terça-feira, 6 de março de 2012

Update portenho 2012

Voltei a Buenos Aires depois de dois anos e tomei um susto com a disparada dos preços. Um sorvete pequeno na Persicco custa AR$21. A corrida de táxi do Microcentro até Palermo não sai por menos de AR$55. Num bom restaurante, um prato principal (não a conta!) vai de AR$60, se for massa, a AR$110, se tiver ingredientes como centolla. Muitos podem argumentar que, convertendo para reais, nada sai mais caro do que no Brasil. É verdade. Mas antes tudo era bem mais barato. E os preços subiram rápido demais - o bilhete de metrô, por exemplo, teve uma alta de 127% de uma só vez, desencadeando uma grita geral em janeiro. Por supuesto, o poder aquisitivo dos argentinos não acompanhou a inflação. Várias companhias aéreas passaram a operar voos diretos daqui para o Aeroparque, que fica dentro da cidade, bem mais prático que o aeroporto de Ezeiza (e com direito a duas belas lojas duty free). Uma corrida de táxi até o Centro custa AR$40, por um taxímetro honesto. Os remises (carros de cooperativa com preço tabelado) cobram AR$76. Já os táxis comuns que fazem ponto no aeroporto são 100% adulterados - pegamos um, o taxímetro acusou AR$85 e o motorista ainda teve a pachorra de nos cobrar mais AR$10 pelas malas. O Microcentro continua com aquele jeitão meio abandonado e decadente; a Recoleta parece parada no tempo; Palermo mantém seu charme, com ciclovias surgindo aqui e ali. Agora eu não me deparo mais caras com de interrogação quando me apresento para pessoas novas: o nome Thiago chegou por lá, e parece que está na moda para batizar novos rebentos. Se, há alguns anos, todos os restaurantes bacanas praticavam cocina de autor, hoje a palavra de ordem é culinária nipo-peruana, um modismo que já dava as caras em 2010 e hoje está fortíssimo. Fomos a duas casas do tipo: piramos com a comida do Sipan, e lamentamos ter deixado de repetir a dose para conhecer o Osaka - lugarzinho metido a besta, com comida inferior, preços estratosféricos e ambiente antipático e sin onda. No Microcentro, além da pizza do Filo e dos sorrentinos do Broccolino, que são clássicos do meu roteiro, vale conferir a culinária argentina moderna do Mott e do Dadá. Em Puerto Madero, nosso favorito absoluto é o Sorrento - os raviólis negros com creme de camarão estavam sensacionais. Resolvi gastar um pouco mais com um táxi até Belgrano, que esconde o bairro chinês da cidade. Não me arrependi: a comida tailandesa do Lotus Neo Thai valeu o investimento - melhor até que a do Green Bamboo, meu queridinho de outros tempos. Já em Palermo, o destaque foi o contemporâneo Crizia, que fechou nossa viagem em grande estilo. Mandei um linguini com creme de limão e caranguejo, e agora quero voltar para provar o risoto de langostinos e mascarpone. A conta mais cara da viagem - AR$245 por pessoa - ainda saiu menor do que teria sido num jantar de categoria compatível em São Paulo. Desta vez não me emocionei com os sorvetes portenhos, como em outros tempos. Não que os de lá tenham piorado: os de São Paulo é que estão muito melhores do que eram antes. Para não perder o hábito, eu me esbaldei, mas não me preocupei em trazer na mala para o Brasil. Meus cinco preferidos: crema irlandesa da Freddo, mousse de chocolate da Un'Altra Volta, banana split da Persicco, cheesecake de maracuyá da Freddo e dolcatta da Persicco. Já minha mãe ficou passada com os sabores mousse de arándanos (blueberry) e Malbec con frutos rojos da Freddo. Em matéria de compras, Buenos Aires nunca foi assim uma Nova York, mas a alta dos preços deixou as sacolas ainda mais magras. Agora a gente só leva aquilo que achou realmente bacana. (Aliás, o desespero da inflação é tanto que os argentinos que moram em Mendoza estão cruzando os Andes de carro para abastecer suas casas no Chile). A Av. Santa Fe (que virou mão dupla, mirá vos!) está meio caidinha, a calle Florida continua o paraíso dos pickpockets, as Galerías Pacífico agora têm todas as marcas locais que importam. E comprar em Palermo está tão caro como no Brasil. Os brasileiros andam deslumbrados com o novo pólo de outlets que se formou em Villa Crespo, nas quadras que cercam o cruzamento da Gurruchaga com as calles Aguirre e Loyola. Mas a verdade é que muitas marcas praticam nos seus pontos dali os mesmos preços cobrados nas demais lojas. Com a desvantagem que ali dificilmente se consegue o formulário de tax free para devolução do ICMS no aeroporto. Na noite gay, os clubes Glam e Amerika continuam como sempre estiveram. E as cabines do inferninho subterrâneo Zoom ainda garantem a clássica xepa da madrugada.Human e Rheo deixaram de ser baladas fixas: agora abrem em noites esporádicas, cujas datas são anunciadas nos respectivos sites. Também pipocam pela cidade festas com som pop e público mais jovem (uma tendência mundial, aliás), como Plop!, Dorothy, Fiesta Puerca e Ambar La Fox. E o hotel gay Axel segue com suas pool parties dominicais, em esquema bem mais comportado do que o das similares brasileiras (dá para ir de bermuda, os mais saradinhos até tiram a camisa, mas ninguém chega a perder a compostura). Na cena eletrônica, bambambãs do circuito internacional se apresentam nas festas State, que rolam no Alsina (aquele clube em forma de catedral que se chamava Palacio), e no Crobar, no Paseo de la Infanta. O Bahrein segue firme e forte, e tem escalado ótimos nomes do progressive house, que ainda é o gênero favorito dos hermanos (e meu também). O Pacha passou por uma reforma (para recuperar o direito de uso da marca, que tinha perdido) e será reaberto no próximo dia 24, com festona pilotada pelo top Dave Seaman. Para ficar por dentro da agenda eletrônica, dois links providenciais: a seção de próximos eventos do fórum NightClubber, útil para os que ainda estão planejando a data da viagem, e o Buenos Aliens, para quem já está na cidade, pois mostra apenas a agenda dos próximos dias. E terminamos este boletim com uma ótima notícia: os mullets finalmente saíram de moda na Argentina! Uhu! Já não era sem tempo...

17 comentários:

Too-Tsie disse...

Apesar de tudo, da alta de preços (estive lá em dezembro), e do bando de creyçayada brasileña que invade villa crespo em busca de uniformes lacoste/adidas/puma, BsAs continua firme no meu <3

Daniel Cassus disse...

Não sei qual desencontro entre o meu Tico e o meu Teco aconteceu que eu gostei de BsAs, mas não morri de amores como eu morri por Santiago e o Chile. Devo ser o único brasileiro que vê mais graça na capital chilena que tem bem menos o que fazer do que a Argetina.

Não por acaso, resolvi colocar uma volta à Argentina em suspenso e no final de março vou matar as saudades do Chile e buscar aquela paz interior no deserto do Atacama.

TONY GOES disse...

Jura que vc não gostou do Osaka? A Marta Matui adora, foi várias vezes e me recomendou muito, mas não consegui reserva quando fui a Bs. As. no ano passado.

Mas aí conheci a matriz da casa em Lima e pirei o cabeção. Comi uma carne em crosta de cogumelos que foi uma das melhores coisas da minha vida, além de mil outras coisinha. Que pena que vc não gostou.

Rogério disse...

Thiago, gostei muito do panorama que vc traçou do atual momento de BsAs. Tb concordo que os preços aumentaram muito e que fazer compras não é mais tão vantajoso como antes, principalmente de roupas, cds e até livros, que antes eram tão baratos. Os turistas desavisados não devem se iludir com o câmbio extremamente favorável ao Real. Comida e bebida também estão caras, mas ainda têm um bom custo/benefício, principalmente se vc tiver boas indicações. Falando nisso, vou aproveitar algumas de suas dicas de restaurantes e pratos para qdo voltar á cidade. E, mais uma vez, parabéns pelo blog! Rogério.

Rogério disse...

Thiago, gostei muito do panorama que vc traçou do atual momento de BsAs. Tb concordo que os preços aumentaram muito e que fazer compras não é mais tão vantajoso como antes, principalmente de roupas, cds e até livros, que antes eram tão baratos. Os turistas desavisados não devem se iludir com o câmbio extremamente favorável ao Real. Comida e bebida também estão caras, mas ainda têm um bom custo/benefício, principalmente se vc tiver boas indicações. Falando nisso, vou aproveitar algumas de suas dicas de restaurantes e pratos para qdo voltar á cidade. E, mais uma vez, parabéns pelo blog! Rogério

FOXX disse...

lindo seu blog, parabéns.

Anônimo disse...

THIAGO, VC PODERIA ME INDICAR UM HOSTEL OU HOTEL BACANA E COM UM PREÇO ACESSIVEL ( E BEM LOCALIZADO, SE NAO FOR PEDIR DEMAIS KKKK)? ABRAÇO KLAUS

wair de paula disse...

Rapaz, nunca fui a Belgrano! E como estou para voltar à BAires, sao ótimas dicas. Forte abraço

Anônimo disse...

THIAGO VC PODERIA ME INDICA UM HOSTEL OU HOTEL BACANA, BARATO E BEM LOCALIZADO EM BUENOS AIRES? OBRIGADO KLAUS

christiano disse...

Thi!

nao tem mais nenhum bar gay na cidade ? o bulnes e o chueca fecharam !

sabe de algum ?

Anônimo disse...

I que ouve vim este blog? Where are the posts? Miss you thiago

Anônimo disse...

vc nao publica mais os comentarios?

Thiago Lasco disse...

Klaus: Nessa linha bom & barato, indico dois endereços em Palermo: o BA Soho Rooms e o Zentrum Hostel. Bem localizados, descolados e relativamente baratos! Ou então vc pode ir atrás de imobiliárias que alugam apartamentos por prazos menores, muita gente está fazendo isso agora.

Christiano: Abriu um bar gay mais 'arrumadinho' em Palermo chamado Ego Bar, fica na Bonpland 1690 (eu mesmo não fui conhecer). Fora isso, tem o velho Sitges (Córdoba 4119) de sempre, bem bagaceiro, e o Glam (Cabrera 3046), que as pessoas chamam de balada mas não deixa de ser um bar com pista (e continua bombando de 5a feira). Ah sim, e tem aqueles cafés de San Telmo pra ir de dia: Pride Café e La Farmacia.

Anônimo disse...

obrigado!!! klaus

Anônimo disse...

Thiago , que bom que respondeu !

Nao sabia que o la farmacia era gay , muito menos que era um bar pra ir de dia , adoro isso ... vc ja foi la de dia ? e bacana ?

o pride abriu em palermo , vale a pena ir ?

abracao christiano

Thiago Lasco disse...

Christiano, vou ficar te devendo essas respostas, eu mesmo não estive em nenhum desses bares. Mas você pode ir e depois vir aqui dividir sua experiência com a gente! ;-)

Anônimo disse...

Thiago, valeu !

ps: vi vc no acquaplay...