS MELHORES CORPOS. Com o aumento da procura, Floripa deve receber mais caras sarados - e as barbies gaúchas,
habituées de lá, têm a vantagem de combinar corpo bom com rosto bonito. Ainda assim, se seu negócio é corpão acima de tudo, seu lugar é e sempre será o Rio. Quem olha os corpos cariocas tem a impressão de que eles nasceram tomando mamadeira com baixa lactose, cresceram fazendo esportes no calçadão e comendo barrinha de cereal e aprenderam cedo a perder o medo da seringa. Tanta oferta de carne acaba atraindo fortões de todas as partes do Brasil e do mundo, e o que se vê é um festival de músculos de todas as cores e tamanhos: tem corpão galã, corpão camarão, corpão cafuçu, corpão diva, corpão poliglota, corpão michelle.... E o melhor: todos esses corpos já chegam na cidade com vontade de pecar.
5)
VERSATILIDADE. A cena gay carioca pode ser focada nas barbies, mas seu Carnaval também tem opções para as outras tribos e é o mais completo para atender a todos. As barbies batem cartão na
Farme e na
The Week Rio, os modernos evitam o sol e encontram seus pares no ótimo projeto
Fase/Moo e nos clubes
Dama de Ferro,
Fosfobox e
69, e quem prefere uma diversão mais bagaceira se esbalda no pós-praia do
Bofetada, na sempre lotada
Le Boy e nos babadeiríssimos bailes do
Elite, onde rola de tudo (de tudo
meeesmo: barba, cabelo e bigode !). E você ainda pode transitar entre esses universos, combinando os ingredientes à sua maneira e montando um roteiro pessoal rico e único - coisa que a cena totalmente
mainstream de Floripa jamais poderá te dar.