sexta-feira, 1 de junho de 2012

Bah: um contemporâneo com identidade (dos Pampas)

Não é mais tão fácil se surpreender em um restaurante de "cozinha contemporânea". O rótulo virou um clichê que se repete e perde força a cada dia. Um medalhãozinho aqui, um risotinho ali, uma frutinha acolá para dar um toque de ousadia comedida. Tudo isso virou lugar-comum. Alguns chefs visionários criaram receitas que se tornaram icônicas, e os outros foram atrás - pensemos no suflê de goiabada com calda de Catupiry de Carla Pernambuco, que gerou uma onda de reinterpretações do binômio goiaba-queijo Brasil afora. Poucas são as casas recentes que conseguem se diferenciar e imprimir uma identidade realmente própria.

O Bah, de Porto Alegre, é uma dessas gratas exceções. A casa lança mão de ingredientes típicos do Rio Grande do Sul, como o charque de Bagé, a nata e a manteiga de butiá, para propor uma releitura moderna da culinária daquele Estado. Tudo em porções honestas e com preços justos. O Bah fica dentro do novo Barrashopping Sul [aliás, a cidade deu uma repaginada geral em seus centros de compras; até o Iguatemi está irreconhecível, com cara de mall americano], mas não tem cara de "restaurante de shopping". São dois andares. O térreo é classudo, mas impessoal, com cadeiras de couro que dão um ar de "almoço de negócios". No andar superior, há uma gostosa varanda, com sofás e vista para o rio Guaíba - cenário perfeito para um almoço de domingo longo e preguiçoso.

Como primeiro prato, provei a versão deles para o clássico tortei de moranga, uma espécie de ravióli. Ali, a massa é recheada de abóbora e charque de Bagé, depois passada na manteiga de sálvia, e finalizada com queijo grana padano e farofa de biscoitos Amaretto. Bem interessante. Depois, caí de boca num risoto de paleta de cordeiro com crocante de alho-poró e cogumelos - cremoso e úmido, como deve ser. Também dei umas garfadas nos pratos dos meus amigos gaúchos, que incluíam um filé à milanesa com molho de nata e queijo gruyère, mais batata gratinada, e um camarão salteado com páprica picante, acompanhado de pappardelle ao creme de nata com um toque de laranja e gengibre. Nham!

Fechei meu almoço em grande estilo, com um manjar de morango. Numa taça alta, alternam-se camadas de creme de ovos (a boa e velha baba-de-moça), morangos fatiados e nata batida. Uma delícia, com aquele jeitão meio antiquado de sobremesa de mãe. Lutei com todas as minhas forças para não pedir uma segunda porção, sabendo que o fim de semana seria bem engordativo. No fim das contas, o almoço saiu uns 30% mais barato que uma refeição similar em São Paulo. O Bah já entrou para a minha lista dos favoritos em Porto Alegre.

4 comentários:

Anônimo disse...

quanto é esse barato? e vc pode dar pelo menos os preços dos pratos?

Thiago Lasco disse...

Eu tinha anotado os preços de alguns pratos, mas demorei para escrever o post e não estou mais encontrando o papel solto ¬¬

Para você ter uma ideia, pedi 2 pratos (não uma entrada e um prato, mas dois pratos mesmo), 2 bebidas e sobremesa, e com a gorjeta gastei cem pratas. Teria gasto R$150 em SP.

railer disse...

boa dica, hein!
abraços!

wair de paula disse...

A pergunta que não quer calar - e como apesar desta comilança vc ainda é magro, criatura? Rsrs
Abraços